🔴 META: ATÉ R$ 334,17 POR NOITE – CONHEÇA A ESTRATÉGIA

Felipe Miranda: Qual é a diversificação certa?

Medir erros e acertos de estratégias pelo seu resultado final embute grande fragilidade metodológica e epistemológica

17 de abril de 2023
18:45 - atualizado às 18:11
renda fixa variável carteira diversificada
Imagem: Shutterstock

A pergunta-título deste texto não é propriamente atraente. Questões como “qual a nova Magazine Luiza (nos tempos áureos, claro)?” ou “a próxima criptomoeda a se multiplicar por 1.000x” são sempre mais sedutoras.

“Entra pela porta estreita.” Embora pouco eloquente, a ideia da diversificação certa a se perseguir é a mais pertinente ao investidor. Claro que adoraríamos saber, ex-ante, qual ativo vai se multiplicar n vezes. O ponto, no entanto, é que essa resposta só pode ser obtida a posteriori. Depois que acontece, fica óbvio.

Intimamente, carrego uma crença de que, na verdade, grandes multiplicações, embora sejam percebidas como acertos de investidores geniais, representam, na maior parte das vezes, uma decisão errada de investimento.

Medir erros e acertos de estratégias pelo seu resultado final embute grande fragilidade metodológica e epistemológica.

Volto aos velhos exemplos: se você entrou em um avião com 75% de chance de ele cair e a aeronave acabou aterrissando com segurança, você foi apenas um irresponsável com sorte. Melhor não repetir o procedimento.

Evidentemente, boas práticas são aquelas que podem (e devem) ser repetidas de maneira sistemática. No campo dos investimentos, se você vendeu sua casa há 10 anos e tomou um empréstimo milionário para comprar bitcoin, provavelmente está rico agora – o que não o isenta de ser um maluco.

  • Enquanto as bolsas internacionais sofrem com os problemas que surgiram a partir da quebra do Silicon Valley Bank (SVB), o bitcoin se mostrou – pelo menos por enquanto – um ativo de “segurança”. Isto é um sinal para você comprar BTC como reserva de valor? Veja aqui. 

O risco e o retorno

Supermultiplicações, portanto, costumam derivar da materialização de um cenário de baixíssima probabilidade – sim, eles acontecem. E ninguém deveria montar uma grande posição apostando num cenário de baixíssima probabilidade.

O ativo só vai gozar de um potencial de valorização tão grande se o risco a ele associado for enorme. Assumindo que você gosta de retorno mas não gosta de muito risco, porque deveria ser um princípio humano a vontade de sobreviver, tais apostas precisam ser evitadas ou, ao menos, amenizadas.

Ray Dalio tem aquele videozinho já clássico em que demonstra de maneira cristalina como a diversificação é o Santo Graal dos investimentos. São cinco minutos de duração que valem por uma vida inteira.

Menos risco com preservação de retorno potencial. “Qual a diversificação correta?” – essa deveria ser a pergunta a visitar a cabeça do investidor, como uma obsessão.

Se treinarmos o pensamento de modo a automatizá-lo nessa direção, como aquelas tempestades psíquicas análogas aos sulcos que se formam na caatinga para o escoamento de água em dias de chuva (inevitável voltar a eles a cada precipitação), estaremos em grande vantagem.

A diversificação está com os dias contados?

Retomo o tema porque, possivelmente, a diversificação que funcionou nos últimos anos pode estar com seus dias contados. Enfim, tenho a sensação de que 2020, com toda sua expansão monetária e fiscal e as mazelas dela decorrentes, está terminando! Ninguém aguentava mais…

Há boa indicação de que estamos terminando um ciclo nos EUA. A crise dos bancos regionais retira cerca de 0,5 ponto percentual do PIB. O mercado de trabalho dá sinais, finalmente, de alguma acomodação, conforme demonstrou o relatório Jolts e os últimos dados de pedidos de auxílio-desemprego. As vendas ao varejo desabaram e a inflação ao produtor mergulhou. Estamos perto do fim do aperto monetário, com uma provável recessão a caminho.

Claro que isso é uma má notícia num primeiro momento. Mas, como repetido aqui infinitas vezes, mais vale um fim terrível do que um terror sem fim. Precisamos terminar um ciclo para começar outro. E o novo bull market costuma ter características diferentes do anterior.

Em paralelo, depois de uma péssima performance relativa do Brasil desde julho de 2021, quando fomos acometidos pelo meteoro do ex-ministro Paulo Guedes e a inflação começou a nos perturbar, o Brasil pode começar antes dos outros a cortar sua taxa básica de juros.

O arcabouço fiscal passa longe de ser ideal, mas tem alguns méritos importantes:

  • i) reduz a incerteza ao oferecer alguma âncora e traz algo “melhor do que o temido”, para usar uma expressão da Verde Asset;
  • ii) oferece convergência da relação dívida/PIB, ainda que numa velocidade inferior à desejada;
  • iii) retira (ou quase isso) o evento de cauda do cenário e isso muda muita coisa (se você tem variância infinita na distribuição de probabilidade, fica difícil até fazer conta; e
  • iv) por mais medíocre que seja, constrói uma ponte até o novo governo (se temos a garantia de que o país não explode até 2026, se chegamos vivos até lá, poderemos então rediscutir a trajetória fiscal, possivelmente num governo menos perdulário).

A reforma tributária parece madura e consensual, embora, obviamente, seja tema de difícil negociação por envolver interesses particulares e o lobby informal de corporações, sindicatos e organizações bem articuladas e barulhentas.

De todo modo, endereçar ao menos parte de nosso manicômio tributário pode adicionar cerca de 10 pontos percentuais ao PIB em alguns anos – uma agenda em prol de ganhos de produtividade, estagnados há quase duas décadas.

Por aplicação da lógica, se o ciclo recente foi marcado por intenso e rápido aperto monetário, com todos os seus desdobramentos, o momento subsequente pode trazer uma característica distinta. O que funcionou com a Selic indo de 2% para 13,75% não vai funcionar mais.

Meu quadrado mágico favorito agora: uma boa dose de CDI, outra pitada de NTN-B, posição razoável em Bolsa brasileira e um seguro contra catástrofe por meio do ouro. O dólar a R$ 4,90 também volta a ser uma proteção razoável.

P.S.: Se você se interessa por um acompanhamento mais profundo deste potencial novo ciclo a se iniciar nos mercados, aqui temos um Masterplan pra você! Começa hoje, com recomendações bem quentes feitas por mim e pelo meu grande companheiro Rodolfo Amstalden.

Compartilhe

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Com mundo de olho na abertura dos Jogos Olímpicos, mercado aguarda PCE para o pontapé inicial na bolsa

26 de julho de 2024 - 7:52

Além de Wall Street, Ibovespa também repercute hoje os números do Governo Central e o balanço da Vale no segundo trimestre

SEXTOU COM O RUY

“Caçadores de ações”: a empresa que ainda está fora do radar dos investidores, mas é por pouco tempo

26 de julho de 2024 - 6:08

A ótima prévia operacional nos deixa mais confiantes de que essa companhia está no caminho certo para voltar a dar lucro ainda em 2024, podendo inclusive se tornar uma boa pagadora de dividendos para quem tem paciência e pensa no longo prazo

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Bugs, bolhas e tecnologia: Big techs azedam o clima nas bolsas em dia de PIB dos EUA e de IPCA-15

25 de julho de 2024 - 8:07

Ibovespa ainda tem que lidar com petróleo e minério de ferro em queda e dólar em alta com mercado à espera do balanço da Vale

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: Obrigado, mas não, obrigado

24 de julho de 2024 - 20:30

Recentemente, a startup de cibersegurança Wiz deixou passar uma oferta de US$ 26 bilhões feita pela dona do Google

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

A maionese desanda na bolsa: Big techs e minério de ferro pesam sobre os mercados internacionais e Ibovespa paga a conta

24 de julho de 2024 - 7:47

Enquanto resultados trimestrais da Tesla e da dona do Google desapontam investidores, Santander Brasil dá início à safra de balanços dos bancões por aqui

CRYPTO INSIGHTS

Tudo o que você precisa saber sobre os ETFs de Ethereum (ETH) que acabaram de ser lançados

23 de julho de 2024 - 17:36

Segue um dashboard da Bloomberg mostrando as gestoras que estão criando seus respectivos ETF´s de Ether, tickers, taxas, exchanges de negociação e custodiantes

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Ibovespa fica a reboque do exterior antes dos balanços das big techs

23 de julho de 2024 - 8:02

Enquanto temporada de balanços ganha tração em meio a agenda fraca, Ibovespa se prepara para os resultados dos bancões

INSIGHTS ASSIMÉTRICOS

Uma rotação setorial está em andamento — e ela conversa com o ‘Trump Trade’

23 de julho de 2024 - 6:37

Rotação setorial coincide com esgotamento da valorização das ‘big techs’ em Wall Street e inflação desacelerando nos EUA

EXILE ON WALL STREET

Felipe Miranda: Erro de design na indústria de multimercados

22 de julho de 2024 - 20:03

O que aconteceu para os conhecedores de política monetária restritiva perderem tanto dinheiro no começo de 2024?

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

O poder dos fatos novos: Ibovespa reage a desistência de Biden e corte de juros na China

22 de julho de 2024 - 8:04

A bolsa brasileira tem pela frente uma agenda carregada, com os balanços da Vale e do Santander e o IPCA-15; lá fora, PCE é o destaque

Fechar
Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Continuar e fechar