Por que a morte nos mata tanto?
Cada drawdown do mercado é uma morte, e um tipo diferente de morte. Se acontece de você cair em um drawdown, aprenda a morrer com dignidade
A morte talvez incomode por ser o fim de uma vida que, a despeito dos altos e baixos, teima em ser feliz.
Ou por ocultar uma incerteza absoluta. How to die in a world we don't understand?
Se não existe "antes de mais nada", será que pode existir "depois de mais tudo"?
Eu sempre tive conversas profundas com o Felipe sobre a morte. Tive a sorte de, ainda em vida, encontrar um amigo com o qual posso conversar filosoficamente sobre a morte. Essas pessoas são raríssimas, deveriam ser proibidas de morrer.
Como se dão tais conversas? Não são nada tétricas; são mais como explorações intelectuais genuínas, sem vencedor ou perdedor. Aprendemos bastante ao nos ajoelharmos para rezar no túmulo do outro.
Em linhas gerais, eu sou um sujeito que se preocupa pouco com a hipótese de morrer, não é algo que me incomoda tanto assim. É claro que eu prefiro estar vivo, mas meu mundo não vai acabar (?) quando a morte chegar.
Já o Felipe é o oposto. Fica extremamente incomodado só em ouvir falar do fim. Desconfio que isso tenha a ver inclusive com a sua insônia. Dormir é uma grande perda de tempo para quem um dia vai morrer.
No entanto, a despeito desses extremos aparentemente antagônicos, ambos concordamos com um aspecto vital: somos todos despreparados para encarar a morte. Crianças brincando nos tabuleiros dos Deuses.
Trata-se de um erro ontológico. Desde a origem, fomos educados de modo a perceber a morte como algo único e definitivo — mas não é como ela se manifesta ao longo da vida.
Tenho hoje 37 anos e já morri algumas vezes. Mesma coisa com o Felipe. Tenho certeza de que já aconteceu com você também.
Ao percebermos a Morte estritamente como algo final, com "M" maiúsculo, perdemos a capacidade de encará-la de frente quando ela aparece no meio do caminho, inúmeras vezes.
Somos atropelados pelo Minotauro enquanto estávamos ainda alongando a panturrilha antes de entrar no labirinto, quando deveríamos estar já de escudo e espada em riste.
Mas tudo bem, o despreparo não é um problema. Morrer no meio do corredor não é um problema, desde que você saiba, de antemão, que vai morrer várias vezes. Aquela foi só mais uma vez. Cost of being in the business of life.
Temos que ficar calejados em relação ao juízo final, trazer a valor presente esse extenso fluxo de sangue intertemporal.
Cada drawdown do mercado é uma morte, e um tipo diferente de morte. Se acontece de você cair em um drawdown, aprenda a morrer com dignidade. Não chore, não fique se lamentando; logo passa.
Na verdade, nem dá tempo de se lamentar. Daqui a pouquinho, já vem outro drawdown por aí. E você vai querer estar de pé quando a próxima onda vier para te derrubar.
Rodolfo Amstalden: Deus abençoe as meme stocks
A Truth Social de Trump é uma meme stock turbinada por anabolizantes políticos e ideológicos; é quase impossível dizer se um ativo desse tipo está barato ou caro
‘The man who sold the world’ ou ‘The man who solve the market’?
Nesta edição, João Piccioni compara o clássico de David Bowie com os modelos quantitativos do renomado gestor Jim Simons.
A jornada tortuosa do Banco Central: Como Campos Neto virou refém dos indicadores — e não deve escapar desse cativeiro antes de junho
BC não percebeu alterações no cenário econômico e parece pessimista demais, mas ata do Copom, IPCA-15 e RTI devem ajudar a esclarecer essa visão
Felipe Miranda: Sindicato de Ladrões
Talvez haja um pessimismo exagerado do mercado após a decisão do Copom — e a ata de amanhã pode ser a primeira catálise para mudar isso
A renda fixa brasileira ‘não liga’ para Campos Neto? Nem Gisele Bündchen ‘salvou’ a Vivara (VIVA3)? Veja o que foi destaque na Faria Lima esta semana
E ainda: os melhores investimentos com a Selic a 10,75% a.a.
Bombou no SD: O real problema da Petrobras, operação bilionária nos Correios e recompensa pela teimosia nas loterias; confira as notícias mais lidas da semana
Além da Petrobras, dos Correios e das loterias, também bombou no SD a notícia sobre o rombo bilionário deixado pelas teles para o governo
Vale a pena investir em Tesouro IPCA+ mesmo com a Selic em queda?
Leitor está interessado em título do Tesouro Direto, mas teme que, por ser um investimento de renda fixa, seja negativamente impactado pelos juros em queda
As ações da Vivara (VIVA3) deixaram de ser uma joia, mas será que ainda merecem um espaço na sua carteira?
Temos que admitir que, apesar da troca truculenta de comando, Nelson Kaufman é um profundo conhecedor do negócio que ele ergueu praticamente do zero
A diferença que uma letra faz: Ibovespa reage às sinalizações do Copom e do Fed; veja o que mais mexe com os mercados hoje
Copom cortou os juros para 10,75% e indicou mais um corte 0,5 ponto porcentual na próxima reunião de política monetária
Rodolfo Amstalden: Daqui a pouco saberemos se estávamos certos
O tão sonhado dia em que a taxa de juros dos EUA passaria a cair foi adiado pelo Federal Reserve
Leia Também
Mais lidas
-
1
Ações da Casas Bahia (BHIA3) disparam 10% e registram maior alta do Ibovespa; 'bancão' americano aumentou participação na varejista
-
2
O carro elétrico não é essa coisa toda — e os investidores já começam a desconfiar de uma bolha financeira e ambiental
-
3
Acordo bilionário da Vale (VALE3): por que a mineradora pagou US$ 2,7 bilhões por 45% da Cemig GT que ainda não tinha