Uma dolorosa revisão de expectativas: Entenda como a crise bancária nos EUA impacta o mercado
Com a quebra do banco SVB e uma possível crise de crédito, o mercado financeiro teve que revisar as expectativas

Dizem que, desde que o Fed começou seu atual ciclo de alta de juros, era questão de tempo para aparecerem corpos boiando no mercado financeiro dos Estados Unidos. Esse momento chegou na quinta-feira passada, quando o SVB (Silicon Valley Bank) anunciou que precisaria de um aumento de capital.
Na sexta, houve uma verdadeira corrida bancária contra a instituição e no domingo o banco estava liquidado pelas autoridades — que prometeram também garantir todos os seus depósitos, e não apenas aqueles que estavam cobertos pelo fundo garantidor local.
Mas este não é um texto sobre o SVB, esse é um texto sobre mudanças forçadas de expectativas do mercado (a história da derrocada do banco foi contada brilhantemente pelo Matheus Soares na Compoundletter de terça, com clareza e profundidade não vistas em agências e jornalões).
As expectativas do mercado
O gráfico abaixo representa as variações diárias de preços dos títulos de dois anos do tesouro americano. Veja como na segunda-feira houve a maior variação negativa do gráfico, de cerca de 60 pontos base, ou 0,6 ponto percentual.
Essa queda mostra que o mercado mudou de expectativas. Com a quebra do banco e uma possível crise de crédito, o mercado já viu sinais suficientes de redução de demanda e de que, portanto, o Fed pode aumentar menos os juros ou até baixá-los no segundo semestre. E começou a projetar um juro mais baixo no futuro.
Antes da liquidação do SVB, a expectativa era de que os juros chegassem a 5,9% nos Estados Unidos. Depois, essas expectativas caíram para 5%. Hoje a taxa básica de juros por lá é entre 4,5% e 4,75% ao ano. É o que mostra a imagem abaixo, da Bloomberg.
Esses gráficos também contam uma história sobre stop loss. Como quase todos os fundos trabalham com metas de volatilidade e como quase todos estão expostos ao tesouro americano, uma mudança brusca nos preços dos títulos faz com que muitos sejam forçados a vender os títulos, derrubando ainda mais o preço.
Quem não mudou de expectativa antes, foi obrigado a mudar depois, na marra.
Leia Também
Como a Super Quarta mexe com os seus investimentos, e o que mais move os mercados nesta quarta-feira (17)
Para qual montanha fugir, Super Quarta e o que mexe com os mercados nesta terça-feira (16)
E agora, Fed?
Então agora podemos ter certeza que o Fed vai segurar a mão nos juros, correto? Ninguém quer uma quebradeira de bancos, como em 2008.
Não exatamente. O problema é que o principal mandato do Fed não é salvar bancos, e sim segurar a inflação. E isso ainda não aconteceu.
O índice de preços ao consumidor nos Estados Unidos de fevereiro saiu ontem e ficou acima do esperado, em 0,4%. Em termos anuais, a inflação está em 5,9% por lá.
O Fed decide na quarta-feira o que vai acontecer com os juros norte-americanos.
- Quer ter a chance de construir uma fortuna com criptomoedas? Conheça os 3 ativos digitais de inteligência artificial que, segundo o analista Vinicius Bazan, são os melhores candidatos a valorizações extremas neste ano. [ACESSE AQUI]
O Brasil e as incertezas do mercado
Enquanto isso, no Brasil, mais incerteza. Se por um lado o Copom ainda tem que lidar com expectativa de inflação causada por gastos do governo, por outro o mercado não para de falar de uma possível crise de crédito gerada pela inadimplência de empresas que não aguentam os 13,75% ao ano, mais spread, e pela fraude das Americanas (até a Verde citou em sua carta um possível credit crunch).
Com tantos sinais dispersos, não surpreende que os tomadores de decisão do mercado financeiro estejam em espera até a megaquarta da semana que vem, que concentra Copom, Fomc e a apresentação do arcabouço fiscal de Haddad.
Até lá, recomenda-se cautela.
Abraços,
Renato Santiago
Carne nova no pedaço: o sonho grande de um pequeno player no setor de proteína animal, e o que move os mercados nesta quinta (11)
Investidores acompanham mais um dia de julgamento de Bolsonaro por aqui; no exterior, Índice de Preços ao Consumidor nos EUA e definição dos juros na Europa
Rodolfo Amstalden: Cuidado com a falácia do take it for granted
A economia argentina, desde a vitória de Javier Milei, apresenta lições importantes para o contexto brasileiro na véspera das eleições presidenciais de 2026
Roupas especiais para anos incríveis, e o que esperar dos mercados nesta quarta-feira (10)
Julgamento de Bolsonaro no STF, inflação de agosto e expectativa de corte de juros nos EUA estão na mira dos investidores
Os investimentos para viver de renda, e o que move os mercados nesta terça-feira (9)
Por aqui, investidores avaliam retomada do julgamento de Bolsonaro; no exterior, ficam de olho na revisão anual dos dados do payroll nos EUA
A derrota de Milei: um tropeço local que não apaga o projeto nacional
Fora da região metropolitana de Buenos Aires, o governo de Milei pode encontrar terreno mais favorável e conquistar resultados que atenuem a derrota provincial. Ainda assim, a trajetória dos ativos argentinos permanece vinculada ao desfecho das eleições de outubro.
Felipe Miranda: Tarcisiômetro
O mercado vai monitorar cada passo dos presidenciáveis, com o termômetro no bolso, diante da possível consolidação da candidatura de Tarcísio de Freitas como o nome da centro-direita e da direita.
A tentativa de retorno do IRB, e o que move os mercados nesta segunda-feira (8)
Após quinta semana seguida de alta, Ibovespa tenta manter bom momento em meio a agenda esvaziada
Entre o diploma e a dignidade: por que jovens atingidos pelo desemprego pagam para fingir que trabalham
Em meio a uma alta taxa de desemprego em sua faixa etária, jovens adultos chineses pagam para ir a escritórios de “mentirinha” e fingir que estão trabalhando
Recorde atrás de recorde na bolsa brasileira, e o que move os mercados nesta sexta-feira (5)
Investidores aguardam dados de emprego nos EUA e continuam de olho no tarifaço de Trump
Ibovespa renova máxima histórica, segue muito barato e a próxima parada pode ser nos 200 mil pontos. Por que você não deve ficar fora dessa?
Juros e dólar baixos e a renovação de poder na eleição de 2026 podem levar a uma das maiores reprecificações da bolsa brasileira. Os riscos existem, mas pode fazer sentido migrar parte da carteira para ações de empresas brasileiras agora.
BRCR11 conquista novos locatários para edifício em São Paulo e reduz vacância; confira os detalhes da operação
As novas locações colocam o empreendimento como um dos destaques do portfólio do fundo imobiliário
O que fazer quando o rio não está para peixe, e o que esperar dos mercados hoje
Investidores estarão de olho no julgamento da legalidade das tarifas aplicadas por Donald Trump e em dados de emprego nos EUA
Rodolfo Amstalden: Se setembro der errado, pode até dar certo
Agosto acabou rendendo uma grata surpresa aos tomadores de risco. Para este mês, porém, as apostas são de retomada de algum nível de estresse
A ação do mês na gangorra do mundo dos negócios, e o que mexe com os mercados hoje
Investidores acompanham o segundo dia do julgamento de Bolsonaro no STF, além de desdobramentos da taxação dos EUA
Hoje é dia de rock, bebê! Em dia cheio de grandes acontecimentos, saiba o que esperar dos mercados
Terça-feira terá dados do PIB e início do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, além de olhos voltados para o tarifaço de Trump
Entre o rali eleitoral e o malabarismo fiscal: o que já está nos preços?
Diante de uma âncora fiscal frágil e de gastos em expansão contínua, a percepção de risco segue elevada. Ainda assim, fatores externos combinados ao rali eleitoral e às apostas de mudança de rumo em 2026, oferecem algum suporte de curto prazo aos ativos brasileiros.
Tony Volpon: Powell Pivot 3.0
Federal Reserve encara pressão do presidente dos EUA, Donald Trump, por cortes nos juros, enquanto lida com dominância fiscal sobre a política monetária norte-americana
Seu cachorrinho tem plano de saúde? A nova empreitada da Petz (PETZ3), os melhores investimentos do mês e a semana dos mercados
Entrevistamos a diretora financeira da rede de pet shops para entender a estratégia por trás da entrada no segmento de plano de saúde animal; após recorde do Ibovespa na sexta-feira (29), mercados aguardam julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, que começa na terça (2)
O importante é aprender a levantar: uma seleção de fundos imobiliários (FIIs) para capturar a retomada do mercado
Com a perspectiva de queda de juros à frente, a Empiricus indica cinco FIIs para investir; confira
Uma ação que pode valorizar com a megaoperação de ontem, e o que deve mover os mercados hoje
Fortes emoções voltam a circular no mercado após o presidente Lula autorizar o uso da Lei da Reciprocidade contra os EUA