Vamos (VAMO3): os três motivos por trás da queda de 11% desde o anúncio da reestruturação; ação recua na B3 hoje
A Vamos deverá se fundir com a rede de concessionárias Automob, que também é controlada pela Simpar — e o plano de combinação das operações gerou ruídos entre investidores

Desde que anunciou no último domingo (29) a separação do negócio de concessionárias, a Vamos (VAMO3) vem enfrentando forte pressão na bolsa. Só nos últimos quatro pregões, a queda acumulada das ações supera 11%.
Os papéis da locadora de caminhões e equipamentos encerraram a sessão desta quinta-feira (3) em baixa de 4,11% e figuraram entre as maiores perdas do Ibovespa hoje, cotados a R$ 5,77. Nas mínimas do dia, a companhia chegou a ser negociada a R$ 5,42. Já o principal índica da bolsa brasileira recuou 1,39%, aos 131.665 pontos.
No ano, a desvalorização de VAMO3 chega a 42% na B3. Atualmente, a empresa é avaliada em pouco mais de R$ 6,3 bilhões.
Na leitura de analistas e gestores consultados pelo Seu Dinheiro, há três motivos principais que explicam o recuo da Vamos na B3. Você confere as razões a seguir.
1 - Mercado não gostou da reestruturação da Vamos (VAMO3)?
Uma das razões por trás da queda das ações VAMO3 é a reestruturação anunciada na última segunda-feira. Com a operação, a Vamos deverá se fundir com a rede de concessionárias Automob, que também é controlada pela Simpar (SIMH3) — e o plano de combinação das operações gerou ruídos entre os investidores.
Nos termos do negócio, a divisão de concessionárias da Vamos passará por uma cisão da operação atual. Posteriormente, a Vamos Concessionárias vai adquirir uma participação de 35,49% da Automob que hoje pertence à Simpar, por R$ 1 bilhão.
Leia Também
Com a transação, a Simpar será a controladora da "nova Automob", com 64,12% do capital. Enquanto isso, os acionistas minoritários da Vamos deterão 21,39% das ações e os da Automob, 14,49%.
Isso significa que, com o negócio, os acionistas da Vamos terão papéis da própria companhia e da Automob, que também será listada no Novo Mercado.
Ou seja, a Automob estreará na bolsa em uma combinação com as concessionárias que atualmente pertencem à Vamos. Por sua vez, a companhia passará a atuar exclusivamente no segmento de locação.
Inicialmente, a reação do mercado foi bem positiva. Para a XP, a operação faz sentido do ponto de vista estratégico tanto para a Vamos quanto para a Automob.
Segundo Rafael Cota, gestor de renda variável da Inter Asset, a operação foi positiva para Simpar, já que traz uma oportunidade de desalavancagem para a holding, reduzindo a dívida líquida de R$ 3,3 bilhões para R$ 2,3 bilhões.
“Na operação, os minoritários da Vamos ficam com um novo ativo que foi avaliado a um preço muito caro. A empresa vai precisar captar dívida para realizar essa operação, e esse endividamento parcialmente ficará com os minoritários da Vamos”, afirmou.
“O movimento de separar a concessionária da Vamos era algo que o mercado cobrava em alguma medida desde o IPO. Então é bom quando você pensa no negócio, porque a concessionária era um negócio pior, com rentabilidade pior e ainda por cima muito volátil”, diz outro gestor.
Porém, na avaliação desse economista, a transação também traz incerteza para a Vamos. Isso porque a compra de parte da concessionária de veículos leves da Simpar por uma quantia bilionária.
“A transação avalia a nova Automob em um valor que parece um pouco puxado. A empresa está pedindo cerca de 6 vezes o Ebitda nesse negócio da concessionária, parece um valuation um pouco esticado para um negócio que não é exatamente bom”, afirmou.
“Na prática, o acionista da Vamos vai acordar amanhã com a empresa de locação de caminhão que já tinha, o business de concessionária que já tinha, mas com uma empresa um pouco mais alavancada, porque vai ter que tomar R$ 1 bilhão de dívida para fazer uma alocação de capital que talvez seja ruim, que é para comprar a concessionária de carros a um preço caro.”
Para o gestor, caso o investidor não queria se tornar também acionista da concessionária de carros e de caminhões, que é a Automob, “faz sentido vender a ação e esperar para comprar depois”. “Até porque, no fim do dia, ele vai poder comprar só a operação de locação.”
2 - Investidores operam vendidos nas ações VAMO3
Para além dos investidores que passaram a se desfazer temporariamente das ações da Vamos para adquiri-las após a conclusão da reestruturação, há ainda aqueles que decidiram aproveitar o momento para apostar contra os papéis VAMO3.
Em uma estratégia batizada de short — também conhecida como venda a descoberto —, o investidor toma emprestado uma ação e vende na expectativa de que os preços recuem na bolsa.
Se as cotações das ações caírem como esperado, o investidor compra as mesmas ações de volta, mas a um preço mais baixo.
Atualmente, cerca de 16% do total de ações em circulação (free float) da Vamos encontram-se shorteados.
3 - O peso dos juros sobre a Vamos
A trajetória dos juros no Brasil também adiciona pressão à Vamos (VAMO3). Considerada uma ação cíclica e altamente alavancada, a locadora de automóveis é mais sensível às mudanças de taxas por aqui — e tende a sofrer em ciclos de aperto monetário.
Vale lembrar que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central recentemente elevou a taxa Selic em 0,25 ponto porcentual, a 10,75% ao ano.
No fim de setembro, o Copom também publicou uma ata mais dura que o esperado e reforçou as expectativas de um aperto monetário ainda maior na próxima reunião, prevista para acontecer nos dias 5 e 6 de novembro.
Na avaliação de João Daronco, analista da Suno Research, o mercado brasileiro encontra-se em um dos momentos mais altos da curva de juros futuros (DIs) do ano – e isso impacta diretamente empresas de crescimento e endividadas, como a Vamos.
“O mercado está um pouco mais arisco ao risco e acaba por se desfazer de papéis como Vamos. Mas para o investidor que pensa mais em longo prazo, comprar um ativo que tem capacidade de crescer 20% ao ano nos próximos 10 anos e que negocia a um múltiplo de 9 vezes a relação preço sobre lucro é muito atrativo”, disse Daronco.
Segundo um gestor, a Vamos atualmente se encontra fortemente endividada, com uma relação de cerca de 4 vezes a dívida líquida sobre Ebitda.
Desse modo, em um ambiente de estresse de juros, a companhia se encontrará em uma situação “bem difícil” e ainda corre o risco de precisar reduzir a frota de caminhões para enfrentar esse cenário.
“É um cenário que, se os juros estressarem, a Vamos no mínimo vai ter que segurar o ritmo de crescimento, isso se não tiver que encolher a frota.”
Dólar abaixo de R$ 5? Como a vitória de Trump na guerra comercial pode ser positiva para o Brasil
Guilherme Abbud, CEO e CIO da Persevera Asset, fala sobre os motivos para ter otimismo com os ativos de risco no Touros e Ursos desta semana
Exclusivo: A nova aposta da Kinea para os próximos 100 anos — e como investir como a gestora
A Kinea Investimentos acaba de revelar sua nova aposta para o próximo século: o urânio e a energia nuclear. Entenda a tese de investimento
Entra Cury (CURY3), sai São Martinho (SMTO3): bolsa divulga segunda prévia do Ibovespa
Na segunda prévia, a Cury fez sua estreia com 0,210% de peso para o período de setembro a dezembro de 2025, enquanto a São Martinho se despede do índice
Petrobras (PETR4), Gerdau (GGBR4) e outras 3 empresas pagam dividendos nesta semana; saiba quem recebe
Cinco companhias listadas no Ibovespa (IBOV) entregam dividendos e juros sobre capital próprio (JCP) aos acionistas na terceira semana de agosto
Howard Marks zera Petrobras e aposta na argentina YPF — mas ainda segura quatro ações brasileiras
A saída da petroleira estatal marca mais um corte de exposição brasileira, apesar do reforço em Itaú e JBS
Raízen (RAIZ4) e Braskem (BRKM5) derretem mais de 10% cada: o que movimentou o Ibovespa na semana
A Bolsa brasileira teve uma ligeira alta de 0,3% em meio a novos sinais de desaceleração econômica doméstica; o corte de juros está próximo?
Ficou barata demais?: Azul (AZUL4) leva puxão de orelha da B3 por ação abaixo de R$ 1; entenda
Em comunicado, a companhia aérea informou que tem até 4 de fevereiro de 2026 para resolver o problema
Nubank dispara 9% em NY após entregar rentabilidade maior que a do Itaú no 2T25 — mas recomendação é neutra, por quê?
Analistas veem limitações na capacidade de valorização dos papéis diante de algumas barreiras de crescimento para o banco digital
TRXF11 renova apetite por aquisições: FII adiciona mais imóveis no portfólio por R$ 98 milhões — e leva junto um inquilino de peso
Com a transação, o fundo imobiliário passa a ter 72 imóveis e um valor total investido de mais de R$ 3,9 bilhões em ativos
Banco do Brasil (BBAS3): Lucro de quase R$ 4 bilhões é pouco ou o mercado reclama de barriga cheia?
Resultado do segundo trimestre de 2025 veio muito abaixo do esperado; entenda por que um lucro bilionário não é o bastante para uma instituição como o Banco do Brasil (BBAS3)
FII anuncia venda de imóveis por R$ 90 milhões e mira na redução de dívidas; cotas sobem forte na bolsa
Após acumular queda de mais de 67% desde o início das operações na B3, o fundo imobiliário vem apostando na alienação de ativos do portfólio para reduzir passivos
“Basta garimpar”: A maré virou para as small caps, mas este gestor ainda vê oportunidade em 20 ações de ‘pequenas notáveis’
Em meio à volatilidade crescente no mercado local, Werner Roger, gestor da Trígono Capital, revelou ao Seu Dinheiro onde estão as principais apostas da gestora em ações na B3
Dólar sobe a R$ 5,4018 e Ibovespa cai 0,89% com anúncio de pacote do governo para conter tarifaço. Por que o mercado torceu o nariz?
O plano de apoio às empresas afetadas prevê uma série de medidas construídas junto aos setores produtivos, exportadores, agronegócio e empresas brasileiras e norte-americanas
Outra rival para a B3: CSD BR recebe R$ 100 milhões do Citi, Morgan Stanley e UBS para criar nova bolsa no Brasil
Investimento das gigantes financeiras é mais um passo para a empresa, que já tem licenças de operação do Banco Central e da CVM
HSML11 amplia aposta no SuperShopping Osasco e passa a deter mais de 66% do ativo
Com a aquisição, o fundo imobiliário concluiu a aquisição adicional do shopping pretendida com os recursos da 5ª emissão de cotas
Bolsas no topo e dólar na base: estas são as estratégias de investimento que o Itaú (ITUB4) está recomendando para os clientes agora
Estrategistas do banco veem um redirecionamento global de recursos que pode chegar ao Brasil, mas existem algumas condições pelo caminho
A Selic vai cair? Surpresa em dado de inflação devolve apetite ao risco — Ibovespa sobe 1,69% e dólar cai a R$ 5,3870
Lá fora os investidores também se animaram com dados de inflação divulgados nesta terça-feira (12) e refizeram projeções sobre o corte de juros pelo Fed
Patria Investimentos anuncia mais uma mudança na casa — e dessa vez não inclui compra de FIIs; veja o que está em jogo
A movimentação está sendo monitorada de perto por especialistas do setor imobiliário
Stuhlberger está comprando ações na B3… você também deveria? O que o lendário fundo Verde vê na bolsa brasileira hoje
A Verde Asset, que hoje administra mais de R$ 16 bilhões em ativos, aumentou a exposição comprada em ações brasileiras no mês passado; entenda a estratégia
FII dá desconto em aluguéis para a Americanas (AMER3) e cotas apanham na bolsa
O fundo imobiliário informou que a iniciativa de renegociação busca evitar a rescisão dos contratos pela varejista