🔴 NO AR: ONDE INVESTIR EM JUNHO – CONFIRA +30 RECOMENDAÇÕES PARA ESTE MÊS – ASSISTA AGORA

Kaype Abreu

Kaype Abreu

Formado em Jornalismo pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Colaborou com Estadão, Gazeta do Povo, entre outros.

Entrevista exclusiva

Como a Multilaser (MLAS3) quer usar o ‘custo Brasil’ e o dinheiro do IPO na B3 para expandir seus negócios

Presente na nova safra da bolsa brasileira, empresa é dona de marcas estrangeiras no país de companhias que não conseguem tornar operação rentável no Brasil

Kaype Abreu
Kaype Abreu
7 de outubro de 2021
5:50 - atualizado às 15:14
Alexandre Ostrowiecki
Alexandre Ostrowiecki, o CEO da Multilaser - Imagem: Daniel Valenti / Multilaser / Divulgação

Você já deve ter ouvido falar na expressão "custo Brasil". Ela costuma ser associada à típica burocracia que afasta empresas e investidores — em especial os estrangeiros — de fazer negócios no país. Pois essa dificuldade acabou se tornando um dos trunfos da Multilaser (MLAS3).

A fabricante de eletroeletrônicos faz parte da nova safra de empresas que abriram o capital na bolsa brasileira. Depois de uma estreia retumbante — com uma alta de 17% no primeiro dia de negócios — as ações acabaram sofrendo junto com a piora do mercado e agora acumulam queda mais de 40% desde o IPO (sigla em inglês para oferta pública de ações).

A companhia fundada pelo polonês Israel Ostrowiecki está habituada aos altos e baixos do país. Agora com o caixa reforçado por R$ 1,9 bilhão dos novos sócios na B3, a Multilaser avança com um plano de expansão que consiste, além do investimento em marcas próprias e da compra de outras companhias, no licenciamento de marcas estrangeiras.

"É mais difícil para uma multinacional ficar no Brasil se ela tem uma participação pequena de mercado. A ausência de escala encarece a produção", diz o CEO da Multilaser, Alexandre Ostrowiecki, filho do fundador da companhia, em entrevista ao Seu Dinheiro.

Segundo o executivo, estrangeiros ficam "horrorizados" com a burocracia no país. "Nós como empresa brasileira temos uma escala maior e não temos escolha: nem passa pela nossa cabeça sair do Brasil", diz ele.

Embora não deixe o país, a companhia mira outros mercados, com produtos que ainda correspondem a 1% da receita total. Ostrowiecki destaca Chile e Angola, mas diz que são mercados "completamente diferentes, em termos de desenvolvimento e maturidade do varejo".

Leia Também

"O Chile tem grandes redes de varejo, desenvolvidas, com livre comércio, com produtos de todo o mundo. Mas em Angola não existem grandes redes. Há pequenas lojinhas, não existe crédito, não tem entrega", comenta o executivo.

Multilaser: uma empresa, várias marcas

A Multilaser tem contrato no modelo de royalties com a Fisher-Price e a Michelin, enquanto com a Nokia e Toshiba, por exemplo, há um acordo para fabricação no Brasil com componentes originários das marcas.

A empresa leva de seis meses a dois anos para obter o direito sobre uma marca, atuando nos segmentos dispositivos móveis; escritório e soluções de TI; casa inteligente; kids, pets e esportes.

"Ser diversificado é da natureza da Multilaser", diz Ostrowiecki sobre a companhia fundada no final dos anos 1980 —quando importava copiadoras da Xerox e vendia cartuchos reciclados para impressoras.

Segundo o executivo, o modelo de negócios da empresa é sustentado por uma "cultura de descentralização" e por um ecossistema de software para gestão — considerado por ele "muito avançado", com políticas "bem definidas para medir a performance de cada produto".

A Multilaser tem capacidade de produzir para diferentes segmentos porque um mesmo tipo de máquina pode fazer a inserção de diferentes componentes, no caso dos eletrônicos.

Nas linhas de montagem as maquinhas são diferentes para cada tipo de produto, mas seguem no mesmo ambiente porque os produtos são parecidos, explica Ostrowiecki.

Pet e outras tendências

O segmento pet é a mais recente aposta da Multilaser, que lançou a marca Mimo e comprou a Expet, marca de tapetes higiênicos para pets, em agosto. A entrada nesse mercado se deu como uma espécie de de extensão da marca kids.

"A gente entendeu que hoje muitos 'babies' são pets, mas via que não podia usar a mesma marca por entender que são negócios diferentes", diz. "Não havia uma marca relevante para licenciar, então a gente criou uma, cujo pró é não ter que pagar royalties, mas o contra é não ser conhecida".

O CEO da Multilaser também cita a linha de utensílios domésticos, segundo ele, "muito ampla e que a gente está investimento bastante", além da casa conectada.

"[A casa conectada] é uma tendência muito grande de internet das coisas. Há outras verticais que a gente pretende lançar, que ainda estão em desenvolvimento", comenta.

As novas linhas de produtos, além do avanço da inflação, levaram a Multilaser a registrar uma alta de 60% no faturamento entre janeiro e setembro de 2021, na base anual e em dados ainda não auditados ou revisados.

Hoje a maior receita da Multilaser vem dos eletroeletrônicos, embora seja uma fatia pequena do total. O segmento é um dos que ainda é afetado pela pandemia, com a desorganização da cadeia de suprimentos.

Segundo Ostrowiecki, a escassez de componentes é agravada por uma crise de frete. "Contêineres da China passaram de R$ 12 mil dólares por cada, mas já foram mil dólares no passado".

O executivo reitera uma previsão do mercado, de falta de suprimentos até meados do ano que vem, mas diz que a Multilaser tem vantagem no mercado local por ser a única fabricante nacional em memória semicondutora, um dos componentes mais críticos da cadeia.

"A tecnologia para isso [a memória] é bastante complexa. Nós temos uma fábrica de semicondutores em Minas Gerais desde 2014, que ajuda um pouco a aliviar a falta de memórias", diz o CEO da Multilaser. A empresa e outras duas multinacionais são as únicas que produzem o componente no país, segundo ele.

"Esse é um investimento de dezena de milhões de dólares e mais o conhecimento técnico", comenta o executivo. Segundo ele, a companhia também planeja internalizar a produção de produtos de maior volume físico, o que deve reduzir o custo do frente.

"Vamos começar a elaborar liquidificador, ventilador, batedeira e fritadeira em Minhas Gerais a partir do ano que vem", diz Ostrowiecki.

Investimentos no Brasil, de olho na deterioração

A Multilaser está aumentando em cerca de 60% a área produtiva na fábrica de Manaus e na de Extrema (MG). É um investimento, segundo o CEO, para colocar novas linhas de produção. "Estamos fazendo investimentos para década de 20, apostando que a Multilaser vai estar bem posicionado para ser um grande fornecedor".

A estratégia da companhia, assim como os seus pares, passa por adotar o incentivo fiscal. Ostrowiecki argumenta que, mesmo com a redução da carga tributária, paga-se mais imposto dos que nos Estados Unidos e na Europa - onde a incidência de tributos é de cerca de 10%

"Quando se fala de incentivo fiscal as pessoas têm uma fantasia de que a empesa está ganhando alguma coisa do governo, está tendo uma vantagem em relação ao resto do mundo. Não é verdade. O que existe no Brasil é uma carga tributária quatro vezes maior que a média mundial e aí com reduções você cai para três vezes".

Alexandre Ostrowiecki, CEO da Multilaser

Ostrowiecki afirma estar otimista com a Multilaser, mas diz que a empresa monitora o ambiente macroeconômico, porque "se a massa de renda e a confiança caem, os negócios são afetados". "Mas a porrada do câmbio já foi dada e o governo tem feito alguns movimentos de privatizações e reformas importantes", comenta.

Para o executivo, a queda dos papéis da Multilaser (MLAS3) não reflete a operação da companhia. "Pessoalmente, me chateia um pouco porque gostaria já na partida dar um retorno para os investidores", diz o CEO.

No balanço mais recente, do segundo trimestre, a companhia apresentou lucro líquido de R$ 202,3 milhões, alta de 122,9% na base anual. A receita líquida da empresa totalizou R$ 1,237 bilhão, aumento de 103,4%.

O segmento de dispositivos móveis obteve a maior participação na composição da receita líquida da companhia, com 44%, seguido por escritório e TI, casa inteligente e Kids & Sport.

Segundo dados da plataforma TradeMap, as ações da companhia têm recomendação de compra por duas casas de análise -as únicas que cobrem os papéis, de acordo com o site. A mediana de preço-alvo é de R$ 13,75. MLAS3 era negociada na faixa de R$ 7,20 nos últimos dias.

COMPARTILHAR

Whatsapp Linkedin Telegram
ENTREVISTA EXCLUSIVA

Com ‘mundaréu’ de dinheiro gringo chegando à bolsa brasileira, Ibovespa aos 140 mil é só o começo, afirma gestor da Bradesco Asset

2 de junho de 2025 - 6:13

Na avaliação de Rodrigo Santoro Geraldes, head de equities na gestora, o cenário virou completamente para a bolsa brasileira — e nem mesmo a falta de corte de juros deve atrapalhar a valorização das ações locais em 2025

EM BOM PORTUGUÊS

Coala Festival volta a Portugal com intenção de ser plataforma da música em português no mundo

31 de maio de 2025 - 8:16

Do underground paulistano ao palco em Caiscais, Portugal, Gabriel Andrade, criador do Coala Festival, conta como segunda edição do festival na Europa, neste fim de semana (31 e 1º) amplia seu projeto de promover a música em língua portuguesa no globo

SD ENTREVISTA

Se o PIB surpreender, será para cima (de novo), diz economista-chefe do Inter; o que esperar dos números da economia no 1º trimestre

29 de maio de 2025 - 18:09

Economistas têm revisado para cima as projeções para o PIB do Brasil no primeiro trimestre de 2025, mas a surpresa pode ser ainda maior

POUSO FORÇADO A CAMINHO?

Recuperação Judicial da Azul (AZUL4) causará turbulência para seus acionistas minoritários; entenda como processo pode afetar as ações

29 de maio de 2025 - 11:39

Companhia aérea entrou com pedido de reestruturação nos Estados Unidos — o temido Chapter 11 — nesta quarta (28)

MUDANÇAS NO BALANÇO

Entenda a resolução do BC que estremeceu as provisões dos bancos e custou ao Banco do Brasil (BBAS3) quase R$ 1 bilhão no resultado do 1T25

29 de maio de 2025 - 6:08

Espelhada em padrões internacionais, a resolução 4.966 requer dos bancos uma abordagem mais preventiva e proativa contra calotes. Saiba como isso afetou os resultados dos bancões e derrubou as ações do Banco do Brasil na B3

LAÇOS ESTREITOS

De São Paulo a Xangai em um clique: China abre seu mercado de ações para o Brasil em uma parceria rara de ETFs recíprocos 

28 de maio de 2025 - 18:04

Primeiros fundos lançados na B3 para investir direto em ações chinesas são da Bradesco Asset e já estão sendo negociados

SD ENTREVISTA

Se não houver tag along na oferta de Tanure pela Braskem (BRKM5), “Lei das S.A. deixou de nos servir”, diz presidente da Amec

28 de maio de 2025 - 16:17

Em entrevista ao Seu Dinheiro, Fábio Coelho explica os motivos pelos quais a proposta do empresário Nelson Tanure pelo controle da Braskem deveria acionar o tag along — e as consequências se o mecanismo for “driblado”

SIMULAMOS!

Após alta do IOF, contas em dólar ainda valem mais a pena que cartões pré-pagos e cartões de crédito? Fizemos as contas

28 de maio de 2025 - 7:03

Comparamos cotações de contas como Wise, Nomad, Avenue e as contas globais de bancos com a compra de papel-moeda, cartões pré-pagos e cartões de crédito internacionais

SEU DINHEIRO ENTREVISTA

Ser Educacional (SEER3): com ação subindo 126% no ano, CEO diz que nova regulação do EaD é ‘oportunidade’ e aposta no curso de medicina

28 de maio de 2025 - 6:05

Em entrevista ao Seu Dinheiro, Jânyo Diniz conta por que enxerga oportunidade com a nova regulamentação, fala sobre os resultados da empresa e o pagamento de dividendos

DISCUSSÃO SOCIETÁRIA

Sem OPA na Braskem (BRKM5)? Por que a compra do controle por Nelson Tanure não acionaria o mecanismo de tag along

27 de maio de 2025 - 15:05

Especialistas consultados pelo Seu Dinheiro avaliam que não necessariamente há uma obrigatoriedade de oferta pública de Tanure pelas ações dos minoritários da Braskem; entenda

SEU DINHEIRO ENTREVISTA

A estratégia da Cury (CURY3) que impulsiona as ações em 75% no ano e coloca dividendos no bolso do acionista, segundo o CFO

26 de maio de 2025 - 6:08

Seu Dinheiro conversou com João Carlos Mazzuco sobre a faixa 4 do Minha Casa Minha Vida, dividendos, cenário macro e mais; confira

BIKE PROTAGONISTA

Ciclismo de luxo: 7 hotéis com serviços especializados para bicicletas, da Provença ao Rio de Janeiro

23 de maio de 2025 - 8:01

Priorizando os ciclistas, estas propriedades oferecem desde serviços de lavanderia especializada até rotas personalizadas

FUGINDO DA VOLATILIDADE

Nova moda: fundos imobiliários negociados fora da bolsa têm atraído investidores, mas valem a pena? Conheça os fundos cetipados

23 de maio de 2025 - 6:02

Os fundos cetipados proporcionam um maior conforto para o investidor em relação à volatilidade das cotas e vêm chamando a atenção do mercado com o ciclo de alta dos juros no Brasil; mas a liquidez é um forte ponto negativo

VIVER DE RENDA

Em busca da renda passiva: quanto (e como) investir em ações e FIIs para ganhar R$ 5 mil por mês em dividendos

22 de maio de 2025 - 6:03

Simulamos quanto você precisa juntar para gerar essa renda extra e trazemos sugestões de ativos que podem ajudar na empreitada

VIROU PASSEIO

Ibovespa está batendo recordes por causa de ‘migalhas’? O que está por trás do desempenho do índice e o que esperar agora

21 de maio de 2025 - 6:30

O otimismo com emergentes e a desaceleração nos EUA puxam o Ibovespa para cima — mas até quando essa maré vai durar?

SALVE A EMBREAGEM

Contra avanço dos automáticos, carros manuais tornam-se joias sobre rodas

20 de maio de 2025 - 8:16

Eles viraram símbolo de experiência sensorial e conexão com o carro. Conheça quatro cultuados esportivos que te obrigam a trocar de marcha

BALANÇO DOS BALANÇOS

Entre a frustração com o Banco do Brasil (BBAS3) e a surpresa com o Bradesco (BBDC4): quem brilhou e decepcionou nos resultados dos bancos do 1T25?

20 de maio de 2025 - 6:14

Depois dos resultados dos grandes bancos, chegou a hora de saber: o que os analistas estão recomendando para a carteira de ações?

ESQUELETO NO ARMÁRIO

Exclusivo: Disputa bilionária da Bradespar (BRAP4) com fundos de pensão chega a momento decisivo

15 de maio de 2025 - 9:15

Holding do Bradesco, a Bradespar classifica a causa, que pode chegar a R$ 3 bilhões,  como uma perda “possível” em seu balanço e não tem provisão

ELAS TÊM CHANCE?

Queda de 90% desde o IPO: o que levou ao fracasso das novatas do e-commerce na B3 — e o que esperar das ações

15 de maio de 2025 - 6:15

Ações de varejistas online que abriram capital após brilharem na pandemia, como Westwing, Mobly, Enjoei, Sequoia e Infracommerce, viraram pó desde o IPO; há salvação para elas?

SD ENTREVISTA

Moura Dubeux (MDNE3) alcança lucro líquido recorde no 1T25 e CEO projeta ano de novos marcos, mesmo com a Selic alta

14 de maio de 2025 - 17:29

Em entrevista ao Seu Dinheiro, Diego Villar comentou os resultados do primeiro trimestre da companhia e projetou R$ 100 milhões em proventos até o fim do ano

Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Fechar