Paris é uma festa? Saiba por que o euro está caindo ainda mais que o dólar e se está na hora de comprar
Euro e dólar estão cada vez mais perto de atingir a paridade, algo que não acontece desde os primeiros anos de vida da moeda europeia
Enquanto o dólar roubava a cena no começo do ano, em meio a sucessivas quedas ante o real, a desvalorização de outra moeda importante foi passando à luz dos brasileiros: o euro.
A moeda europeia atingiu agora em maio sua cotação mínima em relação ao dólar em mais de cinco anos.
O movimento fez com que especialistas começassem a prever que as moedas atingiriam a paridade pela primeira vez em 20 anos.
Vale pontuar que a última vez que isso aconteceu foi nos primeiros anos de vida da moeda, criada em 1999.
De acordo com a maior gestora da Europa, a Amundi, dentro dos próximos seis meses o euro deve estender a queda a ponto de atingir a paridade com o dólar.
Leia também:
- Dólar volta a ser negociado abaixo dos R$ 4,80. Euro também recua e vale R$ 5,10
- Selic perto de 14% e dólar a R$ 5,20. A visão do gestor da Armor Capital para o Brasil no fim de 2022 — se a eleição não bagunçar tudo
- Da Europa pro Brasil: novo ETF de criptomoeda desembarca na B3; conheça mais sobre o BTCE11
E, se olharmos os números, isso não parece nem um pouco uma realidade remota.
No dia 13 de maio deste ano, o euro estava valendo US$ 1,0385, na mínima desde 20 de dezembro de 2016, quando atingiu US$ 1,0364.
Comparando com o real, o euro ainda está mais alto hoje do que antes da pandemia, mas perdeu bastante fôlego desde o começo de 2022. De janeiro até agora, o euro PTAX do Banco Central caiu 19%, mais do que o dólar PTAX, que acumula uma baixa de 14% em relação à nossa moeda.
Se o momento parece bom para transformar reais em euros e garantir o champanhe na Torre Eiffel, será que é apropriado também para investir na moeda? Se sim, de que forma? Será que essa desvalorização é passageira?
Antes de responder, vou precisar explicar como chegamos até aqui.
O euro no olho do furacão
Entramos no ano de 2022 com uma perspectiva complicada para a economia global. A inflação já se mostrava cada vez mais disseminada, o que estimulou bancos centrais em todo o mundo a apertarem a política monetária.
Mas a invasão da Ucrânia pela Rússia elevou ainda mais as dificuldades do Banco Central Europeu (BCE) em conter a alta de preços.
Em meio à guerra e sanções contra a economia russa, os preços dos combustíveis dispararam em todo o mundo, já que o país é um dos maiores produtores.
E, se a inflação já estava alta, ganhou novo ímpeto com a guerra.
O último a subir os juros
Nos países que adotam o euro como moeda, a inflação anualizada atingiu 7,4% em abril, bem distante da meta do BCE de 2%. Na União Europeia como um todo, o índice acumula alta de 8,1%.
Porém, mesmo assim, o BCE ainda não elevou os juros devido a temores de recessão na região.
Nos Estados Unidos, por outro lado, o Federal Reserve (Fed) já subiu os juros em 0,75 ponto porcentual apenas neste ano e a inflação por lá tem pedido ainda mais apertos monetários.
Com um rendimento mais atrativo, o fluxo de capital migrou para os norte-americanos. Por isso, vimos o dólar se fortalecer perante outras moedas fortes no começo do ano, como mostra o gráfico abaixo.
Ao mesmo tempo, países importantes que fazem negócios com a Europa, como a China, estão passando por dificuldades.
“O enfraquecimento dos principais parceiros comerciais da Europa reduziu a demanda por euro para se fazer negócios por lá”, diz João Piccioni, sócio e analista da Empiricus especializado em ativos no exterior.
E assim chegamos a uma relação de quase paridade entre o dólar e o euro.
Para onde vai o euro?
Ok, o euro está enfraquecido, mas como será daqui para frente? Bem, fazer previsão para câmbio é uma tarefa bastante complicada e é possível encontrar teses para todas as direções.
Para o gestor de moedas da gestora ACE Capital, Ricardo Cattaruzzi, o movimento de queda mais forte do euro parece ter se interrompido.
“No curto prazo, a gente está num movimento de correção da queda”, diz Cattaruzzi.
O gestor avalia que, conforme o BCE elevar os juros, é esperado que o fluxo de capitais volte para a Europa, e isso pode fazer com que o euro suba bastante. A gestora, que tem mais de R$ 4 bilhões sob gestão, está com posição comprada em euro.
Já o Bank of America (BofA), em seu estudo de correlação de moedas, aponta que o mercado não espera que o euro seja o principal impulsionador do câmbio daqui em diante.
O BofA utiliza dois métodos para analisar a correlação entre as moedas: a correlação realizada e a implícita.
Na realizada, a correlação é calculada entre os retornos de dois pares de moedas que utilizam a mesma base, por exemplo, o euro-dólar e o euro-libra.
Já na implícita, o cálculo é derivado da volatilidade das opções de câmbio e pode ser considerada como a visão dos investidores sobre o que vai mexer com o câmbio no futuro.
No caso do euro, ambos os métodos mostram que a correlação do euro está em queda e a do dólar em alta.
A correlação crescente significa que os dois pares de moedas estão se movendo mais em conjunto, enquanto a correlação em queda significa que os pares estão divergindo.
“O mercado não espera que o euro seja um impulsionador persistente para a movimentação do câmbio”, escreveram os analistas Vadim Iaralov e Howard Du em relatório do BofA.
Como você pode investir?
Depois dessa explicação, vamos a algumas opções de como expor sua carteira ao euro.
Primeiramente, como já mencionado, se o seu objetivo é viajar para a Europa, agora parece ser um bom momento para comprar a moeda.
Mas, do ponto de vista de investimentos, o João Piccioni, da Empiricus, tem duas recomendações de recibos de ações (BDR):
- ASML Holdings (ASML34): a empresa holandesa produz máquinas para a indústria de microchips e tem posição de liderança no mercado. “Como a demanda deve continuar aquecida, independentemente do cenário macroeconômico, enxergamos como um bom investimento de longo prazo”, diz Piccioni. A estratégia é ficar comprado no papel.
- ETF EWG (BEWG39): o Exchange Traded Fund (ETF) EWG, que é composto por ações alemãs, também está disponível na B3 sob a forma de BDR. “A tese aqui envolve justamente o enfraquecimento do euro, misturado às dificuldades das empresas industriais presentes no portfólio. A questão do gás natural é crucial para essas companhias. Sem ele, a lucratividade dessas empresas deve cair substancialmente. E, consequentemente, deveria gerar toda uma reprecificação dos negócios no país”, explica Piccioni. Por isso, a tese é operar vendido.
Vitória dos acionistas? Petrobras (PETR4) vai distribuir parte dos dividendos extraordinários após sinal verde de Lula
O pagamento dos proventos foi aprovado pelo conselho de administração e deve ser votado na assembleia geral na próxima semana
Vale (VALE3) é a mais barata do setor de mineração e sai ganhando com futuro promissor do minério de ferro
Eu, Matheus Soares, enxergo um grande potencial na commodity independentemente da crise de sua maior exportadora: a China — e a mineradora brasileira sai ganhando com isso
XP Malls (XPML11) vai pagar o segundo maior dividendo de sua história neste mês; veja quem tem direito a receber
De acordo com comunicado enviado ao mercado na noite de quinta-feira (18), o XPML11 distribuirá R$ 0,91 por cota neste mês
Boa Safra (SOJA3) supera o “El Niño” da bolsa e capta R$ 300 milhões em oferta de ações
Apesar do momento de seca da bolsa, a Boa Safra encontrou uma boa demanda para os papéis no mercado; preço por ação saiu a R$ 16,50
Bolsa hoje: Dólar perde força e fecha abaixo de R$ 5,20; Ibovespa reduz as perdas da semana com “empurrão” de Petrobras (PETR4)
RESUMO DO DIA: Embora a tempestade que assombrou a semana não tenha se dissipado totalmente, o Ibovespa conseguiu emplacar a segunda alta consecutiva com apoio de Petrobras (PETR4) — que fez o índice reduzir as perdas dos últimos pregões. O Ibovespa fechou com alta de 0,75%, aos 125.124 pontos. Na semana, o recuo foi de […]
Petrobras (PETR4): e se a melhor e pior notícia que a empresa poderia dar vierem juntas, o que seria das ações?
De uns tempos para cá, a Petrobras vem testando os nervos dos investidores. Há alguns dias, rumores de que os saudosos dividendos extraordinários que foram retidos pela companhia finalmente poderiam sair, o que animou o mercado — e fez as ações saltarem. Mas logo veio um potencial balde de água fria: Aloizio Mercadante poderia assumir […]
Bolsa hoje: Nova York e Petrobras (PETR4) contaminam Ibovespa, que fecha próximo da estabilidade; dólar tem leve alta a R$ 5,25
RESUMO DO DIA: Para acertar o alvo, às vezes é preciso mais de uma flecha, ainda que a mira esteja no ponto certo. Mesmo com as incertezas sobre os juros e a questão fiscal no ar, o Ibovespa conseguiu terminar o dia em tom positivo. O principal índice da bolsa brasileira ficou próximo da estabilidade […]
Smart Fit (SMFT3) vai virar “monstro”? Banco recomenda compra das ações e vê espaço para rede de academias dobrar de tamanho
Os analistas do JP Morgan calcularam um preço-alvo de R$ 31 para os papéis da Smart Fit (SMFT3), o que representa um potencial de alta da ordem de 30%
Ozempic que se cuide! Empresa de biotecnologia faz parceria para distribuir caneta do emagrecimento no Brasil e ações disparam quase 40%
Com o anúncio, a Biomm conquistou R$ 1,2 bilhão em valor de mercado na B3; a comercialização do similar do Ozempic deve ainda passar pelo crivo da Anvisa
Bolsa hoje: Vale (VALE3) não é suficiente e Ibovespa fecha em queda na esteira de Nova York; dólar cai a R$ 5,24
RESUMO DO DIA: O Ibovespa até tentou interromper o ciclo de quedas com o forte avanço do minério de ferro e a prévia do PIB, mas o tom negativo de Nova York falou mais alto e arrastou o principal índice da bolsa brasileira. Com isso, o Ibovespa terminou o pregão em baixa de 0,17%, aos […]
Leia Também
-
Bolsa hoje: Dólar perde força e fecha abaixo de R$ 5,20; Ibovespa reduz as perdas da semana com "empurrão" de Petrobras (PETR4)
-
A bolsa está valendo menos? Por que esse bancão cortou o preço-alvo das ações da B3 (B3SA3) — e você deveria estar de olho nisso
-
Bolsa hoje: Nova York e Petrobras (PETR4) contaminam Ibovespa, que fecha próximo da estabilidade; dólar tem leve alta a R$ 5,25
Mais lidas
-
1
Tchau, Vale (VALE3)? Por que a Cosan (CSAN3) vendeu 33,5 milhões de ações da mineradora
-
2
Sabesp (SBSP3): governo Tarcísio define modelo de privatização e autoriza aumento de capital de até R$ 22 bilhões; saiba como vai funcionar
-
3
Dividendos da Petrobras (PETR4): governo pode surpreender e levar proposta de pagamento direto à assembleia, admite presidente da estatal