Um total de 23 milhões de trabalhadores se valeram do saque aniversário do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), modalidade que o governo Lula pretende acabar.
No total, R$ 28 bilhões em recursos que antes ficavam retidos no fundo foram parar no bolso dos trabalhadores no ano passado, de acordo com um estudo do Banco Inter.
Em 2022, a média do resgate anual foi de R$ 640 por trabalhador. O valor que cada pessoa pode sacar depende do saldo que possui no fundo — quanto menor o saldo, maior o percentual.
“O crescimento da adesão mostra que o trabalhador identificou esses benefícios e, ao mesmo tempo, o impacto no fundo não foi significativo”, escreve o Inter, no relatório assinado pela economista-chefe Rafaela Vitória.
A expectativa do governo era acabar com o saque aniversário do FGTS já em março. Mas nesta semana o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, afirmou que a decisão sobre as mudanças ou mesmo o fim do benefício será do Congresso.
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Como funciona o saque aniversário do FGTS
Criado no fim de 2019, o saque aniversário permite que o trabalhador receba uma parcela do fundo de garantia, anualmente, a partir do mês de aniversário.
A adesão é opcional, mas quem quem opta pela modalidade não pode sacar os valores do FGTS em caso de demissão por dois anos.
Um dos temores do governo ao defender o fim do saque aniversário é o de que o benefício reduza o patrimônio do fundo de garantia, que é usado para investimentos em infraestrutura e habitação.
Mas isso não aconteceu até o momento, de acordo com o estudo do Inter. A modalidade representou 22% do total de saques do FGTS e apenas 4,5% do total do fundo em 2022.
Aliás, a arrecadação do fundo de garantia foi maior do que os regates nos últimos dois anos com a recuperação do mercado de trabalho formal.
“Portanto, o saque aniversario não representa risco para o financiamento de projetos pelo FGTS”, conclui a economista do Inter.
Mau investimento
Por outro lado, o trabalhador que decidiu manter os recursos no fundo e não aderiu ao saque aniversário fez um mau investimento. Nos últimos cinco anos, o FGTS rendeu 38% e empatou com a inflação, mas ficou abaixo dos 50% da taxa básica de juros (Selic).
“Considerando o cenário de inflação e Selic maior para os próximos anos, será ainda mais vantajoso para o trabalhador sacar os recursos e investir em outros instrumentos, como Tesouro Selic, ou Tesouro IPCA+, por exemplo”, avalia a economista do Inter.