Um setor para prestar atenção nos próximos 4 anos: por que o lítio precisa estar presente na carteira de investidores sofisticados
Também chamado de ‘petróleo branco’, o lítio vai além das baterias de veículos elétricos e do armazenamento de energia renovável

O Seu Dinheiro acaba de completar quatro anos de vida. Fico muito feliz em fazer parte desse projeto desde 2020, quando comecei a escrever esta coluna semanal. Chegamos ao fim de agosto com 5 milhões de visitantes únicos mensais, quase 250 mil seguidores nas redes sociais e uma newsletter com mais de 200 mil assinantes.
Os números são bem relevantes e nos trazem muito orgulho.
Para comemorar o aniversário do Seu Dinheiro, cada colunista decidiu falar sobre uma tese de investimento para os próximos quatro anos. Os que me acompanham neste espaço há algum tempo, sabem que tenho curiosidade por algumas tecnologias disruptivas e teses de fronteira, como hidrogênio, urânio, carbono e assim por diante.
Em sendo o caso, não podia ser diferente hoje. Ao longo das últimas semanas, tenho me debruçado demasiadamente sobre um mercado que entendo poder ganhar muito mais tração ao longo dos próximos anos, da mesma forma que vem acontecendo mais recentemente. Falo aqui especificamente do mercado de lítio.
Mas vamos por partes.
Você sabe o que é lítio?
Chamado por muitos especialistas de “petróleo branco”, muito por conta de sua cor e associação ao mercado automobilístico de fronteira energética (carros elétricos), trata-se do metal menos denso do mundo.
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O material é usado em baterias de íons de lítio, que desempenham um papel cada vez mais importante, especialmente em áreas como veículos elétricos e armazenamento de energia renovável.
E por que o lítio é relevante?
Mais eficiente e mais durável do que as demais baterias concorrentes, o metal pode ser talvez uma das commodities mais desejadas para a transição energética pela qual a humanidade deverá passar nos próximos anos.
Sendo admirado pelo armazenamento de energia, em especial em veículos (elétricos e híbridos) e aparelhos eletrônicos do dia a dia (como smartphones, laptops, ferramentas elétricas e câmeras), onde o peso e o uso intensivo são considerações importantes, a demanda por lítio deve continuar a crescer enormemente.
Os movimentos recentes
Espera-se que a demanda de lítio continue superando a oferta. O mercado de veículos elétricos e de lítio teve um enorme crescimento no passado recente, evidenciado pelos mais de cinco milhões de veículos elétricos vendidos globalmente até o momento. Gradualmente, o tempo usado para produzir cada veículo individual diminui incrementalmente.
Observa-se que o crescimento significativo da demanda, combinado com a oferta abundante, mas atrasada, acabou levando a um desequilíbrio e a aumentos rápidos no preço do lítio. No futuro, ainda acredito que o lítio continue sendo um mineral atraente, uma vez que não existem muitas alternativas para substituição.
Com isso, entendo que boa parte dos países do mundo, em especial nas economias centrais, irão buscar alterar toda a sua frota até o final da próxima década, como podemos ver abaixo.
Destaque especial na China, que passa por uma verdadeira revolução dos elétricos e pretende ter 20% da frota total de veículos elétricos até 2025 (20% da China é muito relevante para qualquer indústria) — o carro elétrico médio usa mais de 5 mil vezes mais lítio do que um smartphone para alimentar a autonomia do veículo.
Não são só os veículos elétricos
Outro ponto a se destacar é que, apesar da associação comum do lítio com as baterias, atualmente, quase 40% da demanda por lítio vem de aplicações industriais, como vidro, cerâmica, lubrificantes e pós de fundição.
No entanto, grande parte do crescimento esperado da demanda e do otimismo para o lítio vem do segmento de baterias, hoje em torno de 60%.
Nessa dinâmica, estima-se que aproximadamente 90% da demanda de lítio deverá vir do segmento de baterias até 2030, conforme o gráfico a seguir nos mostra.
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Ao mesmo tempo, a demanda deve crescer mais de 20% ao ano nesta década e mais de 10% na próxima (vide gráfico abaixo), juntos com os investimentos e crescimento da indústria de carros elétricos, que somam mais de US$ 300 bilhões nos EUA, Europa e China, quando somados — o mercado espera um forte crescimento do segmento de carros elétricos no futuro, com expectativa de um CAGR da ordem de 45% nesta década.
Oferta de lítio é restrita
Ao mesmo tempo, se por um lado a demanda é abundante, o mesmo não pode ser dito da oferta. Os depósitos de lítio são mais prevalentes na América do Sul, particularmente no Chile e na Argentina, que juntos são responsáveis por cerca de 30% da produção global de lítio.
A Austrália e China são outros dois países com grandes reservas de lítio, que ao mesmo tempo controlam 14% e 8% dos depósitos mundiais, respectivamente, e mais de 50% da produção – atenção para não confundir reservas com produção em si (coisas distintas – Chile e Argentina possuem muitas reservas, mas menos produção que a Austrália, por exemplo).
Em 2020 foi relatado em 360 mil toneladas, enquanto a oferta foi de 363 mil toneladas. Até o final de 2022, a procura deverá rondar as 684 mil toneladas, e a oferta é estimada em 604 mil toneladas. Nessa mesma toada, até 2030, a demanda está prevista para 2,4 milhões de toneladas, enquanto a oferta deve chegar a 2,2 milhões de toneladas.
Em outras palavras, prevê-se que a demanda ultrapasse a oferta de matérias-primas no longo prazo (próximos gráficos), gerando uma grande desconexão da matéria-prima entre sua oferta e demanda.
Sabemos que, historicamente, os déficits de oferta de uma commodity levam a uma pressão ascendente no preço do recurso subjacente, o que costuma ser excelente para as empresas do setor, em especial para aquelas que produzem uma matéria-prima mais pura.
As estimativas colocam as reservas mundiais de lítio em 55 milhões de toneladas de recursos identificados, mas, dado o tempo necessário para levar um novo projeto ao mercado, as forças de oferta e demanda podem aumentar os preços do lítio no médio prazo.
Onde investir
Com base nisso, podem estabelecer um horizonte muito construtivo para as empresas do setor, o que nos traz a oportunidade do dia. Infelizmente, não temos muito acesso a este tipo de investimento no mercado brasileiro, sendo necessário abrir conta numa corretora lá fora, como a Avenue, para investir no segmento.
Tudo isso, claro, feito sob o devido dimensionamento das posições, conforme seu perfil de risco, e a devida diversificação de carteira, com as respectivas proteções associadas. É um investimento de alto risco e muita volatilidade, então só indicado para investidores mais arrojados. Além disso, não indico passar de 2,5% do total investido nesta categoria.
Com isso esclarecido, gosto do Global X Lithium & Battery Tech ETF (NYSE: LIT), um fundo índice listado que busca reproduzir o Solactive Global Lithium Index.
Com custo de 0,75% ao ano, o LIT investe no ciclo completo do lítio, desde a mineração e refino do metal, até a produção de baterias.
São quase 40 empresas para diversificar e balancear bastante a exposição do investimento. Considerando os próximos quatro anos, lítio não pode faltar nas carteiras dos investidores sofisticados.
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