🔴TRÊS ROBÔS CRIADOS A PARTIR DE IA “TRABALHANDO” EM BUSCA DE GANHOS DIÁRIOS – ENTENDA AQUI

Victor Aguiar

Victor Aguiar

Jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e com MBA em Informações Econômico-Financeiras e Mercado de Capitais pelo Instituto Educacional BM&FBovespa. Trabalhou nas principais redações de economia do país, como Bloomberg, Agência Estado/Broadcast e Valor Econômico. Em 2020, foi eleito pela Jornalistas & Cia como um dos 10 profissionais de imprensa mais admirados no segmento de economia, negócios e finanças.

ANÁLISE SD

Na Vale (VALE3), o negócio do ano saiu do papel. Mas, na bolsa, o mercado não se empolgou — e o Ibovespa segue travado

A Vale vendeu a fatia de 13% da divisão de metais por um preço acima do que vinha sendo especulado. Então, por que as ações não sobem?

Victor Aguiar
Victor Aguiar
28 de julho de 2023
13:44 - atualizado às 13:14
Imagem mostrando o logo da Vale (VALE3) numa parede branca; estágio
Vale (VALE3) - Imagem: Divulgação

"O Ibovespa depende das ações da Vale para ir aos 130 mil pontos", disse o analista-chefe de renda variável da Empiricus Research, João Piccioni, durante a última edição do podcast Touros e Ursos, do Seu Dinheiro. As ações VALE3, afinal, são as de maior peso no índice — e acumulam perdas de 20% em 2023.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Era preciso um gatilho, uma faísca que desse forças aos papéis da mineradora; um novo desdobramento corporativo, um fato que destravasse valor para a empresa, já que a dinâmica do mercado de minério parece emperrada no curto prazo.

Uma semana depois do podcast, eis que a Vale apresenta o seu divisor de águas: a tão aguardada venda de participação na divisão de metais finalmente saiu do papel. Manara Minerals e Engine No. 1 serão donos de 13% da unidade; em troca, a mineradora brasileira vai receber módicos US$ 3,4 bilhões.

Era o negócio do ano para a Vale — talvez, para todo o universo corporativo brasileiro, considerando que, no câmbio atual, a operação vai movimentar mais de R$ 16 bilhões. O timing do anúncio também foi oportuno, numa dobradinha com resultados trimestrais que, em linhas gerais, foi bem visto por analistas.

Mas se, em tese, a transação envolvendo o braço de metais era a fagulha para VALE3, na prática, o vil metal da bolsa mostra que a história não é tão simples assim. As ações da mineradora caem mais de 2% nesta sexta (27) — e o Ibovespa segue de lado, perto dos 120 mil pontos há quase dois meses.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Dito isso: o que se passa? O mercado não gostou da venda e do balanço?

Leia Também

  • ONDE INVESTIR NO 2º SEMESTRE: o Seu Dinheiro consultou uma série de especialistas do mercado financeiro e preparou um guia completo para te ajudar a montar uma carteira de investimentos estratégica para a segunda “pernada” de 2023. Baixe aqui gratuitamente.

Vale (VALE3): os números...

Há duas maneiras de analisar a venda da participação na operação de metais da Vale: a quantitativa e a qualitativa.

No lado quantitativo, a frieza dos números nos traz algumas informações importantes. Primeiro, duas boas e velhas regras de três: se 13% da divisão valem US$ 3,4 bilhões, então 100% equivalem a US$ 26 bilhões — cerca de 38% do valor de mercado total da Vale, de US$ 67,7 bilhões.

Ou seja: uma divisão que corresponde a menos de 15% do Ebitda consolidado da Vale foi avaliada num preço que corresponde a quase 40% da empresa; instintivamente, soa como um bom negócio.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

O valuation da operação dá suporte ao instinto. BTG Pactual, Santander e Empiricus calculam que o EV/Ebitda da área de metais é de cerca de 10 vezes, bem acima do múltiplo de 4 vezes da própria Vale — outras companhias que atuam em metais são negociadas com índices de 8 a 12x, diz o Itaú BBA.

Portanto, a priori, nada de errado com a transação costurada entre a Vale e os investidores internacionais — a Manara, joint-venture entre a Ma'aden e o Fundo de Investimento Público da Arábia Saudita, ficará com 10% da divisão de metais; a empresa de private equity americana Engine No.1 terá os outros 3%.

...e as interpretações

Mas, no lado qualitativo, há quem tenha ressalvas: o JP Morgan, em relatório, destaca que, apesar dos parceiros internacionais trazerem suporte e melhorarem a governança da divisão de metais, a transação também traz complexidade adicional ao negócio.

"Preferiríamos ver a operação de minério da Vale financiando pelo menos os primeiros estágios do crescimento da divisão de metais", diz o banco. "Afinal, a operação de minério é uma forte geradora de caixa, e a Vale hoje tem um balanço forte, que não precisaria de ajuda adicional".

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

O Itaú BBA também tem observações quanto ao racional do negócio, dizendo que a venda dos 13% é apenas um pequeno passo para destravar o potencial completo da divisão de metais — o fator-chave é a estabilização das operações, de modo a trazer confiabilidade à produção.

"Acreditamos que, uma vez que isso acontecer e os resultados melhorarem, a Vale poderá perseguir outras alternativas para destravar valor, como a venda de uma fatia maior da divisão ou mesmo um IPO no futuro", escrevem os analistas do banco brasileiro.

Passado, presente e futuro

Seja como for, fato é que, para a Vale, a venda de participação na unidade de metais é vista como estratégica. Em teleconferência com analistas e investidores, o CEO da mineradora, Eduardo Bartolomeo, falou repetidamente em "visão de longo prazo" e "parceiros corretos".

"Obviamente, há muitos interesses em comum com a Manara e a Engine No. 1, eles vieram [ao Brasil] para entender as questões fundamentais do negócio", disse o executivo. "São investidores de longo prazo e que trazem experiência setorial, os investidores árabes têm outras parcerias no setor".

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

E, realmente, há a percepção, por parte do mercado, que a divisão de metais da Vale passa por problemas operacionais, e que poderia entregar mais em termos de resultados. A chegada dos parceiros internacionais, assim, pode implicar num ganho de produtividade no médio prazo.

E, para muitos, essa eventual melhora em metais não está corretamente precificada nas ações VALE3. O Santander destaca que, nas cotações do momento e considerando o Ev/Ebitda de 4x dos papéis da Vale, a divisão é avaliada atualmente ao redor de US$ 12 bilhões, bem abaixo dos US$ 67,7 bilhões implícitos na transação.

Ou, usando outras palavras: a ação VALE3 teria espaço para subir, considerando apenas a questão do valor justo da divisão de metais.

"A percepção de que a companhia está subavaliada vai ganhando corpo, além da injeção de capital ser positiva para alavancar o crescimento da unidade de negócio, que vem entregando aquém do esperado", diz Fernando Ferrer, analista da Empiricus Research.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Mas e as ações VALE3?

Portanto, tudo é muito mais complexo do que uma simples venda de participação e o preço fechado para tal: há questões de governança e de expectativa de melhora de desempenho da unidade de metais — o que pode ou não acontecer.

Mas, além disso, há um fator a ser considerado: a transação já era amplamente esperada, com rumores ganhando corpo nos últimos dias — tanto é que a ação VALE3 saiu da casa dos R$ 67 na semana passada para o patamar de R$ 72 na última terça (25).

O preço final, de US$ 3,4 bilhões, foi superior aos US$ 2,5 bilhões que vinham sendo especulados, é verdade. Ainda assim, em termos de valuation e de racional da transação, tudo veio mais ou menos em linha com o que já era esperado — para o bem ou para o mal.

Sendo assim, resta analisarmos outros fatores que influenciam as ações VALE3. No lado do balanço, também houve pouca surpresa: embora a linha de Ebitda tenha surpreendido positivamente, o dado de custos trouxe preocupação; o saldo dos relatórios dos analistas aponta para uma visão que vai de 'neutra' a 'ligeiramente positiva'.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

No lado do minério, o mercado à vista não traz notícias muito animadoras: a tonelada da commodity negociada no porto de Qingdao, na China, caiu 3,58% hoje, negociada na faixa de US$ 110, bem distante das máximas históricas, quando chegou a superar os US$ 200.

Boa parte da dinâmica do mercado de minério de ferro está relacionada com a China: o gigante asiático e sua enorme demanda por insumos de infraestrutura é fundamental na precificação da commodity; se a demanda está aquecida, o preço sobe, e vice-versa.

E a tendência não parece muito animadora para a Vale: o PIB da China vem crescendo num ritmo inferior ao previsto pelo mercado, e há um certo pessimismo quanto ao comportamento do país no pós-pandemia. Portanto, sem grandes expectativas quanto a um novo rali do minério.

Ao fim de tudo, um gestor de fundos em São Paulo resume bem a ópera: "[A venda] é boa por executar, mas exatamente dentro do esperado, os investidores não deveriam ter nenhuma reação a isso. [Para mexer com a ação] é preciso algo diferente na dinâmica de China impactando demanda de aço/minério de ferro, e melhora operacional (tanto aumento de volume quanto redução de custos)".

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Há, ainda, a questão política envolvendo um possível esforço do governo para colocar Guido Mantega na presidência da Vale — o ex-ministro da Fazenda que teve que deixar a equipe de transição do governo Lula, tamanha a rejeição que seu nome junto ao mercado.

Quanto ao fator Mantega, o gestor preferiu não se pronunciar. Mas, para quem acredita em coincidências: as ações da Vale saíram de R$ 72,01 na terça-feira para a casa dos R$ 68 nesta sexta, em meio aos rumores cada vez maiores de uma possível movimentação do governo para alocar alguns quadros políticos em posições-chave.

No caso da mineradora, o governo exerce influência via Previ, o fundo de pensão do Banco do Brasil, que é dono de cerca de 10% do capital e tem dois membros indicados no conselho de administração.

As ações VALE3 têm um peso de 13,5% na carteira do Ibovespa; o índice, em meio a tudo isso, segue estacionado — nesta sexta, opera praticamente estável, aos 120.008 pontos, sem dar indícios de que conseguirá buscar os 130 mil pontos.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Ao menos, não sem a ajuda da mineradora.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

COMPARTILHAR

Whatsapp Linkedin Telegram
RESUMO SEMANAL

Raízen (RAIZ4) e Braskem (BRKM5) derretem mais de 10% cada: o que movimentou o Ibovespa na semana 

16 de agosto de 2025 - 11:39

A Bolsa brasileira teve uma ligeira alta de 0,3% em meio a novos sinais de desaceleração econômica doméstica; o corte de juros está próximo?

CHAMOU NA CHINCHA

Ficou barata demais?: Azul (AZUL4) leva puxão de orelha da B3 por ação abaixo de R$ 1; entenda

15 de agosto de 2025 - 18:52

Em comunicado, a companhia aérea informou que tem até 4 de fevereiro de 2026 para resolver o problema

ACABAMENTO FOSCO

Nubank dispara 9% em NY após entregar rentabilidade maior que a do Itaú no 2T25 — mas recomendação é neutra, por quê?

15 de agosto de 2025 - 18:04

Analistas veem limitações na capacidade de valorização dos papéis diante de algumas barreiras de crescimento para o banco digital

É COMPRA ATRÁS DE COMPRA

TRXF11 renova apetite por aquisições: FII adiciona mais imóveis no portfólio por R$ 98 milhões — e leva junto um inquilino de peso

15 de agosto de 2025 - 10:35

Com a transação, o fundo imobiliário passa a ter 72 imóveis e um valor total investido de mais de R$ 3,9 bilhões em ativos

TORCEU O NARIZ

Banco do Brasil (BBAS3): Lucro de quase R$ 4 bilhões é pouco ou o mercado reclama de barriga cheia?

15 de agosto de 2025 - 10:18

Resultado do segundo trimestre de 2025 veio muito abaixo do esperado; entenda por que um lucro bilionário não é o bastante para uma instituição como o Banco do Brasil (BBAS3)

RECUPERANDO O FÔLEGO

FII anuncia venda de imóveis por R$ 90 milhões e mira na redução de dívidas; cotas sobem forte na bolsa

14 de agosto de 2025 - 12:10

Após acumular queda de mais de 67% desde o início das operações na B3, o fundo imobiliário vem apostando na alienação de ativos do portfólio para reduzir passivos

VISÃO DO GESTOR

“Basta garimpar”: A maré virou para as small caps, mas este gestor ainda vê oportunidade em 20 ações de ‘pequenas notáveis’

14 de agosto de 2025 - 6:04

Em meio à volatilidade crescente no mercado local, Werner Roger, gestor da Trígono Capital, revelou ao Seu Dinheiro onde estão as principais apostas da gestora em ações na B3

FECHAMENTO DOS MERCADOS

Dólar sobe a R$ 5,4018 e Ibovespa cai 0,89% com anúncio de pacote do governo para conter tarifaço. Por que o mercado torceu o nariz?

13 de agosto de 2025 - 13:25

O plano de apoio às empresas afetadas prevê uma série de medidas construídas junto aos setores produtivos, exportadores, agronegócio e empresas brasileiras e norte-americanas

HERE COMES A NEW CHALLENGER

Outra rival para a B3: CSD BR recebe R$ 100 milhões do Citi, Morgan Stanley e UBS para criar nova bolsa no Brasil

12 de agosto de 2025 - 16:57

Investimento das gigantes financeiras é mais um passo para a empresa, que já tem licenças de operação do Banco Central e da CVM

FOME DE AQUISIÇÃO

HSML11 amplia aposta no SuperShopping Osasco e passa a deter mais de 66% do ativo

12 de agosto de 2025 - 15:28

Com a aquisição, o fundo imobiliário concluiu a aquisição adicional do shopping pretendida com os recursos da 5ª emissão de cotas

ESTRATÉGIA DE ALOCAÇÃO

Bolsas no topo e dólar na base: estas são as estratégias de investimento que o Itaú (ITUB4) está recomendando para os clientes agora

12 de agosto de 2025 - 14:48

Estrategistas do banco veem um redirecionamento global de recursos que pode chegar ao Brasil, mas existem algumas condições pelo caminho

MERCADOS HOJE

A Selic vai cair? Surpresa em dado de inflação devolve apetite ao risco — Ibovespa sobe 1,69% e dólar cai a R$ 5,3870

12 de agosto de 2025 - 11:55

Lá fora os investidores também se animaram com dados de inflação divulgados nesta terça-feira (12) e refizeram projeções sobre o corte de juros pelo Fed

NOVOS HORIZONTES

Patria Investimentos anuncia mais uma mudança na casa — e dessa vez não inclui compra de FIIs; veja o que está em jogo

11 de agosto de 2025 - 15:44

A movimentação está sendo monitorada de perto por especialistas do setor imobiliário

APETITE RENOVADO

Stuhlberger está comprando ações na B3… você também deveria? O que o lendário fundo Verde vê na bolsa brasileira hoje

11 de agosto de 2025 - 14:39

A Verde Asset, que hoje administra mais de R$ 16 bilhões em ativos, aumentou a exposição comprada em ações brasileiras no mês passado; entenda a estratégia

VÃO OS ANÉIS…

FII dá desconto em aluguéis para a Americanas (AMER3) e cotas apanham na bolsa

11 de agosto de 2025 - 13:12

O fundo imobiliário informou que a iniciativa de renegociação busca evitar a rescisão dos contratos pela varejista

RECICLANDO O PORTFÓLIO

FII RBVA11 anuncia venda de imóvel e movimenta mais de R$ 225 milhões com nova estratégia

9 de agosto de 2025 - 9:43

Com a venda de mais um ativo, localizado em São Paulo, o fundo imobiliário amplia um feito inédito

FIIS HOJE

DEVA11 vai dar mais dores de cabeça aos cotistas? Fundo imobiliário despenca mais de 7% após queda nos dividendos

8 de agosto de 2025 - 11:57

Os problemas do FII começaram em 2023, quando passou a sofrer com a inadimplência de CRIs lastreados por ativos do Grupo Gramado Parks

FII DO MÊS

Tarifaço de Trump e alta dos juros abrem oportunidade para comprar o FII favorito para agosto com desconto; confira o ranking dos analistas

8 de agosto de 2025 - 6:03

Antes mesmo de subir no pódio, o fundo imobiliário já vinha chamando a atenção dos investidores com uma série de aquisições

TECH MADE IN AMERICA

Trump anuncia tarifa de 100% sobre chips e dispara rali das big techs; Apple, AMD e TSMC sobem, mas nem todas escapam ilesas

7 de agosto de 2025 - 14:52

Empresas que fabricam em solo americano escapam das novas tarifas e impulsionam otimismo em Wall Street, mas Intel não conseguiu surfar a onda

VISÃO DO GESTOR

Ações baratas e dividendos gordos: entenda a estratégia deste gestor para multiplicar retornos com a queda dos juros

6 de agosto de 2025 - 18:44

Com foco em papéis descontados e empresas alavancadas, a AF Invest aposta em retomada da bolsa e distribuição robusta de proventos com a virada de ciclo da Selic

Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Fechar