A esperança é sempre a última que morre — e se levarmos em conta a de Sam Bankman-Fried, essa é a mais resiliente de todas. O ex-CEO da corretora falida FTX publicou recentemente em sua conta no Twitter que a exchange sempre foi solvente.
SBF — sigla pela qual é conhecido nas redes sociais — sempre defendeu que a corretora poderia voltar a ser uma das campeãs do mercado. Naturalmente, pouca gente dava bola para o homem que precisou pagar US$ 250 milhões para ficar “de castigo” em prisão domiciliar na casa dos pais.
Mas as palavras de John J. Ray III, que atualmente conduz a reestruturação da FTX, fizeram um pequeno milagre no mercado cripto. A criptomoeda da corretora FTT chegou a disparar mais de 32% após ele confirmar que há, sim, alguma possibilidade de a exchange voltar.
“Existem pessoas com as quais estamos trabalhando que identificam que o negócio pode ser viável”, disse ele. Por volta das 15h, o token FTT avançava 29,86%, cotado a US$ 2,36. No mesmo horário, o bitcoin (BTC) era negociado em leve alta de 0,08%, a US$ 20.963,16.
O que (em tese) torna a FTX um negócio “viável”
Aos 64 anos, John J. Ray III é um especialista em reestruturação empresarial, conhecido por sua atuação na falida Enron, companhia da qual conseguiu exprimir alguns bilhões para os credores.
Os primeiros passos na FTX foram simples: ajustar o confuso balanço da corretora — cujos fundos se confundiam com outras empresas do grupo liderado por SBF — e liberar os recursos bloqueados dos clientes.
O foco, portanto, não é exatamente fazer a companhia renascer. Contudo, “as cartas estão na mesa”, nas palavras do executivo.
Organizando a papelada
Apesar de constantemente trocar farpas públicas com seu antecessor, Ray tem desempenhado um papel importante à frente da corretora. Com 30 terabytes e de informações da FTX à disposição, ele conseguiu revelar que a companhia possuía US$ 5,5 bilhões em “ativos líquidos”.
É esperado também que Ray consiga ter um balanço mais preciso da dívida ao longo do processo de reestruturação.
Um número preliminar indica que a FTX deve cerca de US$ 3 bilhões para seus 50 principais credores, um número que pode facilmente chegar aos US$ 8,8 bilhões em outras estimativas.
Uma profecia autorrealizável para a FTX
Algumas especulações sobre o retorno da FTX incluem o próprio token FTT.
Não é novidade que o mercado de criptomoedas é altamente especulativo — é só lembrar do caso Terra (LUNA): vez ou outra, o token aparece entre os maiores ganhos do dia devido a alta especulação, mesmo que a moeda não tenha nenhum valor em si.
Uma hipótese seria o uso do token FTT para estimular os investidores a colocar dinheiro em uma nova corretora. Os ganhos obtidos com essa valorização seriam usados para pagar os investidores lesados pela falência da exchange anterior.
Este cenário é mera especulação, mas já aconteceu com a nova Terra (LUNA): nas máximas histórias, o projeto chegou a valer mais de US$ 7 bilhões, ou um quinto do projeto original — mas, ainda assim, é algum dinheiro para o fugitivo criador do protocolo.
*Com informações do The Wall Street Journal