🔴 NO AR: ONDE INVESTIR EM DEZEMBRO – CONFIRA MAIS DE 30 RECOMENDAÇÕES – VEJA AQUI

Tony Volpon: Por que o Fed não é seu amigo — BC dos Estados Unidos coloca o ‘dedo na ferida’ dos investidores

Depois da última decisão, o mercado adicionou nova alta ao fed funds neste ano, e retirou 0,50% das quedas precificadas em 2024

2 de outubro de 2023
20:01 - atualizado às 17:22
FED Assombração Fantasma Mercados Gráfico Federal Reserve Jerome Powell bolsa
Imagem: Shutterstock, com intervenção de Andrei Morais

Na nossa coluna de agosto, defendemos a tese “sell in May and go away”. Repetimos este mantra vendido no início de setembro, onde depois de dois ensaios frustrados de recuperação do S&P 500, os mercados voltaram a cair nesses últimos dias, perdendo níveis importantes de suporte.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Entre outros fatores, o agravante maior foi a forte alta de juros na parte longa da curva, com a Treasury de dez anos rompendo o patamar de 4,5%, nível que o mercado não vê desde 2007.

A nova pernada de alta nos juros teve um motivo claro: a reunião do Fed onde (apesar da decisão de não subir o fed funds) as projeções do comitê vieram bem mais salgadas do que o mercado esperava – especialmente dado o movimento das taxas longas.

Por que o Fed decidiu “colocar o dedo na ferida”?

A valor de face, as projeções parecem precificar um pouso suave, com queda gradual da inflação em direção à meta com somente uma modesta alta na taxa de desemprego.

Mas o que poderia ter sido uma conclusão benigna para os ativos de risco tem uma consequência nefasta: a necessidade de manter a taxa de juros elevada por muito mais tempo.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Assim, depois da decisão, o mercado adicionou nova alta ao fed funds neste ano, e retirou 0,50% das quedas precificadas em 2024. A decisão levou o Goldman Sachs, por exemplo, a mudar sua previsão de 3 cortes de 0,25% em 2024 para somente um corte.

Leia Também

A falta de preocupação do Fed com a parte longa da curva deve ter como explicação a alta que representa um movimento endógeno, de equilíbrio, refletindo uma economia menos sensível ao aperto monetário, seja pela continuidade da expansão fiscal, seja pela resiliência dos balanços dos consumidores e empresas que se financiaram nas baixíssimas taxas de juros promovidas pelo Fed entre 2020 e 2021.

Concomitante com essa tese, teríamos também a crença de que esses mesmos fatores levam a uma taxa “neutra” mais alta – pelo menos no curto prazo enquanto esses fatores estiverem operantes (sem entrar na difícil discussão de se o nível da taxa neutra subiu de forma estrutural e permanente – os “dot plots” ainda mostram uma taxa fed funds mediana de longo prazo de 2,5%, apesar de já haver projeções entre membros do Fed de uma taxa neutra de 3,5%).

Qual é a tese do Fed?

O que me espanta é como a decisão abraçou uma tese bastante específica sobre o estado da economia. Afinal, não estaríamos em uma fase “dados dependente” do ciclo monetário? Aparentemente não.  

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Que essa tese talvez esteja correta – e há uma variedade de dados apontando na sua direção –, não se discute. A questão é que, ao adotá-la desta forma, o Fed (e todos nós) teremos que viver com suas consequências.

Entre elas, os economistas do ISI estimam, usando o índice de condições financeiras do próprio Fed, que o aperto nas condições financeiras deve apresentar um arrasto de 0,65% no crescimento de 2024. Além dos efeitos diretos sobre a curva de juros, podemos mencionar a alta no dólar globalmente – por exemplo, o índice do Deutsche Bank voltou aos patamares do final de 2022 – e a alta dos empréstimos imobiliários, batendo 7,5% ao ano.

Não que tudo isso tenha, pelo menos por ora, levado a uma reviravolta na expectativa de um pouso suave – previsão ainda majoritária entre os analistas do buy side (entre eles: Goldman, Morgan Stanley e JP Morgan).

Isso apesar dos fatores de risco adicionais ao pouso suave – que foram mencionados en passant por Powell durante sua conferência de imprensa: a retomada do pagamento dos empréstimos estudantis; a alta do petróleo; a greve do setor automobilístico; e a forte probabilidade de um shutdown parcial do governo federal.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Os economistas da Morgan Stanley estão projetando uma oscilação negativa de 0,7% do consumo real no quarto trimestre deste ano, mas aí tudo voltará ao normal no início de 2024.

Enquanto isso, os economistas do Goldman estão pouco preocupados com os efeitos da alta do petróleo sobre os consumidores. Hoje a parte do orçamento gasto com a gasolina é de 2,3%, quando isso representava entre 4-5,5% do orçamento nos anos 1970.

A JP Morgan defende que a economia americana hoje está passando pela experiência do “sapo sendo lentamente fervido”, o que para eles deve talvez levar a uma recessão, mas somente daqui 12-18 meses. Tudo isso apesar da clara desaceleração da economia global, especialmente na Europa.

Todos esses argumentos me parecem defensivos da tese do pouso suave das respectivas casas. Eu até entendo o otimismo – afinal, a economia americana tem surpreendido positivamente, e até agora quem ignorou a história e defendeu a tese do “this time is different” tem levado a melhor.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Isso dito, é inegável que a distribuição de riscos piorou, e que o “otimismo hawkish” do Fed não é uma boa notícia para ativos de risco.

Com as quedas pós-Fed, os mercados acionários estão rompendo níveis técnicos importantes, mas já há parte dos mercados apresentando valuations interessantes.

TOUROS E URSOS - Por que o Ibovespa (ainda) não decolou? Uma entrevista exclusiva com Felipe Miranda

Notem que hoje nos EUA – e além – há vários “mercados”. Os “magnifico sete” do setor de tecnologia operam com um P/L de 31x, enquanto as outras 493 ações do S&P 500 operam com o patamar bem mais módico de 16x. O MSCI Mundo ex-EUA opera com um múltiplo de 13x.

Mais uma salva de vendas, algo nada improvável neste ambiente onde a alta dos juros longos pode continuar até algo “quebrar”, e os preços podem atingir níveis incondicionalmente interessantes.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Mas não estamos lá ainda. Paciência: a oportunidade certa pode ocorrer no sempre interessante mês de outubro. Mas até lá, assista à carnificina de camarote.

*Tony Volpon é economista e ex-diretor do Banco Central

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

COMPARTILHAR

Whatsapp Linkedin Telegram
INSIGHTS ASSIMÉTRICOS

A sucessão no Fed: o risco silencioso por trás da queda dos juros

2 de dezembro de 2025 - 7:08

A simples possibilidade de mudança no comando do BC dos EUA já começou a mexer na curva de juros, refletindo a percepção de que o “jogo” da política monetária em 2026 será bem diferente do atual

EXILE ON WALL STREET

Tony Volpon: Bolhas não acabam assim

1 de dezembro de 2025 - 19:55

Wall Street vivencia hoje uma bolha especulativa no mercado de ações? Entenda o que está acontecendo nas bolsas norte-americanas, e o que a inteligência artificial tem a ver com isso

DÉCIMO ANDAR

As lições da Black Friday para o universo dos fundos imobiliários e uma indicação de FII que realmente vale a pena agora

30 de novembro de 2025 - 8:00

Descontos na bolsa, retorno com dividendos elevados, movimentos de consolidação: que tipo de investimento realmente compensa na Black Friday dos FIIs?

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Os futuros dividendos da Estapar (ALPK3), o plano da Petrobras (PETR3), as falas de Galípolo e o que mais move o mercado

28 de novembro de 2025 - 8:25

Com mudanças contábeis, Estapar antecipa pagamentos de dividendos. Petrobras divulga seu plano estratégico, e presidente do BC se mantém duro em sua política de juros

SEXTOU COM O RUY

Jogada de mestre: proposta da Estapar (ALPK3) reduz a espera por dividendos em até 8 anos, ações disparam e esse pode ser só o começo

28 de novembro de 2025 - 6:01

A companhia possui um prejuízo acumulado bilionário e precisaria de mais 8 anos para conseguir zerar esse saldo para distribuir dividendos. Essa espera, porém, pode cair drasticamente se duas propostas forem aprovadas na AGE de dezembro.

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

A decisão de Natal do Fed, os títulos incentivados e o que mais move o mercado hoje

27 de novembro de 2025 - 8:23

Veja qual o impacto da decisão de dezembro do banco central dos EUA para os mercados brasileiros e o que deve acontecer com as debêntures incentivadas, isentas de IR

INSIGHTS ASSIMÉTRICOS

Corte de juros em dezembro? O Fed diz talvez, o mercado jura que sim

27 de novembro de 2025 - 7:49

Embora a maioria do mercado espere um corte de 25 pontos-base, as declarações do Fed revelam divisão interna: há quem considere a inflação o maior risco e há quem veja a fragilidade do mercado de trabalho como a principal preocupação

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: O mercado realmente subestima a Selic?

26 de novembro de 2025 - 19:30

Dentro do arcabouço de metas de inflação, nosso Bacen dá mais cavalos de pau do que a média global. E o custo de se voltar atrás para um formulador de política monetária é quase que proibitivo. Logo, faz sentido para o mercado cobrar um seguro diante de viradas possíveis.

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

As projeções para a economia em 2026, inflação no Brasil e o que mais move os mercados hoje

26 de novembro de 2025 - 8:36

Seu Dinheiro mostra as projeções do Itaú para os juros, inflação e dólar para 2026; veja o que você precisa saber sobre a bolsa hoje

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Os planos e dividendos da Petrobras (PETR3), a guerra entre Rússia e Ucrânia, acordo entre Mercosul e UE e o que mais move o mercado

25 de novembro de 2025 - 8:20

Seu Dinheiro conversou com analistas para entender o que esperar do novo plano de investimentos da Petrobras; a bolsa brasileira também reflete notícias do cenário econômico internacional

EXILE ON WALL STREET

Felipe Miranda: O paradoxo do banqueiro central

24 de novembro de 2025 - 19:59

Se você é explicitamente “o menino de ouro” do presidente da República e próximo ao ministério da Fazenda, é natural desconfiar de sua eventual subserviência ao poder Executivo

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Hapvida decepciona mais uma vez, dados da Europa e dos EUA e o que mais move a bolsa hoje

24 de novembro de 2025 - 7:58

Operadora de saúde enfrenta mais uma vez os mesmos problemas que a fizeram despencar na bolsa há mais dois anos; investidores aguardam discurso da presidente do Banco Central Europeu (BCE) e dados da economia dos EUA

BOMBOU NO SD

CDBs do Master, Oncoclínicas (ONCO3), o ‘terror dos vendidos’ e mais: as matérias mais lidas do Seu Dinheiro na semana

23 de novembro de 2025 - 17:13

Matéria sobre a exposição da Oncoclínicas aos CDBs do Banco Master foi a mais lida da semana; veja os destaques do SD

MERCADOS HOJE

A debandada da bolsa, pessimismo global e tarifas de Trump: veja o que move os mercados hoje

21 de novembro de 2025 - 9:27

Nos últimos anos, diversas empresas deixaram a B3; veja o que está por trás desse movimento e o que mais pode afetar o seu bolso

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Planejamento, pé no chão e consciência de que a realidade pode ser dura são alguns dos requisitos mais importantes de quem quer ser dono da própria empresa

20 de novembro de 2025 - 8:36

Milhões de brasileiros sonham em abrir um negócio, mas especialistas alertam que a realidade envolve insegurança financeira, mais trabalho e falta de planejamento

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: Será que o Fed já pode usar AI para cortar juros?

19 de novembro de 2025 - 20:00

Chegamos à situação contemporânea nos EUA em que o mercado de trabalho começa a dar sinais em prol de cortes nos juros, enquanto a inflação (acima da meta) sugere insistência no aperto

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

A nova estratégia dos FIIs para crescer, a espera pelo balanço da Nvidia e o que mais mexe com seu bolso hoje

19 de novembro de 2025 - 8:01

Para continuarem entregando bons retornos, os Fundos de Investimento Imobiliários adaptaram sua estratégia; veja se há riscos para o investidor comum. Balanço da Nvidia e dados de emprego dos EUA também movem os mercados hoje

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

O recado das eleições chilenas para o Brasil, prisão de dono e liquidação do Banco Master e o que mais move os mercados hoje

18 de novembro de 2025 - 8:29

Resultado do primeiro turno mostra que o Chile segue tendência de virada à direita já vista em outros países da América do Sul; BC decide liquidar o Banco Master, poucas horas depois que o banco recebeu uma proposta de compra da holding Fictor

INSIGHTS ASSIMÉTRICOS

Eleição no Chile confirma a guinada política da América do Sul para a direita; o Brasil será o próximo?

18 de novembro de 2025 - 6:03

Após a vitória de Javier Milei na Argentina em 2023 e o avanço da direita na Bolívia em 2025, o Chile agora caminha para um segundo turno amplamente favorável ao campo conservador

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Os CDBs que pagam acima da média, dados dos EUA e o que mais movimenta a bolsa hoje

17 de novembro de 2025 - 7:53

Quando o retorno é maior que a média, é hora de desconfiar dos riscos; investidores aguardam dados dos EUA para tentar entender qual será o caminho dos juros norte-americanos

Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Fechar