Crise de identidade aos 200 anos? Uma retrospectiva deste ano para entender o que vem pela frente em 2022
Confira tudo o que aconteceu com o mercado financeiro e de capitais em 2021 para se preparar para os desafios que te esperam no ano que vem
"Sunrise doesn't last all morning
A cloudburst doesn't last all day
Seems my love is up
And has left you with no warning
But it's not always going to be this grey
All things must pass
All things must pass away”CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADECONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADEGeorge Harrison — "All Things Must Pass"
Último Day One de 2021. O ano foi difícil.
Perdas generalizadas para a Bolsa, numa intensidade pouco capturada pelo Ibovespa, tão dependente de bancos e commodities.
Small caps foram dizimadas, ações de qualidade, que poderiam ser um refúgio para qualquer investidor, trouxeram muitas surpresas negativas. WEG, Magazine Luiza, Natura, Rede D’Or, B3… quem diria?
Fundos de ações e multimercados sofrendo resgates sucessivos, num ciclo perverso. A cota cai, o investidor se incomoda e saca. O gestor é obrigado a vender para honrar resgates. A cota cai mais. Voltamos ao começo.
Se fôssemos argumentar, talvez essa fosse a hora de o cotista aplicar mais, quando as coisas caíram e, portanto, estão mais baratas. Quem sou eu para mudar a natureza humana? Se até o cotista médio do Magellan perdeu dinheiro, por que aqui haveria de ser diferente?
Leia Também
Veja quanto o seu banco paga de imposto, que indicadores vão mexer com a bolsa e o que mais você precisa saber hoje
As lições do Chile para o Brasil, ata do Copom, dados dos EUA e o que mais movimenta a bolsa hoje
“Veja como a cota está subindo. Esse Peter Lynch é um gênio. Vou aplicar depois da subida (quando as coisas estão caras).”
“Opa, agora as cotas estão caindo. Melhor sacar logo. Esse Peter Lynch é um idiota.” Compramos caro, vendemos barato, subvertendo a lógica elementar das finanças.
Todos no prejuízo?
Fundos imobiliários também no vermelho. E o suposto refúgio da renda fixa? Prejuízo também — em termos nominais, claro, você até ganhou dinheiro se escondeu-se num pós-fixado, mas perdeu da inflação; todas as demais categorias castigaram o investidor também nominalmente.
Há várias possíveis explicações para a dificuldade de 2022. Algumas delas verdadeiras, outras meras falácias da narrativa, atribuição de causalidade onde há, no máximo, correlação. Elas são conhecidas dos três leitores desta newsletter ou mesmo do interessado nos jornais.
Ofereço hoje uma perspectiva diferente.
A identidade do ano
O ano foi particularmente desafiador porque não teve identidade. E a falta de identidade, a incapacidade de reconhecer em si características que o distinguem do outro, catalisa neuroses agudas.
Se não há identificação com uma autoimagem clara, questiona-se absolutamente tudo.
Pode ser louvável sob a ótica da descoberta cética e até representar um choque antifrágil para melhora posterior.
Mas a completa ausência de identidade implica perda de referência, uma forma extrema de incerteza e impossibilidade de perceber caminhos.
Se não sei quem sou eu, como escolher? Para quem não sabe aonde está indo, qualquer caminho serve.
Em investimentos, o excesso de incertezas tem como consequência prática o aumento dos prêmios de risco. Ou seja, na dúvida, o investidor exige mais excesso de retorno para comprar um determinado ativo, o que só pode acontecer se ele ficar mais barato.
Quem foi ‘2021’?
Em grande medida, este ano representou a extensão das mazelas de 2020, com a crise da Covid-19 penetrando a nova folha do calendário.
Primeiramente, com suas restrições à mobilidade e, portanto, à atividade econômica.
Depois, com a necessidade de dar uma trajetória crível à situação fiscal, como reação à grande expansão de gastos de 2020 — mesmo Keynes defendia gastos públicos para reagir à falta de demanda privada, que, num segundo momento, seriam compensados por um período de poupança pública.
Não há milagre da multiplicação do dinheiro da viúva na Teoria Geral. Mas parece que a turma só leu a primeira parte.
Ao mesmo tempo, 2021 também antecipou o debate eleitoral de 2022, prematuramente. Fomos incapazes de avançar com reformas, estouramos o teto de gastos e adotamos uma postura populista porque já se mira o pleito futuro.
E como todo mundo tem medo do extremismo, de um lado e de outro, lá vamos nós viver neste ano o que deveria estar reservado para 2022. Paramos o país com medo do que pode ser a eleição.
O mais curioso desta história toda: se você conversar com grandes investidores, locais ou internacionais, perceberá raros casos de real preocupação com o novo governo.
A maior parte das respostas vai apontar descrença em grandes rupturas e até mesmo alguma previsibilidade, por mais incrível que pareça.
A moda do discurso: “Já conhecemos os atores em jogo. Não há novidade. Esta eleição será decidida ao centro e será eleito um governo assim. É inexorável um ajuste fiscal em 2023, independentemente de quem for o novo presidente”.
Mas, na dúvida, cobra-se prêmio de risco. E o kit Brasil derrete.
Esprememos tanto o ano de 2021 entre 2020 e 2022 a ponto de condensar a matéria forçando a sua expansão. Foram 12 meses que pareceram uma década.
Se a hipótese é válida, talvez ela venha, implicitamente, carregada de uma mensagem de esperança.
Novo ano com novos eventos
O ano de 2022 traz um evento real suficientemente importante para chamar de seu.
Além da concretude oferecida pelas eleições, o ano marca também o aniversário de 200 anos da independência brasileira e de 100 anos da Semana de Arte Moderna, elementos marcantes da fundação e da identidade nacional. O que faltou para 2021 sobra em 2022.
Talvez seja o momento de lembrar, remetendo à independência, a tendência a “acordos dentro de casa (ou da corte)”, em detrimento às verdadeiras revoluções e às rupturas; o liberalismo avançado da primeira Constituição formalmente brasileira de 1824; um certo conservadorismo, tal como aquele preconizado por Burke ao defender a revolução norte-americana, de que, certas vezes, é preciso avançar para preservar as instituições e evitar o pior.
Ao mesmo tempo em que nos recordamos da antropofagia que é tão marca da identidade nacional (ou da falta dela), o hábito de engolir tudo o que vem de fora e digerir ao nosso modo.
A economia global, embora desacelere, cresce em bom ritmo, acima do potencial, e isso é bom para as commodities. Será que finalmente vamos digerir o bull market internacional e apresentá-lo ao tropicalismo?
Esperanças para 2022
Como uma mensagem de fim de ano, gostaria de sugerir que tentássemos evitar o viés de representatividade.
Não é porque tivemos um período difícil de determinada classe de ativos que o momento subsequente também será assim.
Ao contrário, a economia é cíclica, sendo sempre melhor comprar barato (quando caiu).
Que em 2022 possamos encarar a vida com uma perspectiva aberta, sem que percamos a responsabilidade. Uma defesa um pouco além da apatia dos estoicos. Um amor fati preenchido de espírito de aventura perante a vida. A preservação de alguma esperança, sem que isso se confunda com falsas ilusões ou expectativas ingênuas.
O que seria a vida se não a encarássemos em toda sua plenitude e suas possibilidades? Não seria isso, afinal, a transposição para a diversificação e a convexidade?
O Brasil, como nação, é assim há 200 anos. E parece mais provável que continue assim em 2022, com seus vícios e virtudes.
Como enterrar um projeto: você já fez a lista do que vai abandonar em 2025?
Talvez você ou sua empresa já tenham sua lista de metas para 2026. Mas você já fez a lista do que vai abandonar em 2025?
Flávio Day: veja dicas para proteger seu patrimônio com contratos de opções e escolhas de boas ações
Veja como proteger seu patrimônio com contratos de opções e com escolhas de boas empresas
Flávio Day nos lembra a importância de ter proteção e investir em boas empresas
O evento mostra que ainda não chegou a hora de colocar qualquer ação na carteira. Por enquanto, vamos apenas com aquelas empresas boas, segundo a definição de André Esteves: que vão bem em qualquer cenário
A busca pelo rendimento alto sem risco, os juros no Brasil, e o que mais move os mercados hoje
A janela para buscar retornos de 1% ao mês na renda fixa está acabando; mercado vai reagir à manutenção da Selic e à falta de indicações do Copom sobre cortes futuros de juros
Rodolfo Amstalden: E olha que ele nem estava lá, imagina se estivesse…
Entre choques externos e incertezas eleitorais, o pregão de 5 de dezembro revelou que os preços já carregavam mais política do que os investidores admitiam — e que a Bolsa pode reagir tanto a fatores invisíveis quanto a surpresas ainda por vir
A mensagem do Copom para a Selic, juros nos EUA, eleições no Brasil e o que mexe com seu bolso hoje
Investidores e analistas vão avaliar cada vírgula do comunicado do Banco Central para buscar pistas sobre o caminho da taxa básica de juros no ano que vem
Os testes da família Bolsonaro, o sonho de consumo do Magalu (MGLU3), e o que move a bolsa hoje
Veja por que a pré-candidatura de Flávio Bolsonaro à presidência derrubou os mercados; Magazine Luiza inaugura megaloja para turbinar suas receitas
O suposto balão de ensaio do clã Bolsonaro que furou o mercado: como fica o cenário eleitoral agora?
Ainda que o processo eleitoral esteja longe de qualquer definição, a reação ao anúncio da candidatura de Flávio Bolsonaro deixou claro que o caminho até 2026 tende a ser marcado por tensão e volatilidade
Felipe Miranda: Os últimos passos de um homem — ou, compre na fraqueza
A reação do mercado à possível candidatura de Flávio Bolsonaro reacende memórias do Joesley Day, mas há oportunidade
Bolha nas ações de IA, app da B3, e definições de juros: veja o que você precisa saber para investir hoje
Veja o que especialista de gestora com mais de US$ 1,5 trilhão em ativos diz sobre a alta das ações de tecnologia e qual é o impacto para o mercado brasileiro. Acompanhe também a agenda da semana
É o fim da pirâmide corporativa? Como a IA muda a base do trabalho, ameaça os cargos de entrada e reescreve a carreira
As ofertas de emprego para posições de entrada tiveram fortes quedas desde 2024 em razão da adoção da IA. Como os novos trabalhadores vão aprender?
As dicas para quem quer receber dividendos de Natal, e por que Gerdau (GGBR4) e Direcional (DIRR3) são boas apostas
O que o investidor deve olhar antes de investir em uma empresa de olho dos proventos, segundo o colunista do Seu Dinheiro
Tsunami de dividendos extraordinários: como a taxação abre uma janela rara para os amantes de proventos
Ainda que a antecipação seja muito vantajosa em algumas circunstâncias, é preciso analisar caso a caso e não se animar com qualquer anúncio de dividendo extraordinário
Quais são os FIIs campeões de dezembro, divulgação do PIB e da balança comercial e o que mais o mercado espera para hoje
Sete FIIs disputam a liderança no mês de dezembro; veja o que mais você precisa saber hoje antes de investir
Copel (CPLE3) é a ação do mês, Ibovespa bate novo recorde, e o que mais movimenta os mercados hoje
Empresa de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica, a Copel é a favorita para investir em dezembro. Veja o que mais você precisa saber sobre os mercados hoje
Mais empresas no nó do Master e Vorcaro, a escolha do Fed e o que move as bolsas hoje
Titan Capital surge como peça-chave no emaranhado de negócios de Daniel Vorcaro, envolvendo mais de 30 empresas; qual o risco da perda da independência do Fed, e o que mais o investidor precisa saber hoje
A sucessão no Fed: o risco silencioso por trás da queda dos juros
A simples possibilidade de mudança no comando do BC dos EUA já começou a mexer na curva de juros, refletindo a percepção de que o “jogo” da política monetária em 2026 será bem diferente do atual
Tony Volpon: Bolhas não acabam assim
Wall Street vivencia hoje uma bolha especulativa no mercado de ações? Entenda o que está acontecendo nas bolsas norte-americanas, e o que a inteligência artificial tem a ver com isso
As lições da Black Friday para o universo dos fundos imobiliários e uma indicação de FII que realmente vale a pena agora
Descontos na bolsa, retorno com dividendos elevados, movimentos de consolidação: que tipo de investimento realmente compensa na Black Friday dos FIIs?
Os futuros dividendos da Estapar (ALPK3), o plano da Petrobras (PETR3), as falas de Galípolo e o que mais move o mercado
Com mudanças contábeis, Estapar antecipa pagamentos de dividendos. Petrobras divulga seu plano estratégico, e presidente do BC se mantém duro em sua política de juros