O presidente Luiz Inácio Lula da Silva já está ouvindo o tic-tac do relógio dos preços da gasolina e do etanol — a Medida Provisória (MP) da desoneração dos combustíveis vence na terça-feira (28). Para evitar que essa bomba exploda, o petista teve hoje um dia intenso de reuniões sobre o assunto.
Lula tem buscado ouvir interlocutores para arbitrar sobre o impasse, temendo que qualquer decisão que não mantenha os preços baixos dos combustíveis afete a popularidade do governo e também a inflação.
Por isso, nesta sexta-feira (24), Lula se reuniu com o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates. Há quem diga que o secretário executivo do Ministério da Fazenda, Gabriel Galípolo, esteve presente no encontro e expôs sua contrariedade em adiar a remuneração. O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, também esteve por lá.
Agora, Lula deve esperar o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, voltar de viagem à Índia amanhã para tomar uma decisão.
O que Lula quer?
Na mesa de negociações de Lula com os ministros e o presidente da Petrobras está a busca por uma solução que evite a alta dos combustíveis após o retorno da cobrança dos impostos federais sobre a gasolina e o etanol, a partir de 1º de março.
Só para se ter uma ideia, um levantamento da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom) mostrou que o retorno da cobrança vai significar uma alta de R$ 0,68 no litro da gasolina nos postos de abastecimento.
Ainda assim, a Abicom diz que a Petrobras está praticando no mercado interno preços mais altos do que no exterior, o que deixa uma margem para queda dos preços — ainda que pequena.
Geralmente, a estatal reajusta seus preços quando a defasagem em relação ao mercado internacional atinge dois dígitos, para cima ou para baixo, e atualmente a defasagem da gasolina está positiva em 8%.
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O que a ala política do governo defende
Reonear ou não os combustíveis voltou a ser uma queda de braço entre as alas política e econômica do governo.
Hoje, a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, confirmou a posição da ala política, que é favorável à prorrogação da desoneração dos combustíveis à revelia de Haddad.
Para Gleisi, a discussão sobre a volta de impostos federais sobre combustíveis deve ser feita apenas depois de a Petrobras adotar uma nova política de preços.