Na Infracommerce (IFCM3), ganhar escala é prioridade após aquisição bilionária — e a meta é competir com Magazine Luiza e Amazon
Kai Schoppen, CEO da Infracommerce (IFCM3), fala da importância da compra da Synapcom para o crescimento acelerado no full commerce

Numa semana marcada por perdas generalizadas nas ações do setor de tecnologia, uma empresa destoou do restante e atravessou a turbulência de maneira praticamente ilesa: a Infracommerce (IFCM3). E não à toa: ela acertou a aquisição da rival Synapcom, ganhando escala e se consolidando de vez como uma força a ser reconhecida no e-commerce — um objetivo que era perseguido há tempos pelo alemão Kai Schoppen.
Ele, afinal, fundou a Infracommerce em 2012 e, desde então, também ocupa o cargo de CEO. E, por mais que a empresa já tivesse uma carteira de clientes robusta — que inclui Nike, Johnson&Johnson e Motorola, entre outros —, ainda era preciso dar um salto em termos de tamanho e capilaridade de atendimento.
"A junção [com a Synapcom] nos leva a outro patamar", disse Schoppen, em entrevista ao Seu Dinheiro. "Para cumprir a promessa que fizemos aos nossos clientes, precisamos crescer de um jeito acelerado, agressivo".
Tanto a Infracommerce quanto a Synapcom atuam num segmento conhecido como full commerce, uma modalidade de varejo digital que vem crescendo nos Estados Unidos e Europa, mas que ainda não é tão consolidada no Brasil. Em linhas gerais, trata-se da gestão completa do e-commerce de uma marca — algo como uma terceirização.
Imagine que você é o dono de uma rede de loja de sapatos e deseja fazer a transição para o mundo digital. É uma tarefa hercúlea que envolve a construção de uma plataforma de vendas, o uso intensivo de tecnologia, a criação de práticas de marketing diferenciadas, a adoção de ferramentas financeiras para processamento de pagamentos, o gerenciamento logístico e de transporte de produtos... A lista é enorme.
Sendo assim, o full commerce se propõe a gerenciar todo o universo do e-commerce de uma marca — das fotos a serem exibidas num aplicativo à entrega ao consumidor, dos e-mails a serem disparados ao cliente à emissão de notas fiscais, do armazenamento de itens à administração de redes sociais. Há quem opte pelo pacote completo, há quem escolha apenas alguns itens.
Leia Também
A Infracommerce era o player mais relevante desse segmento no chamado B2B (business to business, ou o comércio entre empresas), enquanto a Synapcom era uma força no B2C (business to consumer, ou o varejo voltado ao consumidor final).
Agora, as duas estão juntas — e Schoppen tem planos grandiosos para o conglomerado.
Infracommerce: crescer e aparecer
"Nossa visão é a de que umas 500 indústrias, juntas via Infracommerce, conseguem criar um ecossistema com um marketplace focado em integração horizontal", disse o executivo. "Somos capazes de garantir que nosso cliente ganhe relevância em custo, escala e competência".
O grande apelo do full commerce passa exatamente pela competitividade. Gigantes como Magazine Luiza, Mercado Livre e Amazon têm uma enorme estrutura logística que reduz os tempos de entrega e barateia os gastos com frete; nesse cenário, marcas isoladas podem ter dificuldade para criar um sistema de e-commerce viável.
Quero evitar o que aconteceu nos EUA e na China. O Alibaba e a Amazon são onipotentes.
Kai Schoppen, fundador e CEO da Infracommerce (IFCM3)
A união com a Synapcom, assim, dará à Infracommerce o ganho de escala necessário para que seus serviços possam bater de frente com o das gigantes do e-commerce. As duas companhias, juntas, terão 12 centros de distribuição pelo país; no lado tecnológico, o número de desenvolvedores para a criação de plataformas e aperfeiçoamento da estrutura de pagamentos dará um salto.
A chegada da Synapcom também engordará a carteira de clientes da Infracommerce, trazendo nomes como Samsung, Phillips, Hypera e Goodyear ao sistema de full commerce; a receita recorrente anualizada da recém-adquirida é de R$ 275 milhões — um salto de 65% na receita da própria Infracommerce.
Em termos de GMV (gross merchandise value, ou valor bruto de mercadorias — o total vendido por uma varejista), a Infracommerce ainda tem um tamanho bem menor que os gigantes do e-commerce. Ao fim de 2020, a empresa reportou uma cifra de R$ 4,6 bilhões, enquanto a Synapcom movimentou pouco mais de R$ 1 bilhão; o Magazine Luiza fechou o ano com GMV de R$ 43,5 bilhões, enquanto a Via somou R$ 38,8 bilhões.

Infracommerce e Synapcom: full commerce
A Infracommerce já tinha feito duas aquisições desde que estreou na bolsa, em abril deste ano, mas a Synapcom é, de longe, a maior compra: a operação envolve uma parcela de R$ 773 milhões em caixa e a emissão de até 27 milhões de ações da companhia em favor dos controladores da rival — o que, levando em conta a cotação da última sexta-feira (24), de R$ 16,10, representa mais R$ 434 milhões.
O crescimento via aquisições era um dos objetivos da companhia no curto prazo. Quando deu entrada no pedido de IPO, a Infracommerce deixou claro que usaria grande parte dos recursos obtidos com a abertura de capital para comprar outras empresas; ao fim do processo, ela levantou cerca de R$ 870 milhões.
E, de fato, o balanço do grupo no segundo trimestre de 2021 mostra fôlego no lado do endividamento: a empresa tinha um caixa de pouco mais de R$ 740 milhões ao fim de julho. Ainda assim, Schoppen destaca que a compra da Synapcom será parcelada, de modo a evitar qualquer tipo de pressão sobre as métricas financeiras.
De qualquer maneira, o executivo não descarta eventuais novas captações no futuro, conforme surgirem necessidades para dar continuidade ao plano de crescimento da companhia — seja via equity, com uma oferta subsequente de ações, ou via mercado de dívida. Por ora, não há nenhuma discussão nesse sentido.
"Não vamos mais fazer fusões e aquisições? Eu acho que vai ter mais no futuro, mas, com certeza, não nas próximas semanas", diz Schoppen. "É hora de respirar fundo, arrumar a casa e fazer projeto bem feito".
Crescimento versus rentabilidade
No lado financeiro, a Infracommerce passa pelo mesmo dilema da maior parte das empresas de tecnologia do mundo: por um lado, apresentam crescimento elevado; por outro, têm dificuldade em se mostrar rentáveis durante essa fase de expansão — não é de todo incomum que apresentem prejuízo.
Mesmo antes da aquisição da Synapcom, a Infracommerce já apresentava taxas de expansão de receita bastante elevadas. Ao fim de 2020, a companhia teve receita líquida de R$ 235,9 milhões; somente no primeiro semestre deste ano, a receita já soma R$ 152 milhões.

De acordo com a companhia, a fusão com a Synapcom elevará a receita anual líquida recorrente à R$ 710 milhões, cerca de três vezes a receita total de 2020 — a cifra tem como base o patamar de receita dos clientes atuais de ambas as empresas.
Apesar do prejuízo reportado no segundo trimestre, Schoppen afirma a Infracommerce não está perdendo o olhar para a rentabilidade. No curto prazo, no entanto, a prioridade é o crescimento: no biênio 2021 e 2022, a empresa será agressiva para continuar crescendo.
IFCM3: ações resistem
Na bolsa, a aquisição foi comemorada pelos investidores e elogiada por analistas. Além disso, o timing foi particularmente benéfico para a Infracommerce, protegendo-a da onda negativa que atingiu o mercado brasileiro — e, em especial as ações de outras companhias do setor de tecnologia.
Em uma semana, as ações ON da empresa (IFCM3) acumulam ganhos de 5,91%, na contramão de grande parte de seus pares do setor de tecnologia. Veja a tabela abaixo:
Empresa | Código | Variação em uma semana |
Locaweb | LWSA3 | -7,72% |
Allied | ALLD3 | -10,58% |
Neogrid | NGRD3 | -7,43% |
Infracommerce | IFCM3 | 5,91% |
Clear Sale | CLSA3 | -14,85% |
Bemobi | BMOB3 | -9,24% |
Brisanet | BRIT3 | 5,91% |
Unifique | FIQE3 | -10,69% |
Meliuz | CASH3 | -17,13% |
Mosaico | MOSI3 | -9,95% |
GetNinjas | NINJ3 | -15,49% |
Mobly | MBLY3 | -12,96% |
Desktop | DESK3 | 15,44% |
"Para mim, é óbvio que é bom quando [a ação] sobe e que dói quando cai", diz Schoppen, lembrando que os papéis da Infracommerce (IFCM3) acumulam desempenho positivo desde o IPO — terminaram o pregão de quarta-feira (29) a R$ 16,80, 5% acima do preço da abertura de capital. "Mas não olho para isso, construo o projeto com anos para frente".
Vale (VALE3) avança no controle de risco, e S&P eleva rating de crédito da mineradora
A agência indica que a companhia melhorou consideravelmente sua supervisão e seus controles nos últimos anos
Carros voadores colidem durante ensaio para show aéreo; veja o vídeo
Acidente durante preparação para o Changchun Air Show reacende debate sobre segurança dos carros voadores; ao menos uma pessoa ficou ferida
Cogna (COGN3) inicia processo de saída da Vasta da Nasdaq — e BTG enxerga pontos positivos na jogada
Caso a oferta seja bem-sucedida, a Vasta deixará de ser registrada na SEC e passará por deslistagem na Nasdaq
Nova bolsa de derivativos A5X capta R$ 200 milhões em terceira rodada de investimentos. O que isso significa para a B3 (B3SA3)?
Valor arrecadado pela plataforma será usado para financiar operações e ficar em dia com exigência do BC
Itaú BBA inicia cobertura das construtoras brasileiras de baixa renda e já tem sua favorita
Para o banco, as construtoras estão em seus melhores dias devido à acessibilidade no nível mais alto já registrado
99 Food acelera investimentos no Brasil e intensifica batalha com iFood pelo delivery de comida brasileiro
A companhia agora prevê investir R$ 2 bilhões no primeiro ano de operação. O que está por trás da estratégia?
Prio (PRIO3) recebe aval final do Ibama e obtém licença para instalação dos poços de Wahoo, no Espírito Santo
Com a autorização, a petroleira iniciará a interligação submarina (tieback) de até onze poços à unidade flutuante de Frade
BTG eleva preço-alvo da Vale (VALE3) e prevê dividendos extraordinários, mas não muda recomendação; é hora de comprar?
Estratégia comercial e redução de investimentos contribuem para elevação do preço-alvo do ADR para US$ 11, enquanto valuation e fluxo de caixa fazem o banco “pensar duas vezes”
Itaú BBA sobre Eletrobras (ELET3): “empresa pode se tornar uma das melhores pagadoras de dividendos do setor elétrico”
Se o cenário de preços de energia traçado pelos analistas do banco se confirmar, as ações da companhia elétrica passarão por uma reprecificação, combinando fundamentos sólidos com dividend yields atrativos
O plano do Google Cloud para transformar o Brasil em hub para treinamento de modelos de IA
Com energia limpa, infraestrutura moderna e TPUs de última geração, o Brasil pode se tornar um centro estratégico para treinamento e operação de inteligência artificial
Banco Master: quais as opções disponíveis após o BC barrar a venda para o BRB?
Segundo especialistas ouvidos pela reportagem, há quatro cenários possíveis para o Master
Pague Menos (PGMN3) avalia emissão de R$ 250 milhões e suspende projeções financeiras: o que está em jogo?
Com um nível de endividamento alarmante para acionistas, a empresa pretende reforçar o caixa. Entenda o que pode estar por trás da decisão
Ânima Educação (ANIM3) abocanha fatia restante da UniFG e aumenta aposta em medicina; ações sobem na bolsa hoje
A aquisição inclui o pagamento de eventual valor adicional de preço por novas vagas de medicina
Natura (NATU3) vai vender negócios da Avon na América Central por 1 dólar… ou quase isso
A transação envolve as operações da Avon na Guatemala, Nicarágua, Panamá, Honduras, El Salvador e República Dominicana; entenda a estratégia da Natura
Nas turbulências da Azul (AZUL4) e da Gol (GOLL54): investir nas ações das aéreas é um péssimo negócio ou a ‘pechincha’ é tanta que vale a pena?
No mercado financeiro, é consenso que o setor aéreo não é fácil de navegar. Mas, por mais que tantas variáveis joguem contra as empresas, uma recuperação da Azul e da Gol estaria no horizonte?
Como a Braskem (BRKM5) foi do céu ao inferno astral em apenas alguns anos — e ainda há salvação para a petroquímica?
Com prejuízo, queima de caixa ininterrupta e alavancagem elevada, a Braskem vivencia uma turbulência sem precedentes. Mas o que levou a petroquímica para uma situação tão extrema?
Construtoras sobem até 116% em 2025 — e o BTG ainda enxerga espaço para mais valorização
O banco destaca o impacto das mudanças recentes no programa Minha Casa, Minha Vida, que ampliou o público atendido e aumentou o teto financiados para até R$ 500 mil
Mesmo com acordo bilionário, ações da Embraer (EMBR3) caem na bolsa; entenda o que está por trás do movimento
Segundo a fabricante brasileira de aeronaves, o valor de tabela do pedido firme é de R$ 4,4 bilhões, excluindo os direitos de compra adicionais
Boeing é alvo de multa de US$ 3,1 milhões nos EUA por porta ejetada de 737-Max durante voo
Administração Federal de Aviação dos EUA também apontou que a fabricante apresentou duas aeronaves que não estavam em condições de voo e de qualidade exigido pela agência
Petrobras (PETR4) passa a integrar o consórcio formado pela Shell, Galp e ANP-STP após aquisição do bloco 4 em São Tomé e Príncipe
Desde fevereiro de 2024, a estatal atua no país, quando adquiriu a participação nos blocos 10 e 13 e no bloco 11