Impulsionado pelo ‘risco coronavírus’, dólar à vista voa alto e atinge um novo recorde nominal
A indicação de que a Apple não conseguirá cumprir as metas do terceiro trimestre por causa do surto de coronavírus deixou os mercados globais em alerta. Como resultado, o dólar à vista subiu e cravou mais uma máxima, enquanto o Ibovespa fechou em queda
Ao final da semana passada, parecia que a escalada do dólar à vista estava começando a ceder: no exterior, o surto de coronavírus deu sinais de perda de força e, por aqui, o Banco Central (BC) atou duas vezes para diminuir a pressão sobre a moeda — fatores que, em conjunto, indicavam uma conjuntura mais amena para o mercado doméstico de câmbio.
Pois essa imagem de acomodação da moeda americana ruiu em apenas duas sessões. Nesta terça-feira (18), o dólar à vista fechou em alta de 0,65% — o segundo avanço consecutivo — e chegou a R$ 4,3574, atingindo um novo recorde nominal de encerramento.
Com os ganhos de hoje, o dólar à vista já acumula uma valorização de 8,61% desde o início de 2020 — em fevereiro, a alta é de 1,69%. Somente neste ano, a divisa americana já renovou sete vezes as máximas de fechamento.
A reversão do quadro de alívio visto no fim da semana passada se deve ao panorama diametralmente oposto enfrentado pelos mercados. O 'risco coronavírus' voltou com força ao radar nesta terça-feira, ao mesmo tempo em que o BC optou por não promover novas operações no câmbio.
Assim, sem a ajuda da autoridade monetária, a pressão no dólar foi intensa desde a manhã — na máxima do dia, a divisa chegou a subir 0,74%, a R$ 4,3613. Vale ressaltar, ainda, que a sessão foi marcada pela valorização generalizada da moeda americana em relação às divisas de países emergentes.
Esse quadro de maior cautela externa também influenciou o Ibovespa: o principal índice da bolsa brasileira terminou o pregão em baixa de 0,29%, aos 114.977,29 pontos, após tocar os 113.532,04 pontos na mínima (-1,37%).
Leia Também
Mesmo com Ibovespa em níveis recordes, gestores ficam mais cautelosos, mostra BTG Pactual
Com quase R$ 480 milhões em CDBs do Banco Master, Oncoclínicas (ONCO3) cai mais de 10% na bolsa
Restou ao Ibovespa apenas acompanhar a tendência global: na Ásia e na Europa, as principais praças fecharam no vermelho; nos Estados Unidos, o Dow Jones (-0,56%) e o S&P 500 (-0,29%) também caíram.
Impacto real
Os tão temidos impactos do coronavírus à economia mundial começaram a ser sentidos de maneira mais palpável nesta terça-feira, e esse choque de realidade gerou um aumento da aversão ao risco nos mercados globais.
O centro das preocupações foi a Apple: a empresa informou que não conseguirá cumprir suas projeções para o trimestre por causa do surto da doença. Em meio às paralisações de fábricas na China e à queda na demanda por iPhones no país asiático, a empresa já jogou a toalha para os três primeiros meses de 2020.
Assim, por mais que os dados econômicos da China e de outros países ainda não indiquem maiores impactos gerados pelo coronavírus, uma importante empresa global já admitiu que irá sofrer no curto prazo — uma sinalização que aumentou a cautela por parte dos investidores.
Até onde vai o dólar?
O dólar à vista chegou a tocar o nível de R$ 4,38 durante a sessão da última quinta-feira (13), marcando um novo recorde nominal em termos intradiários — e fazendo o Banco Central (BC) atuar, convocando leilões extraordinários de swap para aliviar a tensão.
A medida da autoridade monetária deu certo: o dólar fechou em queda na quinta e na sexta (14), voltando ao patamar de R$ 4,30. Só que, nesta semana, a escalada da moeda rumo às máximas voltou com tudo.
Com um novo recorde sendo atingido nesta terça-feira, os investidores já começam a se questionar se o Banco Central voltará a promover operações para diminuir a pressão no câmbio.
Ao menos por enquanto, o BC ainda não se movimentou. O presidente da instituição, Roberto Campos Neto, voltou a minimizar a preocupação quanto à taxa de câmbio — mais cedo, ele ressaltou que a atual onda de valorização do dólar ocorre num contexto estrutural diferente do passado, já que as taxas de juros agora estão mais baixas.
Leve pressão nos juros
Apesar da pressão vista no dólar à vista, as curvas de juros não se afastaram muito da estabilidade, exibindo apenas um ligeiro viés positivo. O mercado mostra-se cada vez mais convencido de que um novo corte na Selic será necessário para fornecer estímulo extra à economia brasileira, o que freou a alta nos DIs.
Veja abaixo como ficaram as principais curvas nesta terça-feira:
- Janeiro/2021: de 4,22% para 4,21%;
- Janeiro/2022: estável em 4,71%;
- Janeiro/2023: de 5,26% para 5,28%;
- Janeiro/2025: de 5,97% para 5,99%;
- Janeiro/2027: de 6,37% para 6,39%.
Balanços a todo vapor
Por aqui, a temporada de resultados trimestrais continuou mexendo com os papéis do Ibovespa. Em destaque, estiveram Multiplan ON (MULT3), em alta de 1,87%, e Itaúsa PN (ITSA4), com ganho de 1,46% — confira o resumo dos números das duas empresas nesta matéria.
Fora do índice, atenção para Guararapes ON (GUAR3), avançando 0,65%. A dona da Riachuelo teve um lucro 56,5% menor no quarto trimestre de 2019 em relação ao mesmo período do ano passado, totalizando R$ 440,6 milhões.
Fora da temporada de balanços, destaque para as ações da Eletrobras, tanto as ONs (ELET3) quanto as PNBs (ELET6), com ganhos de 5,95% e 5,23%, respectivamente. O mercado reagiu positivamente às declarações do secretário de Desestatizações e Desinvestimentos do Ministério da Economia, Salim Mattar, afirmando que a empresa será capitalizada em 2020.
Top 5
Veja abaixo os cinco papéis de melhor desempenho do Ibovespa nesta terça-feira:
- Marfrig ON (MRFG3): +7,34%
- Eletrobras ON (ELET3): +5,95%
- Eletrobras PNB (ELET6): +5,23%
- Cia Hering ON (HGTX30: +2,39%
- Cielo ON (CIEL3): +2,21%
Confira também as maiores baixas do índice:
- Qualicorp ON (QUAL3): -3,10%
- BTG Pactual units (BPAC11): -3,04%
- Hypera ON (HYPE3): -2,91%
- Cogna ON (COGN3): -2,65%
- Ambev ON (ABEV3): -2,53%
Gestora aposta em ações ‘esquecidas’ do Ibovespa — e faz o mesmo com empresas da Argentina
Logos Capital acumula retorno de quase 100% no ano e está confiante com sua carteira de ações
Ibovespa retoma ganhos com Petrobras (PETR4) e sobe 2% na semana; dólar cai a R$ 5,2973
Na semana, MBRF (MBRF3) liderou os ganhos do Ibovespa com alta de mais de 32%, enquanto Hapvida (HAPV3) foi a ação com pior desempenho da carteira teórica do índice, com tombo de 40%
Depois do balanço devastador da Hapvida (HAPV3) no 3T25, Bradesco BBI entra ‘na onda de revisões’ e corta preço-alvo em quase 50%
Após reduzir o preço-alvo das ações da Hapvida (HAPV3) em quase 50%, o Bradesco BBI mantém recomendação de compra, mas com viés cauteloso, diante de resultados abaixo das expectativas e pressões operacionais para o quarto trimestre
Depois de escapar da falência, Oi (OIBR3) volta a ser negociada na bolsa e chega a subir mais de 20%
Depois de a Justiça reverter a decisão que faliu a Oi atendendo um pedido do Itaú, as ações voltaram a ser negociadas na bolsa depois de 3 pregões de fora da B3
Cogna (COGN3), C&A (CEAB3), Cury (CURY3): Veja as 20 empresas que mais se valorizaram no Ibovespa neste ano
Companhias de setores como educação, construção civil e bancos fazem parte da lista de ações que mais se valorizaram desde o começo do ano
Com rentabilidade de 100% no ano, Logos reforça time de ações com ex-Itaú e Garde; veja as 3 principais apostas da gestora na bolsa
Gestora independente fez movimentações no alto escalão e destaca teses de empresas que “ficaram para trás” na B3
A Log (LOGG3) se empolgou demais? Possível corte de payout de dividendos acende alerta, mas analistas não são tão pessimistas
Abrir mão de dividendos hoje para acelerar projetos amanhã faz sentido ou pode custar caro à desenvolvedora de galpões logísticos?
A bolha da IA pode estourar onde ninguém está olhando, alerta Daniel Goldberg: o verdadeiro perigo não está nas ações
Em participação no Fórum de Investimentos da Bradesco Asset, o CIO da Lumina chamou atenção para segmento que está muito exposto aos riscos da IA… mas parece que ninguém está percebendo
A bolsa ainda está barata depois da disparada de 30%? Pesquisa revela o que pensam os “tubarões” do mercado
Empiricus ouviu 29 gestoras de fundos de ações sobre as perspectivas para a bolsa e uma possível bolha em inteligência artificial
De longe, a maior queda do Ibovespa: o que foi tão terrível no balanço da Hapvida (HAPV3) para ações desabarem mais de 40%?
Os papéis HAPV3 acabaram fechando o dia com queda de 42,21%, cotados a R$ 18,89 — a menor cotação e o menor valor de mercado (R$ 9,5 bilhões) desde a entrada da companhia na B3, em 2018
A tormenta do Banco do Brasil (BBAS3): ações caem com balanço fraco, e analistas ainda não veem calmaria no horizonte
O lucro do BB despencou no 3T25 e a rentabilidade caiu ao pior nível em décadas; analistas revelam quando o banco pode começar a sair da tempestade
Seca dos IPOs na bolsa vai continuar mesmo com Regime Fácil da B3; veja riscos e vantagens do novo regulamento
Com Regime Fácil, companhias de menor porte poderão acessar a bolsa, por meio de IPOs ou emissão dívida
Na onda do Minha Casa Minha Vida, Direcional (DIRR3) tem lucro 25% maior no 3T25; confira os destaques
A rentabilidade (ROE) anualizada chegou a 35% no entre julho e setembro, mais um recorde para o indicador, de acordo com a incorporadora
O possível ‘adeus’ do Patria à Smart Fit (SMFT3) anima o JP Morgan: “boa oportunidade de compra”
Conforme publicado com exclusividade pelo Seu Dinheiro na manhã desta quarta-feira (12), o Patria está se preparando para se desfazer da posição na rede de academias, e o banco norte-americano não se surpreende, enxergando uma janela para comprar os papéis
Forte queda no Ibovespa: Cosan (CSAN3) desaba na bolsa depois de companhia captar R$ 1,4 bi para reforçar caixa
A capitalização visa fortalecer a estrutura de capital e melhorar liquidez, mas diluição acionária preocupa investidores
Fundo Verde diminui exposição a ações no Brasil, apesar de recordes na bolsa de valores; é sinal de atenção?
Fundo Verde reduz exposição a ações brasileiras, apesar de recordes na bolsa, e adota cautela diante de incertezas globais e volatilidade em ativos de risco
Exclusivo: Pátria prepara saída da Smart Fit (SMFT3); leilão pode movimentar R$ 2 bilhões, dizem fontes
Venda pode pressionar ações após alta de 53% no ano; Pátria foi investidor histórico e deve zerar participação na rede de academias.
Ibovespa atinge marca histórica ao superar 158 mil pontos após ata do Copom e IPCA; dólar recua a R$ 5,26 na mínima
Em Wall Street, as bolsas andaram de lado com o S&P 500 e o Nasdaq pressionados pela queda das big techs que, na sessão anterior, registraram fortes ganhos
Ação da Isa Energia (ISAE4) está cara, e dividendos não saltam aos olhos, mas endividamento não preocupa, dizem analistas
Mercado reconhece os fundamentos sólidos da empresa, mas resiste em pagar caro por uma ação que entrega mais prudência do que empolgação; veja as projeções
Esfarelando na bolsa: por que a M. Dias Branco (MDIA3) cai mais de 10% depois do lucro 73% maior no 3T25?
O lucro de R$ 216 milhões entre julho e setembro não foi capaz de ofuscar outra linha do balanço, que é para onde os investidores estão olhando: a da rentabilidade
