São Jorge e o dragão inflacionário

A grande e ameaçadora besta da inflação começa a sair do seu sono profundo. Aos poucos, movimenta as asas e mexe sua cauda incendiária. Um vagaroso e temerário despertar.
Nem de longe está cuspindo fogo — e quem viveu no Brasil nos anos 80 e 90 lembra bem do seu poder destrutivo. Mas mesmo o mais lento de seus movimentos já aterroriza a população.
O dragão mostrou os dentes nesta quarta: a inflação americana subiu 0,8% em abril, ficando bem acima das expectativas dos analistas. Foi o suficiente para o mercado financeiro ficar em chamas.
Nos Estados Unidos, os índices acionários fecharam o dia em queda firme; no Brasil, o Ibovespa recuou quase 3% e retornou ao nível dos 119 mil pontos. Uma fuga generalizada das bolsas e dos ativos de risco.
Afinal, o cenário que mais se temia parece estar se concretizando. Os pacotes de auxílio econômico e os estímulos fornecidos pelos bancos centrais reanimaram a economia, mas também acordaram o monstro.
Resta saber quais serão as armas usadas por São Jorge para derrotar o dragão. Por enquanto, o Federal Reserve hesita em emprestar a lança da alta de juros — para o BC americano, o despertar da fera vai durar pouco.
Leia Também
Porquinho chinês ou inglês? A origem do nosso cofrinho e o que esperar dos mercados hoje
Rodolfo Amstalden: O Tarcísio Trade está morto?
A Jasmine Olga acompanhou o dia nervoso nos mercados financeiros — até o dólar, que andava calminho, deu uma bela estressada — e conta tudo sobre a reação dos investidores ao sopro flamejante do dragão.
EMPRESAS
• Valeu a pena a guerra de lances que a Aegea enfrentou no leilão da Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro (Cedae). Com dois blocos arrematados, a empresa tornou-se líder do setor privado de saneamento básico.
• A Marfrig superou os desafios do primeiro trimestre do ano — o período é o mais conturbado para o setor de proteína animal — e reverteu o prejuízo do ano passado em lucro de R$ 279 milhões. Confira os destaques do balanço.
• Quem também teve um bom trimestre foi a Caixa Econômica Federal. Com recorde no crédito consignado e salto no financiamento imobiliário, o lucro líquido do banco aumentou 50% e foi a R$ 4,6 bilhões no período.
ECONOMIA
• Imagine abrir um negócio e, uma semana depois, ver seu valor de mercado chegar a US$ 40 bilhões. É difícil acreditar que isso seria possível no mundo corporativo, mas com as moedas digitais a história é diferente. Conheça a Internet Computer, uma novata que já é uma das 10 principais criptos do mundo, na matéria do Renan Sousa.
• Três das cinco atividades de serviços brasileiras registraram queda na passagem de fevereiro para março e, com isso, o volume do setor recuou 4%. Veja os detalhes na matéria sobre a Pesquisa Mensal de Serviços do IBGE.
• Alguém apagou a luz? Apesar de afastar a possibilidade da falta de energia elétrica no Brasil, o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, revelou que serão necessárias medidas "excepcionais" para garantir o abastecimento no período de seca.
• As respostas de um questionário anterior à última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) mostram que a maioria das instituições financeiras consultadas pelo Banco Central já estavam atentas ao risco de alta da inflação em 2021. Saiba mais.
POLÍTICA
• Após um ano e dois meses de espera, o relator da reforma tributária no Congresso, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), apresentou hoje sua versão final do parecer. O documento, no entanto, pode ter chegado tarde demais e corre o risco de ser descartado caso vingue a proposta de fatiar as mudanças na Câmara e no Senado.
Do coice à diplomacia: Trump esmurra com 50% e manda negociar
Para além do impacto econômico direto, a nova investida protecionista de Trump impulsiona um intrincado jogo político com desdobramentos domésticos e eleitorais decisivos para o Brasil
Felipe Miranda: Carta pela moderação (e cinco ações para comprar agora)
Com todos cansados de um antagonismo que tem como vitoriosos apenas os populistas de plantão, a moderação não poderia emergir como resposta?
Para quem perdeu a hora, a 2ª chamada das debêntures da Petrobras, e o que mexe com os mercados hoje
Futuros de Wall Street operam em queda com guerra tarifária e à espera de dados da inflação ao consumidor (CPI) e balanços trimestrais de gigantes como JPMorgan e Citigroup
A corrida da IA levará à compra (ou quebra) de jornais e editoras?
A chegada da IA coloca em xeque o modelo de buscas na internet, dominado pelo Google, e, por tabela, a dinâmica de distribuição de conteúdo online
Anatomia de um tiro no pé: Ibovespa busca reação após tarifas de Trump
Em dia de agenda fraca, investidores monitoram reação do Brasil e de outros países ao tarifaço norte-americano
O tarifaço contra o Brasil não impediu essas duas ações de subir, e deixa claro a importância da diversificação
Enquanto muitas ações do Ibovespa derretiam com as ameaças de Donald Trump, um setor andou na direção oposta
Trump na sala de aula: Ibovespa reage a tarifas de 50% impostas pelos EUA ao Brasil
Tarifas de Trump como o Brasil vieram muito mais altas do que se esperava, pressionando ações, dólar e juros
Rodolfo Amstalden: Nem cinco minutos guardados
Se um corte justificado da Selic alimentar as chances de Lula ser reeleito, qual será o rumo da Bolsa brasileira?
Quando a esmola é demais: Ibovespa busca recuperação em meio a feriado e ameaças de Trump
Investidores também monitoram negociações sobre IOF e audiência com Galípolo na Câmara
Sem avalanche: Ibovespa repercute varejo e Galípolo depois de ceder à verborragia de Trump
Investidores seguem atentos a Donald Trump em meio às incertezas relacionadas à guerra comercial
Comércio global no escuro: o novo capítulo da novela tarifária de Trump
Estamos novamente às portas de mais um capítulo imprevisível da diplomacia de Trump, marcada por ameaças de última hora e recuos
Felipe Miranda: Troco um Van Gogh por uma small cap
Seria capaz de apostar que seu assessor de investimentos não ligou para oferecer uma carteira de small caps brasileiras neste momento. Há algo mais fora de moda do que elas agora? Olho para algumas dessas ações e tenho a impressão de estar diante de “Pomar com ciprestes”, em 1888.
Ontem, hoje, amanhã: Tensão com fim da trégua comercial dificulta busca por novos recordes no Ibovespa
Apetite por risco é desafiado pela aproximação do fim da trégua de Donald Trump em sua guerra comercial contra o mundo
Talvez fique repetitivo: Ibovespa mira novos recordes, mas feriado nos EUA drena liquidez dos mercados
O Ibovespa superou ontem, pela primeira vez na história, a marca dos 141 pontos; dólar está no nível mais baixo em pouco mais de um ano
A história não se repete, mas rima: a estratégia que deu certo no passado e tem grandes chances de trazer bons retornos — de novo
Mesmo com um endividamento controlado, a empresa em questão voltou a “passar o chapéu”, o que para nós é um sinal claro de que ela está de olho em novas aquisições. E a julgar pelo seu histórico, podemos dizer que isso tende a ser bastante positivo para os acionistas.
Ditados, superstições e preceitos da Rua
Aqueles que têm um modus operandi e se atêm a ele são vitoriosos. Por sua vez, os indecisos que ora obedecem a um critério, ora a outro, costumam ser alijados do mercado.
Feijão com arroz: Ibovespa busca recuperação em dia de payroll com Wall Street nas máximas
Wall Street fecha mais cedo hoje e nem abre amanhã, o que tende a drenar a liquidez nos mercados financeiros internacionais
Rodolfo Amstalden: Um estranho encontro com a verdade subterrânea
Em vez de entrar em disputas metodológicas na edição de hoje, proponho um outro tipo de exercício imaginativo, mais útil para fins didáticos
Mantendo a tradição: Ibovespa tenta recuperar os 140 mil pontos em dia de produção industrial e dados sobre o mercado de trabalho nos EUA
Investidores também monitoram decisão do governo de recorrer ao STF para manter aumento do IOF
Os fantasmas de Nelson Rodrigues: Ibovespa começa o semestre tentando sustentar posto de melhor investimento do ano
Melhor investimento do primeiro semestre, Ibovespa reage a trégua na guerra comercial, trade eleitoral e treta do IOF