Por que decidi voltar a investir na Bolsa aos 80 anos e após 25 anos fora do mercado
Após um quarto de século, volto para a Bolsa. Como não tenho necessidade imediata de dinheiro, simplesmente tenho certeza de que vou ganhar.
Quando, em abril de 1995, após 37 anos trabalhando na linha de frente de trading desks do mercado, larguei a profissão para me tornar escritor, não abdiquei de minha condição de especulador.
“Quer dizer que você continuou treidando?”, pode estar perguntando o leitor.
“Negativo”, respondo. É que a literatura é tão ou mais arriscada do que bolsas e futuros.
Um livro pode se tornar um tremendo sucesso, como aconteceu com Os Mercadores da Noite, Rapina, Caixa-preta, 1929 e mais alguns. Outros, nem tanto, como foi o caso de Que nem Sabão em Pó, Em nome de Sua Majestade e Voo Cego. Deram prejuízo a mim e aos editores.
Como tinha algum dinheiro guardado, em dólares, nos Estados Unidos, aplicados em papéis de renda fixa, fiquei só na especulação literária.
Por mérito, ou por sorte (nunca se sabe), acabei ganhando nos dois segmentos: lá e cá.
Na literatura, só para ficar em dois exemplos, os direitos de filmagem de Os mercadores da noite (“The Sunday Night Traders” na versão em inglês) foram vendidos para Hollywood. Carga Perigosa me rendeu um ótimo emprego na TV Globo, onde fiquei seis anos escrevendo roteiros para as séries Carga Pesada e Linha Direta.
Enquanto isso, em minha carteira americana, comprei títulos de empresas brasileiras que pagavam ótimas taxas de juros, quase sempre acima de 6% ao ano. Em dólares, bem entendido.
Quando saiu a lei de repatriação, decidi trazer todo o meu dinheiro para o Brasil, pagando 15% de imposto de renda e outros 15% de multa. Pus o saldo em um fundo de renda fixa do banco Itaú e deixei lá.
No começo, dava certa renda. Depois, empatava com a inflação. Finalmente tornou-se negativa.
Agora, a cota do fundo começou a cair. Ou seja, perco a inflação e mais alguma coisa.
Decidi, então, voltar para os velhos tempos. Não operando futuros ou alavancando posições. Mas vou partir pra renda variável.
Aos leitores da minha newsletter na Inversa, eu conto quais ações eu quero comprar e trago maiores detalhes sobre a minha volta à ativa. Se quiser me acompanhar de perto, deixo o convite aqui.
Pretendo usar os seguintes critérios:
- Só comprar ações de empresas que não quebram de modo algum;
- Escolher algumas que exportam para a China;
- Finalmente, adquirir papéis de companhias que estão se beneficiando com a pandemia.
“Ah”, pode estar argumentando o assinante. “Muita gente já deve estar fazendo isso.”
“Com certeza, meu amigo”, nem só os profetas enxergam o óbvio.
Após um quarto de século, volto para a Bolsa. Como não tenho necessidade imediata de dinheiro – os direitos autorais continuam entrando −, simplesmente tenho certeza de que vou ganhar.
Daqui a uns seis meses, um pouco mais, um pouco menos, o vírus vai passar. Dele, só restará uma triste lembrança.
Com quase 80 anos de idade, cardíaco, diabético, hipertenso, só espero não ir com ele, embora tome todas as precauções de isolamento. Mas, se for esse o caso, as ações que comprei serão uma boa herança.
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Magazine Luiza (MGLU3) recebe sinal verde para grupamento de ações e dá prazo para acionistas ajustarem as posições
A operação será feita na proporção de 10:1. Ou seja, grupos de 10 papéis MGLU3 serão unidos para formar uma única nova ação
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