Pressionado pelo coronavírus, Ibovespa cai 7% e tem o pior pregão desde o Joesley Day
O Ibovespa perdeu quase oito mil pontos nesta quarta-feira, impactado por um forte movimento de correção por causa da disparada de casos do coronavírus fora da China — todas as ações do índice fecharam em queda. Já o dólar à vista subiu a R$ 4,44, cravando mais um recorde nominal de encerramento

Dizem que o ano só começa pra valer depois do Carnaval. Pois bem: se você acredita nessa máxima, saiba que os mercados financeiros do Brasil largaram com o pé esquerdo em 2020: o Ibovespa cravou as mínimas no ano, enquanto o dólar à vista renovou as máximas históricas nominais.
Não estamos falando de uma pressão qualquer sobre os ativos domésticos. O Ibovespa abriu em queda de mais de 4% e, a partir daí, as coisas só pioraram. Ao fim do dia, recuou 7%, aos 105.718,29 pontos — somente hoje, o índice perdeu quase oito mil pontos.
Em termos percentuais, esse foi o pior pregão desde 18 de maio de 2017, quando o Ibovespa fechou em queda de 8,80% — data que ficou conhecida como 'Joesley Day'.
Na ocasião, o mercado reagiu fortemente à notícia de que o empresário Joesley Batista teria gravado conversas particulares com o então presidente Michel Temer — e que o conteúdo desses áudios seria potencialmente destruidor.
Mas, desta vez, não houve nenhuma bomba no cenário político doméstico, muito embora Brasília esteja longe de ser um reduto de tranquilidade no momento. O gatilho para essa forte aversão ao risco foi o exterior, em meio às enormes incertezas em relação ao coronavírus.
Ocorre que os ativos brasileiros sofreram com uma espécie de delay, já que os mercados domésticos estiveram fechados na segunda (24) e na terça-feira (25), por causa do Carnaval. E, nesse meio tempo, as bolsas mundiais despencaram — assim, foi necessário um intenso movimento de correção nesta quarta-feira.
Leia Também
Tudo isso por causa do surto de coronavúrus. Desde o fim de semana, novos focos da doença surgiram no mundo, com destaque para um salto nos casos na Itália, na Coreia do Sul e no Irã.
Até a semana passada, o mercado trabalhava com um cenário em que o vírus possuía poucas manifestações fora da China. Mas, com um crescimento súbito nas mortes e infecções em outros países, aumentou fortemente o temor quanto aos impactos que o surto poderá causar à economia global.
Nesse panorama cheio de incertezas, os investidores externos optaram por assumir uma postura mais defensiva nos últimos dias, vendendo ações e correndo para a segurança do dólar — e, por aqui, esse efeito só é sentido hoje, já que a pausa do Carnaval impediu um ajuste "em tempo real" dos ativos domésticos.
No mercado de moedas, o dólar à vista terminou a sessão em alta de 1,11%, a R$ 4,4413 — um novo recorde nominal de encerramento. A pressão sobre o câmbio só não foi maior porque o Banco Central (BC) convocou um leilão extraordinário de swap no início da tarde, para injetar recursos novos no sistema. Há outra operação semelhante prevista para amanhã.
Entre as curvas de juros, o dia foi de estabilidade na ponta mais curta, em meio à percepção de que o BC terá de cortar a Selic para dar mais impulso à economia doméstica. Mas, nos vencimentos mais longos, o tom foi de alta firme, em linha com o comportamento do dólar.
Veja abaixo como ficaram os principais DIs hoje:
- Janeiro/2021: de 4,18% para 4,19%;
- Janeiro/2022: de 4,68% para 4,76%;
- Janeiro/2023: de 5,26% para 5,37%;
- Janeiro/2025: de 6,06% para 6,19%;
- Janeiro/2027: de 6,47% para 6,63%.
Com o desempenho desta quarta-feira, o Ibovespa agora acumula perdas de 8,58% em 2020; o dólar à vista sobe 10,71% desde o início do ano.
Fatores locais
Como se a correção dos últimos dias não fosse suficiente para trazer cautela às negociações por aqui, tivemos fatores extra de pressão no front doméstico.
Em primeiro plano, apareceu a confirmação do primeiro caso do coronavírus no país — trata-se de um homem de 61 anos que esteve na Itália a trabalho. O Brasil, assim, tornou-se a primeira nação da América Latina a constatar a nova doença.
Além disso, o cenário de tensão em Brasília contribuiu para trazer ainda mais prudência as operações. Conforme revelado pelo site BR Político, do jornal O Estado de S. Paulo, o presidente Jair Bolsonaro disparou de seu celular pessoal um vídeo em que ataca o Congresso e convoca a população a "sair as ruas" em 15 de março para defendê-lo.
Para especialistas, o comportamento de Bolsonaro pode ser enquadrado como crime de responsabilidade. Desde a noite de ontem, o tema tem movimentado as redes sociais e gerado grande polêmica.
O mal estar gerado pela situação — assim como a falta de clareza quanto à reação da classe política ao vídeo — cria mais um ponto de estresse para as negociações nesta quarta-feira.
Exterior menos negativo
A situação só não foi pior porque, lá fora, a sessão foi relativamente amena. Nos Estados Unidos, o Dow Jones (-0,46%), o S&P 500 (-0,38%) e o Nasdaq (+0,17%) ficaram perto do zero a zero, após as fortes baixas dos últimos dias; na Europa, as principais praças assumiram um tom misto.
No mercado de câmbio, o dia também foi mais calmo em relação às sessões anteriores. O dólar continuou se fortalecendo na comparação com as moedas emergentes, mas num ritmo bem inferior ao dos últimos dias.
Dia vermelho
Todas as ações da carteira do Ibovespa terminaram o pregão de hoje em queda, mas alguns papéis apresentam desempenhos particularmente ruins: empresas aéreas e companhias ligadas ao mercado externo tiveram as maiores baixas do índice.
Gol PN (GOLL4), com perda de 14,31%, e Azul PN (AZUL4), em baixa de 13,30%, lideraram a ponta negativa do Ibovespa, em meio a uma enxurrada de fatores negativos para tais companhias. Além da óbvia preocupação quanto aos impactos do coronavírus ao setor de viagens, também há a pressão vinda da disparada do dólar.
Vale lembrar que boa parte da linha de custos de uma companhia aérea é dolarizada, já que as despesas com combustível de aviação são denominadas na moeda americana. Assim, nem mesmo a baixa do petróleo nos últimos dias é capaz de trazer alento a essas empresas.
No front das exportadoras, há uma enorme preocupação quanto ao estado do comércio e da economia mundial por causa do surto. Nesse contexto, as siderúrgicas CSN ON (CSNA3), Gerdau PN (GGBR4) e Usiminas PNA (USIM5) foram as mais prejudicadas, com quedas de 10,89%, 10,47% e 10,36%, nesta ordem.
As ações da Petrobras também foram fortemente impactadas, tanto as ONs (PETR3) quanto as PNs (PETR4), com perdas de 9,95% e 10,05%, respectivamente. O petróleo Brent caiu 2,67% e o WTI recuou 2,34% — ambos acumulam perdas de mais de 9% nesta semana.
Por fim, Vale ON (VALE3) desvalorizou 9,54% — a China, epicentro do coronavírus, é a principal consumidora mundial de minério de ferro, e uma desaceleração na economia do gigante asiático afetaria diretamente a empresa brasileira. Além disso, a companhia confirmou hoje que um navio carregado com minério corre risco de naufrágio no Maranhão.
Top 5
Veja abaixo as cinco maiores quedas do índice nesta quarta-feira:
- Gol PN (GOLL4): -14,31%
- Azul PN (AZUL4): -13,30%
- Metalúrgica Gerdau PN (GOAU4): -11,89%
- CVC ON (CVCB3): -11,33%
- CSN ON (CSNA3): -10,89%
Um novo segmento para os fundos imobiliários? Com avanço da inteligência artificial, data centers entram na mira dos FIIs — e cotistas podem lucrar com isso
Com a possibilidade de o país se tornar um hub de centros de processamento de dados, esses imóveis deixam de ser apenas “investimentos diferentões”
O pior está por vir? As ações que mais apanham com as tarifas de Trump ao Brasil — e as três sobreviventes no pós-mercado da B3
O Ibovespa futuro passou a cair mais de 2,5% assim que a taxa de 50% foi anunciada pelo presidente norte-americano, enquanto o dólar para agosto renovou máxima, subindo mais de 2%
A bolsa brasileira vai negociar ouro a partir deste mês; entenda como funcionará o novo contrato
A negociação começará em 21 de julho, sob o ticker GLD, e foi projetada para ser mais acessível, inspirada no modelo dos minicontratos de dólar
Ibovespa tropeça em Galípolo e na taxação de Trump ao Brasil e cai 1,31%; dólar sobe a R$ 5,5024
Além da sinalização do presidente do BC de que a Selic deve ficar alta por mais tempo do que o esperado, houve uma piora generalizada no mercado local depois que Trump mirou nos importados brasileiros
FII PATL11 dispara na bolsa e não está sozinho; saiba o que motiva o bom humor dos cotistas com fundos do Patria
Após encher o carrinho com novos ativos, o Patria está apostando na reorganização da casa e dois FIIs entram na mira
O Ibovespa está barato? Este gestor discorda e prevê um 2025 morno; conheça as 6 ações em que ele aposta na bolsa brasileira agora
Ao Seu Dinheiro, o gestor de ações da Neo Investimentos, Matheus Tarzia, revelou as perspectivas para a bolsa brasileira e abriu as principais apostas em ações
A bolsa perdeu o medo de Trump? O que explica o comportamento dos mercados na nova onda de tarifas do republicano
O presidente norte-americano vem anunciando uma série de tarifas contra uma dezena de países e setores, mas as bolsas ao redor do mundo não reagem como em abril, quando entraram em colapso; entenda por que isso está acontecendo agora
Fundo Verde, de Stuhlberger, volta a ter posição em ações do Brasil
Em carta mensal, a gestora revelou ganhos impulsionados por posições em euro, real, criptomoedas e crédito local, enquanto sofreu perdas com petróleo
Ibovespa em disparada: estrangeiros tiveram retorno de 34,5% em 2025, no melhor desempenho desde 2016
Parte relevante da valorização em dólares da bolsa brasileira no primeiro semestre está associada à desvalorização global da moeda norte-americana
Brasil, China e Rússia respondem a Trump; Ibovespa fecha em queda de 1,26% e dólar sobe a R$ 5,4778
Presidente norte-americano voltou a falar nesta segunda-feira (7) e acusou o Brasil de promover uma caça às bruxas; entenda essa história em detalhes
Em meio ao imbróglio com o FII TRBL11, Correios firmam acordo de locação com o Bresco Logística (BRCO11); entenda como fica a operação da agência
Enquanto os Correios ganham um novo endereço, a agência ainda lida com uma queda de braço com o TRBL11, que vem se arrastando desde outubro do ano passado
De volta ao trono: Fundo imobiliário de papel é o mais recomendado de julho para surfar a alta da Selic; confira o ranking
Apesar do fim da alta dos juros já estar entrando no radar do mercado, a Selic a 15% abre espaço para o retorno de um dos maiores FIIs de papel ao pódio da série do Seu Dinheiro
Ataque hacker e criptomoedas: por que boa parte do dinheiro levado no “roubo do século” pode ter se perdido para sempre
Especialistas consultados pelo Seu Dinheiro alertam: há uma boa chance de que a maior parte do dinheiro roubado nunca mais seja recuperada — e tudo por causa do lado obscuro dos ativos digitais
Eve, subsidiária da Embraer (EMBR3), lança programa de BDRs na B3; saiba como vai funcionar
Os certificados serão negociados na bolsa brasileira com o ticker EVEB31 e equivalerão a uma ação ordinária da empresa na Bolsa de Nova York
Quem tem medo da taxação? Entenda por que especialistas seguem confiantes com fundos imobiliários mesmo com fim da isenção no radar
Durante o evento Onde Investir no Segundo Semestre de 2025, especialistas da Empiricus Research, da Kinea e da TRX debateram o que esperar para o setor imobiliário se o imposto for aprovado no Congresso
FIIs na mira: as melhores oportunidades em fundos imobiliários para investir no segundo semestre
Durante o evento Onde Investir no Segundo Semestre de 2025, do Seu Dinheiro, especialistas da Empiricus Research, Kinea e TRX revelam ao que o investidor precisa estar atento no setor imobiliário com a Selic a 15% e risco fiscal no radar
Ibovespa sobe 0,24% e bate novo recorde; dólar avança e termina dia cotado em R$ 5,4248
As bolsas norte-americanas não funcionaram nesta sexta-feira (4) por conta de um feriado, mas o exterior seguiu no radar dos investidores por conta das negociações tarifárias de Trump
Smart Fit (SMFT3) falha na série: B3 questiona queda brusca das ações; papéis se recuperam com alta de 1,73%
Na quarta-feira (2), os ativos chegaram a cair 7% e a operadora da bolsa brasileira quis entender os gatilhos para a queda; descubra também o que aconteceu
Ibovespa vale a pena, mas vá com calma: por que o UBS recomenda aumento de posição gradual em ações brasileiras
Banco suíço acredita que a bolsa brasileira tem espaço para mais valorização, mas cita um risco como limitante para alta e adota cautela
Da B3 para as telinhas: Globo fecha o capital da Eletromidia (ELMD3) e companhia deixa a bolsa brasileira
Para investidores que ainda possuem ações da companhia, ainda é possível se desfazer delas antes que seja tarde; saiba como