Sua primeira vez, gringo? Saiba como o Brasil serve de exemplo para os bancos centrais do mundo
Na visão de Andrew Reider, chefe de investimentos da WHG, o brasileiro costuma se dar melhor quando muda o paradigma, porque ele já viu de tudo
Em seu genial livro “A Psicologia Financeira”, que nós não cansamos de citar por aqui, Morgan Housel, explica que investidores em geral têm a tendência de considerar que suas vivências econômicas e financeiras são a regra geral ou o status quo desse universo.
Ele até atribui uma porcentagem: “suas experiências pessoais com dinheiro respondem por 0,00000001% do que acontece no mundo, mas por 80% da forma como você acha que o mundo funciona” (essa citação é a primeira frase do primeiro capítulo, mas juro que li o livro inteiro).
A tese vem de estudos que tentaram compreender investimos e descobriram que nossas decisões são fortemente ancoradas pelo que vivemos, principalmente quando somos jovens adultos.
Quem viveu períodos de bolsa em alta tende a investir mais em bolsa, e assim por diante.
Financeiramente, nossa experiência é nossa régua, mapa e lei.
A memória muscular dos investidores
Será que isso vale só para nós, pessoas físicas, ou também para gente graúda, como, digamos, traders profissionais, gestores de recursos, conselheiros e presidentes de bancos centrais?
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A julgar pelos últimos acontecimentos macroeconômicos do planeta, essa memória muscular financeira vale para todo mundo.
Basta olhar as curvas de juros e inflação brasileira e internacionais nos últimos meses: enquanto o Brasil começou a subir sua taxa básica no começo de 2021 e já vê a inflação ceder, lá fora ainda se discute até onde ambos podem chegar.
O mundo lidando com a inflação
No episódio 17 do Market Makers, que vai ao ar hoje, às 18h, temos uma pista de que esse viés proposto por Housel é verdade também entre profissionais.
A conversa foi com dois gestores brasileiros de fundos internacionais que trabalharam longamente em Nova York e Londres — Andrew Reider, da WHG, e Thiago Melzer, da Upon.
“Temos duas gerações de traders lá fora que nunca viram juros subirem. É difícil brigar com esse hábito. Não é que eles não entendam o que é inflação, mas eles estão ganhando dinheiro há 14 anos recebendo juros”, explica Melzer.
“Mudar isso é extremamente complicado e quem tem menos de 15 anos de mercado nem sabe onde fica a tecla de vender bonds”, brinca.
No mundo das ações, a mesma coisa:
"O americano só sabe fazer o ‘buy the dip’. Em qualquer crise já tinha o Fed para ajudar”, diz Andrew.

Brasil como exemplo
Em uma reportagem publicada ontem, o Financial Times mostrou que essa falta de repertório gringa vai além de traders e gestores.
O texto começa com “A América Latina raramente lidera o mundo em política econômica” — o que não poderíamos deixar de concordar — mas em seguida mostra que, dessa vez, nossos BCs estão ensinando os demais:
“Somos muito mais baseados em modelos [...] E quando você coloca em seu modelo 25 anos de dados nos quais a inflação foi de cerca de 2%, o que quer que você coloque no lado da variável independente não lhe dará uma taxa de inflação muito superior a 2,5% [...]. Os banqueiros centrais latino-americanos usam modelos, mas também usam sua experiência e sua experiência de inflação é muito mais recente”, conclui o texto.
Nas palavras do Andrew: “Quando muda o paradigma, o brasileiro costuma se dar melhor, porque ele já viu de tudo".
É como diz o ditado: Banco Central escaldado tem medo de inflação.
Abraços,
Renato Santiago
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