As ações do Facebook caem 50% desde as máximas: isso é uma oportunidade ou uma armadilha?
Se existe uma empresa preparada para emergir mais líder do que nunca depois das mudanças na política de privacidade da Apple, essa empresa é o Meta
					Olá, seja bem-vindo à Estrada do Futuro, onde conversamos semanalmente sobre a intersecção entre investimentos e tecnologia.
Quero começar a coluna de hoje com uma pergunta: quanto tempo você imagina ser necessário para avaliar o desempenho financeiro de uma empresa que emprega mais de 20 mil pessoas, opera em mais de 190 países e serve mais de 1,9 bilhão de pessoas todos os dias?
Para os algoritmos robôs de investimentos, o tempo de avaliação está na casa de alguns poucos segundos.
Nesse intervalo absolutamente irrelevante, os computadores determinaram que o valor do Meta (o Facebook) era, na verdade, 25% inferior ao seu valor antes da divulgação dos resultados finais de 2021.
Para os jornalistas financeiros e analistas de mercado, como eu, o tempo está na casa de algumas horas que, infelizmente, são influenciadas pela conclusão dos algoritmos.
O mais importante, porém, é o timing do verdadeiro investidor.
Leia Também
Tony Volpon: Inteligência artificial — Party like it’s 1998
A real avaliação, com o estudo e modelagem, é um processo de semanas.
Passada a reação inicial e absorvidos os detalhes do que aconteceu com o Meta, será que existe uma oportunidade de investimento nesta ação que cai cerca de 50% das suas máximas?
A Estrada do Passado
É impossível entendermos a reação do mercado ao resultado do Meta sem voltarmos no tempo.
Mais precisamente, devemos voltar ao exato momento em que a Apple alterou suas políticas de privacidade.
Na segunda metade de 2021, os usuários do iPhone e do iPad passaram a receber avisos bastante assustadores ao abrirem seus aplicativos, por exemplo:
"Permitir que o Facebook rastreie suas atividades em aplicativos e sites de outras empresas?"
O que antes era a configuração padrão, de permitir o rastreamento dos usuários não só para o Facebook, mas para basicamente todos os aplicativos que você concordou com os termos de uso sem lê-los, tornou-se opcional.
Essa opcionalidade, que a maioria das pessoas sequer sabia existir, foi apresentada aos usuários com um aviso bem "creepy".
Muita gente, assustada, clicou em "não permitir".
Os impactos
As pessoas adoram teorias da conspiração sobre o Facebook, o Instagram e o Whatsapp - as propriedades do Meta.
Sem entrar em juízos de valor, gostaria de explicar o funcionamento dessas plataformas, para falarmos sobre os impactos da mudança na política de privacidade da Apple.
Existem basicamente dois grandes canais de audiência para anunciantes online: Google e Facebook.
O trabalho mais fácil do mundo
Costumo dizer que hoje o Google tem um dos trabalhos mais fáceis do mundo: ao pesquisar alguma coisa no Google, você está dizendo à plataforma quais são os seus interesses.
É muito simples mostrar anúncios de imóveis para pessoas que pesquisaram aluguéis. Mostrar anúncios de fraldas para pessoas que estão pesquisando sobre cuidados na gravidez, e por aí vai.
Nós contamos ao Google o que estamos procurando.
Isso faz dele um canal perfeito para anunciantes conhecidos, que são referências em seus setores.
Coisas que você gostaria de conhecer, mas ainda não sabe
O site Booking.com, por exemplo, é o maior cliente individual do Google no mundo. Você sabe que quer viajar, conta isso ao Google, e o Booking paga uma tarifa para ser uma das primeiras opções para você planejar a sua viagem.
Mas o que acontece com todos os pequenos empreendedores que não são conhecidos? Ou mesmo com as grandes marcas que são muito relevantes num país, mas estão tentando entrar num novo onde são desconhecidas?
Esses anunciantes estão na categoria de coisas que você gostaria de conhecer, mas ainda não sabe disso. O Facebook e o Instagram são especializados em servir esse tipo de anunciante.
Você não conta diretamente ao Facebook quais são seus interesses, mas você deixa sinais. Você curte fotos, clica em links e baixa aplicativos que foram apresentados a você pelos algoritmos da rede social.
Uma pessoa que baixou o famoso game mobile Candy Crush tem propensão a consumir outros jogos mobile casuais.
Essa informação é muito valiosa para milhares de desenvolvedores ao redor do mundo, que estão, neste momento, tentando escalar jogos novos e ainda desconhecidos.
O que a Apple fez foi tirar do Facebook a capacidade de compartilhar esses dados com anunciantes diversos.
Essa mudança impactou todo um ecossistema de pequenos empreendedores, empresas de e-commerce, games e muitos outros que dependiam do Facebook para serem descobertos.
O tamanho desse impacto foi conhecido pelos investidores no último dia 2 de fevereiro, quando os resultados do Meta foram revelados.
Estamos falando de uma cifra de US$ 10 bilhões!
10 bilhões e o TikTok
Além do impacto direto da política de privacidade da Apple, Mark Zuckerberg mencionou inúmeras vezes para os investidores o quanto o TikTok estava incomodando o Instagram e o Facebook.
O incômodo é tanto que o Zuck separou uma verba bilionária para investir no "Reels", que é literalmente uma cópia do TikTok no Instagram, indo para o tudo ou nada no modelo de vídeos curtos.
Não é a primeira vez
Poucos investidores se lembram disso, mas logo após o IPO, em 2012, as ações do Facebook chegaram a cair mais de 40%.
A empresa estava atrasada na migração para o mobile, que Zuck partiu para o tudo ou nada, sofrendo um impacto relevante de curto prazo nas receitas para reconstruir o Facebook no mobile.
Deu certo.
Anos depois, com o crescimento do Snapchat, Zuck entrou em cena mais uma vez para o segundo cavalo de pau do Facebook: o stories.
Mais uma vez, para o tudo ou nada, o Instagram praticamente abandonou a timeline tradicional do Facebook e foi com tudo para o stories.
De novo, deu certo.
Agora, Zuck está em direção ao terceiro ato, contra um dos concorrentes mais difíceis que já enfrentou.
Um turnaround que leva à Estrada do Futuro
Tentei deixar claro que a situação do Meta, neste momento, não é simples: competição concomitante a uma ruptura importante no seu modelo de negócios.
Ao mesmo tempo, acredito que o mercado exagerou na dose, na velocidade com que chegou a suas conclusões.
Os desafios são grandes, mas se existe uma empresa preparada para emergir mais líder do que nunca após as mudanças na política de privacidade da Apple, essa empresa é o Meta.
Ninguém tem tanto acesso a poder computacional, dados e experiência quanto o Meta.
Esses atributos ainda são sustentados por uma receita anual na casa de US$ 120 bilhões, um caixa de US$ 47 bilhões para suportar os investimentos e uma base de 1,9 bilhão de pessoas que acessam seus aplicativos todos os dias.
Além disso, o Meta é hoje o líder na venda de hardwares de realidade virtual, o Quest, que muitos acreditam ser a próxima grande plataforma depois do computador pessoal e do smartphone.
Se, como diria Warren Buffett, é melhor comprar uma boa empresa a um preço justo, do que comprar uma empresa justa a um preço bom, a queda de 50% das ações do Meta, que agora negocia a cerca de 15 vezes os lucros estimados para os próximos 12 meses, é sim uma boa oportunidade de investimento, desde que você esteja ciente dos riscos que eu mencionei acima.
Rodolfo Amstalden: O silêncio entre as notas
Vácuos acumulados funcionaram de maneira exemplar para apaziguar o ambiente doméstico, reforçando o contexto para um ciclo confiável de queda de juros a partir de 2026
A corrida para investir em ouro, o resultado surpreendente do Santander, e o que mais mexe com os mercados hoje
Especialistas avaliam os investimentos em ouro depois do apetite dos bancos centrais por aumentar suas reservas no metal, e resultado do Santander Brasil veio acima das expectativas; veja o que mais vai afetar a bolsa hoje
O que a motosserra de Milei significa para a América Latina, e o que mais mexe com seu bolso hoje
A Argentina surpreendeu nesta semana ao dar vitória ao partido do presidente Milei nas eleições legislativas; resultado pode ser sinal de uma mudança política em rumo na América Latina, mais liberal e pró-mercado
A maré liberal avança: Milei consolida poder e reacende o espírito pró-mercado na América do Sul
Mais do que um evento isolado, o avanço de Milei se insere em um movimento mais amplo de realinhamento político na região
Os balanços dos bancos vêm aí, e mercado quer saber se BB pode cair mais; veja o que mais mexe com a bolsa hoje
Santander e Bradesco divulgam resultados nesta semana, e mercado aguarda números do BB para saber se há um alçapão no fundo do poço
Só um susto: as ações desta small cap foram do céu ao inferno e voltaram em 3 dias, mas este analista vê motivos para otimismo
Entenda o que aconteceu com os papéis da Desktop (DESK3) e por que eles ainda podem subir mais; veja ainda o que mexe com os mercados hoje
Por que o tombo de Desktop (DESK3) foi exagerado — e ainda vejo boas chances de o negócio com a Claro sair do papel
Nesta semana os acionistas tomaram um baita susto: as ações DESK3 desabaram 26% após a divulgação de um estudo da Anatel, sugerindo que a compra da Desktop pela Claro levaria a concentração de mercado para níveis “moderadamente elevados”. Eu discordo dessa interpretação, e mostro o motivo.
Títulos de Ambipar, Braskem e Raízen “foram de Americanas”? Como crises abalam mercado de crédito, e o que mais movimenta a bolsa hoje
Com crises das companhias, investir em títulos de dívidas de empresas ficou mais complexo; veja o que pode acontecer com quem mantém o título até o vencimento
Rodolfo Amstalden: As ações da Ambipar (AMBP3) e as ambivalências de uma participação cruzada
A ambição não funciona bem quando o assunto é ação, e o caso da Ambipar ensina muito sobre o momento de comprar e o de vender um ativo na bolsa
Caça ao Tesouro amaldiçoado? Saiba se Tesouro IPCA+ com taxa de 8% vale a pena e o que mais mexe com seu bolso hoje
Entenda os riscos de investir no título público cuja remuneração está nas máximas históricas e saiba quando rendem R$ 10 mil aplicados nesses papéis e levados ao vencimento
Crônica de uma tragédia anunciada: a recuperação judicial da Ambipar, a briga dos bancos pelo seu dinheiro e o que mexe com o mercado hoje
Empresa de gestão ambiental finalmente entra com pedido de reestruturação. Na reportagem especial de hoje, a estratégia dos bancões para atrair os clientes de alta renda
Entre o populismo e o colapso fiscal: Brasília segue improvisando com o dinheiro que não tem
O governo avança na implementação de programas com apelo eleitoral, reforçando a percepção de que o foco da política econômica começa a se deslocar para o calendário de 2026
Felipe Miranda: Um portfólio para qualquer clima ideológico
Em tempos de guerra, os generais não apenas são os últimos a morrer, mas saem condecorados e com mais estrelas estampadas no peito. A boa notícia é que a correção de outubro nos permite comprar alguns deles a preços bastante convidativos.
A temporada de balanços já começa quente: confira o calendário completo e tudo que mexe com os mercados hoje
Liberamos o cronograma completo dos balanços do terceiro trimestre, que começam a ser divulgados nesta semana
CNH sem autoescola, CDBs do Banco Master e loteria +Milionária: confira as mais lidas do Seu Dinheiro na semana
Matérias sobre o fechamento de capital da Gol e a opinião do ex-BC Arminio Fraga sobre os investimentos isentos de IR também integram a lista das mais lidas
Como nasceu a ideia de R$ 60 milhões que mudou a história do Seu Dinheiro — e quais as próximas apostas
Em 2016, quando o Seu Dinheiro ainda nem existia, vi um gráfico em uma palestra que mudou minha carreira e a história do SD
A Eletrobras se livrou de uma… os benefícios da venda da Eletronuclear, os temores de crise de crédito nos EUA e mais
O colunista Ruy Hungria está otimista com Eletrobras; mercados internacionais operam no vermelho após fraudes reveladas por bancos regionais dos EUA. Veja o que mexe com seu bolso hoje
Venda da Eletronuclear é motivo de alegria — e mais dividendos — para os acionistas da Eletrobras (ELET6)
Em um único movimento a companhia liberou bilhões para investir em outros segmentos que têm se mostrado bem mais rentáveis e menos problemáticos, além de melhorar o potencial de pagamento de dividendos neste e nos próximos anos
Projeto aprovado na Câmara permite divórcio após a morte de um dos cônjuges, com mudança na divisão da herança
Processos iniciados antes do falecimento poderão ter prosseguimento a pedido dos herdeiros, deixando cônjuge sobrevivente de fora da herança
A solidez de um tiozão de Olympikus: a estratégia vencedora da Vulcabras (VULC3) e o que mexe com os mercados hoje
Conversamos com o CFO da Vulcabras, dona das marcas Olympikus e Mizuno, que se tornou uma queridinha entre analistas e gestores e paga dividendos mensais