Mercado em 5 Minutos: Quem está ansioso para o dia da independência?
Começamos com o Dia do Trabalhos nos EUA, nesta segunda-feira (5), que fecha o mercado americano. Os mercados asiáticos iniciaram a semana em queda, acompanhados pelas bolsas europeias.

Bom dia, pessoal.
Começo o nosso primeiro Mercado em 5 Minutos me apresentando.
Alguns assinantes certamente já me conhecem dos áudios de abertura e de encerramento de mercado disponibilizados pelo Telegram, por conta de vídeos em diferentes canais ou pelos relatórios "Palavra do Estrategista" e "Double Income".
Para os poucos familiarizados comigo, me chamo Matheus Spiess e trabalho na Empiricus há um bom tempo, compondo a equipe do Felipe Miranda desde 2019.
Será um privilégio compartilhar em todas as manhãs as nossas impressões criteriosas de tudo aquilo que está acontecendo no Brasil e no mundo. O Mercado em 5 Minutos vem para ser a newsletter diária da Empiricus.
Sem mais delongas, vamos ao que interessa.
Leia Também
00:11 — Semana de menor liquidez
Começamos com o Dia do Trabalhos nos EUA, nesta segunda-feira (5), que fecha o mercado americano, removendo boa parte da liquidez global, e seguimos para o Dia da Independência no Brasil, na quarta-feira (7). Entretanto, não é porque a semana é mais curta que teremos menos emoção.
Os mercados asiáticos iniciaram a semana em queda, com os investidores ainda preocupados com as perspectivas para a economia global em meio à crise energética na Europa e a possibilidade de novos bloqueios na China por conta da Covid-19 — apesar disso, as commodities sobem, o que beneficia o Brasil.
Na semana passada, o relatório de emprego americano acabou não dando clareza sobre as condições do mercado de trabalho nos EUA. Não esperem que a situação se resolva da noite para o dia.
Não será um ou outro dado que provavelmente mudará a cabeça do Federal Reserve sobre o aperto monetário na terra do Tio Sam. Na Europa, em meio à incerteza, os mercados caem com força nesta manhã.
A ver...
00:43 — Na expectativa pelos atos do dia 7 de setembro
A polarização política confere importância considerável ao feriado do Dia da Independência (não pelos motivos certos, diga-se de passagem). Demonstrações de violência podem ser lidas como negativas pelo mercado local e pelo investidor estrangeiro.
Ao mesmo tempo, o mercado só se preocupa com duas coisas:
- Eventual questionamento do resultado eleitoral; e
- A não manutenção de uma agenda mercadológica nos próximos anos.
Entre os dados, vale ficar de olho no IPCA de agosto, nesta semana, que deverá marcar novamente uma deflação — não se engane, os preços de alimento e de serviço permanecem elevados.
O que tem jogado os índices para baixo é a queda dos combustíveis, o que indica que ainda não conseguimos combater a inflação, assim como acontece em vários países ao redor do mundo.
Roberto Campos Neto ainda tem um grande desafio em suas mãos, não por acaso já tem olhado para a inflação de 2024.
01:31 – Sem um pingo de noção para onde caminhar
Os investidores americanos têm uma folga hoje para digerir melhor tudo o que tem acontecido. Na última sexta-feira, o relatório de emprego (payroll), que inicialmente foi lido como positivo para as ações, indicou a adição de 315 mil empregos em agosto.
Contudo, a festa durou muito pouco. É aquilo que já sabemos: não se deixe enganar pela afobação do mercado acionário, muito sensibilizado pela liquidez.
No fundo, o relatório de empregos foi forte o suficiente para enfraquecer os temores de recessão bruta no curto prazo nos EUA, mas não deve mudar o plano de voo do Fed (ele ainda possui um?).
Enquanto o relatório de empregos torna menos provável uma aceleração da inflação, os investidores aguardam a divulgação do Livro Bege do Fed na quarta-feira, a fala de Jerome Powell na quinta-feira e a apresentação do índice de preços ao consumidor do dia 13 de setembro.
02:18 — Pressão por mais aumento de juros
Na Europa, a história não é diferente. Na quinta-feira, o Banco Central Europeu também anunciará sua decisão de política monetária, devendo elevar em 75 pontos-base a taxa de juros, colocando-a em 0,75%.
Parece pouco, mas para os europeus isso é uma montanha de juros — até a última reunião de política monetária, quando o BCE subiu a taxa em 50 pontos-base, havia 11 anos que não se apertava a política monetária na Zona do Euro.
A situação é bem crítica, até porque a última contração de liquidez europeia culminou na Crise da Dívida, entre 2012 e 2014. A questão energética, com o adiamento do fornecimento de gás pelo Nord Stream 1, só piora a posição do BCE.
Paralelamente, a Alemanha está tributando as empresas de energia, de modo a gerar recursos (cerca de 65 bilhões de euros) para dar apoio aos consumidores alemães, já muito pressionados com a inflação corrente dos últimos meses.
03:02 – A crise energética
A Europa enfrenta um período prolongado de altos preços de energia e a possibilidade de escassez, enquanto o continente trabalha para substituir as importações russas por suprimentos dos EUA, Canadá e Catar.
Estima-se que uma queda no consumo este ano dá à Europa espaço para garantir suprimento suficiente de gás natural para que não precise racionar neste inverno.
A questão é se a Europa receberá gás natural suficiente da Rússia daqui para frente. Caso o movimento acabe jogando a Europa para uma recessão, as commodities devem sofrer (a demanda por matérias-primas cairia).
Por outro lado, considerando que a recessão seja menos pesada do que se pressupõe, ainda há espaço para as teses de energia, campeãs do ano até aqui.
04:17 — A questão do petróleo
Para finalizar, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo e Aliados (Opep+) se reúne hoje e deverá deliberar sobre um eventual corte na produção de petróleo.
Em sendo o caso, os preços do óleo devem voltar a subir, como fazem nesta manhã. Caso contrário, uma inação da Opep+ e um possível acordo nuclear iraniano, que disponibilizaria mais petróleo ao mercado, poderiam jogar o preço do barril para baixo.
Outra situação emblemática é a ponderação dos ministros das Finanças do G7, que têm um plano para estabelecer um teto para o preço do petróleo russo, e se comprometem com a finalização de sua implementação.
Os detalhes ainda estão sendo discutidos, mas provavelmente seriam esses tetos seriam implementados perto do custo da produção russa, prejudicando as finanças de Moscou, mas ainda garantindo fluxos críticos de energia.
A ideia parece ser péssima — espero que não se esqueçam de combinar com os russos.
Um abraço,
Matheus Spiess
Leia também:
CNH sem autoescola, CDBs do Banco Master e loteria +Milionária: confira as mais lidas do Seu Dinheiro na semana
Matérias sobre o fechamento de capital da Gol e a opinião do ex-BC Arminio Fraga sobre os investimentos isentos de IR também integram a lista das mais lidas
Como nasceu a ideia de R$ 60 milhões que mudou a história do Seu Dinheiro — e quais as próximas apostas
Em 2016, quando o Seu Dinheiro ainda nem existia, vi um gráfico em uma palestra que mudou minha carreira e a história do SD
A Eletrobras se livrou de uma… os benefícios da venda da Eletronuclear, os temores de crise de crédito nos EUA e mais
O colunista Ruy Hungria está otimista com Eletrobras; mercados internacionais operam no vermelho após fraudes reveladas por bancos regionais dos EUA. Veja o que mexe com seu bolso hoje
Venda da Eletronuclear é motivo de alegria — e mais dividendos — para os acionistas da Eletrobras (ELET6)
Em um único movimento a companhia liberou bilhões para investir em outros segmentos que têm se mostrado bem mais rentáveis e menos problemáticos, além de melhorar o potencial de pagamento de dividendos neste e nos próximos anos
Projeto aprovado na Câmara permite divórcio após a morte de um dos cônjuges, com mudança na divisão da herança
Processos iniciados antes do falecimento poderão ter prosseguimento a pedido dos herdeiros, deixando cônjuge sobrevivente de fora da herança
A solidez de um tiozão de Olympikus: a estratégia vencedora da Vulcabras (VULC3) e o que mexe com os mercados hoje
Conversamos com o CFO da Vulcabras, dona das marcas Olympikus e Mizuno, que se tornou uma queridinha entre analistas e gestores e paga dividendos mensais
Rodolfo Amstalden: O que o Nobel nos ensina sobre decisões de capex?
Bebendo do alicerce teórico de Mokyr, Philippe Aghion e Peter Howitt se destacaram por estudar o papel das inovações tecnológicas nas economias modernas
A fome de aquisições de um FII que superou a crise da Americanas e tudo que mexe com o seu bolso nesta quarta (15)
A história e a estratégia de expansão do GGRC11, prestes a se tornar um dos cinco maiores FIIs da bolsa, são os destaques do dia; nos mercados, atenção para a guerra comercial, o Livro Bege e balanços nos EUA
Um atalho para a bolsa: os riscos dos IPOs reversos, da imprevisibilidade de Trump e do que mexe com o seu bolso hoje
Reportagem especial explora o caminho encontrado por algumas empresas para chegarem à bolsa com a janela de IPOs fechada; colunista Matheus Spiess explora o que está em jogo com a nova tarifa à China anunciada por Trump
100% de tarifa, 0% de previsibilidade: Trump reacende risco global com novo round da guerra comercial com a China
O republicano voltou a impor tarifas de 100% aos produtos chineses. A decisão foi uma resposta direta ao endurecimento da postura de Pequim
Felipe Miranda: Perdidos no espaço-tempo
Toda a Ordem Mundial dos últimos anos dá lugar a uma nova orientação, ao menos, por enquanto, marcada pela Desordem
Abuse, use e invista: C&A queridinha dos analistas e Trump de volta ao morde-assopra com a China; o que mexe com o mercado hoje?
Reportagem especial do Seu Dinheiro aborda disparada da varejista na bolsa. Confira ainda a agenda da semana e a mais nova guerra tarifária do presidente norte-americano
ThIAgo e eu: uma conversa sobre IA, autenticidade e o futuro do trabalho
Uma colab entre mim e a inteligência artificial para refletir sobre três temas quentes de carreira — coffee badging, micro-shifting e as demissões por falta de produtividade no home office
A pequena notável que nos conecta, e o que mexe com os mercados nesta sexta-feira (10)
No Brasil, investidores avaliam embate após a queda da MP 1.303 e anúncio de novos recursos para a construção civil; nos EUA, todos de olho nos índices de inflação
Esta ação subiu mais de 50% em menos de um mês – e tem espaço para ir bem mais longe
Por que a aquisição da Desktop (DESK3) pela Claro faz sentido para a compradora e até onde pode ir a Microcap
Menos leão no IR e mais peru no Natal, e o que mexe com os mercados nesta quinta-feira (9)
No cenário local, investidores aguardam inflação de setembro e repercutem derrota do governo no Congresso; nos EUA, foco no discurso de Powell
Rodolfo Amstalden: No news is bad news
Apuração da Bloomberg diz que os financistas globais têm reclamado de outubro principalmente por sua ausência de notícias
Pão de queijo, doce de leite e… privatização, e o que mexe com os mercados nesta quarta-feira (8)
No Brasil, investidores de olho na votação da MP do IOF na Câmara e no Senado; no exterior, ata do Fomc e shutdown nos EUA
O declínio do império americano — e do dólar — vem aí? Saiba também o que mexe com os mercados hoje
No cenário nacional, investidores repercutem ligação entre Lula e Trump; no exterior, mudanças políticas na França e no Japão, além de discursos de dirigentes do Fed
O dólar já não reina sozinho: Trump abala o status da moeda como porto seguro global — e o Brasil pode ganhar com isso
Trump sempre deixou clara sua preferência por um dólar mais fraco. Porém, na prática, o atual enfraquecimento não decorre de uma estratégia deliberada, mas sim de efeitos colaterais das decisões que abalaram a confiança global na moeda