Felipe Miranda: Qual é a diversificação certa?
Medir erros e acertos de estratégias pelo seu resultado final embute grande fragilidade metodológica e epistemológica

A pergunta-título deste texto não é propriamente atraente. Questões como “qual a nova Magazine Luiza (nos tempos áureos, claro)?” ou “a próxima criptomoeda a se multiplicar por 1.000x” são sempre mais sedutoras.
“Entra pela porta estreita.” Embora pouco eloquente, a ideia da diversificação certa a se perseguir é a mais pertinente ao investidor. Claro que adoraríamos saber, ex-ante, qual ativo vai se multiplicar n vezes. O ponto, no entanto, é que essa resposta só pode ser obtida a posteriori. Depois que acontece, fica óbvio.
Intimamente, carrego uma crença de que, na verdade, grandes multiplicações, embora sejam percebidas como acertos de investidores geniais, representam, na maior parte das vezes, uma decisão errada de investimento.
Medir erros e acertos de estratégias pelo seu resultado final embute grande fragilidade metodológica e epistemológica.
Volto aos velhos exemplos: se você entrou em um avião com 75% de chance de ele cair e a aeronave acabou aterrissando com segurança, você foi apenas um irresponsável com sorte. Melhor não repetir o procedimento.
Evidentemente, boas práticas são aquelas que podem (e devem) ser repetidas de maneira sistemática. No campo dos investimentos, se você vendeu sua casa há 10 anos e tomou um empréstimo milionário para comprar bitcoin, provavelmente está rico agora – o que não o isenta de ser um maluco.
Leia Também
Rodolfo Amstalden: Falta pouco agora
- Enquanto as bolsas internacionais sofrem com os problemas que surgiram a partir da quebra do Silicon Valley Bank (SVB), o bitcoin se mostrou – pelo menos por enquanto – um ativo de “segurança”. Isto é um sinal para você comprar BTC como reserva de valor? Veja aqui.
O risco e o retorno
Supermultiplicações, portanto, costumam derivar da materialização de um cenário de baixíssima probabilidade – sim, eles acontecem. E ninguém deveria montar uma grande posição apostando num cenário de baixíssima probabilidade.
O ativo só vai gozar de um potencial de valorização tão grande se o risco a ele associado for enorme. Assumindo que você gosta de retorno mas não gosta de muito risco, porque deveria ser um princípio humano a vontade de sobreviver, tais apostas precisam ser evitadas ou, ao menos, amenizadas.
Ray Dalio tem aquele videozinho já clássico em que demonstra de maneira cristalina como a diversificação é o Santo Graal dos investimentos. São cinco minutos de duração que valem por uma vida inteira.
Menos risco com preservação de retorno potencial. “Qual a diversificação correta?” – essa deveria ser a pergunta a visitar a cabeça do investidor, como uma obsessão.
Se treinarmos o pensamento de modo a automatizá-lo nessa direção, como aquelas tempestades psíquicas análogas aos sulcos que se formam na caatinga para o escoamento de água em dias de chuva (inevitável voltar a eles a cada precipitação), estaremos em grande vantagem.
A diversificação está com os dias contados?
Retomo o tema porque, possivelmente, a diversificação que funcionou nos últimos anos pode estar com seus dias contados. Enfim, tenho a sensação de que 2020, com toda sua expansão monetária e fiscal e as mazelas dela decorrentes, está terminando! Ninguém aguentava mais…
Há boa indicação de que estamos terminando um ciclo nos EUA. A crise dos bancos regionais retira cerca de 0,5 ponto percentual do PIB. O mercado de trabalho dá sinais, finalmente, de alguma acomodação, conforme demonstrou o relatório Jolts e os últimos dados de pedidos de auxílio-desemprego. As vendas ao varejo desabaram e a inflação ao produtor mergulhou. Estamos perto do fim do aperto monetário, com uma provável recessão a caminho.
Claro que isso é uma má notícia num primeiro momento. Mas, como repetido aqui infinitas vezes, mais vale um fim terrível do que um terror sem fim. Precisamos terminar um ciclo para começar outro. E o novo bull market costuma ter características diferentes do anterior.
Em paralelo, depois de uma péssima performance relativa do Brasil desde julho de 2021, quando fomos acometidos pelo meteoro do ex-ministro Paulo Guedes e a inflação começou a nos perturbar, o Brasil pode começar antes dos outros a cortar sua taxa básica de juros.
O arcabouço fiscal passa longe de ser ideal, mas tem alguns méritos importantes:
- i) reduz a incerteza ao oferecer alguma âncora e traz algo “melhor do que o temido”, para usar uma expressão da Verde Asset;
- ii) oferece convergência da relação dívida/PIB, ainda que numa velocidade inferior à desejada;
- iii) retira (ou quase isso) o evento de cauda do cenário e isso muda muita coisa (se você tem variância infinita na distribuição de probabilidade, fica difícil até fazer conta; e
- iv) por mais medíocre que seja, constrói uma ponte até o novo governo (se temos a garantia de que o país não explode até 2026, se chegamos vivos até lá, poderemos então rediscutir a trajetória fiscal, possivelmente num governo menos perdulário).
A reforma tributária parece madura e consensual, embora, obviamente, seja tema de difícil negociação por envolver interesses particulares e o lobby informal de corporações, sindicatos e organizações bem articuladas e barulhentas.
De todo modo, endereçar ao menos parte de nosso manicômio tributário pode adicionar cerca de 10 pontos percentuais ao PIB em alguns anos – uma agenda em prol de ganhos de produtividade, estagnados há quase duas décadas.
Por aplicação da lógica, se o ciclo recente foi marcado por intenso e rápido aperto monetário, com todos os seus desdobramentos, o momento subsequente pode trazer uma característica distinta. O que funcionou com a Selic indo de 2% para 13,75% não vai funcionar mais.
Meu quadrado mágico favorito agora: uma boa dose de CDI, outra pitada de NTN-B, posição razoável em Bolsa brasileira e um seguro contra catástrofe por meio do ouro. O dólar a R$ 4,90 também volta a ser uma proteção razoável.
P.S.: Se você se interessa por um acompanhamento mais profundo deste potencial novo ciclo a se iniciar nos mercados, aqui temos um Masterplan pra você! Começa hoje, com recomendações bem quentes feitas por mim e pelo meu grande companheiro Rodolfo Amstalden.
Como fica a rotina no Dia do Trabalhador? Veja o que abre e fecha nos dias 1º e 2 de maio
Bancos, bolsa, Correios, INSS e transporte público terão funcionamento alterado no feriado, mas muitos não devem emendar; veja o que muda
Azul (AZUL4) volta a tombar na bolsa; afinal, o que está acontecendo com a companhia aérea?
Empresa enfrenta situação crítica desde a pandemia, e resultado do follow-on, anunciado na semana passada, veio bem abaixo do esperado pelo mercado
Quase metade dos apostadores de bets também são investidores — eles querem fazer dinheiro rápido ou levar uma bolada de uma vez
8ª edição do Raio-X do Investidor, da Anbima, mostra que investidores que diversificam suas aplicações também gostam de apostar em bets
14% de juros é pouco: brasileiro considera retorno com investimentos baixo; a ironia é que a poupança segue como preferência
8ª edição do Raio-X do Investidor da Anbima mostra que brasileiros investem por segurança financeira, mas mesmo aqueles que diversificam suas aplicações veem o retorno como insatisfatório
Prio (PRIO3): banco reitera recomendação de compra e eleva preço-alvo; ações chegam a subir 6% na bolsa
Citi atualizou preço-alvo com base nos resultados projetados para o primeiro trimestre; BTG também vê ação com bons olhos
Tupy (TUPY3): Com 95% dos votos a distância, minoritários devem emplacar Mauro Cunha no conselho
Acionistas se movimentam para indicar Cunha ao conselho da Tupy após polêmica troca do CEO da metalúrgica
Quando o plano é não ter plano: Ibovespa parte dos 135 mil pontos pela primeira vez em 2025 em dia de novos dados sobre mercado de trabalho dos EUA
Investidores também se preparam para o relatório de produção e vendas da Petrobras e monitoram entrevista coletiva de Galípolo
Mesmo investimentos isentos de Imposto de Renda não escapam da Receita: veja por que eles precisam estar na sua declaração
Mesmo isentos de imposto, aplicações como poupança, LCI e dividendos precisam ser informadas à Receita; veja como declarar corretamente e evite cair na malha fina com a ajuda de um guia prático
Valendo mais: Safra eleva preço-alvo de Magazine Luiza (MGLU3) e Casas Bahia (BHIA3). É hora de comprar?
Cenário mais turbulento para as empresas não passou despercebido pelo banco, que não alterou as recomendações para os papéis
Quanto e onde investir para receber uma renda extra de R$ 2.500 por mês? Veja simulação
Simulador gratuito disponibilizado pela EQI calcula o valor necessário para investir e sugere a alocação ideal para o seu perfil investidor; veja como usar
Planos pré-feriado: Ibovespa se prepara para semana mais curta, mas cheia de indicadores e balanços
Dados sobre o mercado de trabalho no Brasil e nos EUA, balanços e 100 dias de Trump são os destaques da semana
Tem offshore? Veja como declarar recursos e investimentos no exterior como pessoa jurídica no IR 2025
Regras de tributação de empresas constituídas para investir no exterior mudaram no fim de 2023 e novidades entram totalmente em vigor no IR 2025
Nova temporada de balanços vem aí; saiba o que esperar do resultado dos bancos
Quem abre as divulgações é o Santander Brasil (SANB11), nesta quarta-feira (30); analistas esperam desaceleração nos resultados ante o quarto trimestre de 2024, com impactos de um trimestre sazonalmente mais fraco e de uma nova regulamentação contábil do Banco Central
FI-Infras apanham na bolsa, mas ainda podem render acima da Selic e estão baratos agora, segundo especialistas; entenda
A queda no preço dos FI-Infras pode ser uma oportunidade para investidor comprar ativos baratos e, depois, buscar lucros com a valorização; entenda
A coruja do Duolingo na B3: aplicativo de idiomas terá BDRs na bolsa brasileira
O programa permitirá que investidores brasileiros possam investir em ações do grupo sem precisar de conta no exterior
OPA do Carrefour (CRFB3): de ‘virada’, acionistas aprovam saída da empresa da bolsa brasileira
Parecia que ia dar ruim para o Carrefour (CRFB3), mas o jogo virou. Os acionistas presentes na assembleia desta sexta-feira (25) aprovaram a conversão da empresa brasileira em subsidiária integral da matriz francesa, com a consequente saída da B3
Vale (VALE3) sem dividendos extraordinários e de olho na China: o que pode acontecer com a mineradora agora; ações caem 2%
Executivos da companhia, incluindo o CEO Gustavo Pimenta, explicam o resultado financeiro do primeiro trimestre e alertam sobre os riscos da guerra comercial entre China e EUA nos negócios da empresa
JBS (JBSS3) avança rumo à dupla listagem, na B3 e em NY; isso é bom para as ações? Saiba o que significa para a empresa e os acionistas
Próximo passo é votação da dupla listagem em assembleia marcada para 23 de maio; segundo especialistas, dividendos podem ser afetados
Deixa a bolsa me levar: Ibovespa volta a flertar com máxima histórica em dia de IPCA-15 e repercussão de balanço da Vale
Apesar das incertezas da guerra comercial de Donald Trump, Ibovespa está a cerca de 2% de seu recorde nominal
Como declarar recursos e investimentos no exterior como pessoa física no imposto de renda 2025
Tem imóvel na Flórida? Investe por meio de uma corretora gringa? Bens e rendimentos no exterior também precisam ser informados na declaração de imposto de renda; veja como