A inflação surpreendeu até o presidente do Banco Central. Veja a melhor forma de investir diante da disparada dos preços
Persistente alta dos preços no Brasil e no mundo exige o investimento em ativos atrelados à inflação – ou resistentes a ela

Se até o presidente do Banco Central do Brasil, Roberto Campos Neto, se disse surpreso com a inflação divulgada na sexta-feira da semana passada, qual o sentido de nós, investidores, não ficarmos também?
Não é uma exclusividade brasileira os patamares consideravelmente altos de inflação que estamos vivendo hoje. Por exemplo, nesta terça-feira (12), os EUA devem divulgar o seu índice de preços ao consumidor de março.
A estimativa de consenso é de um aumento de 8,4% na comparação anual, o mais alto em 40 anos, após um aumento de 7,9% em fevereiro.
Com a inflação nos EUA e globalmente subindo de forma relevante, os aficionados por história têm feito comparações com a década de 1970, quando a inflação explodiu e medidas dolorosas foram tomadas para reverter seu curso.
- MUDANÇAS NO IR 2022: baixe o guia gratuito sobre o Imposto de Renda deste ano e evite problemas com a Receita Federal; basta clicar aqui.
Ninguém quer revisitar estagflação dos anos 1970
A verdade é que ninguém gostaria de revisitar aquele período de estagflação (falta de crescimento e alta dos preços) e o nível de dois dígitos das taxas de juros que se tornaram uma marca registrada do esforço para quebrar a espiral dos preços.
Por aqui, o IPCA de março apresentou alta de 1,62% na comparação mensal, rompendo o teto das estimativas (1,44%) e acumulando 11,30% em 12 meses. Falamos aqui da marca mais elevada para um mês de março desde o Plano Real.
Leia Também
A inflação começa com muito dinheiro fazendo frente a poucos bens e então, só em um segundo momento, se não for devidamente controlada, se torna endêmica. Vale citar a frase do falecido Milton Friedman: "a inflação é sempre e em toda parte um fenômeno monetário de crescimento excessivo."
Reação à pandemia
O crescimento excessivo da oferta monetária (dinheiro na economia) atingiu novos patamares nos últimos anos, derivado de um esforço conjunto para combater a pandemia.
Assim, os Bancos Centrais agiram com rapidez e força, fornecendo enormes quantidades de liquidez e garantias ao sistema financeiro, o que foi fundamental para monetizar uma quantia exorbitante de gastos dos governos entre 2020 e 2021.
Acima, trouxe a evolução do IPCA acumulado em 12 meses, mostrando a aceleração dos preços em nosso país. Sim, os consumidores estão pagando muito mais pela maioria dos bens e serviços hoje em dia.
Tal elevação dos patamares de preço, como não poderia deixar de ser, provocou uma reação por parte de nosso Banco Central, que vem elevando a taxa básica de juro já há alguns meses. Embora isso possa conter o aumento dos preços, também tornará os empréstimos (financiamentos) mais caros (taxas mais altas).
Alta da inflação diminui demanda por empréstimos
Menor demanda por empréstimos é possível, pois consumidores e empresas podem adiar compras à medida que a acessibilidade se torna um problema. Isso normalmente resulta em uma recessão quando as taxas chegam ao ponto de desacelerar a atividade econômica.
Ao que tudo indicava, porém, teríamos apenas mais uma elevação de 100 pontos-base em maio, encerrando o nosso ciclo de aperto e nos dando uma vantagem competitiva relevante a outros players globais que começaram só agora o processo de subida dos juros.
Inflação compromete ‘plano de voo’
Agora, porém, a surpresa de março desafia o Comitê de Política Monetária (Copom) a puxar o juro acima dos 12,75% anteriormente contratados.
Vale destacar que ainda estamos com um histórico de 12 meses muito complicado, com contaminação da recuperação pós-pandêmica e, mais recentemente, da guerra na Ucrânia, que afeta principalmente combustíveis e alimentos.
Abaixo, separei os principais itens de inflação de 2021 — note como os bens inflacionados não estão passando por um arrefecimento, mas, sim, por uma continuidade da alta, em decorrência dos efeitos mais recentes da guerra na Ucrânia.
Em outras palavras, se a coisa já estava ruim em 2021, tem ficado cada vez pior em 2022. Claro, haverá um pico neste processo, como veremos a seguir, mas, ainda assim, o trajeto é doloroso para o consumidor brasileiro.
A inflação de 2022 deve acabar em algo entre 7% e 8%, acima do teto superior da meta, hoje em 5%. Mais uma vez o BC deverá enviar a carta se explicando sobre não ter entregado a meta contratada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Para o ano que vem, a situação parece mais bem ancorada por volta de 3,75%.
De todo o modo, é inegável que a situação seja preocupante.
A necessidade de mais juros, sendo que começamos a sentir os efeitos iniciais das primeiras altas do ano passado apenas agora, poderá ser bem problemático para a economia brasileira no longo prazo, em uma perspectiva mais estrutural.
Até entendo que devemos encontrar um pico até a metade deste ano, com algo por volta de 12% no IPCA entre abril e maio (devemos ter fatores desinflacionários agora, como a bandeira tarifária verde para a energia e a queda do dólar nos primeiros meses do ano), mas a herança desse processo ainda será sentida, em especial a falta de crescimento contratada para 2022 e talvez 2023.
Situação exige investimento em ativos indexados ou resistentes à inflação
Como a nova realidade é a de uma inflação preocupante ao redor do mundo, precisamos procurar por investimentos que tendem a ir bem num cenário de inflação mais salgada por mais tempo.
Tudo isso, claro, feito sob o devido dimensionamento das posições, conforme seu perfil de risco, e a devida diversificação de carteira, com as respectivas proteções associadas.
Particularmente, gosto dos títulos indexados, em especial uma combinação de mais curtos e longos (algo como IPCA+ 2026, IPCA+ 2035 e, em menor proporção, IPCA+ 2055).
Ativos reais também ganham destaque, como ações e imóveis (via FIIs também vale, inclusive os de papel, indexados à inflação), porque a médio e longo prazo deveriam caminhar nominalmente.
Por fim, um pouco de moeda forte e metal precioso, como ouro, pode compor bem em uma carteira diversificada.
CNH sem autoescola, CDBs do Banco Master e loteria +Milionária: confira as mais lidas do Seu Dinheiro na semana
Matérias sobre o fechamento de capital da Gol e a opinião do ex-BC Arminio Fraga sobre os investimentos isentos de IR também integram a lista das mais lidas
Como nasceu a ideia de R$ 60 milhões que mudou a história do Seu Dinheiro — e quais as próximas apostas
Em 2016, quando o Seu Dinheiro ainda nem existia, vi um gráfico em uma palestra que mudou minha carreira e a história do SD
A Eletrobras se livrou de uma… os benefícios da venda da Eletronuclear, os temores de crise de crédito nos EUA e mais
O colunista Ruy Hungria está otimista com Eletrobras; mercados internacionais operam no vermelho após fraudes reveladas por bancos regionais dos EUA. Veja o que mexe com seu bolso hoje
Venda da Eletronuclear é motivo de alegria — e mais dividendos — para os acionistas da Eletrobras (ELET6)
Em um único movimento a companhia liberou bilhões para investir em outros segmentos que têm se mostrado bem mais rentáveis e menos problemáticos, além de melhorar o potencial de pagamento de dividendos neste e nos próximos anos
Projeto aprovado na Câmara permite divórcio após a morte de um dos cônjuges, com mudança na divisão da herança
Processos iniciados antes do falecimento poderão ter prosseguimento a pedido dos herdeiros, deixando cônjuge sobrevivente de fora da herança
A solidez de um tiozão de Olympikus: a estratégia vencedora da Vulcabras (VULC3) e o que mexe com os mercados hoje
Conversamos com o CFO da Vulcabras, dona das marcas Olympikus e Mizuno, que se tornou uma queridinha entre analistas e gestores e paga dividendos mensais
Rodolfo Amstalden: O que o Nobel nos ensina sobre decisões de capex?
Bebendo do alicerce teórico de Mokyr, Philippe Aghion e Peter Howitt se destacaram por estudar o papel das inovações tecnológicas nas economias modernas
A fome de aquisições de um FII que superou a crise da Americanas e tudo que mexe com o seu bolso nesta quarta (15)
A história e a estratégia de expansão do GGRC11, prestes a se tornar um dos cinco maiores FIIs da bolsa, são os destaques do dia; nos mercados, atenção para a guerra comercial, o Livro Bege e balanços nos EUA
Um atalho para a bolsa: os riscos dos IPOs reversos, da imprevisibilidade de Trump e do que mexe com o seu bolso hoje
Reportagem especial explora o caminho encontrado por algumas empresas para chegarem à bolsa com a janela de IPOs fechada; colunista Matheus Spiess explora o que está em jogo com a nova tarifa à China anunciada por Trump
100% de tarifa, 0% de previsibilidade: Trump reacende risco global com novo round da guerra comercial com a China
O republicano voltou a impor tarifas de 100% aos produtos chineses. A decisão foi uma resposta direta ao endurecimento da postura de Pequim
Felipe Miranda: Perdidos no espaço-tempo
Toda a Ordem Mundial dos últimos anos dá lugar a uma nova orientação, ao menos, por enquanto, marcada pela Desordem
Abuse, use e invista: C&A queridinha dos analistas e Trump de volta ao morde-assopra com a China; o que mexe com o mercado hoje?
Reportagem especial do Seu Dinheiro aborda disparada da varejista na bolsa. Confira ainda a agenda da semana e a mais nova guerra tarifária do presidente norte-americano
ThIAgo e eu: uma conversa sobre IA, autenticidade e o futuro do trabalho
Uma colab entre mim e a inteligência artificial para refletir sobre três temas quentes de carreira — coffee badging, micro-shifting e as demissões por falta de produtividade no home office
A pequena notável que nos conecta, e o que mexe com os mercados nesta sexta-feira (10)
No Brasil, investidores avaliam embate após a queda da MP 1.303 e anúncio de novos recursos para a construção civil; nos EUA, todos de olho nos índices de inflação
Esta ação subiu mais de 50% em menos de um mês – e tem espaço para ir bem mais longe
Por que a aquisição da Desktop (DESK3) pela Claro faz sentido para a compradora e até onde pode ir a Microcap
Menos leão no IR e mais peru no Natal, e o que mexe com os mercados nesta quinta-feira (9)
No cenário local, investidores aguardam inflação de setembro e repercutem derrota do governo no Congresso; nos EUA, foco no discurso de Powell
Rodolfo Amstalden: No news is bad news
Apuração da Bloomberg diz que os financistas globais têm reclamado de outubro principalmente por sua ausência de notícias
Pão de queijo, doce de leite e… privatização, e o que mexe com os mercados nesta quarta-feira (8)
No Brasil, investidores de olho na votação da MP do IOF na Câmara e no Senado; no exterior, ata do Fomc e shutdown nos EUA
O declínio do império americano — e do dólar — vem aí? Saiba também o que mexe com os mercados hoje
No cenário nacional, investidores repercutem ligação entre Lula e Trump; no exterior, mudanças políticas na França e no Japão, além de discursos de dirigentes do Fed
O dólar já não reina sozinho: Trump abala o status da moeda como porto seguro global — e o Brasil pode ganhar com isso
Trump sempre deixou clara sua preferência por um dólar mais fraco. Porém, na prática, o atual enfraquecimento não decorre de uma estratégia deliberada, mas sim de efeitos colaterais das decisões que abalaram a confiança global na moeda