A alta dos juros, a deterioração da renda das famílias e o aumento da inadimplência têm sido pesadelos frequentes para os bancos brasileiros — e, para o Credit Suisse, nem mesmo a queda recente é suficiente para manter o otimismo com as ações do Bradesco (BBDC4).
Em relatório divulgado nesta terça-feira (21), analistas do banco suíço pontuaram que o Bradesco se encontra em um patamar risco-retorno desfavorável, o que levou a um rebaixamento das expectativas para o ativo.
As projeções para 2023, consideradas fracas pelo banco, e os resultados do quarto trimestre de 2022 também levaram a um corte no preço-alvo dos papéis — de R$ 16 para R$ 15, o que indica um potencial de alta de 14,5% com base no fechamento de ontem. A recomendação do Cresit Suisse é de venda.
O corte veio mesmo diante da visão de que os papéis se encontram "descontados" frente ao total de seus ativos.
O que pensam os analistas
O cenário negativo projetado pelo banco suíço acompanha as projeções do próprio Bradesco para 2023 e o pessimismo com o cenário de todo o setor.
Para os analistas, as chances de crescimento são limitadas, uma vez que existe um aumento dos riscos no cenário de crédito, em um banco que já não tem uma base de ativos considerada de qualidade frente aos seus principais pares.
Isso ocorre pois o Bradesco tem alta exposição a empresas de pequeno e médio porte, o que se trata de um sinal de alerta frente ao cenário macroeconômico mais desafiador. Nos cálculos dos analistas, a deterioração ainda maior da qualidade da carteira deve pressionar as receitas.
E não é só o cenário de crédito complicado que pressiona o banco. Com a Americanas (AMER3) oficialmente em recuperação judicial, a margem financeira do Bradesco pode ser pressionada, uma vez que a cobrança de juros de dívida podem ser interrompidas.
Apesar da visão negativa, o CS aponta que uma queda mais rápida da Selic e uma eventual melhora macroeconômica podem alterar o cenário.