Fim da linha para a Americanas (AMER3)? Como fica a varejista após o apagão no site e o que esperar das ações
Sites da Americanas, Submarino e Shoptime estão fora do ar desde sábado (19) e ainda não têm previsão de retorno
O que representa um apagão nos sites de uma empresa que tem como principal negócio vender produtos pela internet? É o que analistas e investidores tentam calcular desde sábado, quando os sites da Americanas (AMER3) saíram do ar após uma aparente invasão de seus servidores.
O mercado, é claro, não perde tempo. As ações da Americanas encerraram o pregão de ontem entre as maiores baixas do Ibovespa, com queda de 5,40%, cotadas a R$ 29,79. As concorrentes Via e Magazine Luiza, por outro lado, subiram 2,93% e 0,83%, respectivamente. A Americanas acumula perdas de 11,65% na B3 desde segunda-feira.
Analistas estimam que a empresa perde entre R$ 65 milhões e R$ 80 milhões em vendas por dia com os sites Americanas, Submarino e Shoptime fora do ar. Portanto, isso significaria um impacto entre R$ 260 milhões e R$ 320 milhões desde sábado.
Considerando que a Americanas fatura por trimestre aproximadamente R$ 7,5 bilhões em receita bruta, um impacto de R$ 80 milhões por dia não parece ser relevante. Porém, isso vai depender de quanto tempo os sites permanecerão fora do ar.
Até o fechamento desta matéria, a Americanas ainda não havia feito qualquer tipo de previsão para o retorno das atividades no comércio eletrônico. As lojas físicas, por sua vez, não tiveram as atividades interrompidas e permanecem operando.
- Atualização: Ações da Americanas (AMER3) disparam mais de 5% com volta do site ao ar, mas Submarino e Shoptime permanecem offline
Vale lembrar que a Americanas divulga os resultados do quarto trimestre de 2021 na quinta-feira (24), após o fechamento do mercado. E certamente terá de responder a perguntas sobre o incidente nas conferências com analistas.
Leia Também
O que pode acontecer com a Americanas no médio prazo?
Será o “fim da linha” para a Americanas? Não é para tanto. A varejista deu “sorte” de o apagão acontecer no primeiro trimestre do ano, período tradicionalmente mais fraco de vendas.
Apesar de o impacto financeiro não se mostrar tão alto até o momento, o caso levanta um ponto de fricção: o contato do consumidor com a empresa.
“Com toda a digitalização do varejo, o consumidor se sente bastante desamparado num momento de necessidade”, afirmou Angelica Marufuji, analista de varejo da Meraki Capital.
A agência de classificação de risco Fitch ainda não alterou o rating da empresa, mas admitiu que futuras revisões da nota da Americanas relacionadas a esse evento podem ocorrer. "Vai depender da severidade e duração da suspensão dos sites", afirmou a Fitch em nota.
O Procon-SP já notificou a Americanas pedindo explicações sobre o que está acontecendo. O órgão também pediu que a empresa informe e comprove se adota medidas de segurança para proteger os dados dos clientes.
Ainda não está claro se houve vazamento de informações, mas, em caso positivo, é de se esperar que a Americanas sofra uma avalanche de questionamentos jurídicos embasados na Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).
Ataque hacker?
Apesar da Americanas não usar o termo “ataque hacker”, analistas já tratam a empresa como mais uma vítima dessa onda.
O Citi ressalta que ao longo de 2020 e 2021, houve um aumento drástico de ataques hacker, com o ransomware sendo o mais comum. Nessa modalidade, invasores criptografam arquivos, tornando os sistemas inutilizáveis, e pedem um resgate, geralmente em criptomoedas.
“Nosso entendimento é que os invasores estão mais focados em derrubar a infraestrutura do que em roubar dados dos usuários”, disse o Citi em nota publicada na segunda-feira (21).
O que se sabe até agora
Na madrugada de sábado (19), a Americanas informou que suspendeu parte dos servidores do e-commerce, mas restabeleceu os sites pela tarde. No entanto, os servidores foram suspensos novamente no domingo (20) e, até a tarde de terça-feira (22), ainda não haviam sido restabelecidos.
Os três sites do grupo, Americanas, Submarino e Shoptime.com estão todos fora do ar e sem previsão de retorno. A Americanas tem avisado clientes da possibilidade de atraso na entrega das compras realizadas no período anterior à suspensão dos sites.
“A Americanas informa que voltou a suspender proativamente parte dos servidores do ambiente de e-commerce na madrugada deste domingo (20/02) e acionou prontamente seus protocolos de resposta assim que identificou acesso não autorizado”, afirmou a Americanas em nota.
Americanas passou por reestruturação recentemente
Em janeiro, a empresa concluiu uma reorganização societária que unificou as bases acionárias das Lojas Americanas e da B2W, restando apenas a Americanas S.A., com cerca de 70% das ações no mercado.
Os 30% restantes continuam nas mãos do chamado 'acionista de referência' da Americanas — os megainvestidores Jorge Paulo Lemann, Carlos Sicupira e Marcel Telles. O grupo foi diluído com a operação, já que originalmente era dono de quase 40% da empresa; ainda assim, permanecem com bastante influência sobre a companhia.
Aliás, falando em ações da Bolsa, vale destacar que o Seu Dinheiro fez uma entrevista exclusiva com o Edward Cole, diretor executivo de investimentos discricionários na Man GLG, parte do Man Group, maior gestora de fundos de hedge da Europa, que alertou que a entrada de capital estrangeiro na B3 - que tem feito o Ibovespa - subir 8% em 2022, não é sustentável.
Você pode conferir mais detalhes no nosso Instagram (aproveite para nos seguir neste link). Lá entregamos aos leitores insights de investimentos, oportunidades de compra, apurações exclusivas importantes para a sua grana, dicas de carreira e empreendedorismo e muito mais.
Ver esta publicación en Instagram
Leia também:
- Concorrente faz piada com a situação da Americanas (AMER3)
- Americanas (AMER3) vai recomprar mais de 17 milhões de ações
- Vibra (VIBBR3) e Americanas (AMER3) fecham parceria para criar a Vem Conveniência
Smart Fit (SMFT3) lucrou 40% em 2025, e pode ir além em 2026; entenda a recomendação de compra do Itaú BBA
Itaú BBA vê geração de caixa elevada, controle de custos e potencial de crescimento em 2026; preço-alvo para SMFT3 é de R$ 33
CSN (CSNA3) terá modernização de usina em Volta Redonda ‘reembolsada’ pelo BNDES com linha de crédito de R$ 1,13 bilhão
Banco de fomento anunciou a aprovação de um empréstimo para a siderúrgica, que pagará por adequações feitas em fábrica da cidade fluminense
De dividendos a ações resgatáveis: as estratégias das empresas para driblar a tributação são seguras e legais?
Formatos criativos de remuneração ao acionista ganham força para 2026, mas podem entrar na mira tributária do governo
Grupo Toky (TOKY3) mexe no coração da dívida e busca virar o jogo em acordo com a SPX — mas o preço é a diluição
Acordo prevê conversão de debêntures em ações, travas para venda em bolsa e corte de até R$ 227 milhões em dívidas
O ano do Itaú (ITUB4), Bradesco (BBDC4), Banco do Brasil (BBAS3) e Santander (SANB11): como cada banco terminou 2025
Os balanços até setembro revelam trajetórias muito diferentes entre os gigantes do setor financeiro; saiba quem conseguiu navegar bem pelo cenário adverso — e quem ficou à deriva
A derrocada da Ambipar (AMBP3) em 2025: a história por trás da crise que derrubou uma das ações mais quentes da bolsa
Uma disparada histórica, compras controversas de ações, questionamentos da CVM e uma crise de liquidez que levou à recuperação judicial: veja a retrospectiva do ano da Ambipar
Embraer (EMBR3) ainda pode ir além: a aposta ‘silenciosa’ da fabricante de aviões em um mercado de 1,5 bilhão de pessoas
O BTG Pactual avalia que a Índia pode adicionar bilhões ao backlog — e ainda está fora do radar de muitos investidores
O dia em que o caso do Banco Master será confrontado no STF: o que esperar da acareação que coloca as decisões do Banco Central na mira
A audiência discutirá supervisão bancária, segurança jurídica e a decisão que levou à liquidação do Banco Master. Entenda o que está em jogo
Bresco Logística (BRCO11) é negociado pelo mesmo valor do patrimônio, segundo a XP; saiba se ainda vale a pena comprar
De acordo com a corretora, o BRCO11 está sendo negociado praticamente pelo mesmo valor de seu patrimônio — múltiplo P/VP de 1,01 vez
Um final de ano desastroso para a Oracle: ações caminham para o pior trimestre desde a bolha da internet
Faltando quatro dias úteis para o fim do trimestre, os papéis da companhia devem registrar a maior queda desde 2001
Negócio desfeito: por que o BRB desistiu de vender 49% de sua financeira a um grupo investidor
A venda da fatia da Financeira BRB havia sido anunciada em 2024 por R$ 320 milhões
Fechadas com o BC: o que diz a carta que defende o Banco Central dias antes da acareação do caso Master
Quatro associações do setor financeiro defendem a atuação do BC e pedem a preservação da autoridade técnica da autarquia para evitar “cenário gravoso de instabilidade”
CSN Mineração (CMIN3) paga quase meio bilhão de reais entre dividendos e JCP; 135 empresas antecipam proventos no final do ano
Companhia distribui mais de R$ 423 milhões em dividendos e JCP; veja como 135 empresas anteciparam proventos no fim de 2025
STF redefine calendário dos dividendos: empresas terão até janeiro de 2026 para deliberar lucros sem imposto
O ministro Kassio Nunes Marques prorrogou até 31 de janeiro do ano que vem o prazo para deliberação de dividendos de 2025; decisão ainda precisa ser confirmada pelo plenário
BNDES lidera oferta de R$ 170 milhões em fundo de infraestrutura do Patria com foco no Nordeste; confira os detalhes
Oferta pública fortalece projetos de logística, saneamento e energia, com impacto direto na região
FII BRCO11 fecha contrato de locação com o Nubank (ROXO34) e reduz vacância a quase zero; XP recomenda compra
Para a corretora, o fundo apresenta um retorno acumulado muito superior aos principais índices de referência
OPA da Ambipar (AMBP3): CVM rejeita pedido de reconsideração e mantém decisão contra a oferta
Diretoria da autarquia rejeitou pedido da área técnica para reabrir o caso e mantém decisão favorável ao controlador; entenda a história
Azul (AZUL54) chega a cair mais de 40% e Embraer (EMBJ3) entra na rota de impacto; entenda a crise nos ares
Azul reduz encomenda de aeronaves com a Embraer, enquanto ações despencam com a diluição acionária prevista no plano de recuperação
Corrida por proventos ganha força: 135 empresas antecipam remuneração; dividendos e JCP são os instrumentos mais populares
Recompras ganham espaço e bonificação de ações resgatáveis desponta como aposta para 2026, revela estudo exclusivo do MZ Group
IG4 avança na disputa pela Braskem (BRKM5) e leva operação bilionária ao Cade; ações lideram altas na B3
A petroquímica já havia anunciado, em meados deste mês, que a gestora fechou um acordo para assumir a participação da Novonor, equivalente a 50,1% das ações com direito a voto
