Em uma combinação de juros altos e competição acirrada que penaliza os retornos, a escolha mais óbvia para um investidor seria sair de cena ou, pelo menos, adotar certa cautela. Mas para Paulo Godoy, presidente da Alupar (ALUP11), não é bem assim. Apesar do cenário macroeconômico bastante desafiador, ele ainda vê oportunidades nos leilões de transmissão que acontecerão neste ano.
Segundo informações do Ministério de Minas e Energia, a previsão é de que sejam feitos pelo menos três certames do gênero em 2023, que podem colocar R$ 50 bilhões em projetos.
Mas, o próprio secretário adjunto da Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Energético do MME, Frederico Telles, já informou há algumas semanas que os juros altos ainda não foram precificados para os leilões previstos para 2023.
Ao falar sobre este tema durante evento do Credit Suisse realizado em São Paulo na quarta-feira (1), Godoy, da Alupar, afirmou que "o apetite é sempre grande, o problema é se cabe na nossa régua."
A diferença, para ele, está no ambiente atual e na capacidade de continuar investindo em novos projetos e, ainda assim, ser uma empresa pagadora de dividendos. Seu desejo é seguir pagando proventos.
O executivo disse que não critica a postura de suas concorrentes, mas se recusa a "agir para marcar território" em detrimento da disciplina de capital.
Durante o painel do evento, Godoy também reforçou a necessidade de competições sadias nos leilões de transmissão e de projetos que sejam de fato bem executados e entregues, sem a necessidade de novas licitações no futuro.
"O papel do agente regulador não é apenas leiloar, é entregar um ativo pronto dentro do prazo e que colabore com o planejamento energético", disse.
O primeiro leilão de transmissão deste ano está previsto para acontecer no dia 30 de junho na sede da B3 e prevê a contratação de nove lotes de empreendimentos com investimentos de R$ 16 bilhões.