Venda de imóvel reforça caixa de empresas
Estratégia está sendo utilizada não só por companhias em dificuldade e que buscam se desviar de uma renegociação de dívidas na Justiça, mas também por aquelas que estão com a saúde financeira em dia, mas querem levantar recursos
A taxa básica de juros na mínima histórica e o apetite de investidores por aplicações de maior rentabilidade colocaram em ebulição o mercado imobiliário no País e levaram empresas donas de escritórios, galpões ou lojas a se desfazerem dos ativos para reforçar o caixa.
A estratégia está sendo utilizada não só por companhias em dificuldade e que buscam se desviar de uma renegociação de dívidas na Justiça, mas também por aquelas que estão com a saúde financeira em dia, mas querem levantar recursos - como o GPA, dono da marca Pão de Açúcar, e a varejista Pernambucanas, que venderam dezenas de lojas nos últimos meses.
"Esse movimento começou em 2020 e tende a continuar. Em 2021, ainda veremos muito disso", afirma o coordenador do curso de economia da Fundação Getulio Vargas (FGV), Joelson Sampaio.
Segundo ele, outra frente que também está movimentando esse mercado vem de empresas que, impulsionadas pela pandemia, estão diminuindo o tamanho de seus escritórios para passarem a ter um modelo híbrido de trabalho, entre o presencial e o remoto, reduzindo custos.
A experiência com o trabalho remoto foi um dos motivos para a Usiminas começar a procurar um novo dono para o icônico prédio de sua sede em Belo Horizonte. A venda acaba de ser fechada e o edifício será transformado em hospital. Parte dos funcionários será realocada em um imóvel que será alugado.
"O que está ocorrendo, na minha opinião, é uma migração para algo mais normal, que é as empresas carregarem menos imóveis no balanço e alocarem mais recursos nas suas atividades fim. Empresas carregando muito imóvel é que não fazia muito sentido e só acontecia porque, com os juros altos, há menos investidor interessado (nesses bens)", explica o sócio e gestor responsável pela estratégia de crédito estruturado da Hectare Capital, Eduardo Malheiros.
Leia Também
Fundos
Motivados pela taxa Selic a 2% ao ano, os fundos imobiliários se tornaram um dos principais compradores de ativos corporativos. Os fundos administrados pelo banco BTG Pactual, por exemplo, já investiram cerca de R$ 3,5 bilhões apenas este ano, incluindo prédios de escritórios corporativos e galpões logísticos.
Levantamento realizado pela Buildings, empresa de pesquisa imobiliária voltada para imóveis comerciais, aponta que, apenas em São Paulo, 32 edifícios foram total ou parcialmente comprados por fundos imobiliários neste ano, girando R$ 4,87 bilhões. O valor já é quase o dobro do registrado em todo ano passado.
"Com a queda dos juros, muitas pessoas tiraram aplicações da renda fixa e buscaram outros investimentos. Muitos encontraram na estrutura de fundos imobiliários o primeiro passo para dentro da renda variável", afirma o sócio-diretor da Buildings, Fernando Didziakas. Em 2020, os investidores nesse tipo de fundo passaram de 645 mil para 1,1 milhão, conforme os últimos dados liberados pela B3, a Bolsa paulista.
Lojas na mira
Mas não são só os prédios corporativos que estão recebendo demanda. O GPA, dono da marca Pão de Açúcar, vendeu 39 lojas e levantou R$ 1,2 bilhão. O comprador foi o fundo imobiliário TRX, que também adquiriu neste ano os pontos das lojas de construção Sodimac e, no fim do ano passado, um centro de distribuição da empresa de alimentos Camil.
O diretor de relações com investidores e Estruturação da TRX Investimentos, Gabriel Barbosa, diz que a transação ocorre da seguinte forma: a empresa vende o imóvel e, ao mesmo tempo, fecha um contrato de aluguel de longo prazo com o fundo.
Na prática, a companhia recebe o dinheiro da venda na hora e faz uma dívida de longo prazo, a um bom custo, com o fundo. "Temos visto no varejo um movimento grande de venda de imóveis para fundos. Muitas empresas veem uma oportunidade para se financiarem", comenta Barbosa.
Esse movimento, segundo o executivo, seguirá, principalmente com a estabilização dos juros, o que deve levar um número maior de empresas a vender ativos e colocar os recursos em caixa. "Em multinacionais há uma cultura maior para isso. Nas empresas familiares, ainda existe um apego maior ao imóvel", diz. Para ter bala na agulha para aproveitar oportunidades que ainda devem surgir, o fundo planeja uma nova oferta para captar recursos no início do ano que vem.
Outro fundo que está muito ativo é um montado pelo banco Credit Suisse. Dentre suas últimas aquisições, comprou 66 pontos da Lojas Pernambucanas, que abocanhou R$ 450 milhões com a operação. Fundos do banco suíço também compraram, neste finalzinho de 2019, dez lojas do Grupo Big (ex-Walmart). Procurados, GPA, Pernambucanas, Sodimac e Camil preferiram não comentar.
Companhias em dificuldade têm mais opções
A estratégia da venda de ativos imobiliários tem sido uma alternativa recorrente neste ano para as empresas que precisam de caixa para sobreviver.
O sócio da butique de reestruturação TCP Partners, Fábio Flores, afirma que, neste momento, é difícil prever a curva dos pedidos de recuperação judicial no País, depois que as empresas retomarem o pagamento de suas dívidas. Ele frisa, contudo, que o atual patamar de juros tem, ao menos, ampliado o leque de opções para se fazer caixa - algo precioso para que as companhias possam se reorganizar.
"Neste ano, a venda de ativos imobiliários tem sido uma ferramenta para se buscar dinheiro novo. Tinha empresas que tentavam vender esses ativos há anos e, em 2020, os ativos imobiliários dobraram de valor e as companhias conseguiram vender", comenta. Segundo o especialista, porém, muitos pedidos de recuperação judicial são de empresas que não têm ativos disponíveis para vender.
O sócio do escritório PGLaw, Thomaz Santana, afirma que muitas companhias, sofrendo impacto no fluxo de caixa, buscam diminuir seus ativos ilíquidos, que não podem ser convertidos em caixa rapidamente - caso dos imóveis. "Além disso, muitas empresas com situação financeira frágil estão buscando sócios para conseguirem irrigar o caixa, afirma o administrador judicial da Onbehalf, Luiz Deoclecio Fiore.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Azul (AZUL4) dá sinal verde para aporte de American e United, enquanto balanço do 3T25 mostra prejuízo mais de 1100% maior
Em meio ao que equivale a uma recuperação judicial nos EUA, a Azul dá sinal verde para acordo com as norte-americanas, enquanto balanço do terceiro trimestre mostra prejuízo ajustado de R$ 1,5 bilhão
BHP é considerada culpada por desastre em Mariana (MG); entenda por que a Vale (VALE3) precisará pagar parte dessa conta
A mineradora brasileira estima uma provisão adicional de aproximadamente US$ 500 milhões em suas demonstrações financeiras deste ano
11.11: Mercado Livre, Shopee, Amazon e KaBuM! reportam salto nas vendas
Plataformas tem pico de vendas e mostram que o 11.11 já faz parte do calendário promocional brasileiro
Na maratona dos bancos, só o Itaú chegou inteiro ao fim da temporada do 3T25 — veja quem ficou pelo caminho
A temporada de balanços mostrou uma disputa desigual entre os grandes bancos — com um campeão absoluto, dois competidores intermediários e um corredor em apuros
Log (LOGG3) avalia freio nos dividendos e pode reduzir percentual distribuído de 50% para 25%; ajuste estratégico ou erro de cálculo?
Desenvolvedora de galpões logísticos aderiu à “moda” de elevar payout de proventos, mas teve que voltar atrás apenas um ano depois; em entrevista ao SD, o CFO, Rafael Saliba, explica o porquê
Natura (NATU3) só deve se recuperar em 2026, e ainda assim com preço-alvo menor, diz BB-BI
A combinação de crédito caro, consumo enfraquecido e sinergias atrasadas mantém a empresa de cosméticos em compasso de espera na bolsa
Hapvida (HAPV3) atinge o menor valor de mercado da história e amplia programa de recompra de ações
O desempenho da companhia no terceiro trimestre decepcionou o mercado e levou a uma onda de reclassificação os papéis pelos grandes bancos
Nubank (ROXO34) tem lucro líquido quase 40% maior no 3T25, enquanto rentabilidade atinge recorde de 31%
O Nubank (ROXO34) encerrou o terceiro trimestre de 2025 com um lucro líquido de US$ 782,7 milhões; veja os destaques
Quem tem medo da IA? Sete em cada 10 pequenos e médios empreendedores desconfiam da tecnologia e não a usam no negócio
Pesquisa do PayPal revela que 99% das PMEs já estão digitalizadas, mas medo de errar e experiências ruins com sistemas travam avanço tecnológico
Com ‘caixa cheio’ e trimestre robusto, Direcional (DIRR3) vai antecipar dividendos para fugir da taxação? Saiba o que diz o CEO
A Direcional divulgou mais um trimestre de resultados sólidos e novos recordes em algumas linhas. O Seu Dinheiro conversou com o CEO Ricardo Gontijo para entender o que impulsionou os resultados, o que esperar e principalmente: vem dividendo aí?
Banco do Brasil (BBAS3) não saiu do “olho do furacão” do agronegócio: provisões ainda podem aumentar no 4T25, diz diretor
Após tombo do lucro e rentabilidade, o BB ainda enfrenta ventos contrários do agronegócio; executivos admitem que novas pressões podem aparecer no balanço do 4º trimestre
Allos (ALOS3) entrega balanço morno, mas promete triplicar dividendos e ações sobem forte. Dá tempo de surfar essa onda?
Até então, a empresa vinha distribuindo proventos de R$ 50 milhões, ou R$ 0,10 por ação. Com a publicação dos resultados, a companhia anunciou pagamentos mensais de R$ 0,28 a R$ 0,30
Na contramão da Black Friday, Apple lança ‘bolsinha’ a preço de celular novo; veja alternativas bem mais em conta que o iPhone Pocket
Apple lança bolsinha para iPhone em parceria com a Issey Miyake com preços acima de R$ 1,2 mil
Todo mundo odeia o presencial? Nubank enfrenta dores de cabeça após anunciar fim do home office, e 14 pessoas são demitidas
Em um comunicado interno, o CTO do banco digital afirmou que foram tomadas ações rápidas para evitar que a trama fosse concluída
Família Diniz vende fatia no Carrefour da França após parceria de 10 anos; veja quem são os magnatas que viraram os principais acionistas da rede
No lugar da família Diniz no Carrefour, entrou a família Saadé, que passa a ser a nova acionista principal da companhia. Família franco-libanesa é dona de líder global de logística marítima
Itaú vs. Mercado Pago: quem entrega mais vantagens na Black Friday 2025?
Com descontos de até 60%, cashback e parcelamento ampliado, Itaú e Mercado Pago intensificam a disputa pelo consumidor na Black Friday 2025
Casas Bahia (BHIA3) amplia prejuízo para R$ 496 milhões no terceiro trimestre, mas vendas sobem 8,5%
O e-commerce cresceu 12,7% entre julho e setembro deste ano, consolidando o quarto trimestre consecutivo de alta
O pior ainda não passou para a Americanas (AMER3)? Lucro cai 96,4% e vendas digitais desabam 75% no 3T25
A administração da varejista destacou que o terceiro trimestre marca o início de uma nova fase, com o processo de reestruturação ficando para trás
Acionistas do Banco do Brasil (BBAS3) não passarão fome de proventos: banco vai pagar JCP mesmo com lucro 60% menor no 3T25
Apesar do lucro menor no trimestre, o BB anunciou mais uma distribuição de proventos; veja o valor que cairá na conta dos acionistas
Lucro do Banco do Brasil (BBAS3) tomba 60% e rentabilidade chega a 8% no 3T25; veja os destaques
O BB registrou um lucro líquido recorrente de R$ 3,78 bilhões entre julho e setembro; veja os destaques do balanço