Onde investir no 2º semestre: receio com próximo governo, inflação e juros representam riscos para a economia, diz Figueiredo, da Mauá Capital
Na abertura do especial “Onde Investir” no 2º semestre de 2022, o gestor detalha os prognósticos para a economia brasileira
Na Copa do Mundo da economia, o primeiro adversário do Brasil é a inflação de dois dígitos: com o IPCA em 12 meses nesses patamares desde setembro do ano passado, há quem diga que o país não chega à fase de mata-mata.
E como o oponente é duro, o técnico Roberto Campos Neto tem escalado o seu jogador mais eficiente, a taxa básica de juros — só que a Selic tem entrado em campo com mais frequência que o esperado pelo mercado no começo de 2022.
Com a Selic no meio de campo, a contenção na alta de preços começa a ser sentida agora: a inflação acumulada desacelerou de abril para maio.
Ao mesmo tempo, o Produto Interno Bruto (PIB) tem surpreendido para cima, o que provoca todo tipo de especulação sobre o futuro da economia brasileira. Quando é que o ciclo de aperto nos juros vai para o banco de reservas?
No grupo do Brasil também entrou a incerteza provocada pelas eleições presidenciais em outubro. E é com esse cenário que o investidor brasileiro se depara na segunda metade de um ano atípico — a guerra na Ucrânia e o “pós-pandemia”, oponentes conhecidos, completam o quadro desta Copa do Mundo.
Para entender como chegamos até aqui — e qual é o prognóstico para os investimentos —, conversamos com Luiz Fernando Figueiredo, ex-diretor de política monetária do Banco Central e CEO da Mauá Capital.
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Esta matéria faz parte de uma série especial do Seu Dinheiro sobre onde investir no segundo semestre de 2022. Eis a lista completa:
- Cenário macro (você está aqui)
- Bolsa
- Renda fixa
- Bitcoin e criptomoedas
- FIIs e imóveis
- BDRs e ações estrangeiras
- Dólar e ouro
Brasil saiu na frente no placar do aperto monetário
No ano passado, enquanto o Fed nos Estados Unidos insistia em dizer que a inflação era transitória, no Brasil a postura adotada foi outra. Da mesma forma que não esquecemos do vexaminoso 7 a 1 contra a Alemanha, a memória da hiperinflação também está bem vívida.
E isso, de acordo com Figueiredo, fez o Brasil ser um dos primeiros a iniciar a normalização da política monetária.
“As políticas todas ainda estão direcionadas para aquele momento em que o mundo estava parado e precisava dar liquidez. Só que agora está acontecendo exatamente o contrário”, afirmou o gestor.
No mundo todo, a inflação em alta é uma associação do choque de oferta de commodities provocado pela guerra na Ucrânia a um excesso de demanda provocada pela reabertura após a vacinação contra a Covid-19.
Por isso, Figueiredo estima que as notícias negativas sobre a inflação no mundo desenvolvido ainda não tenham chegado ao fim.
Dito isso, ele acredita que a alta de preços das commodities pode beneficiar o Brasil.
Com a Rússia sofrendo todo tipo de sanção econômica e a Ucrânia sob bombardeios diários, os países buscam fornecedores de commodities mais pacíficos, de acordo com Figueiredo.
“O Brasil já está se beneficiando disso e tem chance de ganhar ainda mais no médio-longo prazo”, avaliou.
PIB brasileiro faz gol de placa
Mais uma prova de que o Brasil está numa posição relativamente privilegiada no cenário macroeconômico global é o resultado do PIB.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o PIB cresceu 1% no primeiro trimestre de 2022 e a força da economia tem provocado revisões das estimativas para o crescimento do Brasil neste ano..
Bancos como Citi, Goldman Sachs, Credit Suisse e Bank of America, entre outros, elevaram suas projeções para o crescimento da economia brasileira.
Mas vale ressaltar que o impulso não veio da agropecuária, que caiu 0,9%, ou da indústria, que avançou apenas 0,1%. A força da economia veio dos serviços, com alta de 1%, influenciada pela retomada da demanda no pós-pandemia.
Ao mesmo tempo, os países desenvolvidos têm se surpreendido com crescimento menor do que o esperado. Nos EUA, o PIB se contraiu 1,6% no primeiro trimestre de 2022, uma queda maior do que o mercado estimava.
“É muito difícil que os EUA não passem por um período recessivo no ano que vem. A inflação lá está alta demais e eles vão ter que subir bastante os juros”, disse Figueiredo.
Uma fraqueza da economia americana, no entanto, não significa um desastre para o Brasil.
Ativos brasileiros: formação ofensiva
“Os ativos brasileiros tiveram desempenho muito bom, comparado com o resto do mundo”, disse Figueiredo.
No primeiro semestre, os principais índices da bolsa americana sofreram com uma defesa vazada: o Dow Jones recuou 15%, o S&P 500 16% e o Nasdaq levou um tombo de 29,5%.
Já o Ibovespa, quando medido em dólares, subiu 3,9% no mesmo período; vale destacar, no entanto, que o principal índice da bolsa brasileira acumula queda de 5,8% em reais.
“É em momentos como esse que devemos ir acumulando na carteira ativos que tenham valor”, disse ele. “O ideal é procurar as empresas que são realmente as melhores, que têm mais capital, patrimônio”.
Para Figueiredo, a bolsa brasileira está muito barata, mas ainda falta um gatilho que a faça virar — uma jogada ensaiada, digamos assim. E, talvez, esse evento dependa do próximo governo.
Leia também:
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O jogo truncado das eleições
De acordo com Figueiredo, está claro que, no torneio pelo Palácio do Planalto, a disputa é entre dois times: de um lado do campo, o ex-presidente Lula; do outro, o atual presidente, Jair Bolsonaro.
Ele lamentou que a classe política não tenha sido capaz de produzir um terceiro candidato razoável e competitivo — Ciro Gomes, Simone Tebet, Luciano Bivar e outros estão muito longe dos dois líderes nas pesquisas de intenção de voto.
“O que tinha alguma possibilidade foi defenestrado”, disse, referindo-se a Sergio Moro. No final do ano passado, Figueiredo promoveu um jantar em sua casa, onde recebeu o ex-juiz e alguns empresários.
Até o momento, a poucos meses das eleições presidenciais, pouco se falou sobre os programas econômicos dos principais candidatos. E, levando isso em conta, o ex-BC diz que, na prática, o resultado do pleito tem pouca importância para os rumos da economia — e para os mercados.
“São gradações de incerteza por não ter clareza sobre a política fiscal do próximo ano. Lula diz que não quer o teto de gastos. Bolsonaro diz que vai continuar com o teto, mas, ao mesmo tempo, ele já o furou várias vezes”, afirmou.
Nesse sentido, na semana passada, a aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos Combustíveis foi interpretada pelo mercado como o fim do teto de gastos. A PEC permite aumentar o valor do Auxílio Brasil, o vale-gás e estipula um benefício para caminhoneiros e taxistas.
Riscos podem jogar a favor
O pacote de riscos para o segundo semestre já está refletido no câmbio, segundo Figueiredo. Mas ele ressalta que a segunda metade do ano sempre é tradicionalmente mais negativa para o câmbio, ainda mais num ano de eleição.
“Com as commodities subindo, o câmbio deveria apreciar, não depreciar. Mas os próximos meses serão mais desafiadores”, destacou.
A estimativa de Figueiredo é de que o dólar encerre 2022 cotado a R$ 5,20. Mas há a possibilidade de que os riscos mencionados até agora surpreendam para o lado positivo.
“Caso haja alguma calmaria no preço da energia e das matérias-primas em geral lá fora, isso pode fazer com que a situação de inflação melhore e o Banco Central possa reduzir os juros mais cedo. Não podemos olhar o risco só como algo negativo”, ponderou.
Ao longo desta semana, o Seu Dinheiro publica o especial Onde Investir no 2º semestre.
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