Chocolate com juros e pimenta: a reprise da novela que agita a bolsa e os mercados
O dramaturgo Plínio Marcos dizia que fazer novelas é fácil. Basta ter um segredo que o público sabe e os personagens não sabem, e um segredo que os personagens sabem e o público não sabe. Além de um casal que quer fazer amor e os outros não deixam.
Com exceção da última parte (pelo menos até onde eu sei), temos neste momento no mercado financeiro um enredo perfeito para uma telenovela, que eu chamaria de “Chocolate com Juros e Pimenta”.
Jerome Powell, o presidente do Banco Central norte-americano, é um dos protagonistas da história. Ele é o detentor do segredo que todo investidor deseja conhecer: quando o Fed começará a reverter a política de estímulos monetários.
O segredo conhecido pelo público — e aparentemente ignorado pelas autoridades — é a disparada da inflação que pesa no bolso dos consumidores em todo o planeta.
Com a alta dos preços, o mercado procura se antecipar aos próximos capítulos da novela e aposta na alta dos juros de longo prazo dos títulos do governo dos EUA, os Treasuries.
Na bolsa, juros mais altos penalizam as ações de empresas de tecnologia e favorecem as da chamada velha economia. Basta ver o que aconteceu ontem aqui na B3, com a queda generalizada das empresas digitais e a alta solitária de Petrobras.
Quem acompanha essa história de perto deve ter notado uma certa semelhança com o que aconteceu no mercado nos primeiros meses deste ano. Sim, estamos vivendo uma espécie de (não) Vale a Pena Ver de Novo.
O nosso colunista Matheus Spiess preparou uma análise especial sobre a reprise da alta dos juros nos EUA e os impactos nos investimentos. Como em toda novela que se preze, a bolsa brasileira deve sofrer, mas pode ter um final feliz.
O que você precisa saber hoje
ESQUENTA DOS MERCADOS
Bolsas pelo mundo buscam recuperação após apagão de redes sociais; cenário doméstico conta com números da produção industrial. O Facebook segue sob pressão com a denúncia de uma ex-funcionária sobre a política de conteúdo da empresa, enquanto a bolsa brasileira segue de olho em Guedes e Campos Neto.
APAGÃO QUE DÓI NO BOLSO
O dia em que Mark Zuckerberg perdeu US$ 6 bilhões e caiu no ranking dos bilionários. Com custo de quase US$ 164 mil por minuto em termos de receita, apagão também fez Facebook perder mais de US$ 40 bilhões em valor de mercado.
OLHAR DE FORA
Perfuração levou à tragédia em Brumadinho, diz universidade catalã. Financiado pela Vale, resultado do estudo de modelagem e simulação por computador para identificar as causas do rompimento da barragem foi divulgado pelo Ministério Público Federal.
ROLANDO OS DADOS
Eletromídia conclui aquisição da NoAlvo para fornecimento de dados em anúncios. Companhia que abriu o capital recentemente na B3 busca alavancar vendas com cruzamento de dados geolocalizados para alimentar pontos físicos de mídia.
TRILHAS DE CARREIRA
Além da tecnologia: as oportunidades de carreira com a transformação digital em curso nas empresas. Já não é novidade que a área de tecnologia concentra inúmeras possibilidades. Tentando ampliar um pouco mais essa visão, o nosso colunista Thiago Veras escreve sobre carreiras que ganham com a aceleração da tecnologia no trabalho.
Uma ótima terça-feira para você!
Este artigo foi publicado primeiramente no "Seu Dinheiro na sua manhã". Para receber esse conteúdo no seu e-mail, cadastre-se gratuitamente neste link.
Rodolfo Amstalden: Deus abençoe as meme stocks
A Truth Social de Trump é uma meme stock turbinada por anabolizantes políticos e ideológicos; é quase impossível dizer se um ativo desse tipo está barato ou caro
‘The man who sold the world’ ou ‘The man who solve the market’?
Nesta edição, João Piccioni compara o clássico de David Bowie com os modelos quantitativos do renomado gestor Jim Simons.
A jornada tortuosa do Banco Central: Como Campos Neto virou refém dos indicadores — e não deve escapar desse cativeiro antes de junho
BC não percebeu alterações no cenário econômico e parece pessimista demais, mas ata do Copom, IPCA-15 e RTI devem ajudar a esclarecer essa visão
Felipe Miranda: Sindicato de Ladrões
Talvez haja um pessimismo exagerado do mercado após a decisão do Copom — e a ata de amanhã pode ser a primeira catálise para mudar isso
A renda fixa brasileira ‘não liga’ para Campos Neto? Nem Gisele Bündchen ‘salvou’ a Vivara (VIVA3)? Veja o que foi destaque na Faria Lima esta semana
E ainda: os melhores investimentos com a Selic a 10,75% a.a.
Bombou no SD: O real problema da Petrobras, operação bilionária nos Correios e recompensa pela teimosia nas loterias; confira as notícias mais lidas da semana
Além da Petrobras, dos Correios e das loterias, também bombou no SD a notícia sobre o rombo bilionário deixado pelas teles para o governo
Vale a pena investir em Tesouro IPCA+ mesmo com a Selic em queda?
Leitor está interessado em título do Tesouro Direto, mas teme que, por ser um investimento de renda fixa, seja negativamente impactado pelos juros em queda
As ações da Vivara (VIVA3) deixaram de ser uma joia, mas será que ainda merecem um espaço na sua carteira?
Temos que admitir que, apesar da troca truculenta de comando, Nelson Kaufman é um profundo conhecedor do negócio que ele ergueu praticamente do zero
A diferença que uma letra faz: Ibovespa reage às sinalizações do Copom e do Fed; veja o que mais mexe com os mercados hoje
Copom cortou os juros para 10,75% e indicou mais um corte 0,5 ponto porcentual na próxima reunião de política monetária
Rodolfo Amstalden: Daqui a pouco saberemos se estávamos certos
O tão sonhado dia em que a taxa de juros dos EUA passaria a cair foi adiado pelo Federal Reserve
Leia Também
Mais lidas
-
1
O carro elétrico não é essa coisa toda — e os investidores já começam a desconfiar de uma bolha financeira e ambiental
-
2
Acordo bilionário da Vale (VALE3): por que a mineradora pagou US$ 2,7 bilhões por 45% da Cemig GT que ainda não tinha
-
3
A B3 vai abrir na Semana Santa? Confira o funcionamento da bolsa brasileira, dos bancos, Correios e transporte público no feriado