Eleições 2022: Pesquisas do Ipec e Datafolha erraram resultados das urnas em até 20 pontos percentuais nos estados
As pesquisas acertaram que Lula despontaria na frente com o maior número de votos, mas erraram a ordem dos vencedores nos maiores colégios eleitorais do país
Se o resultado das eleições no primeiro turno surpreendeu a maioria dos analistas, as pesquisas de intenção de voto certamente são uma das responsáveis. Institutos como o Ipec (ex-Ibope) e Datafolha falharam em captar a tendência tanto para a votação de Jair Bolsonaro (PL) como das candidaturas apoiadas pelo presidente.
Mas o quão erradas foram as pesquisas dos dois institutos mais tradicionais? No caso da eleição presidencial, tanto o Ipec como o Datafolha acertaram que Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ficaria em primeiro lugar. A surpresa veio da diferença entre os dois candidatos.
Já nos estados, a discrepância chegou à casa dos 20 pontos percentuais — somando os votos a mais e a menos que os dois candidatos mais bem colocados tiveram em relação aos últimos levantamentos. Em locais como São Paulo, Bahia e Rio Grande do Sul as pesquisas erraram até mesmo a ordem dos vencedores.
Pesquisas x urnas
Na eleição presidencial, tanto a pesquisa do Ipec como a do Datafolha apontavam uma margem de 14 pontos percentuais para Lula na véspera do primeiro turno, com a possibilidade de o petista liquidar a fatura já no domingo.
As urnas, contudo, mostraram que a vantagem de Lula sobre Bolsonaro ficou em apenas 5,23 pontos percentuais e não foi o suficiente para evitar a disputa do segundo turno. Ou seja, as pesquisas erraram o resultado da eleição por quase 9 pontos percentuais.
| Lula (PT) | Bolsonaro (PL) | Diferença em p.p | |
| Urnas* | 48,43% | 43,20% | 5,23 |
| Ipec | 51% | 37% | 14 |
| Datafolha | 50% | 36% | 14 |
| Pesquisas x urnas | 8,77 |
No final, o petista contou com 2,07 pontos percentuais a menos do que a média das duas pesquisas — dentro da margem de erro, vale ressaltar — e o candidato à reeleição teve 6,7 pontos além do que projetavam os levantamentos.
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Mas a diferença entre a expectativa das pesquisas e a realidade foi ainda maior em alguns estados. Em São Paulo, tanto o Ipec como o Datafolha indicavam um segundo turno entre Fernando Haddad (PT) e Tarcísio de Freitas (Republicanos) — com a liderança do petista.
No Ipec, Haddad lideraria o segundo pleito com 41% dos votos válidos e Tarcísio, com 31%. No Datafolha, o petista ficaria à frente com 39% e o ex-ministro de Infraestrutura do governo Bolsonaro, 31%. Ou seja, considerando a média das duas pesquisas, o candidato do PT tinha uma vantagem de nove pontos sobre o aliado de Bolsonaro.
As urnas, contudo, trouxeram outro resultado: Tarcísio ficou na frente com 42,32% e Haddad ficou seis pontos percentuais atrás, com 35,70% dos votos válidos. Em suma, a diferença entre a média das duas pesquisas e o resultado foi de 15,6 pontos percentuais, considerando os votos que Tarcísio teve a mais e que o petista teve a menos na comparação com os últimos levantamentos.
A surpresa também aconteceu em outro cargo: o de senador. Márcio França (PSB), o aliado de Lula nessas eleições, teria 45% dos votos, caso o Datafolha da véspera se confirmasse.
Marcos Pontes (PL), o astronauta e também ex-ministro de Bolsonaro, que tinha 31% das intenções do eleitorado, foi quem conquistou a vaga de representação do estado com 49,68% dos votos válidos.
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Sem segundo turno no Rio de Janeiro
No Rio de Janeiro, Claudio Castro (PL) foi reeleito no primeiro turno, com 58,67% dos votos válidos. Marcelo Freixo (PSB) foi o segundo colocado, com 27,38%. Uma diferença de 31 pontos percentuais entre os dois candidatos.
Porém, a menos de 24 horas das eleições, as pesquisas apontavam outro cenário, com um possível segundo turno. Segundo o Ipec, Castro aparecia em primeiro lugar com 48%, e Freixo, 33%. Para o Datafolha, o resultado das urnas mostraria 44% dos votos válidos para o candidato à reeleição e 31% para o representante do PSB.
Desta forma, a diferença entre a vantagem de Castro apontada na média das duas pesquisas e o resultado das urnas ficou em pouco mais de 17 pontos percentuais.
No Senado, o resultado veio em linha com as pesquisas. Romário (PL) foi eleito com 29,19%. Ainda assim, o Datafolha projetava uma vitória do ex-jogador com 35% dos votos válidos.
PT foi melhor do que as pesquisas projetavam na Bahia
As pesquisas não erraram apenas os resultados da votação de Bolsonaro e aliados. Na Bahia, ACM Neto (União Brasil) aparecia com 51% das intenções de voto pelo Ipec, contra 40% de Jerônimo Rodrigues (PT). O Datafolha trazia o mesmo percentual para ACM Neto e 38% para o petista na véspera da eleição.
As urnas, contudo, não só mostraram que haverá segundo turno como a posição dos candidatos foi invertida. Rodrigues contabilizou 49,45% dos votos válidos, enquanto ACM Neto ficou em segundo lugar, com 40,80%.
A diferença entre os candidatos nas pesquisas — considerando a média das projeções — e nas urnas, portanto, foi de 20,65 pontos percentuais.
Rio Grande do Sul
A inversão de favoritismo também aconteceu no Rio Grande do Sul. A última pesquisa Ipec, de 30 de setembro, apontava o ex-governador Eduardo Leite (PSDB) com 40% das intenções de voto, enquanto o ex-ministro Onyx Lorenzoni (PL) tinha 30%. A diferença era de 10 pontos percentuais.
A projeção de segundo turno e a diferença entre os candidatos se confirmaram, mas com Onyx na frente. O ex-ministro conquistou 37,50% dos votos válidos e Leite ficou com 26,81% e quase não foi para o segundo turno. Ou seja, a diferença entre a pesquisa e o resultado, considerando os dois candidatos que ficaram à frente, foi de 20,69 pontos percentuais.
No Senado, o Ipec apontava Olívio Dutra (PT) como o favorito, com 36%; Hamilton Mourão (Republicanos), teria 28% dos votos. Nas urnas, o ex-vice presidente conquistou a cadeira com 44,1%.
Datafolha acerta em Minas Gerais
O segundo maior colégio eleitoral do Brasil “obedeceu” às pesquisas eleitorais. Romeu Zema (Novo) foi reeleito com 56,18%, em linha com a última projeção do Datafolha em 1º de outubro, que projetava 56%. O Ipec também apontava vitória de Zema, mas com 50% dos votos válidos.
O segundo colocado, Alexandre Kalil (PSD) obteve 35,08% dos votos nas urnas, em linha com os 35% do último Datafolha antes das eleições. No caso do Ipec, Kalil aparecia com 42% das intenções de voto.
Metodologia das pesquisas eleitoras em xeque?
As pesquisas eleitorais, em geral, apontam tendências do eleitorado antes das eleições acontecerem. Em outras palavras, é uma fotografia do momento da coleta de informações pelos institutos de pesquisa.
Além disso, cada instituto tem uma metodologia para o desenvolvimento do levantamento. O Ipec — fundado por executivos do antigo Ibope — faz uma pesquisa presencial em domicílio dos eleitores e, em média, entrevista 2 mil pessoas para a pesquisa nacional, sendo o mínimo 16 por município selecionado.
Gênero, idade, escolaridade e condição de atividade são considerados pelo Ipec no momento das entrevistas.
No caso do Datafolha, a pesquisa é realizada de forma presencial, em pontos de fluxo populacional, e o número de entrevistas varia entre 2,5 mil e 5,8 mil pessoas consultadas. Os dados utilizados para definição e seleção da amostra são baseados nos dados fornecidos pelo Tribunal Superior Eleitoral (julho/2022) e IBGE (Pnad 2019 e Estimativa 2021).
Outro critério adotado pelo Datafolha é o recorte por sexo e idade.
Para efeito de divulgação, as pesquisas são contratadas por veículos de comunicação e devidamente registradas no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
O Seu Dinheiro procurou os institutos de pesquisa: o Datafolha não respondeu ao questionamento até a publicação desta reportagem; o Ipec se manifestou por meio de nota.
O instituto afirmou que segue "os mais altos padrões adotados internacionalmente nos métodos utilizados em suas pesquisas. As pesquisas eleitorais medem a intenção de voto no momento em que são feitas. Quando feitas continuamente ao longo do processo eleitoral, são capazes de apontar tendências".
Além disso, o Ipec reafirmou o "firme compromisso de seguir realizando seu trabalho com a mesma correção, seriedade e dedicação, especialmente a partir dos dados de uma eleição onde a divisão do país representa
uma maior dificuldade em se fazer estimativas".
*Os resultados eleitorais têm como fonte o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), com a apuração de 99,99% das urnas, até as 14h do dia 03 de outubro.
**A matéria foi atualizada às 17h20 para inclusão do posicionamento do Ipec.
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