No primeiro fim de semana de campanha eleitoral, o presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição, cumpriu uma das agendas mais tradicionais desde o início de seu governo, em 2019: prestigiar a cerimônia de formatura na Academia Militar das Agulhas Negras (Aman), em Resende (RJ).
Bolsonaro não discursou na cerimônia, mas, pouco antes do início da solenidade, cumprimentou apoiadores na entrada do Hotel de Trânsito da Aman e publicou vídeos desses momentos nas redes sociais.
Num deles, disse que respeitará o resultado das urnas, mesmo que não seja reeleito. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) lidera as pesquisas de intenção de voto com ampla vantagem no momento.
"A gente está nessa empreitada buscando a reeleição. Se esse for o entendimento. Caso contrário, a gente respeita. Mas a nossa democracia, a nossa liberdade acima de tudo", disse o presidente, num dos vídeos publicados.
"Eu agradeço a Deus pela minha vida, e pela missão. Estou muito feliz com isso, apesar da dificuldade de estar na Presidência, mas é uma missão, e missão dada é missão cumprida", completou.
Comentário de Bolsonaro contradiz seus próprios ataques às urnas e ao sistema eleitoral
Apesar da declaração, o presidente tem feito reiterados ataques às urnas eletrônicas e ao processo eleitoral em si.
O chefe do Executivo já afirmou diversas vezes que não confia no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e colocou em xeque a lisura e a segurança do pleito, desacreditando a capacidade do sistema eletrônico de entregar um resultado "limpo".
Nessa mesma linha, já afirmou mais de uma vez que só sairia "morto" do cargo.
Neste domingo, Bolsonaro assistiu a uma missa na Paróquia Nossa Senhora da Esperança, na Asa Norte, em Brasília.
Campanha de Lula cria perfis nas redes sociais direcionados a evangélicos
Enquanto isso, na tentativa de frear as investidas de Bolsonaro junto ao público evangélico, a campanha de Lula decidiu criar contas nas redes sociais direcionadas a esse segmento que corresponde a 30% do eleitorado.
A novidade na comunicação do petista foi informada no sábado ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Os perfis criados e apresentados ao TSE foram batizados de "Evangélicos com Lula".
Em nota, a assessoria de imprensa da campanha diz que a iniciativa partiu dos próprios religiosos.
"Alguns setores evangélicos - tanto dos partidos da coligação quanto de fora dele - nos contataram com interesse em atuar junto a comunidades evangélicas na campanha, e para isso ser possível registramos esses sites e perfis no TSE", afirma a equipe.
Lula, Bolsonaro, políticia e religião
A disputa pelo comando do País tem sido marcada pelos ataques mútuos de Bolsonaro e Lula com teor religioso.
Em culto em Belo Horizonte, a primeira-dama Michelle afirmou que o Palácio do Planalto era "consagrado a demônios" em governos anteriores.
Já Lula afirmou na última terça-feira que Bolsonaro estava "possuído pelo demônio".
Ontem, durante comício em São Paulo, o petista defendeu o Estado laico e criticou o uso de igrejas como palanque político e a circulação de "fake news religiosa".
No entanto, com a criação dos perfis nas redes sociais, o ex-presidente mostra que não vai ficar de fora dessa disputa pelo público das igrejas.
O pano de fundo é a disputa pelo eleitorado evangélico, que hoje está majoritariamente com Bolsonaro.
Na mais recente pesquisa Datafolha, o candidato à reeleição cresceu seis pontos porcentuais e chegou a 49% das intenções de voto entre evangélicos, ante 32% de Lula.
O ex-presidente não tem eventos de campanha previstos para hoje.
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