A prévia da inflação de maio registrou queda de 0,59%, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) divulgado nesta terça-feira (26) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Influenciada pela queda nos preços dos combustíveis causa pela crise do novo coronavírus, a deflação é a mais intensa desde o início do Plano Real, em julho de 1994.
É a segunda deflação seguida do indicador, que registrou -0,01% em abril. No ano, o IPCA-15 acumula alta de 0,35% e, em 12 meses, a variação acumulada foi de 1,96%.
A inflação deve terminar o ano a 1,57%, segundo estimativas do mercado financeiro reunidas no boletim Focus, do Banco Central, desta segunda-feira.
O IPCA é um indicador que pode oscilar de 2,5% a 5,5% para que a meta fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) seja cumprida. O BC altera a Selic para, entre outras coisas, cumprir a meta, hoje em 3%.
Influências
Segundo o IBGE, a gasolina, com queda de 8,51%, foi o item que apresentou o maior impacto individual negativo, contribuindo com -0,41 ponto percentual no IPCA-15.
A retração de 8,54% dos combustíveis também foi influenciada pela queda nos preços do etanol (-10,40%), do óleo diesel (-5,50%) e o gás veicular (-1,21%).
As passagens aéreas, que assim como os combustíveis fazem parte do grupo Transportes (que tem o maior peso no consumo das famílias), tiveram queda de 27,08%, após subirem 14,83% em abril. Este grupo apresentou a maior deflação do mês.

Alimentos e bebidas
Segundo o IBGE, houve desaceleração no grupo alimentos e bebidas, que registrou avanço 0,46%, contra 2,46% do mês anterior. A principal influência foram os alimentos para consumo no domicílio, que passaram de 3,14% em abril para 0,60% em maio.
A cebola foi o alimento com maior alta (33,59%), seguida da batata inglesa (16,91%) e do feijão carioca (13,62%). Já o preço da cenoura, que tinha subido 31,67% no último IPCA-15, caiu 6,41%, ainda segundo o instituto.
As carnes (-1,33%) acentuaram a queda em relação ao mês anterior (-0,27%). A alimentação fora do domicílio, que inclui os serviços de delivery (sem considerar a taxa de entrega), também desacelerou de abril (0,94%) para maio (0,13%), especialmente por conta do lanche (0,64%), cujos preços haviam subido 3,23% no mês anterior.
A segunda maior variação positiva no índice do mês veio do grupo artigos de residência (0,45%), com destaque para as altas dos itens de TV, som e informática (2,81%) e dos eletrodomésticos e equipamentos (0,89%).
Aa maior contribuição negativa (-0,02 p.p.) veio dos itens de mobiliário (-1,82%), embora a queda em maio tenha sido menos intensa que a registrada no IPCA-15 de abril (-4,00%).
Com retração de 0,27%, o grupo habitação contribuiu com -0,04 p.p para o índice do mês. A maior influência dessa queda veio da energia elétrica (-0,72). Outros itens do grupo que tiveram queda foram o gás de botijão (-1,09%) e o gás encanado (-0,36%). Já a taxa de água e esgoto variou 0,04%.
Todas as 11 regiões pesquisadas tiveram deflação em maio. O maior índice foi na região metropolitana de Fortaleza (-0,23%). Já o menor resultado foi na região metropolitana de Curitiba (-1,12%).
Os preços foram coletados no período de 15 de abril a 14 de maio de 2020 (referência) e comparados com aqueles vigentes de 17 de março a 14 de abril de 2020 (base).
Em virtude da pandemia de Covid-19, o IBGE suspendeu, no dia 18 de março, a coleta presencial de preços. Os preços passaram a ser coletados por outros meios, como pesquisas em sites de internet, por telefone ou e-mail.