O Ibovespa acumulou ganhos de mais de 1% na semana, mas o dólar não acompanhou o alívio

Numa semana marcada pela tensão no cenário político doméstico, o Ibovespa conseguiu escapar ileso: desde segunda-feira, o índice brasileiro acumulou alta de 1,68%, sustentado pelo bom humor visto lá fora — hoje, subiu 1,51%, aos 78.990,29 pontos. Só que, no mercado de câmbio, a história foi diferente.
Enquanto a bolsa flertava com o nível dos 80 mil pontos, o dólar à vista mostrava que os investidores estavam atentos aos riscos: a moeda americana subiu em quatro das últimas cinco sessões, fechando essa sexta-feira a R$ 5,2369 (-0,38%). Na semana, a divisa avançou 3,13%.
Essa disparidade de comportamento deixa claro que, por mais que haja um ou outro fator de otimismo no horizonte, a percepção é a de que a situação segue bastante difícil, tanto do ponto de vista econômico quanto político. E, em meio à nebulosidade, é melhor se proteger.
- Veja abaixo a edição desta sexta-feira do podcast Touros e Ursos. O Vinícius Pinheiro e eu discutimos a respeito de tudo que mexeu com os mercados nesta semana:
E mesmo os ganhos tímidos do Ibovespa ao longo da semana mostram que os investidores estão hesitantes. A bolsa brasileira ficou para trás em relação aos mercados americanos, que tiveram altas mais expressivas nos últimos dias.
Somente nesta sexta-feira, o Dow Jones fechou em alta de 2,99%, o S&P 500 teve ganho de 2,68% e o Nasdaq avançou 1,38%; no acumulado da semana, os saltos foram de 2,20%, 3,03% e 6,09%, nesta ordem.
A chave para entender esse tom mais prudente nos mercados locais está aqui dentro: enquanto no exterior os investidores mostraram-se mais otimistas com o noticiário referente ao coronavírus, o clima no Brasil era de apreensão com as movimentações em Brasília.
Leia Também
Semana tensa
Foram três os vetores de apreensão no cenário político: a demissão do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, em meio ao surto de coronavírus; a aprovação, no plenário da Câmara, do pacote de ajuda emergencial aos Estados e municípios; e a aprovação, no Senado, do texto-base do 'Orçamento de Guerra'.
O ponto mais sensível foi a movimentação na pasta da Saúde: Mandetta e o presidente Jair Bolsonaro vinham se desentendendo publicamente, dadas as diferenças nas estratégias para combater a pandemia: enquanto o ex-ministro defendia o isolamento social, o presidente queria a reabertura rápida do comércio e a retomada das atividades em ritmo normal.
A situação fincou insustentável após Mandetta conceder entrevista à TV Globo e cobrar um discurso único por parte do governo — a demissão foi consumada na tarde de quinta-feira (16). Em seu lugar, entra o oncologista Nelson Teich.
Apesar de a saída de Mandetta não ter sido surpreendente, a confirmação da troca gerou uma série de preocupações aos investidores. Em primeiro lugar, há a incerteza quanto às diretrizes a serem adotadas daqui para frente: qual será a postura do ministério da Saúde? Teremos uma continuidade do trabalho do ex-ministro ou uma mudança radical?
Em segundo, há a força política de Mandetta, que contava com o apoio de grande parte do Congresso, dos governadores e dos prefeitos — além de ter um alto índice de aprovação popular. Assim, sua demissão tende a deteriorar ainda mais as relações do governo com a Câmara e o Senado.
E, de fato, já há sinais de desgaste adicional entre os poderes: ainda ontem, Bolsonaro deu entrevista à CNN Brasil e fez duras críticas ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia; o deputado, por sua vez, acusou o ministro da Economia, Paulo Guedes, de passar informações falsas à sociedade quanto à crise de Estados e municípios.
A acentuação nos conflitos ocorre num momento em que dois importantes projetos são votados no Congresso: o pacote de ajuda financeira aos governadores e prefeitos e o 'Orçamento de Guerra'. O primeiro é o mais complicado, com um potencial de impactar severamente as contas do governo — por isso, vem sendo chamado de 'bomba fiscal'.
De acordo com o relator da pauta, o impacto estimado do projeto é de pouco menos de R$ 100 bilhões, mas cálculos do ministério da Economia falam numa cifra que pode chegar a quase R$ 200 bilhões. A aprovação do texto pelo plenário da Câmara já foi uma derrota para o governo, que tentou emplacar um auxílio direto de R$ 40 bilhões, sem sucesso.
Assim, antevendo essa relação árida entre os poderes, o mercado preferiu assumir uma postura mais cautelosa — e correu para a segurança do dólar, ao mesmo tempo que tentava segurar as posições em bolsa.
Essa é uma estratégia clássica para tempos de incerteza. O dólar acaba atuando como mecanismo de proteção às apostas no mercado de ações: se o cenário se deteriorar, a queda na bolsa será parcialmente neutralizada pela alta do dólar; se tudo correr bem, a alta das ações compensa a queda da moeda americana.
Coronavírus e economia
No exterior, tivemos mais uma rodada de dados econômicos mostrando os estragos causados pelo coronavírus à economia mundial. Nos Estados Unidos, o desemprego segue alto e as vendas no varejo em março tiveram uma queda expressiva — um quadro nada esperançoso.
Mas, na China, as informações foram um pouco mais animadoras: a balança comercial do país em março veio melhor que o esperado, assim como a produção industrial. O PIB no primeiro trimestre caiu 6,8%, mas, ainda assim, ficou acima das expectativas.
Os dados da China são especialmente importantes porque, no país asiático, a fase mais aguda do surto de coronavírus ocorreu em janeiro e fevereiro.
Assim, os números referentes a março já pegam uma fase em que o país começava a retomar suas atividades — e o fato de os indicadores estarem vindo melhor que o esperado aumenta a esperança de que fenômeno semelhante poderá ser visto na Europa e nos EUA.
E, de fato, a semana contou com as primeiras notícias de relaxamento gradual da quarentena em alguns países da Europa, como Itália, Espanha e Alemanha — o que pode significar que o continente estaria começando a entrar numa fase de declínio da pandemia.
Nos Estados Unidos, o presidente Donald Trump também já começa a falar na reabertura gradual da economia do país, embora tenha adotado um discurso mais brando e dado a entender que a decisão cabe aos governadores.
De qualquer maneira, são dados que serviram para injetar algum ânimo aos mercados globais, fazendo as bolsas americanas acumularem ganhos mais sólidos na semana.
Bolsa fecha terceira semana no vermelho, com perdas de 2,44%; veja os papéis que mais caíram e os que mais subiram
Para Bruna Sene, analista de renda variável na Rico, “a tão esperada correção do Ibovespa chegou” após uma sequência de recordes históricos
Dólar avança mais de 3% na semana e volta ao patamar de R$ 5,50, em meio a aversão ao risco
A preocupação com uma escalada populista do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez o real apresentar de longe o pior desempenho entre divisas emergentes e de países exportadores de commodities
Dólar destoa do movimento externo, sobe mais de 2% e fecha em R$ 5,50; entenda o que está por trás
Na máxima do dia, divisa chegou a encostar nos R$ 5,52, mas se desvalorizou ante outras moedas fortes
FII RBVA11 avança na diversificação e troca Santander por nova locatária; entenda a movimentação
O FII nasceu como um fundo imobiliário 100% de agências bancárias, mas vem focando na sua nova meta de diversificação
O mercado de ações dos EUA vive uma bolha especulativa? CEO do banco JP Morgan diz que sim
Jamie Dimon afirma que muitas pessoas perderão dinheiro investindo no setor de inteligência artificial
O que fez a Ambipar (AMBP3) saltar mais de 30% hoje — e por que você não deveria se animar tanto com isso
As ações AMBP3 protagonizam a lista de maiores altas da B3 desde o início do pregão, mas o motivo não é tão inspirador assim
Ação do Assaí (ASAI3) ainda está barata mesmo após pernada em 2025? BB-BI revela se é hora de comprar
Os analistas do banco decidiram elevar o preço-alvo das ações ASAI3 para R$ 14 por ação; saiba o que fazer com os papéis
O que esperar dos mercados em 2026: juros, eleições e outros pilares vão mexer com o bolso do investidor nos próximos meses, aponta economista-chefe da Lifetime
Enquanto o cenário global se estabiliza em ritmo lento, o país surge como refúgio — mas só se esses dois fatores não saírem do trilho
Tempestade à vista para a Bolsa e o dólar: entenda o risco eleitoral que o mercado ignora
Os meses finais do ano devem marcar uma virada no tempo nos mercados, segundo Ricardo Campos, CEO e CIO da Reach Capital
FII BMLC11 leva calote da Ambipar (AMBP3) — e investidores vão sentir os impactos no bolso; cotas caem na B3
A Ambipar enfrenta uma onda de desconfiança no mercado, e a crise atinge em cheio os dividendos do FII
Ouro ultrapassa o nível de US$ 4 mil pela primeira vez por causa de incertezas no cenário global; o metal vai conseguir subir mais?
Shutdown nos EUA e crise na França levam ouro a bater recorde histórico de preço
Fundos de ações e multimercados entregam 21% de retorno no ano, mas investidores ficam nos 11% da renda fixa, diz Anbima
Mesmo com rentabilidade inferior, segurança da renda fixa mantém investidores estagnados, com saídas ainda bilionárias das estratégias de risco
MXRF11 mira captação recorde com nova emissão de até R$ 1,25 bilhão
Com uma base de 1,32 milhão de cotistas e patrimônio líquido de mais de R$ 4 bilhões, o FII mira sua maior emissão
O que foi tão ruim na prévia operacional da MRV (MRVE3) para as ações estarem desabando?
Com repasses travados na Caixa e lançamentos fracos, MRV&Co (MRVE3) decepciona no terceiro trimestre
Ouro fecha em alta e se aproxima da marca de US$ 4 mil, mas precisa de novos gatilhos para chegar lá, dizem analistas
Valor do metal bate recorde de preço durante negociações do dia por causa de incertezas políticas e econômicas
Fundo imobiliário favorito dos analistas em outubro já valorizou mais de 9% neste ano — mas ainda dá tempo de surfar a alta
A XP Investimentos, uma das corretoras que indicaram o fundo em outubro, projeta uma valorização de mais 9% neste mês em relação ao preço de fechamento do último pregão de setembro
Ibovespa fica entre dois mundos, enquanto RD Saúde (RADL3) brilha e Magalu (MGLU3) amarga o pior desempenho da semana
O principal índice de ações da B3 encerrou a semana em baixa de 0,86%, aos 144.201 pontos. Após um setembro de fortes valorizações, o início de outubro mostrou um tom mais negativo
Verde coloca o ‘pézinho’ em ações brasileiras — mas liga alerta sobre a situação do país
Em carta divulgada na sexta-feira (3), a gestora mostrou a retomada marginal de apostas na bolsa local, mas soou o alarme para o impacto da nova isenção de IR e para a postura mais dura do BC
Onde investir em outubro: ações para renda passiva, ativo com retorno de 20% e nomes com exposição à China são as indicações da Empiricus
Em novo episódio, analistas da Empiricus Research compartilham recomendações de olho na temporada de balanços do terceiro trimestre e na possível queda dos juros
Serena Energia (SRNA3) revela preço e datas para a OPA para deixar a B3 e fechar o capital
Preço por ação é ligeiramente inferior ao preço do último fechamento; leilão está marcado para 4 de novembro