Numa mesa de bar, já um pouco embriagado e sem muita vontade de discutir com um colega que não via há muito tempo, simplesmente acenei que "sim" com a cabeça, mas discordando com todas as minhas forças por dentro.
Veja bem, ele não estava totalmente errado.
Ao investir queremos comprar ações de empresas decentes, consolidadas e com marcas fortes. O problema é que, assim como ele, nove entre dez investidores perseguem essa mesma classe de ativos, o que os torna, na maioria das vezes, muito bem precificados e sem muito espaço para upside.
Pegue o exemplo da Ambev, a gigante do negócio de bebidas alcoólicas controlada pelo Grupo 3G. Depois de anos crescendo via fusões e aquisições (M&As), hoje a companhia é tão grande que qualquer aquisição faz pouca diferença em termos de receitas ou diluição de despesas.
Seu market share é tão vasto que se tornou difícil continuar ganhando espaço no mercado. Na verdade, em alguns meses é a competição que rouba participação da gigante.
Tudo isso acontece enquanto se discute a reforma tributária (que deve afetar os lucros da companhia por distribuir muitos juros sobre capital próprio) e em um momento em que todo o mercado está receoso com as empresas do Grupo 3G após o caso Americanas.
Tudo bem, a Ambev é realmente uma grande empresa, com marcas fortes, amplo histórico operacional e de distribuição de proventos.
Mas negociando por 15 vezes lucros (que tem tido dificuldade para crescer) e um dividend yield de apenas 5%, as ações já estão muito bem precificadas frente aos riscos mencionados. A Carteira Empiricus, inclusive, tem uma posição vendida (short) nos papéis neste momento.
Eu não estou falando que ABEV3 não vai subir. Estou apenas dizendo que, com tantos fatores jogando contra, é difícil imaginar uma grande multiplicação dos papéis neste momento. No futuro, com as ações negociando por múltiplos mais interessantes, pode ser que eu mude de ideia.
Empresa boa é diferente de ação boa
O caso da Ambev ilustra um erro de julgamento muito comum. Empresas excelentes podem se tornar péssimos investimentos, a depender dos preços de suas ações.
Uma maneira de evitar esse problema é aguardar momentos propícios para comprar esses ativos. Uma crise financeira, um ciclo de aperto monetário, ou alguns resultados decepcionantes podem abrir janelas interessantes para comprar as famosas "blue chips" por preços atrativos.
Outra maneira é tentar encontrar empresas que ainda não são tão conhecidas quanto a Ambev, o Pão de Açúcar ou a Nike, que ainda não merecem múltiplos tão elevados, mas que possuem capacidade para "chegar lá".
Um bom exemplo é o BR Partners (BRBI11), sobre o qual comentamos na semana passada. O banco atua em um nicho similar ao do BTG (BPAC11), mas com uma estrutura bem mais enxuta e uma fama muito menor, o "mini BTG" negocia hoje por 1,4 vez valor patrimonial, 30% menos do que BPAC11.
Por 14 vezes lucros, a Track&Field (TFCO4) pode não parecer uma barganha, mas essa percepção muda radicalmente quando lembramos que a companhia possui uma marca fortíssima dentro do seu nicho de atuação e também quando notamos que a Nike negocia por 30 vezes lucros, mas com menores margens e menor crescimento também.
Re-rating + crescimento de lucro = supervalorização
Mais uma vez, não há nada de errado em comprar ações de empresas estabelecidas, desde que estejam negociando por preços interessantes. O Itaú, por exemplo, tem um modelo de negócios consolidado, uma capacidade financeira absurda e, principalmente, negocia por preços bastante convidativos (7 vezes lucros), e por isso faz parte da série Vacas Leiteiras.
Com uma receita de quase R$ 150 bilhões e o maior market share do setor, é difícil imaginar que o Itaú vai conseguir dobrar de tamanho em alguns anos.
Mas nem precisamos disso para conseguir lucrar com as ações. Isso porque um simples retorno dos múltiplos para a média histórica (9 vezes lucros) já representaria uma apreciação de 30% - 40%.
No entanto, nas microcaps relativamente desconhecidas, conseguimos capturar não só essa reprecificação de múltiplos (re-rating) como também podemos surfar o crescimento de resultados, já que muitas delas ainda estão em fase de expansão.
A combinação do re-rating com um forte crescimento de lucros é capaz de provocar as valorizações de 100%, 200%, 300% ou até mais, que observamos com certa frequência no universo das microcaps.
O BR Partners e a Track&Field são dois dos nossos nomes preferidos nesse universo, e fazem parte da série Microcap Alert.
Caso queira conferir todos os outros ativos que compõem essa carteira, que conta com grande potencial de valorização e já traz retornos muito acima do índice Small Caps em 2023, deixo aqui o convite.
Um grande abraço e até a semana que vem!
Ruy
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