Corte de juros nos EUA não resolve tudo na bolsa: bomba fiscal põe em risco fim de ano do mercado de ações no Brasil
Da mesma forma, o aumento dos juros por aqui é insuficiente sem um compromisso firme do governo com a responsabilidade fiscal
Após um longo período de espera, na última quarta-feira o Federal Reserve finalmente encerrou as especulações e efetuou um corte significativo nas taxas de juros, reduzindo-as para o patamar entre 4,75% e 5,00%. Esse movimento, aguardado há bastante tempo, deu início ao ciclo de afrouxamento monetário nos EUA, anteriormente previsto para começar em 2023, mas sucessivamente adiado.
Se a história nos serve de guia, com a ausência de sinais claros de recessão no horizonte, a redução das taxas deveria ser vista como um estímulo positivo para ativos de risco, especialmente para mercados emergentes como o Brasil, que tem sofrido com o impacto das taxas elevadas nas economias desenvolvidas. Em teoria, essa mudança deveria ser motivo de otimismo.
No entanto, o cenário no Brasil seguiu em uma direção oposta.
O Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu elevar a taxa Selic em 25 pontos-base, sinalizando a possibilidade de novos aumentos até o final do ano.
Contudo, os desafios enfrentados pelo país vão além da política monetária.
O verdadeiro obstáculo para a economia brasileira não é apenas a alta dos juros, mas sim a fragilidade fiscal que ameaça sua estabilidade de forma mais profunda.
A decisão do Banco Central de adotar uma postura mais agressiva, com a perspectiva de futuras elevações da Selic, tem como objetivo não apenas combater as pressões inflacionárias, mas também ancorar novamente as expectativas de inflação futura.
Leia Também
De Volta para o Futuro 2026: previsões, apostas e prováveis surpresas na economia, na bolsa e no dólar
Tony Volpon: Uma economia global de opostos
No entanto, sem um ajuste fiscal sólido, essas medidas monetárias isoladas serão insuficientes para alcançar os resultados desejados.
Aumentar os juros, sem um controle efetivo dos gastos públicos, não resolverá o problema subjacente.
- LEIA TAMBÉM: Simulador de investimentos recomenda carteira ideal para ‘turbinar’ o patrimônio; faça sua simulação gratuita
O desequilíbrio fiscal continua sendo o principal fator de preocupação na economia.
A situação se tornou ainda mais crítica com a divulgação do relatório bimestral de receitas e despesas do governo na sexta-feira à noite, quando se esperava o anúncio de medidas adicionais de contenção de gastos na faixa de R$ 5 a R$ 10 bilhões.
Contudo, a realidade foi bem menos rigorosa do que o projetado.
Ao contrário do que se aguardava, o governo aumentou o bloqueio orçamentário em apenas R$ 2,1 bilhões, totalizando R$ 13,3 bilhões, um montante bem abaixo das expectativas do mercado.
Além disso, reverteu um contingenciamento anterior de R$ 3,8 bilhões, o que, na prática, representou um afrouxamento fiscal adicional de R$ 1,7 bilhão frente ao último relatório, ao invés de um esforço de ajuste mais rigoroso.
Em vez de adotar um ajuste fiscal necessário, o governo optou por adiar as decisões mais duras para o último relatório bimestral do ano, previsto para 22 de novembro.
A reação do mercado foi imediata e negativa, uma tendência que já havia começado na sexta-feira.
Esse descontentamento se intensificou na segunda-feira, como refletido no relatório Focus, destacando o aumento da desconfiança quanto à capacidade do governo de cumprir suas promessas fiscais e manter sua credibilidade.
Fonte: Relatório Focus.
O boletim divulgado ontem revisou as expectativas para a taxa Selic em 2024, elevando o consenso de 11,25% para 11,50%.
Essa revisão reflete a postura mais rígida do Copom, motivada por um crescimento econômico acima do previsto e pelo aumento dos riscos fiscais.
Para 2025, a expectativa da Selic permaneceu em 10,50%, enquanto as projeções de inflação para 2024 e 2025 foram ajustadas para cima.
Fiscal frouxo exige política monetária dura
A falta de ações concretas e a demora em adotar medidas eficazes têm impactado negativamente a confiança do mercado.
A política fiscal frouxa, por sua vez, exige uma política monetária mais severa, com juros elevados que acabam prejudicando o desempenho de ativos como as ações. Essa falta de comprometimento com o ajuste fiscal reforça a visão negativa dos investidores sobre a gestão do país.
Embora o real já possa demonstrar sinais de valorização devido à combinação entre os cortes nas taxas do Federal Reserve e o aumento da Selic, um fortalecimento mais expressivo da moeda brasileira — possivelmente em direção a R$ 5 por dólar — dependerá de um compromisso mais firme do governo com a sustentabilidade fiscal.
Sem dúvida, até 2026, as políticas mais frouxas do Federal Reserve poderiam servir de base para um maior otimismo no mercado brasileiro.
Contudo, para um país preso em um ciclo de mediocridade, não existe uma "solução final".
Assim, como já ressaltado, o aumento dos juros por aqui, isoladamente, não será suficiente sem um compromisso firme do governo com a responsabilidade fiscal.
As vantagens da holding familiar para organizar a herança, a inflação nos EUA e o que mais afeta os mercados hoje
Pagar menos impostos e dividir os bens ainda em vida são algumas vantagens de organizar o patrimônio em uma holding. E não é só para os ricaços: veja os custos, as diferenças e se faz sentido para você
Rodolfo Amstalden: De Flávio Day a Flávio Daily…
Mesmo com a rejeição elevada, muito maior que a dos pares eventuais, a candidatura de Flávio Bolsonaro tem chance concreta de seguir em frente; nem todas as candidaturas são feitas para ganhar as eleições
Veja quanto o seu banco paga de imposto, que indicadores vão mexer com a bolsa e o que mais você precisa saber hoje
Assim como as pessoas físicas, os grandes bancos também têm mecanismos para diminuir a mordida do Leão. Confira na matéria
As lições do Chile para o Brasil, ata do Copom, dados dos EUA e o que mais movimenta a bolsa hoje
Chile, assim como a Argentina, vive mudanças políticas que podem servir de sinal para o que está por vir no Brasil. Mercado aguarda ata do Banco Central e dados de emprego nos EUA
Chile vira a página — o Brasil vai ler ou rasgar o livro?
Não por acaso, ganha força a leitura de que o Chile de 2025 antecipa, em diversos aspectos, o Brasil de 2026
Felipe Miranda: Uma visão de Brasil, por Daniel Goldberg
O fundador da Lumina Capital participou de um dos episódios de ‘Hello, Brasil!’ e faz um diagnóstico da realidade brasileira
Dividendos em 2026, empresas encrencadas e agenda da semana: veja tudo que mexe com seu bolso hoje
O Seu Dinheiro traz um levantamento do enorme volume de dividendos pagos pelas empresas neste ano e diz o que esperar para os proventos em 2026
Como enterrar um projeto: você já fez a lista do que vai abandonar em 2025?
Talvez você ou sua empresa já tenham sua lista de metas para 2026. Mas você já fez a lista do que vai abandonar em 2025?
Flávio Day: veja dicas para proteger seu patrimônio com contratos de opções e escolhas de boas ações
Veja como proteger seu patrimônio com contratos de opções e com escolhas de boas empresas
Flávio Day nos lembra a importância de ter proteção e investir em boas empresas
O evento mostra que ainda não chegou a hora de colocar qualquer ação na carteira. Por enquanto, vamos apenas com aquelas empresas boas, segundo a definição de André Esteves: que vão bem em qualquer cenário
A busca pelo rendimento alto sem risco, os juros no Brasil, e o que mais move os mercados hoje
A janela para buscar retornos de 1% ao mês na renda fixa está acabando; mercado vai reagir à manutenção da Selic e à falta de indicações do Copom sobre cortes futuros de juros
Rodolfo Amstalden: E olha que ele nem estava lá, imagina se estivesse…
Entre choques externos e incertezas eleitorais, o pregão de 5 de dezembro revelou que os preços já carregavam mais política do que os investidores admitiam — e que a Bolsa pode reagir tanto a fatores invisíveis quanto a surpresas ainda por vir
A mensagem do Copom para a Selic, juros nos EUA, eleições no Brasil e o que mexe com seu bolso hoje
Investidores e analistas vão avaliar cada vírgula do comunicado do Banco Central para buscar pistas sobre o caminho da taxa básica de juros no ano que vem
Os testes da família Bolsonaro, o sonho de consumo do Magalu (MGLU3), e o que move a bolsa hoje
Veja por que a pré-candidatura de Flávio Bolsonaro à presidência derrubou os mercados; Magazine Luiza inaugura megaloja para turbinar suas receitas
O suposto balão de ensaio do clã Bolsonaro que furou o mercado: como fica o cenário eleitoral agora?
Ainda que o processo eleitoral esteja longe de qualquer definição, a reação ao anúncio da candidatura de Flávio Bolsonaro deixou claro que o caminho até 2026 tende a ser marcado por tensão e volatilidade
Felipe Miranda: Os últimos passos de um homem — ou, compre na fraqueza
A reação do mercado à possível candidatura de Flávio Bolsonaro reacende memórias do Joesley Day, mas há oportunidade
Bolha nas ações de IA, app da B3, e definições de juros: veja o que você precisa saber para investir hoje
Veja o que especialista de gestora com mais de US$ 1,5 trilhão em ativos diz sobre a alta das ações de tecnologia e qual é o impacto para o mercado brasileiro. Acompanhe também a agenda da semana
É o fim da pirâmide corporativa? Como a IA muda a base do trabalho, ameaça os cargos de entrada e reescreve a carreira
As ofertas de emprego para posições de entrada tiveram fortes quedas desde 2024 em razão da adoção da IA. Como os novos trabalhadores vão aprender?
As dicas para quem quer receber dividendos de Natal, e por que Gerdau (GGBR4) e Direcional (DIRR3) são boas apostas
O que o investidor deve olhar antes de investir em uma empresa de olho dos proventos, segundo o colunista do Seu Dinheiro
Tsunami de dividendos extraordinários: como a taxação abre uma janela rara para os amantes de proventos
Ainda que a antecipação seja muito vantajosa em algumas circunstâncias, é preciso analisar caso a caso e não se animar com qualquer anúncio de dividendo extraordinário