O mês das bruxas dos FIIs abre uma janela de entrada? Confira a oportunidade para novembro
O cenário de riscos ainda tem força e pode continuar pressionando as cotas no curto prazo – lembrando que ainda temos uma sequência de altas de juros contratada –, mas há alternativas para bons retornos

Outubro trouxe um verdadeiro "clima de Halloween" para o mercado de fundos imobiliários. Assim como as histórias de terror que ganham destaque no mês das bruxas, o desempenho dos FIIs foi marcado por sustos e tensões, refletindo um cenário desafiador.
As pressões vindas das altas taxas de juros, incertezas fiscais e volatilidade nos indicadores criaram um ambiente sombrio para os investidores, que viram muitas de suas carteiras amargarem perdas significativas. Esse desempenho, marcado pelo "terror" no mercado, reflete um período de ajustes, com FIIs lutando para manter a atratividade diante das dificuldades econômicas.
Novamente, a questão fiscal foi o ponto mais impactante no mercado doméstico. O governo até prepara um plano de corte de gastos, porém, diante de sinais ambíguos das principais figuras do Executivo, a credibilidade do movimento despencou e o mercado aguarda medidas concretas do Ministério da Fazenda.
Enquanto isso, a taxa de compra do Tesouro IPCA+ 2035 permanece próxima de 6,7% ao ano, bastante restritiva. Com recuo de 3,06% em outubro, o Índice de Fundos Imobiliários (Ifix) acumula queda de 5% nos últimos dois meses e de 7,5% desde a máxima histórica, em abril. Diante da forte correção, o spread do dividend yield do Ifix versus o referencial aumentou consideravelmente, fator importante para percepção de compra.
Obviamente, o cenário de riscos ainda tem força e pode continuar pressionando as cotas no curto prazo – lembrando que ainda temos uma sequência de altas de juros contratada. No entanto, com o forte recuo nas cotações, os múltiplos de lucro e rendimento do Ifix se aproximaram do menor valor desde o 1T23, o que abre margem para compras.
Leia Também
Felipe Miranda: Perdidos no espaço-tempo
Entre as oportunidades, gostaria de destacar os fundos de papel (CRIs). Em movimento incomum, especialmente em períodos de estresse, a cesta de FIIs de crédito registrou um dos maiores recuos no mês considerando os principais setores do Ifix.
Setor | Retorno em outubro |
Papel | -2,9% |
Lajes Corporativas | -2,5% |
Logística | -3,0% |
Shoppings | -3,0% |
Em nossa percepção, dois fatores influenciaram esta performance negativa, que é puxada pelas carteiras de crédito indexadas à inflação. O primeiro seria o impacto da maior inclinação da curva de juros de médio / longo prazo, que pressiona a marcação a mercado dos títulos.
Em seguida, tivemos pontualmente uma migração de capital ativos pós-fixados. Além da projeção de elevação do CDI, a correção monetária dos títulos indexados à inflação foi menor no último trimestre – muito em função da deflação de agosto –, causando um breve recuo nos rendimentos de alguns FIIs.
Evidentemente, a previsibilidade de uma evolução na saúde fiscal do país é baixa, portanto, o componente macroeconômico não é um gatilho claro para posicionamento em ativos de risco. Ou seja, o recuo nas taxas de juros de longo prazo não é evidente, apesar de necessário.
Ainda assim, com fundos high grade concentrados em IPCA+ apresentando spreads entre 200bps a 300bps sobre o referencial, há uma boa margem de segurança para os investidores, por mais que o curtíssimo prazo registre um breve recuo nos proventos.
Para um horizonte de investimento de médio prazo, entendemos que esta seja a maior oportunidade no universo de FIIs neste momento, ao lado de fundos de tijolo de qualidade.
Universo de FIIs: falando sobre inflação…
Antes de passar para as mudanças do mês, gostaria de abordar brevemente um tema envolvendo o mercado imobiliário pouco comentado no universo de FIIs.
Na segunda-feira (28), a Fundação Getulio Vargas divulgou o Índice Nacional de Custo de Construção (INCC-M) de outubro, que registrou alta de 0,67%, acima das estimativas do mercado (0,55%). No acumulado de 12 meses, o indicador bateu 5,72%.
Há uma tendência de aumento de custos no setor, impulsionada pelos materiais para estrutura, em especial nas linhas de concreto e aço. Em São Paulo, principal praça de atuação de FIIs e incorporadoras, a variação do INCC foi de 0,90% em outubro.
Até aqui, o indicador permanece em nível controlado, dentro do orçamento do mercado. Contudo, caso esse movimento de alta ultrapasse as estimativas, especialmente nos componentes estruturais (influenciados por motivos tributários e globais), provavelmente teremos consequências para os players do setor.
No segmento residencial, maior representante da indústria de CRIs, já enxergamos potenciais riscos envolvendo a demanda, fundamentada pela alta dos juros e pelas restrições da caderneta de poupança. Um impacto negativo nas margens, influenciada pelo incremento dos custos, certamente seria prejudicial para o mercado.
RBR High Grade (RBRR11): ponto de entrada
O RBR Rendimento High Grade é um fundo de crédito imobiliário com mandato flexível, isto é, pode investir em operações indexadas tanto ao IPCA quanto ao CDI, o que garante uma maior flexibilidade para a gestão passar por diferentes cenários.
Sua carteira de CRIs é diversificada em 41 ativos, sendo 92% deles high grade (baixo risco de crédito), com classificação maior ou igual a “A” e um loan to value (LTV) médio de 57%.
A gestão é bem criteriosa na seleção dos investimentos, buscando, além de altos ratings, ofertas destinadas a investidores qualificados (trazendo acessibilidade a esses produtos para investidores comuns) e com preferência por emissões ancoradas pela própria RBR. Cerca de 85% das garantias estão localizadas no Estado de São Paulo.
Conforme o relatório gerencial de agosto, o fundo possui uma maior exposição à inflação, que representa 92% dos CRIs e uma pequena parcela atrelada ao CDI: 8% da carteira. Em termos de spread, encontramos taxas a mercado de IPCA + 8% e CDI + 2,6% ao ano, respectivamente.
O RBRR11 apresenta um desconto representativo para a categoria em relação ao valor patrimonial, na casa de 8%, patamar de preço que consideramos como um ponto de entrada interessante para suas cotas.
Se considerarmos a tabela de sensibilidade disponibilizada pela gestão, seu portfólio de CRIs apresenta um spread de 3% sobre a taxa de referência, fator incomum para um fundo high grade. Com dividend yield de 11,2%, as cotas do FII surgem como oportunidade neste momento de estresse.
Abraço,
Caio
Menos leão no IR e mais peru no Natal, e o que mexe com os mercados nesta quinta-feira (9)
No cenário local, investidores aguardam inflação de setembro e repercutem derrota do governo no Congresso; nos EUA, foco no discurso de Powell
Rodolfo Amstalden: No news is bad news
Apuração da Bloomberg diz que os financistas globais têm reclamado de outubro principalmente por sua ausência de notícias
Pão de queijo, doce de leite e… privatização, e o que mexe com os mercados nesta quarta-feira (8)
No Brasil, investidores de olho na votação da MP do IOF na Câmara e no Senado; no exterior, ata do Fomc e shutdown nos EUA
O declínio do império americano — e do dólar — vem aí? Saiba também o que mexe com os mercados hoje
No cenário nacional, investidores repercutem ligação entre Lula e Trump; no exterior, mudanças políticas na França e no Japão, além de discursos de dirigentes do Fed
O dólar já não reina sozinho: Trump abala o status da moeda como porto seguro global — e o Brasil pode ganhar com isso
Trump sempre deixou clara sua preferência por um dólar mais fraco. Porém, na prática, o atual enfraquecimento não decorre de uma estratégia deliberada, mas sim de efeitos colaterais das decisões que abalaram a confiança global na moeda
Felipe Miranda: Lições de uma semana em Harvard
O foco do curso foi a revolução provocada pela IA generativa. E não se engane: isso é mesmo uma revolução
Tudo para ontem — ou melhor, amanhã, no caso do e-commerce — e o que mexe com os mercados nesta segunda-feira (6)
No cenário local, investidores aguardam a balança comercial de setembro; no exterior, mudanças de premiê na França e no Japão agitam as bolsas
Shopping centers: é melhor investir via fundos imobiliários ou ações?
Na última semana, foi divulgada alteração na MP que trata da tributação de investimentos antes isentos. Com o tema mais sensível retirado da pauta, os FIIs voltam ao radar dos investidores
A volta do campeão na ação do mês, o esperado caso da Ambipar e o que move os mercados nesta sexta-feira (3)
Por aqui, investidores ainda avaliam aprovação da isenção do IR para quem ganha até R$ 5 mil; no exterior, todos de olho no shutdown nos EUA, que suspendeu a divulgação de dados econômicos
Tragédia anunciada: o que a derrocada da Ambipar (AMBP3) ensina sobre a relação entre preço e fundamento
Se o fundamento não converge para o preço, fatalmente é o preço que convergirá para o fundamento, como no caso da Ambipar
As críticas a uma Petrobras ‘do poço ao posto’ e o que mexe com os mercados nesta quinta-feira (2)
No Brasil, investidores repercutem a aprovação do projeto de isenção do IR e o IPC-Fipe de setembro; no exterior, shutdown nos EUA e dados do emprego na zona do euro
Rodolfo Amstalden: Bolhas de pus, bolhas de sabão e outras hipóteses
Ainda que uma bolha de preços no setor de inteligência artificial pareça improvável, uma bolha de lucros continua sendo possível
Um ano de corrida eleitoral e como isso afeta a bolsa brasileira, e o que move os mercados nesta quarta-feira (1)
Primeiro dia de outubro tem shutdown nos EUA, feriadão na China e reunião da Opep
Tão longe, tão perto: as eleições de 2026 e o caos fiscal logo ali, e o que mexe com os mercados nesta terça-feira (30)
Por aqui, mercado aguarda balança orçamentária e desemprego do IBGE; nos EUA, todos de olho nos riscos de uma paralisação do governo e no relatório Jolts
Eleições de 2026 e o nó fiscal: sem oposição organizada, Brasil enfrenta o risco de um orçamento engessado
A frente fiscal permanece como vetor central de risco, mas, no final, 2026 estará dominado pela lógica das urnas, deixando qualquer ajuste estrutural para 2027
Tony Volpon: O Fed e as duas economias americanas
Um ressurgimento de pressões inflacionárias ou uma fraqueza inesperada no mercado de trabalho dos EUA podem levar a autarquia norte-americana a abortar ou acelerar o ciclo de queda de juros
B3 deitada em berço esplêndido — mas não eternamente — e o que mexe com os mercados neste segunda-feira (29)
Por aqui, investidores aguardam IGP-M e Caged de agosto; nos EUA, Donald Trump negocia para evitar paralisação do governo
Pequenas notáveis, saudade do que não vivemos e o que mexe com os mercados nesta sexta-feira (26)
EUA aguardam divulgação do índice de inflação preferido do Fed, enquanto Trump volta a anunciar mais tarifas
A microcap que garimpa oportunidades fora da bolsa e vem sendo recompensada por isso
Há ótimas empresas fora da bolsa, mas não conseguimos nos tornar sócios delas; mas esta pequena empresa negociada na B3, sim
Mais água no feijão e o que sobra para os acionistas minoritários, e o que mexe com os mercados nesta quinta (25)
Por aqui temos prévia da inflação e reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN); nos EUA, PIB do segundo trimestre e mais falas de dirigentes do Fed