Copom eleva a Selic em mais meio ponto, a 13,75%, e avisa os passageiros: o avião dos juros está quase em altitude de cruzeiro
Conforme projetado pelo mercado, a Selic chegou a 13,75% ao ano; veja os detalhes da decisão de juros do Copom
O comandante Roberto Campos Neto puxou o manche da aeronave dos juros: se os ventos da inflação estão cada vez mais fustigantes, o melhor é ultrapassar as nuvens o quanto antes para fugir da turbulência. E, com esse plano de voo em mente, o Copom subiu a Selic em mais meio ponto, ao patamar de 13,75% ao ano.
É a décima segunda elevação consecutiva da taxa básica de juros, que estava em 2% ao ano no começo do ano passado. E não é para menos: o IPCA acumulado em 12 meses está acima dos 10% desde setembro de 2021 — uma pressão capaz de fazer qualquer economia derrapar.
Mas, depois de um salto de quase 12 pontos percentuais (p.p.) na Selic, o comandante Campos Neto avisou os tripulantes e passageiros: o avião está quase em altitude de cruzeiro. O Copom deu a entender que o ciclo de elevação de juros está quase concluído, deixando em aberto a possibilidade de uma "nova alta residual" no horizonte.

Esta é a terceira elevação consecutiva da Selic em 0,5 p.p.; o Copom vem suavizando o ritmo de altas nos juros desde março — no auge do aperto monetário, os saltos na taxa básica de juros eram de 1,5 ponto por reunião. A decisão de hoje foi unânime.
"O Comitê entende que essa decisão reflete a incerteza ao redor de seus cenários e um balanço de riscos com variância ainda maior do que a usual para a inflação prospectiva, e é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante, que inclui o ano de 2023 e, em grau menor, o de 2024", diz o Copom, em sua decisão.
A alta de 0,5 ponto na Selic já era amplamente esperada pelo mercado; no entanto, o não comprometimento com o fim do ciclo de aperto pode pegar parte dos investidores de surpresa, já que muitos agentes financeiros apostavam que o Copom iria cravar a interrupção nas elevações dos juros já nesta reunião.
Leia Também
Copom e Selic: preocupação com o lado fiscal
Como tem sido de praxe, o Copom destacou os riscos externos e as instabilidades geopolíticas diversas vezes em sua decisão de juros. No entanto, chama a atenção o protagonismo de um fator que, até agora, vinha ficando em segundo plano: a incerteza quanto à trajetória fiscal do Brasil.
E o BC é explícito, citando nominalmente os "estímulos fiscais adicionais" para garantir a sustentação da demanda — ou seja, as iniciativas de auxílio social propostas pelo governo Bolsonaro que incluem gastos extraordinários no orçamento da União.
O Comitê pondera que a possibilidade de que medidas fiscais de estímulo à demanda se tornem permanentes acentua os riscos de alta para o cenário inflacionário.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADECONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADEComunicado do Copom com a decisão de juros da reunião do dia 3 de agosto de 2022
Com os riscos fiscais em mente — além da volatilidade no exterior e de uma dinâmica doméstica ligeiramente mais salutar que o previsto —, o Copom diz ser apropriado que o ciclo de aperto monetário "continue avançando significativamente em território ainda mais contracionista", de modo a consolidar o processo de desinflação e a ancoragem das expectativas em torno das metas.
"O Comitê avaliará a necessidade de um ajuste residual, de menor magnitude, em sua próxima reunião".
Selic: como o cenário de inflação se comportou?
Também como de costume, o Copom forneceu uma "atualização de cenário", analisando como as principais variáveis que interferem no ciclo monetário se comportaram desde a última reunião:
- Ambiente externo: segue adverso e volátil, com revisões negativas para o crescimento global e um contexto inflacionário pressionado — nada positivo, portanto;
- Ambiente interno: indicadores mostram crescimento econômico no segundo trimestre, com uma retomada do mercado de trabalho "mais forte do que era esperada". A inflação segue elevada.
Ou seja: por mais que o cenário doméstico tenha tido desdobramentos favoráveis, o pano de fundo ainda é bastante tumultuado para a Selic. É possível que uma reversão nos preços das commodities ajude a dar alívio à inflação, assim como uma desaceleração mais firme da atividade econômica; ainda assim, o cenário inflacionário requer "serenidade na avaliação dos riscos".
Copom de olho em 2024
Por fim, chama a atenção um pequeno detalhe no comunicado do Copom: a menção ao ano de 2024 dentro do horizonte relevante de metas de inflação — até a reunião anterior, o BC citava apenas o ano de 2023. É um sinal de que a autoridade monetária já está 'jogando a toalha' para o ano que vem e pensando na Selic mais adiante?
Bem, não necessariamente. O Copom explica que as projeções de inflação para 2022 e 2023 estavam sujeitas a "impactos elevados associados às alterações tributárias entre os anos-calendário"; por isso, o comitê optou por dar ênfase à inflação em 12 meses no primeiro trimestre de 2024, de modo a suavizar esses efeitos.
Segundo o último boletim Focus, divulgado na segunda-feira (1), o mercado projeta inflação acumulada de 7,15% ao fim deste ano, acima do teto da meta definida pelo BC, de 5%. Em 2023, as estimativas são de IPCA em 5,33%, também estourando o teto da meta para o ano, de 4,75%.
E para 2024? Neste caso, as previsões do Focus são de IPCA em 3,3%, abaixo do teto de 3,5%. É um horizonte de tempo bastante prolongado, mas que já entra na mira da autoridade monetária, dentro do discurso de ancoragem das expectativas.
Selic: nas máximas em muito tempo
Os atuais 13,75% ao ano da Selic representam o maior patamar para a taxa básica de juros em muito tempo — desde novembro de 2016, para ser mais exato, quando o mesmo nível foi atingido.
Considerando o tom da comunicação do BC, dando a entender que o próximo movimento será de alta de 0,25 ponto ou de interrupção das elevações, é razoável trabalhar com um cenário de Selic a 14% ao ano, igualando o patamar de outubro de 2016 e ficando a um degrau do pico daquele ciclo de aperto monetário, a 14,25%.
E uma Selic além dos 14,25%? Bem, aí é preciso voltar bem mais no tempo — até 2006. Mas, ao que tudo indica, a altitude de cruzeiro da aeronave dos juros será mais baixa na viagem atual.

Concurso do IBGE 2025 tem 9,5 mil vagas com salários de até R$ 3.379; veja cargos e como se inscrever
Prazo de inscrição termina nesta quinta (11). Processo seletivo do IBGE terá cargos de agente e supervisor, com salários, benefícios e prova presencial
Heineken dá calote em fundo imobiliário, inadimplência pesa na receita, e cotas apanham na bolsa; confira os impactos para o cotista
A gestora do FII afirmou que já realizou diversas tratativas com a locatária para negociar os valores em aberto
Investidor estrangeiro minimiza riscos de manutenção do governo atual e cenários negativos estão mal precificados, diz Luis Stuhlberger
Na carta mensal do Fundo Verde, gestor afirmou que aumentou exposição às ações locais e está comprado em real
Após imbróglio, RBVA11 devolve agências à Caixa — e cotistas vão sair ganhando nessa
Com o distrato, o fundo reduziu ainda mais sua exposição ao setor financeiro, que agora representa menos de 24% do portfólio total
Efeito Flávio derruba a bolsa: Ibovespa perde mais de 2 mil pontos em minutos e dólar beira R$ 5,50 na máxima do dia
Especialistas indicam que esse pode ser o começo da real precificação do cenário eleitoral no mercado local, depois de sucessivos recordes do principal índice da bolsa brasileira
FII REC Recebíveis (RECR11) mira R$ 60 milhões com venda de sete unidades de edifício em São Paulo
Apesar de não ter informado se a operação vai cair como um dinheiro extra no bolso dos cotistas, o RECR11 voltou a aumentar os dividendos em dezembro
Ações de IA em alta, dólar em queda, ouro forte: o que esses movimentos revelam sobre o mercado dos EUA
Segundo especialistas consultados pelo Seu Dinheiro, é preciso separar os investimentos em equities de outros ativos; entenda o que acontece no maior mercado do mundo
TRX Real Estate (TRXF11) abocanha novos imóveis e avança para o setor de educação; confira os detalhes das operações
O FII fez sua primeira compra no segmento de educação ao adquirir uma unidade da Escola Eleva, na Barra da Tijuca (RJ)
O estouro da bolsa brasileira: gestor rebate tese de bolha na IA e vê tecnologia abrindo janela de oportunidade para o Brasil
Em entrevista exclusiva ao Seu Dinheiro, Daniel Popovich, gestor da Franklin Templeton, rebate os temores de bolha nas empresas de inteligência artificial e defende que a nova tecnologia se traduzirá em crescimento de resultados para as empresas e produtividade para as economias
Aura (AURA33): small cap que pode saltar 50% está no pódio das ações para investir em dezembro segundo 9 analistas
Aura Minerals (AURA33) pode quase dobrar a produção; oferece exposição ao ouro; paga dividendos trimestrais consistentes e negocia com forte desconto.
CVM suspende 6 empresas internacionais por irregularidades na oferta de investimentos a brasileiros; veja quais são
Os sites, todos em português, se apresentam como plataformas de negociação em mercados globais, com ativos como moedas estrangeiras, commodities, metais, índices, ETFs, ações, criptoativos e outros
Bolsa perdeu R$ 183 bilhões em um único dia; Itaú Unibanco (ITUB4) teve maiores perdas
Essa é a maior queda desde 22 de fevereiro de 2021, ainda período da pandemia, e veio depois que Flávio Bolsonaro foi confirmado como candidato à presidência pelo PL
Do céu ao inferno: Ibovespa tem a maior queda desde 2021; dólar e juros disparam sob “efeito Flávio Bolsonaro”
Até então, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, era cotado como o mais provável candidato da direita, na avaliação do mercado, embora ele ainda não tivesse anunciado a intenção de concorrer à presidência
Pequenas e poderosas: Itaú BBA escolhe as ações small cap com potencial de saltar até 50% para carteira de dezembro
A Plano & Plano (PLP3) tem espaço para subir até 50,6%; já a Tenda (TEND3) pode ter valorização de 45,7%
Ibovespa sobe 1,65% e rompe os 164 mil pontos em forte sequência de recordes. Até onde o principal índice da bolsa pode chegar?
A política monetária, com o início do ciclo de cortes da Selic, é um dos gatilhos para o Ibovespa manter o sprint em 2026, mas não é o único; calculamos até onde o índice pode chegar e explicamos o que o trouxe até aqui
Ibovespa vai dar um salto de 18% e atingir os 190 mil pontos com eleições e cortes na Selic, segundo o JP Morgan
Os estrategistas reconhecem que o Brasil é um dos poucos mercados emergentes com um nível descontado em relação à média histórica e com o múltiplo de preço sobre lucro muito mais baixo do que os pares emergentes
Empresas listadas já anunciaram R$ 68 bilhões em dividendos do quarto trimestre — e há muito mais por vir; BTG aposta em 8 nomes
Levantamento do banco mostra que 23 empresas já anunciaram valor ordinários e extraordinários antes da nova tributação
Pátria Malls (PMLL11) vai às compras, mas abre mão de parte de um shopping; entenda o impacto no bolso do cotista
Somando as duas transações, o fundo imobiliário deverá ficar com R$ 40,335 milhões em caixa
BTLG11 é destronado, e outros sete FIIs disputam a liderança; confira o ranking dos fundos imobiliários favoritos para dezembro
Os oito bancos e corretoras consultados pelo Seu Dinheiro indicaram três fundos de papel, dois fundos imobiliários multiestratégia e dois FIIs de tijolo
A bolsa não vai parar: Ibovespa sobe 0,41% e renova recorde pelo 2º dia seguido; dólar cai a R$ 5,3133
Vale e Braskem brilham, enquanto em Nova York, a Microsoft e a Nvidia tropeçam e terminam a sessão com perdas
