Putin na China: presidente da Rússia “passa o chapéu” em busca de dinheiro para manter máquina de guerra ativa
O chefe do Kremlin, que praticamente se isolou do mundo com a invasão da Ucrânia, não teve outra alternativa a não ser pedir recursos aos chineses; veja o que ele falou para convencer Xi Jinping
A última vez que Vladimir Putin pisou na China, voltou para casa com a promessa do presidente Xi Jinping de uma parceria “sem limites”. Menos de um mês depois, o líder russo invadiu a Ucrânia.
Nesta quarta-feira(18), Putin retornou a Pequim com um mandado de prisão internacional expedido, questionado internamente e necessitando tanto do apoio econômico da China como de uma rota para sair do isolamento político provocado pela guerra no leste europeu.
O encontro entre os dois presidentes, no entanto, foi inevitavelmente ofuscado pelo conflito de Israel com o Hamas — e pela visita do presidente norte-americano, Joe Biden, a Tel Aviv no meio do fogo cruzado.
- VEJA TAMBÉM: conflito no Oriente Médio pode fazer essa petroleira disparar até 70% na Bolsa (não é Petrobras); saiba como investir
Xi, um querido amigo
Com a imagem e a economia fragilizadas pela guerra na Ucrânia, Putin não se intimidou na hora de passar o chapéu em busca de recursos.
No discurso que se seguiu ao de Xi, o presidente russo chamou o líder chinês de seu “querido amigo” e elogiou a Iniciativa Cinturão e Rota (BRI, em inglês) por unir o mundo.
“A Rússia poderia desempenhar um papel fundamental no renascimento moderno da antiga Rota da Seda na China”, disse Putin.
Putin também convidou o investimento global na rota do Mar do Norte, que, segundo ele, poderia aprofundar o comércio entre o Oriente e o Ocidente.
“A Rússia não apenas oferece aos seus parceiros a utilização ativa do potencial de trânsito [da rota do Mar do Norte]… convidamos os estados interessados a participar diretamente do seu desenvolvimento, e estamos prontos para fornecer navegação, comunicação e abastecimento”, disse Putin.
PODCAST TOUROS E URSOS - Israel em chamas: o impacto do conflito com Hamas nos investimentos
Os recados de Xi ao mundo
Xi recebeu duas dezenas de líderes mundiais e mais de uma centena de delegações em um evento que marcou o 10º aniversário da Iniciativa Cinturão e Rota – um empreendimento ambicioso porém controverso para aumentar a conectividade e o comércio em todo o mundo com projetos de infraestrutura chineses.
Dirigindo-se aos convidados estrangeiros em uma sala ornamentada no Grande Salão do Povo de Pequim, Xi elogiou a sua iniciativa por fornecer um modelo de desenvolvimento alternativo para o mundo, dizendo que “estabeleceu um novo quadro para a cooperação internacional”.
Xi não abordou o conflito no Oriente Médio no discurso, mas aludiu a uma aparente mudança no poder e na liderança globais. “Mudanças no mundo, nos nossos tempos e com significado histórico estão se desenrolando como nunca antes”, disse ele.
“A China está se esforçando para se transformar em um país mais forte e rejuvenescer a nação chinesa em todas as frentes, prosseguindo a modernização chinesa. A modernização que procuramos não é apenas para a China, mas para todos os países em desenvolvimento através de esforços conjuntos.”
Em um recado velado aos EUA, o líder chinês disse que a China se opõe a sanções unilaterais, à coerção econômica, à dissociação e à interrupção da cadeia de abastecimento.
“O confronto ideológico, a rivalidade geopolítica e a política de bloco não são uma escolha para nós”, disse ele. “Ver o desenvolvimento dos outros como uma ameaça ou assumir a interdependência econômica como um risco não melhorará a própria vida nem acelerará o seu desenvolvimento”, acrescentou.
- Leia também: Conflito Israel-Hamas sacode os mercados: ouro chega ao maior nível em um mês e petróleo pega carona na alta
China, uma alternativa
Xi tem intensificado esforços para projetar a China como um líder alternativo aos EUA — com uma visão de como a segurança e o desenvolvimento globais devem ser garantidos.
Receber líderes em Pequim é uma parte fundamental do esforço para apresentar essa visão às nações com as quais estabeleceu laços estreitos ao longo da última década.
O encontro, no entanto, também surge em um momento no qual a China enfrenta grandes desafios internos, com uma economia em desaceleração, um elevado desemprego e uma série de recentes abalos inexplicáveis nos escalões superiores do Partido Comunista.
Para driblar esses desafios, Xi também propôs um plano de ação em oito partes sobre a iniciativa Cinturão e Rota, incluindo a remoção total das restrições ao investimento estrangeiro na indústria chinesa e uma iniciativa sobre gestão global da inteligência artificial.
*Com informações da Bloomeberg, da Reuters e da Asia Financial
Um perigo à espreita: como EUA e China podem colocar a economia mundial em risco — de novo
Gita Gopinath diz que acontecimentos como a pandemia e a invasão da Ucrânia pela Rússia perturbaram as relações comerciais globais de uma forma nunca vista desde a Guerra Fria e mais pode estar por vir
China não deixa barato: Gigante asiático responde a ofensiva dos EUA sobre a Huawei
Em mais um esforço para conter o avanço chinês, os EUA revogaram licenças de exportação que permitiam que empresas norte-americanas enviassem semicondutores para a chinesa
“Odeio Trump”, diz Stormy Daniels — o depoimento da pivô do caso que pode levar Trump à prisão
A estrela pornô testemunhou nesta terça-feira (7) sobre a relação com o ex-presidente norte-americano e disse que quer ele seja preso se for condenado no julgamento criminal
Javier Milei é “buy”? Elon Musk recomenda investimento na Argentina e bolsa local sobe mais de 3%
Após um encontro com o presidente argentino e a secretária geral da presidência, Karina Milei, o bilionário postou uma foto, comentando na sequência: “eu recomendo investir na Argentina”
O recado da China à Europa: o que o presidente Xi Jinping foi fazer na França após cinco anos — e não é só comércio
Ainda esta semana, o presidente chinês fará escalas na Sérvia e na Hungria, aliados da Rússia que cortejaram o investimento chinês
Fim da guerra em Gaza? Hamas concorda com cessar-fogo, mas trégua ainda não está garantida. Veja a resposta de Israel
O cessar-fogo está sendo articulado em um momento em que Netanyahu planeja a invasão por terra da na cidade de Rafah, no sul de Gaza — em uma ofensiva prometida há semanas
Por que o dado negativo de emprego nos EUA anima os mercados e pode fazer você ganhar dinheiro na bolsa
A economia norte-americana abriu menos vagas do que o esperado em abril e a taxa de desemprego subiu no período — isso pode ser uma boa notícia para os investidores; descubra as razões
Paciência no limite? Biden solta o verbo e não perdoa nem mesmo um grande aliado dos EUA
O presidente norte-americano comparou o aliado à China e à Rússia; saiba o que ele disse e a razão para isso
O milagre de Milei será adiado? A Via Sacra da Argentina até o crescimento econômico na visão da OCDE
A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) projeta, no relatório Perspectiva Econômica divulgado nesta quinta-feira (2), que o PIB da Argentina sofrerá contração de 3,3% em 2024
Os juros não sobem mais nos EUA? A declaração de Powell que animou os investidores — e os dois fatores determinantes para a taxa começar a cair
Na decisão desta quarta-feira (1), o comitê de política monetária do Fed manteve a taxa de juros inalterada como era amplamente esperado; foi Powell o encarregado de dar os sinais ao mercado
Leia Também
Mais lidas
-
1
Entenda por que dona do Outback quer sair do Brasil — e ela não é a única
-
2
Esquece a Mega-Sena! Os novos milionários brasileiros vêm de outra loteria — e não é a Lotofácil
-
3
CEO da Embraer (EMBR3) comenta possível plano de jato de grande porte para competir Boieng e Airbus; ações reagem em queda a balanço do 1T24