Stanley Druckenmiller alerta investidores para crise nos EUA; entenda o que um dos maiores traders da atualidade espera para 2024
Stanley Druckenmiller aponta risco sobre situação fiscal dos EUA há mais de dez anos e prevê “quebradeira” para a economia

Stanley Druckenmiller é um dos investidores mais bem-sucedidos da nossa geração.
Ele é conhecido por ter administrado um fundo de George Soros, onde - com a ajuda desse megainvestidor - fez um trade memorável.
Ele lucrou cerca de 1 bilhão de dólares em poucos dias, e fez Soros passar a ser conhecido como o “homem que quebrou o Banco da Inglaterra” - escrevemos sobre esse trade aqui.
Em 1986, abriu sua própria gestora, a Duquesne Capital Management, e entregou 30% de retorno ao ano desde a fundação - chegando a administrar 12 bilhões de dólares.
Então, Druckenmiller converteu o fundo e a gestora em seu family office em 2010. Hoje, ele administra seu próprio dinheiro na Duquesne Family Office.
Num cenário atual tão incerto de taxas de juros americanas em patamares não vistos em mais de uma década e grandes tensões geopolíticas no mundo, Stanley Druckenmiller foi entrevistado na semana passada.
Leia Também
A entrevista foi feita por ninguém menos que Paul Tudor Jones - outro trader lendário do mundo da gestão de investimentos - e Druckenmiller pôde discorrer sobre o mundo e sobre suas maiores convicções no momento.
Quando ele para pra falar, nós paramos para ouvir e o resultado é esse resumo que fizemos dos principais tópicos abordados na conversa que você pode conferir abaixo:
O grave problema fiscal americano
Um dos grandes receios de mercado que tem contribuído para a alta dos juros das treasuries americanas é a situação fiscal dos Estados Unidos, com endividamento e déficits crescentes.
Druckenmiller alerta sobre esse risco há mais de dez anos, quando ele percebeu que sua geração de “baby boomers” iria se aposentar entre os anos de 2020 e 2035, sobrando menos pessoas produzindo e pagando impostos.
Para ele, inevitavelmente que sem nenhuma reforma relevante, quando mais pessoas recebem benefícios do governo sendo bancadas por menos pessoas, o déficit público deveria aumentar.
O que ele não previu e só contribuiu para piorar a situação foi a falta de disciplina fiscal nos governos Trump - em que o déficit público passou de um trilhão de dólares - e Biden - no qual o déficit mais que triplicou após os generosos estímulos depois da pandemia.
“Os EUA só estão conseguindo financiar esses gastos porque a sua moeda, o dólar, continua sendo a reserva de valor internacional", explica o investidor.
"[...] As grandes ofertas de treasuries americanos para buscar esse financiamento, somada a uma inflação galopante levaram os juros aos patamares que estamos vendo hoje”, revela.
VEJA TAMBÉM: Onde investir em novembro: ações, dividendos, FIIs, BDRs, criptomoedas - Veja indicações gratuitas
O que esperar para a frente
“Os efeitos dos juros mais altos ainda não foram sentidos na economia, pois quando os juros estavam próximos de zero as empresas e famílias se financiaram com dívidas de baixo custo e vencimento longo", afirmou.
"Ou seja, vai levar um tempo até o custo de suas dívidas aumentar (quando elas tiverem que se refinanciar)".
"Por outro lado, o Tesouro americano foi o único que não aproveitou os períodos de bonança para se financiar a baixo custo, numa das maiores tragédias de gestão do Tesouro”, completou Druckenmiller.
Apesar desse efeito diluído no tempo, a alta de juros é assustadora: se em 2033 toda a dívida pública fosse financiada com os juros de hoje, só o pagamento dos juros seria equivalente a 4,5% do PIB americano.
Em 2043, este percentual subiria para 7% do PIB, mais que todas as despesas discricionárias do governo.
Para que os EUA mantenham sua credibilidade, esses números mostram a urgência de uma ampla reforma fiscal no país.
Além disso, boa parte das empresas deve se refinanciar com juros mais altos até 2026, as novas hipotecas das famílias estão sendo financiadas a uma taxa de 8%, contra uma média atual de 3,6%.
Stanley Druckenmiller recomenda que o investidor se prepare, pois acredita que no próximo ano terá “quebradeira” na economia, e se não em 2024, então em 2025.
O impacto das eleições nos EUA
As eleições para a presidência do país aumentam ainda mais os riscos.
Druckenmiller acredita que, caso Trump seja o vencedor, os gastos públicos vão acelerar ainda mais e um “fantoche” do presidente deve comandar o Fed, instituição que o republicano enxerga com desdém.
Neste cenário, ele não descarta uma inflação próxima de 10%, a qual poderia carregar consequências terríveis no mundo todo.
Caso o vencedor seja outro republicano ou Biden, o estímulo fiscal vai ser menor e a conta vai ser paga com alguma recessão, o que pode inclusive trazer a deflação.
Como Druckenmiller está se posicionando neste cenário
Diferentemente dos acadêmicos que estão caracterizando a subida de juros como um prêmio de risco, ele acha que o movimento recente foi apenas uma normalização.
Isso porque as pessoas continuam acostumadas com os tempos de Quantitative Easing (programa de afrouxamento monetário após 2008) e uma inflação de 2%.
“Taxas de juros na casa 5% eram perfeitamente normais antes do QE. Se a inflação se estabelecer acima disso em 3%, é razoável imaginar juros entre 5% e 6%”, explicou Druckenmiller.
Em relação à bolsa, ele está pessimista. O S&P500 está negociando a um múltiplo de 20x preço/lucro, comparado a uma média histórica antes do QE de 15x.
Ou seja, a assimetria de estar comprado no mercado de ações não é boa, dado que elas não estão baratas.
Além disso, ainda há riscos relevantes no horizonte: irresponsabilidade fiscal, problemas na cadeia de suprimentos e a pior situação geopolítica que Druckenmiller viu na sua vida - ele não duvida de uma terceira guerra mundial.
Como ele acredita que algo deve quebrar com os juros mais altos, ele está ‘aplicado’ em títulos de 2 anos apostando que o juros curtos vão cair.
Mas está ‘tomado’ em títulos de 30 anos por ter essa visão estrutural negativa de longo prazo para a economia americana - acreditando que os juros longos ficaram altos por mais tempo.
O impacto da avaliação de Druckenmiller para o investidor nacional
Para o investidor brasileiro, é interessante ouvir que países como os EUA têm problemas como os que vemos no Brasil, ainda mais quando abordados por um investidor americano deste calibre.
É importante se preparar sempre para o pior cenário.
É por isso que na Carteira Market Makers focamos em comprar empresas baratas com balanços saudáveis e fundamentos sólidos de longo prazo, das quais queremos ser sócios e enxergamos elevada margem de segurança, faça chuva ou faça sol.
Um abraço,
Matheus Soares
Mantendo a tradição: Ibovespa tenta recuperar os 140 mil pontos em dia de produção industrial e dados sobre o mercado de trabalho nos EUA
Investidores também monitoram decisão do governo de recorrer ao STF para manter aumento do IOF
Os fantasmas de Nelson Rodrigues: Ibovespa começa o semestre tentando sustentar posto de melhor investimento do ano
Melhor investimento do primeiro semestre, Ibovespa reage a trégua na guerra comercial, trade eleitoral e treta do IOF
Rumo a 2026 com a máquina enguiçada e o cofre furado
Com a aproximação do calendário eleitoral, cresce a percepção de que o pêndulo político está prestes a mudar de direção — e, com ele, toda a correlação de forças no país — o problema é o intervalo até lá
Tony Volpon: Mercado sobrevive a mais um susto… e as bolsas americanas batem nas máximas do ano
O “sangue frio” coletivo também é uma evidência de força dos mercados acionários em geral, que depois do cessar-fogo, atingiram novas máximas no ano e novas máximas históricas
Tudo sob controle: Ibovespa precisa de uma leve alta para fechar junho no azul, mas não depende só de si
Ibovespa vem de três altas mensais consecutivas, mas as turbulências de junho colocam a sequência em risco
Ser CLT virou ofensa? O que há por trás do medo da geração Z pela carteira assinada
De símbolo de estabilidade a motivo de piada nas redes sociais: o que esse movimento diz sobre o mundo do trabalho — e sobre a forma como estamos lidando com ele?
Atenção aos sinais: Bolsas internacionais sobem com notícia de acordo EUA-China; Ibovespa acompanha desemprego e PCE
Ibovespa tenta manter o bom momento enquanto governo busca meio de contornar derrubada do aumento do IOF
Siga na bolsa mesmo com a Selic em 15%: os sinais dizem que chegou a hora de comprar ações
A elevação do juro no Brasil não significa que chegou a hora de abandonar a renda variável de vez e mergulhar na super renda fixa brasileira — e eu te explico os motivos
Trocando as lentes: Ibovespa repercute derrubada de ajuste do IOF pelo Congresso, IPCA-15 de junho e PIB final dos EUA
Os investidores também monitoram entrevista coletiva de Galípolo após divulgação de Relatório de Política Monetária
Rodolfo Amstalden: Não existem níveis seguros para a oferta de segurança
Em tese, o forward guidance é tanto mais necessário quanto menos crível for a atitude da autoridade monetária. Se o seu cônjuge precisa prometer que vai voltar cedo toda vez que sai sozinho de casa, provavelmente há um ou mais motivos para isso.
É melhor ter um plano: Ibovespa busca manter tom positivo em dia de agenda fraca e Powell no Senado dos EUA
Bolsas internacionais seguem no azul, ainda repercutindo a trégua na guerra entre Israel e o Irã
Um longo caminho: Ibovespa monitora cessar-fogo enquanto investidores repercutem ata do Copom e testemunho de Powell
Trégua anunciada por Donald Trump impulsiona ativos de risco nos mercados internacionais e pode ajudar o Ibovespa
Um frágil cessar-fogo antes do tiro no pé que o Irã não vai querer dar
Cessar-fogo em guerra contra o Irã traz alívio, mas não resolve impasse estrutural. Trégua será duradoura ou apenas mais uma pausa antes do próximo ato?
Felipe Miranda: Precisamos (re)conversar sobre Méliuz (CASH3)
Depois de ter queimado a largada quase literalmente, Méliuz pode vir a ser uma opção, sobretudo àqueles interessados em uma alternativa para se expor a criptomoedas
Nem todo mundo em pânico: Ibovespa busca recuperação em meio a reação morna dos investidores a ataque dos EUA ao Irã
Por ordem de Trump, EUA bombardearam instalações nucleares do Irã na passagem do sábado para o domingo
É tempo de festa junina para os FIIs
Alguns elementos clássicos das festas juninas se encaixam perfeitamente na dinâmica dos FIIs, com paralelos divertidos (e úteis) entre as brincadeiras e a realidade do mercado
Tambores da guerra: Ibovespa volta do feriado repercutindo alta dos juros e temores de que Trump ordene ataques ao Irã
Enquanto Trump avalia a possibilidade de envolver diretamente os EUA na guerra, investidores reagem à alta da taxa de juros a 15% ao ano no Brasil
Conflito entre Israel e Irã abre oportunidade para mais dividendos da Petrobras (PETR4) — e ainda dá tempo de pegar carona nos ganhos
É claro que a alta do petróleo é positiva para a Petrobras, afinal isso implica em aumento das receitas. Mas há um outro detalhe ainda mais importante nesse movimento recente.
Não foi por falta de aviso: Copom encontra um sótão para subir os juros, mas repercussão no Ibovespa fica para amanhã
Investidores terão um dia inteiro para digerir as decisões de juros da Super Quarta devido a feriados que mantêm as bolsas fechadas no Brasil e nos Estados Unidos
Rodolfo Amstalden: São tudo pequenas coisas de 25 bps, e tudo deve passar
Vimos um build up da Selic terminal para 15,00%, de modo que a aposta em manutenção na reunião de hoje virou zebra (!). E aí, qual é a Selic de equilíbrio para o contexto atual? E qual deveria ser?