O feriado de Carnaval ainda está a mais de uma semana de distância, mas os blocos de foliões já dominam as ruas das principais cidades brasileiras desde o início do mês, em um calendário pré-festa que se estende cada vez mais.
Assim também é a temporada de balanços da B3. Os dias mais cheios de desfiles de resultados financeiros ainda estão por vir, mas dois dos maiores bancos privados brasileiros colocaram o mercado para dançar com a divulgação de seus números nesta semana.
A trilha sonora do Itaú (ITUB4) foi mais alegre, já que a instituição financeira quebrou seu próprio recorde e registrou lucro gerencial de R$ 30,8 bilhões no ano passado. A cifra representa um aumento de 14,5% em relação a 2021.
Já o bloco Unidos da Cidade de Deus — que desfila pelo famoso bairro osasquense onde está localizada a matriz do Bradesco (BBDC4) — choveu na festa dos investidores.
Um dos principais credores da Americanas, o Bradesco provisionou 100% de sua exposição à varejista. Com isso, o lucro líquido do quarto trimestre registrou um tombo de 76% em relação ao mesmo período de 2021, para R$ 1,59 bilhão.
Outra folia frustrada foi a dos acionistas da Alpargatas. O balanço da dona da Havaianas mostrou um prejuízo líquido consolidado de R$ 21 milhões no quarto trimestre de 2022 e provocou uma queda brusca das ações.
O mau desempenho de hoje, com um recuo de 18,6%, levou a companhia direto para a ponta negativa do Ibovespa na semana. Os papéis ALPA4 acumularam uma queda de mais de 24% nos últimos cinco dias.
Nem só de balanços, porém, foi feito o pré-Carnaval da bolsa. Um embate entre os bonecos de Olinda da B3, gigantes da política federal e econômica, também marcou a semana.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a criticar publicamente a insistência do Banco Central em manter os juros na casa dos 13,75% ao ano.
A resposta de Roberto Campos Neto, presidente do BC, e dos outros diretores da autarquia veio na forma da ata da última reunião do Copom. O documento detalhou as preocupações do órgão com a inflação de forma mais extensa que o normal.
Para acalmar os foliões, o ministro Alexandre Padilha subiu no trio elétrico e declarou que não há propostas para rever a autonomia do BC ou para pressionar os mandatos de RCN ou o de outros diretores, ainda que tenha defendido que a sociedade cobre a boa atuação do banco central.
Com tantos blocos diferentes desfilando pelas avenidas da bolsa brasileira, o Ibovespa ficou um pouco sem rumo e fechou a sexta-feira (10) próximo do ‘zero a zero’.
No saldo final, os acadêmicos do pessimismo venceram e o índice acumulou queda de 0,41% na semana, aos 108.078 pontos, enquanto o dólar à vista subiu 1,44% no período, a R$ 52219.
Veja tudo o que movimentou os mercados sexta-feira, incluindo os principais destaques do noticiário corporativo e as ações com o melhor e o pior desempenho do Ibovespa.
Confira outras notícias que mexem com o seu dinheiro
MOMENTO DIFERENTE
Lucro do Bradesco em 2023 pode ficar até 40% abaixo do Itaú; ações BBDC4 desabam após balanço do 4T22. Resultado dos últimos três meses do ano passado foi considerado fraco e analistas ficaram preocupados com guidance de provisões contra devedores duvidosos.
ANÁLISE
Na opinião dos bancos, Usiminas (USIM5) trouxe resultado fraco e preocupações com a companhia continuam. Um dos pontos que acendeu um alerta no mercado é o aumento da projeção de investimentos que a empresa fará neste ano.
OS FIIS NO BAILE DA RJ
O calote da Americanas (AMER3) chegou para os fundos imobiliários de shopping — saiba o que esperar após varejista informar que não pagará aluguéis atrasados de lojas. A blindagem das dívidas da varejista já afetava os FIIs de renda urbana.
MUDANÇA NAS OPERAÇÕES
Chegou ao Brasil: Google inicia rodada de demissões anunciada há quase um mês; Yahoo deve encerrar atividades em breve. Entre as áreas afetadas da gigante de tecnologia estão o setor comercial para grandes empresas, produtos financeiros, dados, projetos e marketing.
ESCALADA DO CONFLITO
Armado até os dentes: Putin prepara grande ataque russo para marcar um ano de guerra; veja os planos dele. O cenário escolhido para o combate é Donbass, a região localizada no leste da Ucrânia e que já está sentindo os primeiros efeitos da ofensiva de Moscou.