Dólar à vista dá mais um salto e chega a R$ 5,52, pressionado pelas incertezas domésticas
O dólar à vista subiu mais de 2% e atingiu patamares inéditos. A potencial piora do quadro fiscal do país, a perspectiva de corte da Selic e as notícias quanto ao pedido de demissão do ministro da Justiça, Sergio Moro, elevaram a aversão ao risco por aqui
Ontem, eu me peguei admirado pela marca atingida pelo dólar à vista: os R$ 5,40 anotados no fechamento da sessão de quarta-feira (22) eram inimagináveis há um ano, quando a divisa ainda era negociada abaixo dos R$ 4,00.
Pois o incrível recorde de ontem já ficou para trás — e com folga. O dólar à vista passou toda a quinta-feira (23) no campo positivo, sem qualquer sinal de que poderia passar por algum alívio. Pelo contrário: a moeda foi ganhando força ao longo da tarde.
Tanto é que o dólar à vista estava nas máximas ao fim do dia, cotado a R$ 5,5287 — um salto de 2,22%. É um novo recorde nominal de fechamento da moeda americana e a sétima alta nas últimas oito sessões.
- Eu gravei um vídeo para explicar a dinâmica dos mercados nesta quinta-feira. Veja abaixo:
Com o desempenho de hoje, o dólar à vista já acumula ganhos de 6,39% em abril; desde o começo do ano, o avanço da divisa já chega a 37,81%.
O comportamento do mercado doméstico de câmbio chamou a atenção porque, no exterior, o dia foi de relativa tranquilidade nas negociações de moedas. O dólar apenas flutuou ao redor da estabilidade em relação às demais divisas de países emergentes — o real foi o ativo que destoou do restante da cesta.
E mesmo a bolsa brasileira também exibiu um viés mais defensivo. O Ibovespa abriu o dia em alta, mas virou ao campo negativo durante a tarde e encerrou em baixa de 1,26%, aos 79.673,30 pontos — com isso, o índice perdeu o nível dos 80 mil pontos, reconquistado ontem.
Leia Também
O desempenho do mercado acionário doméstico também contrastou com a tendência vista lá fora: nos Estados Unidos, o Dow Jones (+0,56%), o S&P 500 (+0,29%) e o Nasdaq (+0,32%) conseguiram fechar em alta moderada.
É claro que o ambiente nos mercados globais continua cauteloso: em meio ao surto de coronavírus e às perspectivas ainda nebulosas em relação à economia mundial, os investidores evitam se expor desnecessariamente ao risco, assumindo uma postura mais defensiva.
No entanto, os fatores domésticos foram decisivos para o estresse visto no dólar e na bolsa: a potencial piora do quadro fiscal do país, a perspectiva de corte da Selic na próxima reunião do Copom e as notícias quanto ao pedido de demissão do ministro da Justiça, Sergio Moro, deixaram os investidores com os nervos à flor da pele.

Estresse local
A pressão vista no câmbio tem se mostrado persistente, resistindo inclusive às atuações do BC. Ao longo do dia, a autoridade monetária promoveu três leilões extraordinários de swap, injetando US$ 1,5 bilhão em recursos novos no sistema — tais operações, contudo, não serviram para trazer alívio à moeda
E uma combinação de fatores desencadeou a corrida à divisa americana. Em primeiro lugar, há a perspectiva de corte mais agressivo na Selic por parte do Copom, que se reunirá no dia 6 de maio — há quem aposte numa redução de 0,75 ponto na taxa básica de juros, tendo como base as sinalizações emitidas pela própria autoridade monetária.
As curvas de juros futuros fecharam em alta nesta quinta, corrigindo parte da forte queda registrada nos últimos dias. Ainda assim, os DIs mais curtos — com vencimento em janeiro de 2021 — continuaram sendo negociados abaixo dos 3%, o que evidencia a aposta de redução forte na Selic:
- Janeiro/2021: de 2,64% para 2,72%;
- Janeiro/2022: de 3,18% para 3,37%;
- Janeiro/2023: de 4,21% para 4,69%;
- Janeiro/2025: de 5,86% para 6,38%.
Mas o estresse visto no câmbio não foi fruto apenas da perspectiva de corte na Selic. Analistas e operadores mostraram-se preocupados com a deterioração no lado fiscal do país — uma percepção que aumentou com o lançamento do programa 'Pró-Brasil'.
Trata-se de uma iniciativa para impulsionar a atividade no segundo semestre do ano, mas que, segundo apuração do Estadão/Broadcast, poderá se valer de créditos extraordinários que 'driblam' o teto de gastos — um cenário que, naturalmente, inspirou cautela ao mercado.
Por fim, uma notícia potencialmente bombástica contribuiu para trazer ainda mais cautela às operações por aqui: segundo a Folha de S. Paulo, o ministro da Justiça, Sergio Moro, pediu demissão após o presidente Jair Bolsonaro comunicar a troca na diretoria-geral da Polícia Federal.
A possível saída de Moro gerou pressão extra ao dólar e consolidou o Ibovespa em queda — no pior momento, o índice chegou a cair aos 78.621,92 pontos (-2,56%).
"O Moro não tem impacto direto nas questões econômicas de fato. Mas a saída dele agravaria o quadro institucional e faria o governo perder credibilidade", disse um analista, em meio ao turbilhão gerado pelo noticiário envolvendo o ministro da Justiça.
Petróleo se recupera
O tom mais ameno visto nas bolsas globais tem relação com a forte alta nas cotações do petróleo: o WTI disparou 19,74% e o Brent avançou 4,71% — ambos os contratos têm vencimento em junho.
E, em meio à recuperação da commodity, os papéis da Petrobras foram diretamente beneficiados: as ações PN (PETR4) subiram 1,19% e as ONs (PETR3) tiveram alta de 1,11%, sustentando-se no campo positivo mesmo em meio às instabilidades geradas pela possível demissão de Moro.
Os ganhos firmes do petróleo se devem às declarações de autoridades russas quanto à postura da Opep em meio ao colapso nos preços da commodity, afirmando que o corte na produção deve ser de 15 milhões a 20 bilhões de barris por dia em maio — número maior do que os 9,7 milhões divulgados na última reunião do cartel.
Além disso, os investidores também reagiram de maneira ligeiramente positiva aos novos dados do mercado de trabalho nos EUA. Na semana encerrada em 18 de abril, foram registrados 4,427 milhões de novos pedidos de seguro-desemprego.
Por mais que o número ainda seja bastante elevado e tenha ficado acima das projeções dos analistas, ele representa uma queda de 810 mil novas solicitações em relação ao resultado da semana anterior — o que, ao menos, serve como alívio para os agentes financeiros.
Ainda na agenda de dados econômicos, os mais recentes números de atividade no mundo geraram preocupação: nos EUA, o PMI composto preliminar de abril caiu a 27,4 na mínima da série histórica; na Europa, os indicadores da zona do euro, da Alemanha e do Reino Unido também estão no piso.
Top 5
Veja abaixo os cinco papéis de melhor desempenho do Ibovespa hoje:
| CÓDIGO | NOME | PREÇO (R$) | VARIAÇÃO |
| SUZB3 | Suzano ON | 36,56 | +3,83% |
| IGTA3 | Iguatemi ON | 35,79 | +3,44% |
| EMBR3 | Embraer ON | 9,27 | +3,34% |
| GOAU4 | Metalúrgica Gerdau PN | 5,32 | +2,90% |
| KLBN11 | Klabin units | 16,96 | +2,60% |
Confira também as maiores baixas do índice:
| CÓDIGO | NOME | PREÇO (R$) | VARIAÇÃO |
| IRBR3 | IRB ON | 10,12 | -8,50% |
| HYPE3 | Hypera ON | 30,85 | -8,46% |
| CVCB3 | CVC ON | 13,92 | -6,26% |
| YDUQ3 | Yduqs ON | 28,90 | -6,17% |
| ELET3 | Eletrobras ON | 25,05 | -6,07% |
Itaú (ITUB4) continua o “relógio suíço” da bolsa: lucro cresce, ROE segue firme e o mercado pergunta: é hora de comprar?
Lucro em alta, rentabilidade de 23% e gestão previsível mantêm o Itaú no topo dos grandes bancos. Veja o que dizem os analistas sobre o balanço do 3T25
Depois de salto de 50% no lucro líquido no 3T25, CFO da Pague Menos (PGMN3) fala como a rede de farmácias pode mais
O Seu Dinheiro conversou com o CFO da Pague Menos, Luiz Novais, sobre os resultados do terceiro trimestre de 2025 e o que a empresa enxerga para o futuro
FII VGHF11 volta a reduzir dividendos e anuncia o menor pagamento em quase 5 anos; cotas apanham na bolsa
Desde a primeira distribuição, em abril de 2021, os dividendos anunciados neste mês estão entre os menores já pagos pelo FII
Itaú (ITUB4) perde a majestade e seis ações ganham destaque em novembro; confira o ranking das recomendações dos analistas
Após voltar ao topo do pódio da série Ação do Mês em outubro, os papéis do banco foram empurrados para o fundo do baú e, por pouco, não ficaram de fora da disputa
Petrobras (PETR4) perde o trono de empresa mais valiosa da B3. Quem é o banco que ‘roubou’ a liderança?
Pela primeira vez desde 2020, essa companhia listada na B3 assumiu a liderança do ranking de empresas com maior valor de mercado da bolsa brasileira; veja qual é
Fundo imobiliário GARE11 vende 10 imóveis, locados ao Grupo Mateus (GMAT3) e ao Grupo Pão de Açúcar (PCAR3), por R$ 485 milhões
A venda envolve propriedades locadas ao Grupo Mateus (GMAT3) e ao Grupo Pão de Açúcar (PCAR3), que pertenciam ao FII Artemis 2022
Ibovespa atinge marca inédita ao fechar acima dos 150 mil pontos; dólar cai a R$ 5,3574
Na expectativa pela decisão do Copom, o principal índice de ações da B3 segue avançando, com potencial de chegar aos 170 mil pontos, segundo a XP
A última dança de Warren Buffett: ‘Oráculo de Omaha’ vai deixar a Berkshire Hathaway com caixa em nível recorde
Lucro operacional da Berkshire Hathaway saltou 34% em relação ao ano anterior; Warren Buffett se absteve de recomprar ações do conglomerado.
Ibovespa alcança o 5º recorde seguido, fecha na marca histórica de 149 mil pontos e acumula ganho de 2,26% no mês; dólar cai a R$ 5,3803
O combo de juros menores nos EUA e bons desempenhos trimestrais das empresas pavimenta o caminho para o principal índice da bolsa brasileira superar os 150 mil pontos até o final do ano, como apontam as previsões
Maior queda do Ibovespa: o que explica as ações da Marcopolo (POMO4) terem desabado após o balanço do terceiro trimestre?
As ações POMO4 terminaram o dia com a maior queda do Ibovespa depois de um balanço que mostrou linhas abaixo do que os analistas esperavam; veja os destaques
A ‘brecha’ que pode gerar uma onda de dividendos extras aos acionistas destas 20 empresas, segundo o BTG
Com a iminência da aprovação do projeto de lei que taxa os dividendos, o BTG listou 20 empresas que podem antecipar pagamentos extraordinários para ‘fugir’ da nova regra
Faltou brilho? Bradesco (BBDC4) lucra mais no 3T25, mas ações tombam: por que o mercado não se animou com o balanço
Mesmo com alta no lucro e na rentabilidade, o Bradesco viu as ações caírem no exterior após o 3T25. Analistas explicam o que pesou sobre o resultado e o que esperar daqui pra frente.
Montanha-russa da bolsa: a frase de Powell que derrubou Wall Street, freou o Ibovespa após marca histórica e fortaleceu o dólar
O banco central norte-americano cortou os juros pela segunda vez neste ano mesmo diante da ausência de dados econômicos — o problema foi o que Powell disse depois da decisão
Ouro ainda pode voltar para as máximas: como levar parte desse ganho no bolso
Um dos investimentos que mais renderam neste ano é também um dos mais antigos. Mas as formas de investir nele são modernas e vão de contratos futuros a ETFs
Ibovespa aos 155 mil pontos? JP Morgan vê três motores para uma nova arrancada da bolsa brasileira em 2025
De 10 de outubro até agora, o índice já acumula alta de 5%. No ano, o Ibovespa tem valorização de quase 24%
Santander Brasil (SANB11) bate expectativa de lucro e rentabilidade, mas analistas ainda tecem críticas ao balanço do 3T25. O que desagradou o mercado?
Resultado surpreendeu, mas mercado ainda vê preocupações no horizonte. É hora de comprar as ações SANB11?
Ouro tomba depois de máxima, mas ainda não é hora de vender tudo: preço pode voltar a subir
Bancos centrais globais devem continuar comprando ouro para se descolar do dólar, diz estudo; analistas comentam as melhores formas de investir no metal
IA nas bolsas: S&P 500 cruza a marca de 6.900 pontos pela 1ª vez e leva o Ibovespa ao recorde; dólar cai a R$ 5,3597
Os ganhos em Nova York foram liderados pela Nvidia, que subiu 4,98% e atingiu uma nova máxima. Por aqui, MBRF e Vale ajudaram o Ibovespa a sustentar a alta.
‘Pacman dos FIIs’ ataca novamente: GGRC11 abocanha novo imóvel e encerra a maior emissão de cotas da história do fundo
Com a aquisição, o fundo imobiliário ultrapassa R$ 2 bilhões em patrimônio líquido e consolida-se entre os maiores fundos logísticos do país, com mais de 200 mil cotistas
Itaú (ITUB4), BTG (BPAC11) e Nubank (ROXO34) são os bancos brasileiros favoritos dos investidores europeus, que veem vida ‘para além da eleição’
Risco eleitoral não pesa tanto para os gringos quanto para os investidores locais; estrangeiros mantêm ‘otimismo cauteloso’ em relação a ativos da América Latina
