O Brasil de volta ao mapa do mundo? Saiba o que está em jogo na viagem de Lula à China
O presidente Lula visita a China em meio à expectativa de selar cerca de 20 acordos bilaterais com o gigante asiático

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva recorreu ao slogan "O Brasil Voltou" nas peças veiculadas para marcar os primeiros cem dias de seu terceiro mandato.
A frase é claramente orientada ao público brasileiro, mas há quem a aplique também ao cenário internacional, em especial pela percepção de isolamento do país sob Jair Bolsonaro.
Hoje (12), Lula desembarcou na China para uma viagem de três dias ao maior parceiro comercial do Brasil na atualidade.
Os objetivos de Lula na China
Lula visita a China em meio à expectativa de selar cerca de 20 acordos bilaterais com o gigante asiático e reposicionar o Brasil no mapa geopolítico.
Um encontro de Lula com o presidente chinês, Xi Jinping, está previsto para a sexta-feira (14).
O que se espera da visita, do lado brasileiro, é que ela evidencie o papel de destaque do País na esfera política internacional e mostre o interesse do Brasil em estreitar laços com a China. Temas como o comércio entre as duas nações, a guerra entre Ucrânia e Rússia, além da possibilidade de transferência de tecnologia e o meio ambiente devem ser abordados entre as lideranças.
Leia Também
O que os analistas esperam da visita de Lula à China
Ao Estadão, especialistas analisam o que o País pode esperar do encontro, qual a visão da China sobre o Brasil e avaliam o retorno brasileiro ao diálogo multilateral.
Para Lívio Ribeiro, pesquisador associado do FGV Ibre e sócio da BRCG, o Brasil volta a se colocar no cenário de negociações e debates internacionais em diversos fóruns.
Segundo ele, houve um abandono do governo anterior, liderado por Jair Bolsonaro em relação à China.
"O que essa administração faz agora é retomar esse contato multilateral. Esse é o ponto mais importante desta visita: recolocar o Brasil na arena do jogo", afirmou o especialista.
Cooperação tecnológica no radar
Ribeiro aponta que cartas de intenção de investimento e acordo de cooperação tecnológica - principalmente no setor agrícola -, devem estar entre as discussões possíveis.
Conforme mostrou o Estadão, o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, já havia adiantado as negociações bilaterais e avaliou que a viagem aproxima ainda mais o agronegócio do governo brasileiro.
- Quer acompanhar todas as decisões e acontecimentos dos primeiros 100 dias do governo Lula e comparar com o início da gestão de Jair Bolsonaro? Acompanhe AQUI a cobertura do Seu Dinheiro.
O Brasil de volta ao mapa
Segundo Leonardo Trevisan, professor de Economia e Relações Internacionais da ESPM, a grande expectativa da visita é abrir espaço para que o Brasil "sente na mesa decisória" do mapa geopolítico mundial.
"O Brasil se aproxima da China nesta condição de ocupar algum espaço, uma confluência de interesses", declarou.
"A China enxerga que esse lado do continente (América Latina) está próximo, e o Brasil tem uma questão de liderança que é indiscutível. A evidência mais forte que esse interesse mútuo é real, foi a rapidez com que a vista foi remarcada."
Os interesses da China em relação ao Brasil
Em relação à agenda, o professor evidencia os interesses chineses de aproximação com o governo brasileiro, e diz que alguns acordos pontuais podem ocorrer, principalmente relacionados à produção de carros elétricos, construção do satélite CBERS-6 - que permite o monitoramento de biomas - e assuntos ligados à indústria de semicondutores.
"A agenda deste encontro vai estar capitaneada pelos interesses chineses." De acordo com Trevisan, a China pode fazer alguma pressão para a assinatura do Belt & Road. Trata-se de uma iniciativa do governo chinês que visa o desenvolvimento de sua infraestrutura por meio de investimentos em diversos países. "Os Estados Unidos estão com uma certa restrição em fazer investimento no Brasil, principalmente em infraestrutura, e a China quer ocupar este espaço."
Lula como mediador de conflito?
Na avaliação do professor, outro tema que deve entrar na pauta é a criação de uma abertura para que o presidente Lula participe diretamente das ações chinesas de mediação do conflito na guerra na Ucrânia.
"A guerra da Ucrânia no ano de 2023 pode ser um agravante para a situação econômica. Se nós tivermos, nesse contexto, uma situação de agravamento com o preço do petróleo e energia, vamos ter uma situação difícil e a China quer voltar a crescer", esclarece. "O PIB chinês depende do mundo para isso."
O colunista do Estadão e mestre em ciência política pela UNB, Silvio Cascione, reforça ambos argumentos e afirma que a agenda internacional do presidente demonstra forte interesse pelo Brasil.
"Com a sucessão de choques geopolíticos dos últimos anos, há um grande apetite por parcerias com o Brasil, e isso tem sido facilitado pela diplomacia ativa do atual governo, que reverteu o afastamento causado pela retórica radical do ex-presidente Jair Bolsonaro", escreveu em artigo publicado nesta terça.
*Com informações do Estadão Conteúdo.
Trump dá ‘bronca’ em Tim Cook, CEO da Apple, por produção de iPhone fora da China; entenda essa história
Apple tenta mascarar os efeitos das tarifas enquanto procura alternativas para evitar os danos da guerra comercial entre EUA e China
Por que Uber e iFood decidiram unir forças e compartilhar serviços em seus aplicativos
A integração dos serviços começará em cidades selecionadas no segundo semestre, com expansão para todo o país prevista em seguida
O novo normal durou pouco: Ibovespa se debate com balanços, PIB da zona do euro e dados dos EUA
Investidores também monitoram a primeira fala pública do presidente do Fed depois da trégua na guerra comercial de Trump contra a China
Show de talentos na bolsa: Ibovespa busca novos recordes em dia de agenda fraca
Ibovespa acaba de renovar sua máxima histórica em termos nominais e hoje depende do noticiário corporativo para continuar subindo
Ibovespa dispara quase 3 mil pontos com duplo recorde; dólar cai mais de 1% e fecha no menor patamar em sete meses, a R$ 5,60
A moeda norte-americana recuou 1,32% e terminou a terça-feira (13) cotada a R$ 5,6087, enquanto o Ibovespa subiu 1,74% e encerrou o dia aos 138.963 pontos; minério de ferro avançou na China e CPI dos EUA veio em linha com projetado
Unidos contra Trump? Lula e Xi aproveitam encontro na China para mandar mensagem aos EUA
Sem mencionar o nome do republicano, o presidente chinês, Xi Jinping, também comentou sobre a política tarifária dos EUA
Um acordo para buscar um acordo: Ibovespa repercute balanço da Petrobras, ata do Copom e inflação nos EUA
Ibovespa não aproveitou ontem a euforia com a trégua na guerra comercial e andou de lado pelo segundo pregão seguido
Por dentro do Omoda 5 e do Jaecoo 7, apostas das jovens marcas chinesas para conquistar o Brasil
Duas novas marcas chinesas, mas que pertencem a um grupo conhecido, chegam ao Brasil com produtos elogiáveis a preços competitivos
Depois do incêndio, EUA e China aparecem com baldes d’água: o que está em jogo no cessar-fogo da guerra comercial
A reação brasileira ao armistício tarifário tem sido, no mínimo, peculiar. Se por um lado a trégua parcial afasta o fantasma da recessão global e reacende o apetite por commodities, por outro, uma série de forças contrárias começa a moldar o desempenho do mercado local
Felipe Miranda: O elogio do vira-lata (ou sobre small caps brasileiras)
Hoje, anestesiados por um longo ciclo ruim dos mercados brasileiros, cujo início poderia ser marcado em 2010, e por mais uma década perdida, parecemos nos esquecer das virtudes brasileiras
Trégua entre EUA e China evita catástrofe, mas força Brasil a enfrentar os próprios demônios — entenda os impactos do acordo por aqui
De acordo com especialistas ouvidos pelo Seu Dinheiro, o Brasil poderia até sair ganhando com a pausa na guerra tarifária, mas precisaríamos arrumar a casa para a bolsa andar
Apple avalia aumentar preço da nova linha de iPhones enquanto evita apontar o verdadeiro “culpado”
Segundo o jornal The Wall Street Journal, a Apple quer justificar possível alta com novos recursos e mudanças no design dos smartphones a serem lançados no outono dos EUA
Criptomoedas (inclusive memecoins) disparam com avanço de acordos comerciais; Moo Deng salta 527% em uma semana
Mercado de memecoins ganha fôlego após alívio nas tensões geopolíticas entre os Estados Unidos e outras potências globais
Bitcoin (BTC) toca os US$ 105 mil; XRP lidera ganhos após trégua na guerra comercial entre China e EUA
Mercado de criptomoedas ganha força após EUA e China reduzirem tarifas comerciais e abrirem caminho para novas negociações; investidores voltam a mirar recordes
Acordo com China prevê mais de US$ 2 bi de investimentos em combustível sustentável e carros elétricos no Brasil
China também planeja investir em centro de pesquisa e desenvolvimento na área de energia renovável em parceria com o SENAI CIMATEC
Cenário dos sonhos para a bolsa: Dow Jones dispara mais de 1 mil pontos na esteira de acordo entre EUA e China
Por aqui, o Ibovespa teve uma reação morna, mas exportações brasileiras — especialmente de commodities — podem ser beneficiadas com o entendimento; saiba como
Didi, GWM, Meituan e mais: empresas da China planejam desembarcar no Brasil com investimentos de mais de R$ 27 bilhões
Acordos foram firmados durante passagem do presidente Lula pela China no fim de semana; expectativa é de criação de mais de 100 mil empregos
Onda de euforia nas bolsas: Ibovespa busca novos recordes na esteira do acordo entre EUA e China
Investidores também estão de olho no andamento da temporada de balanços e na agenda da semana
Trump e Xi chegam a acordo melhor do que se esperava para arrefecer guerra comercial e mercados amanhecem eufóricos
Tarifas bilaterais sobre a maioria dos produtos passarão por um corte de 115 pontos porcentuais, mas ainda faltam mais detalhes sobre o acordo
Ficou para amanhã: o resultado da reunião entre EUA e China para colocar fim à guerra de tarifas de Trump
Representantes norte-americanos e chineses se encontraram por dois dias na Suíça, mas o resultado das conversas só será detalhado na segunda-feira (12); por enquanto, o que se sabe é que houve progresso