🔴 ONDE INVESTIR EM OUTUBRO? MELHORES AÇÕES, FIIS E DIVIDENDOS – CONFIRA AQUI

A verdadeira saída nuclear: o motivo que faltava para elevar nossos investimentos em energia atômica

Nos últimos anos, os preços do urânio parecem ter caído demais, chegando a uma região ‘oversold’; guerra pode reverter rejeição à energia nuclear

8 de março de 2022
6:24 - atualizado às 13:30
Cotação do urânio parece ter atingido nível de 'sobrevenda' -

Com o domínio completo do noticiário pela guerra na Ucrânia, o mercado tem buscado se posicionar cada vez mais em alguns investimentos que se beneficiam das tensões no leste europeu, associados com inflação e commodities, ainda que de maneira cautelosa.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Títulos indexados à inflação, petróleo, gás natural e metais preciosos são os nomes geralmente apresentados pelo mercado como veículos para surfar o atual momento de estresse. Contudo, naturalmente, haveria uma saturação dessas posições.

Começaram a nascer, porém, outras avenidas de exposição interessantes, derivadas também do conflito entre ucranianos e russos. A que mais me chama a atenção é uma velha conhecida minha: a energia nuclear. Falo aqui mais precisamente do urânio.

Preço do urânio está baixo

Nos últimos anos, os preços do urânio parecem ter caído demais, chegando a uma região "oversold" ("sobrevendida", ou vendida em demasia). Depois de atingir seu fundo há algum tempo, a commodity vem subindo em uma trajetória robusta nos últimos dois anos e pode ter acabado de sair desse fundo.

Note abaixo que, finalmente, conseguimos recuperar o patamar de dez anos atrás, impulsionados pela demanda energética, carente de alternativas limpas na transição necessária para a nossa matriz de energia nos próximos anos.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
Fonte: Trading Economics

Hoje, os futuros de urânio negociam acima de US$ 51 por libra-peso, próximo da máxima em 10 anos, em meio a preocupações com a oferta, enquanto os preços do petróleo dispararam e o futuro incerto do fornecimento de energia na Europa levou os investidores a aumentarem as apostas em alternativas aos combustíveis fósseis.

Leia Também

Negócio de risco

A verdade é que, atualmente, muitas commodities estão em alta. Meu entendimento é o de que algumas delas provavelmente estão apenas começando a subir, sendo o urânio uma delas. Claro, é preciso entender que qualquer exposição ao urânio, e provavelmente também às ações de urânio, é uma proposta bastante arriscada.

Vale destacar que, apesar dos nossos esforços, 80% da energia consumida no mundo ainda vem de combustíveis fósseis. O debate sobre meio ambiente, mudança climática e ESG tem se tornado relevante, mas o processo tem sido gradual demais.

A guerra pode ter se transformado no gatilho para a troca da matriz energética que a mudança climática tentava ser há anos e não tinha tanto sucesso em convencer os governos. A escalada de ataques e violações do cessar-fogo das forças russas na Ucrânia renovaram as preocupações de que os EUA poderiam considerar sancionar as importações, inclusive de urânio (setor nuclear).

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Para ilustrar, o setor de energia nuclear dos EUA produz 20% da eletricidade do país e depende da Rússia e de seus aliados para cerca de metade do urânio que alimenta suas usinas.

Enquanto isso, os preços mais altos dos combustíveis fósseis e os esforços para reduzir a dependência da energia russa melhoraram as perspectivas globais para a energia nuclear.

Energia nuclear ganha força

Não precisamos que a substituição daqueles 80% se deem 100% por meio de matriz renovável, mas, sim, por meio de energia de baixa ou de zero emissão. Notadamente, renováveis são parte importante desse processo; contudo, não são a única forma. Energia nuclear entra nesse segundo grupo.

Por isso, cada vez mais vemos fortes advogados da energia nuclear no mundo.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

A ideia por trás do movimento é que você não conseguiria atingir as metas de emissão do Acordo de Paris sem a participação da energia nuclear. A energia nuclear é uma forma limpa ("verde") de geração, apesar de não ser renovável (o urânio é limitado na natureza) e ser rejeitada por um grupo ainda pelo preconceito derivado dos acidentes nucleares do passado.

Um problema mais político do que econômico

Na verdade, o problema acaba sendo mais político do que econômico.

Político porque ainda há alguns grupos duros contra a energia nuclear. O argumento é de que as grandes usinas são de lenta construção e caras tanto em termos absolutos quanto em termos de eletricidade que produzem.

Adicionalmente, seu risco muito pequeno, mas real, de falha catastrófica requer um alto nível de regulamentação e tem um histórico perturbador de captura regulatória, amplamente demonstrado no Japão (produz resíduos extremamente duradouros e tóxicos).

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Todos esses fatores contribuem para um mal-estar com a tecnologia. Na Alemanha, por exemplo, essa ala política teve muita voz na última década, o que exacerbou a dependência alemã ao gás russo. 

A Alemanha, na verdade, acabou com a energia nuclear. Após o desastre nuclear de Fukushima no Japão em 2011, a Alemanha anunciou a intenção de eliminar gradualmente a energia nuclear. Também fechou várias de suas usinas nucleares em funcionamento, com o plano atual de fechar o restante deste ano.

Agora, porém, tal plano pode ser revertido.

Energia nuclear bem regulamentada é segura

No final do dia, a energia nuclear bem regulamentada é segura. Com a terrível exceção de Chernobyl na era soviética, os desastres nucleares aconteceram sem grandes números de mortos — foi o tsunami, não a radiação, que tirou quase todas as vidas em Fukushima. 

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Assim, neste momento, se os custos do petróleo e do gás continuarem subindo e as tensões geopolíticas continuarem a aumentar, ou mesmo permanecerem nos níveis atuais, é provável que a energia nuclear acabe recebendo uma oferta séria de diversos países.

É o caso dos membros da União Europeia, que podem em breve considerar a energia nuclear como verdadeiramente verde (como de fato é) de modo a incentivar o desenvolvimento dela.

Diminuindo a dependência

Ou seja, a energia nuclear poderia ser adotada como medida para reduzir a dependência europeia do petróleo e do gás russos, bem como do petróleo e do gás de todas as fontes. As atuais preocupações geopolíticas poderiam potencialmente iniciar e reiniciar planos anteriores que incluíam energia nuclear.

Não podemos nos esquecer que o clima está em crise e as usinas nucleares podem fornecer algumas das vastas quantidades de eletricidade livre de emissões que o mundo precisa para lidar com isso — as energias solar e eólica até podem ser agora muito mais baratas do que eram antes, mas continuam sendo intermitentes.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Com isso, fornecer uma rede confiável é muito mais fácil se parte de sua capacidade de geração puder ser considerada disponível o tempo todo. A energia nuclear fornece essa capacidade sem emissões contínuas, e está fazendo isso com segurança e em escala.

Nem mesmo o ataque angustiante da Rússia à maior usina nuclear da Ucrânia na semana passada deveria nos assustar. Isso porque o incidente não resultou em outro Chernobyl, em parte porque a usina é um gigante complexo blindado que pode resistir a praticamente qualquer coisa que a Rússia ou a natureza possam lançar nele — modelo moderno de usina.

Dessa forma, se essa tendência continuar, os preços do urânio podem ter um longo caminho a percorrer. O urânio atingiu o pico pela última vez em US$ 70 em 2011 e chegou a US$ 136 em 2007. Embora não seja certo que os preços estejam voltando a esses níveis, é possível que o urânio esteja se movendo para uma nova faixa de preço para esta década que seja geralmente superior. Estimativas apontam para algo próximo de US$ 60 por libra-peso até o fim de 2022.

Fonte: Trading Economics

Sim, eu sei que a energia nuclear é uma questão complicada nos dias de hoje. Ainda assim, tem um forte potencial para ser escolhida como uma alternativa adequada no futuro. Por isso, o investimento em empresas do setor, em fundos ou em ETFs deve ser realizado com cuidado.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Ou seja, tudo isso, claro, feito sob o devido dimensionamento das posições, conforme seu perfil de risco, e a devida diversificação de carteira, com as respectivas proteções associadas.

A quem interessar possa

Para quem topa correr esse risco com algo como 1% de seu patrimônio (aquilo que você topa perder), o fundo índice (ETF) Global X Uranium ETF (NYSE: URA) oferece acesso a uma ampla gama de mineradores de urânio, bem como produtores de componentes nucleares, como empresas envolvidas na extração, refino, exploração de urânio, bem como aquelas que fabricam equipamentos para as indústrias de urânio e nuclear.

Pode ser uma boa alternativa para se expor nesse mercado volátil, mas bastante promissor, que pode ter nessa guerra mais um gatilho para se tornar atrativo para os países.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

COMPARTILHAR

Whatsapp Linkedin Telegram
BOMBOU NO SD

CNH sem autoescola, CDBs do Banco Master e loteria +Milionária: confira as mais lidas do Seu Dinheiro na semana

19 de outubro de 2025 - 15:02

Matérias sobre o fechamento de capital da Gol e a opinião do ex-BC Arminio Fraga sobre os investimentos isentos de IR também integram a lista das mais lidas

VISAO 360

Como nasceu a ideia de R$ 60 milhões que mudou a história do Seu Dinheiro — e quais as próximas apostas

19 de outubro de 2025 - 8:00

Em 2016, quando o Seu Dinheiro ainda nem existia, vi um gráfico em uma palestra que mudou minha carreira e a história do SD

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

A Eletrobras se livrou de uma… os benefícios da venda da Eletronuclear, os temores de crise de crédito nos EUA e mais

17 de outubro de 2025 - 7:55

O colunista Ruy Hungria está otimista com Eletrobras; mercados internacionais operam no vermelho após fraudes reveladas por bancos regionais dos EUA. Veja o que mexe com seu bolso hoje

SEXTOU COM O RUY

Venda da Eletronuclear é motivo de alegria — e mais dividendos — para os acionistas da Eletrobras (ELET6)

17 de outubro de 2025 - 6:07

Em um único movimento a companhia liberou bilhões para investir em outros segmentos que têm se mostrado bem mais rentáveis e menos problemáticos, além de melhorar o potencial de pagamento de dividendos neste e nos próximos anos

VONTADE DOS CÔNJUGES

Projeto aprovado na Câmara permite divórcio após a morte de um dos cônjuges, com mudança na divisão da herança

16 de outubro de 2025 - 15:22

Processos iniciados antes do falecimento poderão ter prosseguimento a pedido dos herdeiros, deixando cônjuge sobrevivente de fora da herança

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

A solidez de um tiozão de Olympikus: a estratégia vencedora da Vulcabras (VULC3) e o que mexe com os mercados hoje

16 de outubro de 2025 - 8:09

Conversamos com o CFO da Vulcabras, dona das marcas Olympikus e Mizuno, que se tornou uma queridinha entre analistas e gestores e paga dividendos mensais

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: O que o Nobel nos ensina sobre decisões de capex?

15 de outubro de 2025 - 19:57

Bebendo do alicerce teórico de Mokyr, Philippe Aghion e Peter Howitt se destacaram por estudar o papel das inovações tecnológicas nas economias modernas

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

A fome de aquisições de um FII que superou a crise da Americanas e tudo que mexe com o seu bolso nesta quarta (15)

15 de outubro de 2025 - 7:47

A história e a estratégia de expansão do GGRC11, prestes a se tornar um dos cinco maiores FIIs da bolsa, são os destaques do dia; nos mercados, atenção para a guerra comercial, o Livro Bege e balanços nos EUA

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Um atalho para a bolsa: os riscos dos IPOs reversos, da imprevisibilidade de Trump e do que mexe com o seu bolso hoje

14 de outubro de 2025 - 8:08

Reportagem especial explora o caminho encontrado por algumas empresas para chegarem à bolsa com a janela de IPOs fechada; colunista Matheus Spiess explora o que está em jogo com a nova tarifa à China anunciada por Trump

INSIGHTS ASSIMÉTRICOS

100% de tarifa, 0% de previsibilidade: Trump reacende risco global com novo round da guerra comercial com a China

14 de outubro de 2025 - 7:48

O republicano voltou a impor tarifas de 100% aos produtos chineses. A decisão foi uma resposta direta ao endurecimento da postura de Pequim

EXILE ON WALL STREET

Felipe Miranda: Perdidos no espaço-tempo

13 de outubro de 2025 - 19:58

Toda a Ordem Mundial dos últimos anos dá lugar a uma nova orientação, ao menos, por enquanto, marcada pela Desordem

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Abuse, use e invista: C&A queridinha dos analistas e Trump de volta ao morde-assopra com a China; o que mexe com o mercado hoje?

13 de outubro de 2025 - 7:40

Reportagem especial do Seu Dinheiro aborda disparada da varejista na bolsa. Confira ainda a agenda da semana e a mais nova guerra tarifária do presidente norte-americano

TRILHAS DE CARREIRA

ThIAgo e eu: uma conversa sobre IA, autenticidade e o futuro do trabalho

12 de outubro de 2025 - 7:04

Uma colab entre mim e a inteligência artificial para refletir sobre três temas quentes de carreira — coffee badging, micro-shifting e as demissões por falta de produtividade no home office

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

A pequena notável que nos conecta, e o que mexe com os mercados nesta sexta-feira (10)

10 de outubro de 2025 - 7:59

No Brasil, investidores avaliam embate após a queda da MP 1.303 e anúncio de novos recursos para a construção civil; nos EUA, todos de olho nos índices de inflação

SEXTOU COM O RUY

Esta ação subiu mais de 50% em menos de um mês – e tem espaço para ir bem mais longe

10 de outubro de 2025 - 6:03

Por que a aquisição da Desktop (DESK3) pela Claro faz sentido para a compradora e até onde pode ir a Microcap

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Menos leão no IR e mais peru no Natal, e o que mexe com os mercados nesta quinta-feira (9)

9 de outubro de 2025 - 8:06

No cenário local, investidores aguardam inflação de setembro e repercutem derrota do governo no Congresso; nos EUA, foco no discurso de Powell

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: No news is bad news

8 de outubro de 2025 - 19:59

Apuração da Bloomberg diz que os financistas globais têm reclamado de outubro principalmente por sua ausência de notícias

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Pão de queijo, doce de leite e… privatização, e o que mexe com os mercados nesta quarta-feira (8)

8 de outubro de 2025 - 8:10

No Brasil, investidores de olho na votação da MP do IOF na Câmara e no Senado; no exterior, ata do Fomc e shutdown nos EUA

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

O declínio do império americano — e do dólar — vem aí? Saiba também o que mexe com os mercados hoje

7 de outubro de 2025 - 8:26

No cenário nacional, investidores repercutem ligação entre Lula e Trump; no exterior, mudanças políticas na França e no Japão, além de discursos de dirigentes do Fed

INSIGHTS ASSIMÉTRICOS

O dólar já não reina sozinho: Trump abala o status da moeda como porto seguro global — e o Brasil pode ganhar com isso

7 de outubro de 2025 - 7:37

Trump sempre deixou clara sua preferência por um dólar mais fraco. Porém, na prática, o atual enfraquecimento não decorre de uma estratégia deliberada, mas sim de efeitos colaterais das decisões que abalaram a confiança global na moeda

Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Fechar