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Jasmine Olga
Jasmine Olga
É repórter do Seu Dinheiro. Formada em jornalismo pela Universidade de São Paulo (ECA-USP), já passou pelo Centro de Cidadania Fiscal (CCiF) e o setor de comunicação da Secretaria da Educação do Estado de São Paulo
Guerra dos ETFs

Por que os bancos estão lançando tantos ETFs e oferecendo quase de graça para você

Só em 2021, 20 novos ETFs foram lançados no mercado brasileiro — o que disparou uma corrida pelo título de ETF com a taxa mais barata

Jasmine Olga
Jasmine Olga
9 de agosto de 2021
5:46 - atualizado às 14:46
Times Square Tickers Frases
Imagem: Shutterstock, com intervenção de Andrei Morais

2021 promete ser um ano e tanto na bolsa brasileira — e olha que ainda tem chão pela frente até 2022. Não estou falando só dos recordes que chegaram a levar o Ibovespa acima dos 130 mil pontos. Nessa conta também entra a marca de quase 4 milhões de CPFs na bolsa, os mais de 40 IPOs, as dezenas de ofertas públicas, a popularização de certos ativos — como ETFs e BDRs — e a explosão das plataformas de investimento. 

O resultado é um mercado financeiro que trava grandes batalhas pelo seu dinheiro. Bancos e corretoras correm para consolidar o maior número de escritórios de agentes autônomos sob os seus guarda-chuvas e oferecem taxas de corretagem e administração cada vez mais baixas — e, em muitos casos, até mesmo zeradas. 

É bem verdade que essa briga já vem se desenrolando nos últimos anos, mas um novo confronto ganha as manchetes e as carteiras dos investidores. Com uma versatilidade grande, os fundos de índice (ETF, da sigla em inglês Exchange Traded Funds) são a grande aposta dos bancos e corretoras para conquistar a massa de investidores.

Os ETFs são fundos de investimento que utilizam como referencial a ser seguindo um índice específico e são uma alternativa de baixo custo para quem começa a dar os primeiros passos na renda variável — ou procura estratégias específicas para diversificar a sua carteira. 

Uma das pioneiras do segmento no Brasil foi a Itaú Asset, gestora do Itaú Unibanco, que há mais de 15 anos desenvolve e consolida sua presença no mercado.

“Acreditamos muito nesse tipo de produto. ETF não vai servir para todo mundo, mas ele tem um potencial muito grande quando o investidor começa a discutir o termo investimento de uma forma mais estrutural”, afirma Renato Eid, chefe de estratégia beta e integração ESG da Itaú Asset.

Mas a guerra que vemos nos últimos meses não acontece apenas porque os bancos são bonzinhos. Para o emissor de um ETF, é interessante que o fundo ganhe escala: os custos menores implicam em margens de ganho mais enxutas.

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Agora continuando, por aqui, os fundos de índice estão presentes em apenas 0,6% das carteiras dos investidores, contra 18% em mercados desenvolvidos. Para tentar ganhar a tão desejada escala, é na taxa de administração que os bancos estão sendo mais ousados: a disputa é pelo título de menor taxa do mercado. 

A agilidade operacional, facilidade de compra e venda e o custo eficiente foram as principais razões para que os ETFs crescessem na indústria americana. Mas, para Renato Eid, a indústria de fundos brasileiras tem algumas vantagens que podem transformar ainda mais esse mercado:

  • Transparência e abertura das carteiras;
  • Prazos mais curtos de liquidação e resgate quando comparado às práticas internacionais; e
  • Redução de custos do mercado.

Quer pagar menos no ETF?

Para se ter uma ideia, dos 43 ETFs de renda variável listados atualmente na bolsa, 20 foram lançados só em 2021. Além disso, também é possível comprar BDRs de fundos de índices internacionais. No campo mais acirrado da disputa, oito deles utilizam como referência o Ibovespa  — com três tendo sido lançados só neste ano. 

E as coisas não devem parar por aí, já que o modelo de investimento ainda tem opções quase ilimitadas para serem exploradas e representa um percentual muito pequeno do volume transacionado diariamente na B3 — nos Estados Unidos, essa fatia chega a quase 40%.

Em 2020, quando existiam apenas cinco fundos de índice que seguiam o Ibovespa, a média das taxas de administração praticadas pelas casas era de 0,30% e, até então, a menor delas era praticada pelo Banco do Brasil, gestor do BOVB11

A concorrência começou a esquentar com o lançamento do BOVX11 pela XP Investimentos em junho de 2021, com a taxa de 0,15% — a menor até aquele momento. 10 dias depois, a Itaú Asset contra-atacou, cortando a taxa do BOVV11 para 0,10%, mas o reinado como ETF mais barato de Ibovespa não teve vida longa.

O BTG Pactual decidiu entrar na indústria de ETFs com uma estratégia agressiva e levou a taxa de administração a 0,03%. Logo na sequência, a XP Investimentos zerou a taxa do seu fundo de Ibovespa até que ele atinja a marca de R$ 1 bilhão em patrimônio — segundo levantamento da Quantum Finance, o BOVX11 tem um patrimônio líquido de cerca de R$ 116 milhões. Depois disso, a corretora voltará a cobrar 0,15% ao ano.

ETFs: entrando para vencer

Enquanto a Itaú Asset já está no mercado de ETFs desde 2004, quando lançou os seus primeiros fundos de índice de renda fixa, foi só no ano passado que o BTG Pactual começou a se movimentar para entrar na competição. E tudo começou com uma mudança significativa na estratégia do banco e no perfil do mercado financeiro brasileiro.

Já é possível notar um número cada vez maior de investidores em renda variável e um apetite crescente pelo pelo mercado de ações — e essa tendência deve continuar para os próximos anos. Com isso em mente, o BTG decidiu entrar na disputa para brigar com os melhores. 

Não éramos tradicionalmente envolvidos com o mercado de varejo, mas muita coisa mudou nos últimos três anos e agora temos uma rede de distribuição mais robusta

Will Landers, sócio e chefe de renda variável da BTG Pactual Asset Management

Ele ainda ressalta a competição acirrada no varejo e no setor de ETFs: Itaú, XP e BlackRock — esta última, referência mundial no assunto —, chegaram antes que o BTG.

Landers também explica que o banco de investimento buscou no exterior as referências para traçar a estratégia a ser adotada por aqui. Quanto à estratégia de atuação, ele diz que o plano é estar presente tanto em ETFs temáticos quanto no mercado mais amplo.

“Para lançar o IBOB11, decidimos ser competitivos e buscar as taxas mais atrativas oferecidas mundo afora. Vimos que nos Estados Unidos os ETFs com mais liquidez do S&P cobram uma taxa de 0,3% e decidimos colocar a taxa mais baixa possível para tentar oferecer esse produto para todos os nossos clientes e tentar participar dessa torta que só cresce que é o investimento em renda variável”. 

Na mesma ocasião do lançamento do ETF de Ibovespa, a companhia também anunciou um ativo que acompanha um índice de empresas de alto crescimento do S&P e que investe em BDRs listados na B3. 

O fantástico mundo dos investimentos temáticos

Investimentos temáticos não são exatamente uma novidade. Os primeiros movimentos nesse sentido começaram por volta do início da década de 90, mas a estrutura dos ETFs e a demanda latente por diversificação dos portfólios favorece o novo boom e variedade de produtos. 

A primeira etapa foi internacionalizar os investimentos com a criação de fundos de índice que acompanham os mercados asiático, americano e europeu. Com essa lacuna bem servida, a busca passou a ser por investimentos de vanguarda.

Esse interesse em diversificar as estratégias tem um pezinho no futuro e os olhos no longo prazo. Para o Itaú, o foco está em quatro pilares principais — saúde, tecnologia, social e investimento responsável. 

Embora o Itaú tenha concentrado os lançamentos no primeiro semestre de 2021, esse é um trabalho de muito mais tempo, já que a gestão de um ETF vai além de apenas replicar algo que já existe ou adaptar estratégias de um fundo tradicional. É preciso que as estratégias sejam eficientes e que a diversificação faça sentido no portfólio dos investidores.

Até o momento, foram cinco estratégias lançadas pelo banco em 2021:

  • TECK11, que segue um índice que acompanha as principais empresas de tecnologia do mundo;
  • HTEK11, composto por empresas que devem se beneficiar do crescimento da medicina, neurociência e bioinformática;
  • MILL11, pensado no padrão de consumo da ‘geração millenial’;
  • DNAI11, que segue empresas focadas no desenvolvimento de sequenciamento genético nas áreas da saúde e agricultura; e
  • SHOT11, que promete produtos e serviços disruptivos. 

Estamos olhando para o futuro. São teses de investimentos, megatendências que me posiciono agora buscando a concretização de uma economia que está sendo transformada hoje

Renato Eid, gestor de portfólio da Itaú Asset

E não dá para falar em futuro sem falar em criptomoedas: a consolidação desse mercado também é marcada pelos primeiros ETFs do segmento.

Na bolsa brasileira, o primeiro fundo de índice cripto foi o HASH11, da gestora Hashdex, e que é disparado o ETF novato com o maior patrimônio líquido, com cerca de R$ 1,5 bilhão.

Atualmente, também é possível encontrar outros dois fundos de moedas digitais, lançados pela QR Asset: o QTBC11, de bitcoin, e o QETH11, de ethereum. 

Will Landers, do BTG , relembra que como ganhar escala é um dos pontos mais importantes de um ETF para o emissor, muitas vezes encontrar temas com esse potencial pode ser um problema. “Por isso somos cuidadosos e queremos achar temas que não só sejam interessantes como duradouros”.

Confira na tabela todos os lançamentos de ETFs de 2021:

CÓDIGOGESTÃOINÍCIO TAXA COTISTASPATRIMÔNIO LÍQUIDO
EURP11XP15/01/20210,30%14.188R$ 363.050.712,65
ACWI11XP29/01/20210,30%6.589R$ 149.862.718,08
HASH11Hashdex22/04/20210,30%131.730*R$ 1.498.800.000,00*
TECK11Itaú28/04/20210,25%5.596R$ 68.054.388,94
NASD11XP21/05/20210,30%11.855R$ 60.083.441,18
SAET11Safra04/06/20210,25%142R$ 155.365.713,51
HTEK11Itaú09/06/20210,50%591R$ 10.776.893,09
EMEG11XP14/06/20210,30%366R$ 4.232.388,98
DNAI11Itaú16/06/20210,50%370R$ 10.742.161,22
MILL11Itaú16/06/20210,50%376R$ 10.678.217,66
BOVX11XP18/06/20210,00%2.508R$ 115.899.168,64
SHOT11Itaú22/06/20210,50%1.144R$ 14.103.541,00
QBTC11QR
Asset
22/06/20210,75%16.707R$ 146.937.240,64
ASIA11XP25/06/20210,30%495R$ 5.702.079,04
XMAL11XP16/07/20210,30%620R$ 19.562.127,65
REVE11Itaú20/07/20210,50%140R$ 10.186.613,00
IBOB11BTG23/07/20210,03%55R$ 79.600.384,96
GENB11BTG23/07/20210,25%79R$ 9.709.230,68
USTK11Investo27/07/20210,64%6.036R$ 50.594.602,68

*Levantamento realizado pela Quantum Finance até julho de 2021

O que você ganha com a guerra do ETF?

Com o mercado aquecido, quem tende a ganhar é o investidor. Para Eid, da Itaú Asset, a competição deve estar centrada no cliente, sem deixar que a discussão se resuma a declarar que o melhor será sempre o mais barato. 

Comparando com o volume investido em outros países do mundo, o Brasil ainda tem muito espaço para crescer nesse mercado. Landers aponta que, com 4 milhões de CPFs na bolsa, o leque de investidores potenciais é gigantesco, o que deve continuar sendo combustível para mais lançamentos no futuro.  

"A bolsa está crescendo, oferecendo ETFs de nichos locais e também mostrando alternativas para se expor ao mercado internacional. Com uma oferta mais rica de produtos, o consumidor tem mais escolhas de como investir e montar uma carteira super diversificada, com liquidez e que tenha custos baixos.", diz ele.

E as novidades do setor não devem demorar a aparecer. Segundo Landers, o BTG deve anunciar novos produtos nas próximas semanas, com o objetivo de entrar nos mercados que oferecem grande liquidez, mas também apresentando novos temas e teses inovadoras e interessantes. 

“Nosso objetivo é ajudar o investidor a ter acesso a um mercado super eficiente e com custo relativamente baixo, dando um ativo que tem liquidez imediata e bastante diversificação”. 

A Itaú Asset também não deve desacelerar o ritmo de novos lançamentos e promete pioneirismo e temas de vanguarda no segmento de investimento responsável nas novidades que estão no forno e devem ser anunciadas nas próximas semanas. 

Ao comentar sobre a queda da taxa administrativa do fundo de Ibovespa do banco, Renato Eid vê o movimento apenas como um desenvolvimento natural que beneficia o crescimento do mercado.

“A partir do momento que a gente ganha mais maturidade, conseguimos olhar a estratégia que estamos traçando e trazer eficiência para o investidor. Isso leva a um conjunto de fatores que deixa nossa prateleira de produtos mais competitiva e completa”.

Confira a evolução das taxas administrativas dos ETFs de Ibovespa disponíveis no mercado:

GestãoInício20172018201920202021
BOVA11BlackRocknov/080,540,540,30,30,3
XBOV11Caixa Econômica Federalnov/120,50,50,50,50,5
BOVV11Itaújul/160,30,30,30,30,1
BOVB11Bradescojun/190,20,20,2
BBOV11Banco do Brasilnov/200,180,18
SAET11Safrajun/210,25
BOVX11XPjun/210
IBOB11BTG Pactualjul/210,03
MÉDIA0,450,450,330,30,21

Levantamento realizado pela Quantum Finance

ETFs: mais do que uma taxa barata

Embora a guerra dos ETFs reflita em um ambiente de negócios com taxas cada vez mais competitivas, Renato Eid lembra que um bom fundo de índice é mais do que apenas a taxa cobrada e, algumas vezes, o barato pode acabar saindo caro. É preciso olhar para outros ângulos na hora de escolher onde colocar o seu dinheiro. 

Confira algumas dicas indispensáveis:

  • Se atente às estratégias utilizadas. Como vimos, centenas de estratégias e temáticas brigam pela sua atenção. Escolha aquelas que seguem índices que façam sentido dentro do seu objetivo de investimentos e portfólio. 
  • O fundo escolhido acompanha o índice de referência? Ao escolher investir em um ETF, o investidor não espera superar ou tentar bater o referencial escolhido, e sim seguir os seus ganhos. Por isso, é preciso analisar se o ativo escolhido é administrado de forma eficiente por casas que tenham o comprometimento com manter suas estratégias aderentes ao índice. No mercado brasileiro é possível encontrar diversos ativos que mostram uma disparidade de aderência. 
  • Deslocamentos bruscos não são desejados. É comum que ETFs com baixo volume de recursos sofram impactos com o movimento de investidores. Então, é recomendado que você estude os seus movimentos para não trazer um deslocamento significativo dos recursos.
  • Liquidez é importante. Antes de escolher um ativo, observe a diferença entre o preço de compra e o de venda (spread) e também se existe a presença de um gestor "formador de mercado" que ajuda a manter os preços aderentes e a liquidez do ativo.
  • Onde esse ETF investe? Analise a proposta do ativo e procure conhecer onde os recursos estão investidos e se eles garantem liquidez ao fundo. Além disso, confira se a receita obtida é reinvestida no ETF para beneficiar os cotistas. 

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