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Julia Wiltgen

Julia Wiltgen

Jornalista formada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) com pós-graduação em Finanças Corporativas e Investment Banking pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Trabalhou com produção de reportagem na TV Globo e foi editora de finanças pessoais de Exame.com, na Editora Abril. Hoje é editora-chefe do Seu Dinheiro.

Ranking dos investimentos

Ativos de risco têm mais um mês negativo com tensões em Brasília e alta dos juros futuros nos EUA

Um misto de fatores locais e externos levou o Ibovespa a ter um dos piores desempenhos do mês e o dólar, o melhor. Ouro aparece na lanterna do ranking

Julia Wiltgen
Julia Wiltgen
27 de fevereiro de 2021
7:00 - atualizado às 11:19
Ibovespa mercados nocaute
Imagem: Shutterstock

Em fevereiro não teve Carnaval e também não teve PEC Emergencial, auxílio, reformas e nem mais estímulos fiscais nos Estados Unidos. Mas sobrou interferência do governo federal nas estatais e medo da inflação americana.

Com tudo isso, terminamos o mês com ranking de investimentos bastante parecido com o de janeiro. No topo da lista, novamente o bitcoin e o dólar foram os grandes destaques. Poucos investimentos conseguiram ficar no positivo - até o Tesouro Selic ficou no vermelho, como já havia ocorrido em setembro de 2020.

A lanterna do ranking, porém, foi um pouco diferente desta vez. O pior investimento de fevereiro foi o ouro, seguido do Ibovespa. Ambos recuaram mais de 4%. Veja o ranking dos melhores e piores investimentos a seguir:

Os melhores investimentos de fevereiro

Fevereiro começou com um prognóstico até que positivo dadas as circunstâncias (leia-se: pandemia de covid-19, vacinação devagar-quase-parando no Brasil e situação das contas públicas ainda preocupante).

O fato de o governo Bolsonaro ter conseguido emplacar seus aliados na presidência da Câmara e do Senado foi bem recebido pelo mercado financeiro, que passou a esperar, a partir de então, que as reformas e privatizações finalmente fossem começar a andar.

O governo chegou a apresentar ao Congresso uma lista de prioridades da agenda econômica que incluíam todas as medidas que o mercado poderia desejar.

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A questão do retorno do auxílio emergencial ainda era uma incógnita, mas com o tempo ficou claro que ele seria inevitável. A pandemia ainda impedia a retomada da vida normal, o que fazia com que muitas pessoas ainda precisassem de alguma ajuda do governo.

O problema seria viabilizar novos pagamentos na nossa atual situação fiscal. A solução encontrada, depois de muita discussão e idas e vindas, foi aprovar a PEC Emergencial com dispositivos que garantissem algum controle de gastos, mas sem contrapartidas imediatas para a retomada do auxílio.

Acontece que a votação da PEC Emergencial acabou sendo adiada e ficou para semana que vem. Causou polêmica no Congresso a questão da desvinculação dos gastos com saúde e educação, dispositivo que desobriga os entes federativos de respeitarem o piso de investimentos nessas áreas, devendo definir, todos os anos, quanto gastar com elas.

A falta de definição a respeito da PEC e do auxílio emergencial contribuíram para elevar a percepção geral de risco, sobretudo porque o mercado passou a temer que a PEC fosse tão desidratada que o retorno do auxílio fosse aprovado sem qualquer contrapartida, fosse de curto ou médio prazo, o que só pioraria a situação das contas públicas.

Outra questão que acabou não se definindo em fevereiro foi a discussão sobre o novo pacote de estímulos fiscais nos Estados Unidos, que deve totalizar US$ 1,9 trilhão. O Congresso americano também discutiu e discutiu, mas até agora nada. A expectativa deixou os investidores tensos, tanto aqui quanto no exterior.

Clima ruim para as estatais

Na curta semana do Carnaval, um novo risco surgiu no horizonte. O presidente Jair Bolsonaro, que já vinha criticando a política de preços de combustíveis da Petrobras, anunciou a indicação do general Joaquim Silva e Luna para a presidência da estatal, no lugar de Roberto Castello Branco.

Confrontado com as ameaças de greve por parte de caminhoneiros, que reclamavam da alta nos preços do diesel, Bolsonaro fez duras críticas ao reajuste promovido pela Petrobras naquela semana, e ainda fez uma ameaça velada a Castello Branco. No dia seguinte, anunciou a indicação para a troca de comando da estatal.

A notícia caiu como uma bomba sobre as ações da Petrobras, que perdeu R$ 100 bilhões em valor de mercado em apenas dois dias. Na segunda-feira após o anúncio da indicação, os papéis da petroleira despencaram cerca de 20%.

O mercado entendeu o gesto do presidente como uma interferência do governo no comando da estatal, podendo haver risco de tentativa de controle de preços, tal qual aconteceu no governo da presidente Dilma Rousseff, com consequências deletérias para a companhia.

A postura mais intervencionista do governo, que já havia sido manifestada na irritação do presidente com a política de corte de custos do Banco do Brasil em janeiro, arrastou os preços das ações de outras estatais - principalmente as do próprio BB.

Os papéis da Eletrobras, que caíram menos, foram beneficiados, ato contínuo, pela entrega, ao Congresso, da Medida Provisória que possibilita a privatização da companhia. A medida foi uma forma de o governo mostrar que ainda estava comprometido com a agenda de reformas e privatizações, e trouxe certo alívio ao mercado. Até mesmo o projeto de Lei que abre caminho para a privatização dos Correios foi entregue na mesma semana.

Inflação americana preocupa

Mas esses gestos não foram suficientes para salvar a bolsa. No exterior, o clima dos mercados, no final do mês, começou a piorar consideravelmente. Alguns dados econômicos nos Estados Unidos começaram a sugerir recuperação econômica no país e um início de pressão inflacionária.

Com isso, as taxas de juros dos títulos públicos americanos de longo prazo, que já vinham em alta, deram um repique. O mercado começou a precificar que a inflação poderia surpreender, obrigando o Federal Reserve (banco central americano) a elevar juros antes do esperado.

O presidente do Fed, Jerome Powell, reafirmou que o momento ainda exige juros baixos, mas isso não foi o suficiente para afastar os temores de que o alto nível de estímulos fiscais e monetários esteja superaquecendo a economia americana, o que levaria a uma alta de juros em sequência pelos bancos centrais.

A abertura das taxas nos Estados Unidos acabou atraindo os recursos dos investidores das ações para os títulos do Tesouro americano, fortalecendo o dólar. Mais arriscados, ações e moedas de países emergentes sofreram ainda mais com esse "voo para a qualidade". Isso só contribuiu para derrubar ainda mais a bolsa por aqui.

Como cereja do bolo, nesta sexta-feira renasceram os rumores de uma eventual saída de André Brandão da presidência do Banco do Brasil, desta vez por meio de renúncia. O banco nega, mas mesmo assim as ações da estatal caíram quase 5%.

Bolsa e ouro para baixo, dólar e juros para cima

Enquanto o impasse na PEC Emergencial contribuiu para o aumento da percepção de risco fiscal, a percepção de um governo mais intervencionista nas estatais elevou o risco-país. Esses dois elementos, combinados com a disparada dos juros americanos, levaram o Ibovespa de volta para a faixa dos 110 mil pontos e o dólar para R$ 5,60.

No mês, o principal índice da B3 caiu 4,37%, aos 110.035 pontos. Já a moeda americana avançou 2,39% na cotação à vista. O ouro despencou 4,84% com a perspectiva de alta de juros antes do esperado nos EUA. Com os seguros títulos públicos americanos pagando mais, o ouro perde muita atratividade, como reserva de segurança, pois é um ativo que não paga juros.

Os juros futuros também subiram por aqui com o aumento dos riscos domésticos e a perspectiva de uma alta de juros antes do esperado nos EUA, o que anteciparia o ciclo de elevação das taxas também por aqui.

A maior alta se deu nos vencimentos de prazo mais curto, que passaram a precificar um aumento de 0,5 ponto percentual na taxa Selic já na próxima reunião do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) em março.

Assim, mais uma vez os títulos públicos prefixados e atrelados à inflação sofreram, dado que se desvalorizam quando os juros futuros sobem. Nem o Tesouro Selic (LFT) escapou: o título com vencimento em 2025 fechou o mês com perda de 0,03%.

Mais uma vez isso ocorreu devido ao aumento da taxa paga em adição à variação da Selic. Basicamente, isso significa que o mercado considera a atual taxa básica de juros, de 2% ao ano, muito baixa para financiar o governo, exigindo uma taxa maior. Em setembro do ano passado aconteceu a mesma coisa, em meio a um cenário de aumento do risco fiscal.

Bitcoin brilha mais uma vez

O bitcoin ficou novamente com o primeiro lugar no ranking dos investimentos, com uma valorização, em reais, de quase 43% no mês. Em fevereiro, a criptomoeda bateu sucessivos recordes de preços e superou as marcas dos US$ 50 mil e R$ 300 mil.

O ativo continuou ganhando tração com a notícia de que a Tesla anunciou que tem US$ 1,5 bilhão do seu caixa investidos em bitcoin. Ao longo do mês, surgiram as notícias de que outras grandes empresas, como Twitter, Uber e MasterCard, adotaram ou pensam em adotar criptomoedas de alguma maneira.

A progressiva institucionalização e profissionalização do mercado de criptomoedas tem sido a mola propulsora da valorização desses ativos.

Melhores e piores ações do mês

A ação da Embraer foi fortemente impulsionada neste mês, pela notícia de que a companhia estaria negociando a venda de aeronaves para a companhia alemã Lufthansa.

Já a Braskem se beneficiou da retomada progressiva das atividades em unidades que estavam paralisadas - seja pelo desastre ocorrido em Maceió, seja por um impasse entre a unidade mexicana da companhia com o governo daquele país.

As ações da Eletrobras surfaram a notícia do encaminhamento da MP que permite sua privatização para o Congresso, e os papéis da Totvs e da Gerdau se beneficiaram dos bons resultados trimestrais das companhias no quarto trimestre de 2020.

Na ponta dos piores desempenhos, temos as ações da Petrobras e do Banco do Brasil, prejudicadas pela interferência do governo nas estatais.

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