O que os resultados do Bradesco nos dizem — e as empresas que você deveria evitar
Algumas companhias conseguem atravessar uma possível tempestade com números sólidos por servirem a uma parcela da população de poder aquisitivo mais elevado; confira algumas delas

Você deve ter visto que o Bradesco (BBDC4) divulgou resultados horrorosos e que surpreenderam negativamente boa parte do mercado nesta semana.
Para falar a verdade, nem todo mundo ficou assim tão surpreso. Eu mesmo sugeri uma put do Bradesco um pouco antes da divulgação do balanço, já esperando por um resultado ruim. No dia seguinte, na quarta-feira (9), os assinantes do Flash Trader colocaram um belo lucro no bolso, já que esse tipo de opção se valoriza com quedas fortes.

Mas, apesar de eu adorar, o texto de hoje não é sobre opções.
Na verdade, eu quero aproveitar o resultado do Bradesco para mostrar quais empresas você deveria evitar nos próximos meses.
Está mais difícil pagar as contas
Os resultados ruins do Bradesco estão intimamente ligados a uma piora da capacidade de seus clientes pagarem pelos empréstimos. O banco tem uma carteira com grande peso de clientes com perfil de crédito mais arriscado, concentrado em pessoas físicas com renda mais baixa e pequenas e médias empresas.
Esses dois segmentos costumam ser os mais vulneráveis e os primeiros a sofrerem quando as condições macro começam a piorar. No Relatório de Estabilidade Financeira do Banco Central do Brasil de novembro, alguns dados chamaram bastante a atenção. No gráfico abaixo, vemos que a parcela da renda mensal comprometida com o pagamento de dívidas tem crescido na média, e atingiu o maior patamar desde 2018.
Leia Também

Isso mostra que, de maneira geral, o brasileiro está com mais dificuldades para pagar as dívidas, mas não explica tudo.
O gráfico abaixo é bem mais esclarecedor. Ele mostra a evolução dos chamados Ativos Problemáticos (empréstimos inadimplentes) por faixa de renda. Nele vemos claramente que a parcela da população que ganha até cinco salários mínimos é que tem tido problemas para pagar os seus empréstimos, enquanto a parcela mais rica nunca esteve tão "em dia".

Na mesma linha, um estudo recente do FGV IBRE constatou que, apesar de ser responsável por apenas 19% do crédito, famílias com renda de até 2 salários mínimos respondem por 37% do volume de inadimplência no país.
- ESTÁ GOSTANDO DESTE CONTEÚDO? Tenha acesso a ideias de investimento para sair do lugar comum, multiplicar e proteger o patrimônio.
O luxo sofre menos
Essa maior dificuldade de pagar as dívidas não deveria ser uma grande surpresa, já que a inflação passou a consumir uma parcela maior do salário. Todos nós sentimos o impacto do aumento nos preços do aluguel, do leite, do combustível entre tantos outros produtos e serviços que têm atrapalhado o poder de compra da população, especialmente das classes menos favorecidas.
Tudo isso é importante porque implica em menor consumo, especialmente de produtos e serviços voltados para as classes C, D e E.
É por isso que há algum tempo nas séries da Empiricus temos defendido algumas empresas que tendem a atravessar uma possível tempestade com números sólidos, justamente por servirem à parcela da população de poder aquisitivo mais elevado e menos afetada pela piora das condições econômicas.
A Iguatemi (IGTI11), dona de alguns dos shoppings mais nobres do país, é uma delas. Aliás, os resultados do 3T22 foram muito fortes mais uma vez.

Outra que atua em um nicho premium e que tem surpreendido positivamente trimestre após trimestre é a Arezzo.

É claro que não basta que a empresa seja focada nos públicos A e B para que seja considerada um bom investimento neste momento. Há inúmeros casos de empresas ruins que atuam neste nicho (Le Lis Blanc, por exemplo) ou empresas boas que negociam por múltiplos que não valem a pena.
No entanto, neste ambiente difícil, de desaceleração econômica e menor disponibilidade de renda para consumo, especialmente nas classes mais baixas, faz sentido procurar alguns bons nomes de "luxo" para ajudar a sua carteira na travessia.
Tanto Iguatemi como Arezzo estão na carteira recomendada do Oportunidades de Uma Vida, que é oferecida aos assinantes do Palavra do Estrategista. Se quiser conhecer, deixo aqui o convite.
Um grande abraço e até a semana que vem!
Ruy
Show de talentos na bolsa: Ibovespa busca novos recordes em dia de agenda fraca
Ibovespa acaba de renovar sua máxima histórica em termos nominais e hoje depende do noticiário corporativo para continuar subindo
Dinheiro esquecido: R$ 9,13 bilhões ainda estão dando sopa e esperando para serem resgatados
Dados do BC revelam que 42,1 milhões de pessoas físicas ainda não reivindicaram os valores deixados nos bancos
Nubank (ROXO34) atinge lucro líquido de US$ 557,2 milhões no 1T25, enquanto rentabilidade (ROE) vai a 27%; ações caem após resultados
O retorno sobre o patrimônio líquido (ROE, na sigla em inglês) do banco digital do cartão roxo atingiu a marca de 27%; veja os destaques do balanço
FGC avalia empréstimo de ‘curtíssimo prazo’ ao Banco Master enquanto negócio com BRB não sai, segundo jornal
Segundo pessoas próximas ao Fundo Garantidor de Créditos, esses recursos seriam suficientes para ajudar no pagamento de dívidas de dois a três meses
Com bolsa em alta, diretor do BTG Pactual vê novos follow-ons e M&As no radar — e até IPOs podem voltar
Para Renato Hermann Cohn, diretor financeiro (CFO) do banco, com a bolsa voltando aos trilhos, o cenário começa a mudar para o mercado de ofertas de ações
Sabesp (SBSP3) tropeça na receita, mas agrada com corte de custos; saiba se é hora de comprar
BTG Pactual destacou que o Ebitda veio 4% abaixo das estimativas, mas elogiou o controle de custos e a perspectiva positiva para a entrega de investimentos nos próximos trimestres
Nada de gastança na Petrobras (PETR4): Presidente da estatal fala em enxugar custos diante da queda do preço internacional do petróleo
Em teleconferência de resultados, a CEO Magda Chambriard destacou comprometimento com a austeridade da companhia — mas capex não deve cair
Yduqs no vermelho: Mercado deixa ações de recuperação após balanço fraco. Ainda vale a pena ter YDUQ3 na carteira?
Para os analistas, a Yduqs (YDUQ3) apresentou resultados mistos no 1T25. O que fazer com os papéis agora?
Hapvida (HAPV3) dispara na B3 com balanço mais forte que o esperado, mas perda de beneficiários acende sinal de alerta. Vale a pena comprar as ações?
A companhia entregou resultado acima do esperado e mostrou alívio na judicialização, crescimento da base de clientes ainda patina. Veja o que dizem os analistas
Dividendos vêm aí? IRB (IRBR3) tem bons resultados no primeiro trimestre e BTG vê possibilidade de distribuição dos lucros até o fim do ano
As operações internacionais e os resultados financeiros salvaram o balanço do IRB, mas não são todos os analistas que estão otimistas com a empresa
Elo, agora em 3 fatias iguais: Bradesco, Banco do Brasil e Caixa querem voltar a dividir a empresa de pagamentos igualmente
Trio de gigantes ressuscita modelo de 2011 e redefine sociedade na bandeira de cartões Elo de olho nos dividendos; entenda a operação
Um acordo para buscar um acordo: Ibovespa repercute balanço da Petrobras, ata do Copom e inflação nos EUA
Ibovespa não aproveitou ontem a euforia com a trégua na guerra comercial e andou de lado pelo segundo pregão seguido
Felipe Miranda: O elogio do vira-lata (ou sobre small caps brasileiras)
Hoje, anestesiados por um longo ciclo ruim dos mercados brasileiros, cujo início poderia ser marcado em 2010, e por mais uma década perdida, parecemos nos esquecer das virtudes brasileiras
O prejuízo ficou para trás: Petrobras (PETR4) tem lucro 48,6% maior no 1T25, investe 29% a menos do que no 4T24 e paga R$ 11,72 bilhões em dividendos
Entre janeiro e março, o lucro líquido da estatal subiu para R$ 35,209 bilhões em base anual; as projeções indicavam R$ 28,506 bilhões
Exportadoras carregam o Ibovespa: Petrobras (PETR4) e Vale (VALE3) sobem até 3% com acordo comercial entre EUA e China
Negociação entre EUA e China melhora as perspectivas de demanda por commodities no mundo e faz exportadoras terem um dia do alívio na bolsa
Braskem (BRKM5) sobe forte na B3 após balanço do 1T25 e “ajudinha” de Trump e Xi Jinping. É hora de comprar as ações da petroquímica?
Além do aumento do apetite a risco nos mercados, os investidores repercutem o balanço da Braskem no primeiro trimestre
Inter (INBR32) bate recorde de lucro e cresce rentabilidade no 1T25, mas ainda tem chão até chegar no 60-30-30
O banco digital continuou a entregar avanços no resultado, mas ainda precisa correr para alcançar o ambicioso plano até 2027; veja os principais destaques do balanço
Onda de euforia nas bolsas: Ibovespa busca novos recordes na esteira do acordo entre EUA e China
Investidores também estão de olho no andamento da temporada de balanços e na agenda da semana
BTG Pactual (BPAC11) atinge novo lucro recorde no 1T25 e faz rivais comerem poeira na briga por rentabilidade
Lucro recorde, crescimento sólido e rentabilidade em alta: os números do trimestre superam as previsões e reafirmam a força do banco de investimentos
Todo mundo de olho na Petrobras (PETR4): capex pode ser o grande vilão do trimestre e comprometer dividendos bilionários
De acordo com analistas, a grande questão da estatal entre janeiro e março deste ano é o investimento — e como isso pode atingir as expectativas de alcançar um dividend yield acima de 10% no ano