Quem vê a reeleição de Rodrigo Pacheco (PSD) como presidente do Senado por mais dois anos, com um placar 49 votos contra 32 de Rogério Marinho (PL), pode achar que o governo entrou em campo com o jogo ganho. Mas quem assistiu à partida sabe que não foi bem assim.
Há cerca de duas semanas, a reeleição de Pacheco estava garantida. Era só ir tocando a bola e correr para o abraço. Mas o jogo começou a mudar quando, nos últimos dias, Marinho resolveu partir para o ataque e negociar com parlamentares e partidos por uma possível vitória.
Será que vai dar? Foi nesse clima que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se viu obrigado a reforçar o time, junto com alguns de seus ministros, para assegurar a reeleição de Pacheco nesta quarta-feira (01).
Lula angariou o apoio de parlamentares e partidos e conseguiu frear o avanço bolsonarista no Senado — Marinho era apadrinhado de Jair Bolsonaro e hoje contou até com a presença da ex-primeira-dama Michelle, que saiu do banco e foi ao Senado tentar obter votos para o candidato bolsonarista. Não deu. Lula e governo saíram com uma vitória importante nesta quarta-feira.
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Ainda tinha a Câmara...
O segundo tempo desse jogo foi disputado na Câmara dos Deputados — e não é exagero dizer que Arthur Lira (PP) entrou em campo para cumprir tabela.
Os 464 votos que recebeu — a maior votação da história de um presidente da Câmara — podem comprovar e tornam Lira uma das principais forças políticas no Congresso, com quem o governo Lula terá que manter diálogo.
Chico Alencar (PSOL) e Marcel van Hattem (Novo), os únicos deputados na disputa, tiveram 21 e 19 votos, respectivamente. Foram cinco votos em branco.
Mais do que um placar histórico, o amplo apoio político significa mais poder de barganha para Lira, que terá o Centrão nas negociações com Lula, em troca da aprovação de projetos de interesse do governo.
O governo do petista vinha segurando as nomeações de apadrinhados por políticos na espera do resultado da eleição das presidências do Congresso. Lira agora será um dos principais interlocutores junto ao governo na indicação de cargos no Executivo.