Como um grande time, o melhor fundo é a combinação de bons investimentos

Dennis Rodman é o jogador de basquete com a menor pontuação da história a ser indicado ao Hall da Fama do esporte.
Em 1995, mesmo quando já havia conquistado a NBA duas vezes com o Detroit Pistons, sua contratação pelo Chicago Bulls – equipe pela qual levaria as próximas três temporadas – foi considerada uma aposta ousada do time dos astros Michael Jordan e Scottie Pippen.
Ninguém conseguia justificar a contribuição que traria um jogador envolvido em brigas e polêmicas dentro e fora das quadras e relativamente baixo para um ala-pivô (2,01 metros, quase 10 centímetros a menos do que os melhores da posição) nos seus 34 anos de idade.
Os agentes esportivos e apostadores da época subestimavam Rodman. Pelas lentes das métricas tradicionais, que priorizavam estatísticas de ataque, encontrava-se ali um jogador medíocre, com alto índice de erros em arremessos livres.
Em 1997, um rival do Dallas Mavericks fez seis faltas intencionais contra ele em apenas três minutos para forçá-lo ao arremesso livre, apostando que o jogador do Bulls erraria – como acontecia com frequência – e a bola sobraria para seu time.
Porém, ali estava um dos maiores reboteiros de todos os tempos. Na defesa ou no ataque, uma cesta que não entrava sempre sobrava nas mãos de Dennis Rodman, e depois de Scottie Pippen, de Michael Jordan... e mais dois pontos para o Chicago Bulls!
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Detentor do maior número de rebotes por jogo da NBA por sete anos seguidos, Rodman simplesmente não precisava marcar muitos pontos para estar entre os melhores.
Em carta de 2016 a investidores, o gestor de hedge fund Chris Cole, da Artemis Capital, argumentava que Dennis Rodman era relativamente melhor em rebotes do que outros jogadores eram melhores em pontos ou em assistências. Nenhum outro jogador da história jamais teria atingido esse nível de vantagem comparativa versus seus pares, nem mesmo Michael Jordan e sua média de 30 pontos por jogo.
Sua habilidade defensiva negligenciada à época criava inúmeras segundas chances para os jogadores de ataque marcarem mais pontos e de maneira mais rápida. Então, fugindo do senso comum, ter um pontuador mediano como Rodman na equipe aumentava a eficiência de arremessos do time como um todo.
Cole percebeu que o diferencial de resultado nos jogos em que Dennis Rodman esteve em quadra contra os que ele não esteve (chamado de “margem de vitória diferencial”) também seria o maior de todos os tempos, sendo provavelmente a melhor aquisição que um time de estrelas dos anos 1990 poderia ter feito.
A verdade é que não há o melhor fundo de investimento, mas, sim, a melhor combinação de classes de ativos, estratégias e gestores de fundos.
Que o diga o quase inédito rebaixamento do time de estrelas do Flamengo em 1995, ano em que comemorava seu centenário com o trio ofensivo Romário – eleito melhor jogador do mundo em 1994 –, Edmundo e Sávio, além do tetracampeão Branco e do técnico bicampeão brasileiro pelo Palmeiras, Vanderlei Luxemburgo. Nem o carioca levamos.
De volta à gringa, Chris Cole apelidou a tese de “Paradoxo de Rodman” para descrever o impacto positivo que adicionar uma classe de ativos defensiva, com retorno esperado baixo ou negativo, mas benefícios ocultos e não lineares, poderia trazer ao seu portfólio.
Tudo bem, o conceito de diversificação através de baixa correlação em uma carteira, popularizado por Harry Markowitz, já tem seus quase 70 anos, mas entre o clássico e o ultrapassado, tendo a encaixá-lo na segunda opção.
Medidas de retorno, volatilidade e correlação esperadas simplesmente não são confiáveis, especialmente a primeira. Qualquer alocador que as utilize com confiança para montar uma carteira de longo prazo deve repensar a quem está iludindo além de seu cliente.
O mesmo vale para o índice de Sharpe, tão popular entre gestores de fundos ao apresentar seus desempenhos acima da média – especialmente nos últimos 12 meses.
É aqui que Chris Cole – um dos autores mais interessantes em que me aprofundei nos últimos meses, ao lado de Morgan Housel – entra novamente. Em abril deste ano, o gestor da Artemis introduziu uma nova métrica para a construção de carteiras.
O “Cole Wins Above Replacement Portfolio” (CWARP) finalmente valoriza Dennis Rodman.
Em vez de comprar a lista dos fundos com os melhores índices de Sharpe individuais, sua proposta é que cada nova aquisição ao portfólio deve aumentar a relação entre o retorno e a “volatilidade dos dias de queda” (diferente da medida tradicional) ou entre o retorno e a perda máxima da sua carteira, duas medidas independentes de eficiência.
Por tabela, esta também é uma crítica à correlação. Talvez não devêssemos nos preocupar com a correlação entre dois gestores o tempo inteiro, mas dar maior peso aos seus períodos de queda relevante, especialmente para multimercados, que conseguem se beneficiar de assimetrias através de derivativos.
O CWARP da Artemis é claramente superior a uma decisão simplista – apesar de simples, coisas diferentes – de alocação e será incorporado à análise que fazemos na série Os Melhores Fundos de Investimento.
Na prática, há duas conclusões importantes aqui. A primeira é que, com a adoção do CWARP, passamos a dar cada vez menos peso em nossas carteiras aos gestores de forma individual e mais à construção da carteira.
E a segunda é que a combinação entre bons atacantes geradores de alfa e defensores bons de rebote, capazes de se recuperar rapidamente de uma crise, por exemplo, é estritamente melhor do que o Flamengo de 1995, só de estrelas – infelizmente, pois era um timaço.
A história não se repete, mas rima: a estratégia que deu certo no passado e tem grandes chances de trazer bons retornos — de novo
Mesmo com um endividamento controlado, a empresa em questão voltou a “passar o chapéu”, o que para nós é um sinal claro de que ela está de olho em novas aquisições. E a julgar pelo seu histórico, podemos dizer que isso tende a ser bastante positivo para os acionistas.
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