O que você faria se soubesse exatamente quais serão os resultados futuros da empresa em que está pensando em investir?
Mesmo que você fosse capaz de prever com exatidão parte do futuro, isso não tornaria mais fácil o seu processo de investimentos – e eu posso provar
Olá, seja bem-vindo à Estrada do Futuro, onde conversamos semanalmente sobre a intersecção entre investimentos e tecnologia.
Uma das primeiras lições que se aprende sobre investimentos é a de que ganhar dinheiro é muito difícil.
Em um de seus livros, chamado "O Mais Importante para o Investidor", o lendário gestor da Oaktree, Howard Marks, resume essa complexidade mais ou menos assim…
O mais importante para o investidor é…
Em suas reuniões, ele se via constantemente proferindo a frase "a coisa mais importante para o investidor é (...)" sempre acompanhada de alguma parte diferente do processo de investimento.
Ora eram características mais técnicas, como capacidade de interpretar minúcias nos demonstrativos financeiros, ou trabalhar em modelos financeiros úteis e que não se perdessem em complexidade.
Em outros momentos, essas coisas eram totalmente subjetivas, como entender o pêndulo de emoções do mercado, mapear os interesses de diferentes stakeholders etc..
Leia Também
As lições do Chile para o Brasil, ata do Copom, dados dos EUA e o que mais movimenta a bolsa hoje
Chile vira a página — o Brasil vai ler ou rasgar o livro?
Há tantas coisas que podem ser classificadas como "a mais importante para o investidor" que classificá-las e analisá-las deu origem a um livro.
Mesmo se você fosse capaz de prever com exatidão parte do futuro, isso não tornaria mais fácil o seu processo de investimentos.
Duvida? Eu posso provar.
E se a bola de cristal mostrasse parte do futuro?
Se estivéssemos em 2017, e alguém ficasse sabendo que uma empresa que apresentaria as seguintes características operacionais:
- (i) Sua receita quase triplicaria num período de 5 anos.
- (ii) Esse crescimento a tornaria uma das maiores empresas do mundo, com margem bruta superior a 80%.
- (iii) Além de alto crescimento, você recebe a garantia de que essa empresa será altamente lucrativa, pois ela possui 39% de margem líquida hoje e permanecerá acima de 30% nos próximos 5 anos.
Você investiria nessa empresa?
Bom, talvez você exigisse uma quarta informação, mais relativa ao valuation dessa companhia.
Afinal, se a ação for infinitamente cara, as características acima talvez não sejam suficientes para justificar o seu investimento.
Seu informante que viajou no tempo para te dar essas informações conta que a ação misteriosa negocia a 35 vezes os lucros.
Em posse das informações anteriores, você consegue concluir, sem muito esforço, que em 5 anos essa ação estará negociando a um múltiplo "preço sobre lucros" ridículo, inferior a 12 vezes.
Você faria este investimento?
Provavelmente sim.
Alto crescimento, alta rentabilidade e um valuation relativamente "ok" são uma das combinações mais sonhadas pelos investidores.
Caso tivesse posse de todas as informações acima, bem como a certeza de elas serem verdadeiras, você provavelmente concluiria que valia a pena realizar esse investimento.
A imagem acima, com tais dados, é um combinado dos indicadores financeiros do Meta (antigo Facebook) desde 2017.
No período, a sua receita cresceu praticamente 300%, saindo de US$ 40 bilhões para quase US$ 120 bilhões ao ano.
Suas margens, apesar de terem decrescido marginalmente em todos os anos, nos últimos 5 anos, permaneceram bastante elevadas: 80% de margem bruta e 33% de margem líquida.
Em meados de 2017, as ações do Meta, então chamado Facebook, eram negociadas a cerca de 35 vezes o múltiplo preço sobre lucros.
No gráfico a seguir, eu compilo o retorno da ação do Meta desde 01 de janeiro de 2017 até o fechamento do último dia 20; com ele, apresento também o retorno do índice Nasdaq no mesmo período.
O resultado é frustrante.
Onde foi que eu errei?
Nessa longa janela, as ações do Meta subiram 51,73%, equivalentes a um retorno anual de apenas 7,82%.
O índice Nasdaq, que compila as maiores empresas de tecnologia listadas nos EUA, subiu cerca de 161% no mesmo período, um retorno superior a 18% ao ano.
Claro que, uma vez cientes que a ação misteriosa era o Meta, conseguimos facilmente atribuir sua "underperformance" a inúmeros fatores intangíveis, como os escândalos de privacidade, os problemas regulatórios, além da aversão que o mundo parece ter criado pela figura de Mark Zuckerberg.
Voltando no tempo, porém, nenhuma dessas variáveis era absurdamente latente em 2017.
Apesar de existirem numa possível sessão de "riscos" da tese de investimentos, a maioria desses fatores intangíveis não era amplamente discutida pelos investidores.
Uma modelagem financeira perfeita não teria salvado o investidor de retornos medíocres.
Investir é tão difícil quanto divertido. Apesar de não ter um informante do futuro que forneça informações, eu tenho recomendação de compra para ações do Meta nas minhas séries na Empiricus.
Flávio Day: veja dicas para proteger seu patrimônio com contratos de opções e escolhas de boas ações
Veja como proteger seu patrimônio com contratos de opções e com escolhas de boas empresas
Flávio Day nos lembra a importância de ter proteção e investir em boas empresas
O evento mostra que ainda não chegou a hora de colocar qualquer ação na carteira. Por enquanto, vamos apenas com aquelas empresas boas, segundo a definição de André Esteves: que vão bem em qualquer cenário
A busca pelo rendimento alto sem risco, os juros no Brasil, e o que mais move os mercados hoje
A janela para buscar retornos de 1% ao mês na renda fixa está acabando; mercado vai reagir à manutenção da Selic e à falta de indicações do Copom sobre cortes futuros de juros
Rodolfo Amstalden: E olha que ele nem estava lá, imagina se estivesse…
Entre choques externos e incertezas eleitorais, o pregão de 5 de dezembro revelou que os preços já carregavam mais política do que os investidores admitiam — e que a Bolsa pode reagir tanto a fatores invisíveis quanto a surpresas ainda por vir
A mensagem do Copom para a Selic, juros nos EUA, eleições no Brasil e o que mexe com seu bolso hoje
Investidores e analistas vão avaliar cada vírgula do comunicado do Banco Central para buscar pistas sobre o caminho da taxa básica de juros no ano que vem
Os testes da família Bolsonaro, o sonho de consumo do Magalu (MGLU3), e o que move a bolsa hoje
Veja por que a pré-candidatura de Flávio Bolsonaro à presidência derrubou os mercados; Magazine Luiza inaugura megaloja para turbinar suas receitas
O suposto balão de ensaio do clã Bolsonaro que furou o mercado: como fica o cenário eleitoral agora?
Ainda que o processo eleitoral esteja longe de qualquer definição, a reação ao anúncio da candidatura de Flávio Bolsonaro deixou claro que o caminho até 2026 tende a ser marcado por tensão e volatilidade
Felipe Miranda: Os últimos passos de um homem — ou, compre na fraqueza
A reação do mercado à possível candidatura de Flávio Bolsonaro reacende memórias do Joesley Day, mas há oportunidade
Bolha nas ações de IA, app da B3, e definições de juros: veja o que você precisa saber para investir hoje
Veja o que especialista de gestora com mais de US$ 1,5 trilhão em ativos diz sobre a alta das ações de tecnologia e qual é o impacto para o mercado brasileiro. Acompanhe também a agenda da semana
É o fim da pirâmide corporativa? Como a IA muda a base do trabalho, ameaça os cargos de entrada e reescreve a carreira
As ofertas de emprego para posições de entrada tiveram fortes quedas desde 2024 em razão da adoção da IA. Como os novos trabalhadores vão aprender?
As dicas para quem quer receber dividendos de Natal, e por que Gerdau (GGBR4) e Direcional (DIRR3) são boas apostas
O que o investidor deve olhar antes de investir em uma empresa de olho dos proventos, segundo o colunista do Seu Dinheiro
Tsunami de dividendos extraordinários: como a taxação abre uma janela rara para os amantes de proventos
Ainda que a antecipação seja muito vantajosa em algumas circunstâncias, é preciso analisar caso a caso e não se animar com qualquer anúncio de dividendo extraordinário
Quais são os FIIs campeões de dezembro, divulgação do PIB e da balança comercial e o que mais o mercado espera para hoje
Sete FIIs disputam a liderança no mês de dezembro; veja o que mais você precisa saber hoje antes de investir
Copel (CPLE3) é a ação do mês, Ibovespa bate novo recorde, e o que mais movimenta os mercados hoje
Empresa de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica, a Copel é a favorita para investir em dezembro. Veja o que mais você precisa saber sobre os mercados hoje
Mais empresas no nó do Master e Vorcaro, a escolha do Fed e o que move as bolsas hoje
Titan Capital surge como peça-chave no emaranhado de negócios de Daniel Vorcaro, envolvendo mais de 30 empresas; qual o risco da perda da independência do Fed, e o que mais o investidor precisa saber hoje
A sucessão no Fed: o risco silencioso por trás da queda dos juros
A simples possibilidade de mudança no comando do BC dos EUA já começou a mexer na curva de juros, refletindo a percepção de que o “jogo” da política monetária em 2026 será bem diferente do atual
Tony Volpon: Bolhas não acabam assim
Wall Street vivencia hoje uma bolha especulativa no mercado de ações? Entenda o que está acontecendo nas bolsas norte-americanas, e o que a inteligência artificial tem a ver com isso
As lições da Black Friday para o universo dos fundos imobiliários e uma indicação de FII que realmente vale a pena agora
Descontos na bolsa, retorno com dividendos elevados, movimentos de consolidação: que tipo de investimento realmente compensa na Black Friday dos FIIs?
Os futuros dividendos da Estapar (ALPK3), o plano da Petrobras (PETR3), as falas de Galípolo e o que mais move o mercado
Com mudanças contábeis, Estapar antecipa pagamentos de dividendos. Petrobras divulga seu plano estratégico, e presidente do BC se mantém duro em sua política de juros
Jogada de mestre: proposta da Estapar (ALPK3) reduz a espera por dividendos em até 8 anos, ações disparam e esse pode ser só o começo
A companhia possui um prejuízo acumulado bilionário e precisaria de mais 8 anos para conseguir zerar esse saldo para distribuir dividendos. Essa espera, porém, pode cair drasticamente se duas propostas forem aprovadas na AGE de dezembro.