🔴 IPCA-15 DE ABRIL DESACELERA – VEM AÍ SELIC A 10,50% OU 10,25? SAIBA ONDE INVESTIR

Victor Aguiar
Victor Aguiar
Jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e com MBA em Informações Econômico-Financeiras e Mercado de Capitais pelo Instituto Educacional BM&FBovespa. Trabalhou nas principais redações de economia do país, como Bloomberg, Agência Estado/Broadcast e Valor Econômico. Em 2020, foi eleito pela Jornalistas & Cia como um dos 10 profissionais de imprensa mais admirados no segmento de economia, negócios e finanças.
Por um punhado de ações

The good, the bad and the ugly: Ibovespa sobe forte, mesmo sem novidades no radar

O Ibovespa subiu mais de 2%, foi às máximas em quatro meses e se aproximou dos 100 mil pontos. Entenda o enredo desse western spaghetti

Victor Aguiar
Victor Aguiar
6 de julho de 2020
18:07 - atualizado às 19:07
Faroeste bolsa Ibovespa dólar
Imagem: Shutterstock

Sabe, há dois tipos de pessoas neste mundo, meu amigo: os que têm armas carregadas e os que cavam. Você cava.

Blondie, em "Três Homens em Conflito" (The Good, The Bad and The Ugly, em inglês)

Se o Ibovespa fosse um faroeste, ele casaria muito bem com uma trilha de Ennio Morricone. Afinal, o que move os personagens é o senso de sobrevivência — e, num cenário como o da bolsa de valores, em que não faz sentido falar em mocinhos ou bandidos, quem fica com a recompensa é sempre o mais astuto.

Pois pensemos num enredo para o filme do mercado brasileiro de ações em 2020: temos um primeiro ato nervoso, mas sem grandes consequências aos protagonistas; um segundo movimento trágico, com um colapso sem precedentes no mercado; e um terceiro capítulo de recuperação — algo como a reconquista de um tesouro que parecia perdido para sempre.

O ouro enterrado, tão cobiçado entre os pistoleiros destas bandas, é representado pelo nível dos 100 mil pontos do Ibovespa. E, quem diria, ele parece cada vez mais real — talvez a um duelo de distância. Um compositor habilidoso como Morricone daria traços de suspense, dramaticidade e redenção à jornada.

Veja o Ibovespa: terminou a sessão desta segunda-feira (6) em forte alta de 2,24%, aos 98.937,16 pontos, cravando o maior nível de fechamento em quatro meses — para ser mais preciso, é o patamar mais elevado desde 5 de março, quando o índice ainda estava acima dos 100 mil pontos.

A bolsa brasileira não cavalgou sozinha pelo velho oeste: nos EUA, o Dow Jones (+1,78%), o S&P 500 (+1,59%) e o Nasdaq (+2,21%) subiram em bloco; na Europa, as principais praças avançaram entre 1% e 2%; e, na Ásia, o dia foi de ganhos generalizados, especialmente nos mercados da China.

E o que encheu o peito das bolsas globais de coragem nesta segunda-feira? Bem, como resumiu o personagem de Clint Eastwood em "Três Homens em Conflito": quem tem armas carregadas dita as regras — e os investidores em ações estão com a munição em dia.

  • Eu gravei um vídeo para explicar um pouco melhor a dinâmica por trás do bangue-bangue dos mercados neste início de semana. Veja abaixo:

The good...

Indo direto ao ponto: não tivemos hoje uma notícia dramática, uma novidade capaz de dar fôlego às bolsas no mundo todo. O que pode ser visto, sim, foi um movimento aumento global de apetite ao risco — e tudo por causa de uma série de pequenos fatores.

A onda positiva desta segunda-feira teve origem na Ásia: por lá, o jornal China Securities — parte da imprensa estatal de Pequim — afirmou que um 'bull market' saudável era importante para a recuperação da economia do país. Ou, em outras palavras: o governo chinês pretende usar todas as ferramentas para estimular o mercado e o nível de atividade doméstico.

Essa sinalização ocorre após uma série de indicadores econômicos mais fortes, tanto na China quanto no restante do mundo, alimentando as esperanças quanto a uma "recuperação em V" do nível de atividade global.

Tudo isso, é claro, acontece num momento em que o revólver dos investidores em ações está cheio de dinheiro, dada a enxurrada de recursos disponibilizada pelos governos e bancos centrais — uma injeção de liquidez que tinha como objetivo reanimar a economia global, mas que acabou por criar uma espécie de colete à prova de balas para as bolsas.

Convenhamos: é fácil assumir riscos e estar otimista em relação aos rumos da economia global quando se tem dinheiro sobrando...

...The Bad...

E quem não tem armas carregadas, faz o que? Bem, você cava seu túmulo — ou compra dólares para se proteger do chumbo grosso.

Por mais que o otimismo reine nas bolsas, o mercado de câmbio mostra que muitos investidores estão vendo um cenário feio adiante: o dólar à vista fechou a sessão desta segunda em alta de 0,61%, a R$ 5,3413, descolado do alívio visto no Ibovespa.

É uma estratégia clássica dos agentes financeiros nos momentos de incerteza: se você não quer correr o risco de perder um eventual rali na bolsa, mesmo com os inúmeros fatores de incerteza que se desenham no horizonte, a saída é manter as posições no mercado de ações e buscar proteção no dólar.

A lógica é simples: se tudo der certo, a bolsa sobe e você tem lucros com as ações; se tudo ficar feio, as ações caem e o dólar sobe — e a sua posição no mercado de câmbio vai ajudar a diminuir as perdas.

No mercado de juros futuros, o tom também foi de prudência: as curvas curto e médio prazo fecharam em alta. Esse movimento de correção, contudo, não representa uma mudança drástica na visão dos investidores, que continuam enxergando um cenário de Selic baixa por um período prolongado:

  • Janeiro/2021: de 2,07% para 2,08%;
  • Janeiro/2022: de 2,88% para 2,90%;
  • Janeiro/2023: de 3,97% para 3,99%;
  • Janeiro/2025: de 5,55% para 5,52%.

...and The Ugly

E faz sentido buscar algum tipo de proteção neste momento de euforia, já que, por mais que a economia esteja dando sinais de recuperação, muita coisa pode dar errado no curto prazo. A começar pelo surto de coronavírus, que está longe de ser uma página superada.

Os dados da disseminação da Covid-19 no mundo mostram que a doença continua se alastrando num ritmo preocupante, especialmente nos EUA. Há quem argumente que a letalidade do vírus parece estar em declínio, o que diminui os riscos de uma nova onda de isolamento social mais severa. Mas, ainda assim, o quadro global de saúde pública ainda parece bastante delicado.

No Brasil, também há muita tensão no ar: declarações do ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmando que o governo estuda taxar dividendos, não foram suficientes para desencadear uma onda de pessimismo nos investidores, mas certamente não foram comemoradas pelos agentes financeiros.

Os Intocáveis

No front corporativo, um grupo de ações foi responsável por boa parte dos ganhos do Ibovespa nesta segunda-feira: os bancos, tidos antes como intocáveis da bolsa — mas que, em 2020, vem apresentando desempenho negativo.

Nesse grupo, destaque para Bradesco ON (BBDC3), em alta de 6,69%, e Bradesco PN (BBDC4), com ganho de 6,09% — os investidores enxergam com bons olhos a possibilidade de compra de uma fatia do C6 Bank, conforme informado pelo jornal O Globo no fim de semana.

Também no setor, Itaú Unibanco PN (ITUB4) avançou 4,64%, Banco do Brasil ON (BBAS3) teve alta de 3,49% e Santander Brasil units (SANB11) subiu 4,89%.

O êxtase do ouro?

Bem, diferente da composição clássica de Morricone, o ouro não trouxe muita animação para os Brasilian Depositary Receipts (BDRs) da Aura Minerals (AURA32), que estrearam hoje na B3 — e fecharam em baixa de 6,12%, a R$ 769,80.

A mineradora canadense, especializada na extração de ouro e outras commodities metálicas no Brasil, México e Honduras, também teve um volume relativamente baixo de negociação: apenas 67 operações com os ativos foram registradas hoje.

Por uns dólares a mais

Ainda no front corporativo, atenção para Lojas Americanas PN (LAME4), em alta de 5,16% após confirmar uma oferta de ações que poderá movimentar R$ 7 bilhões — a ideia é usar os recursos captados para investir em seu braço digital, capitalizar a B2W e otimizar sua estrutura de capital.

Veja abaixo as cinco ações de melhor desempenho do Ibovespa nesta segunda-feira:

CÓDIGONOMEPREÇO (R$)VARIAÇÃO
CVCB3CVC ON21,79+10,55%
BTOW3B2W ON118,25+8,63%
QUAL3Qualicorp ON30,71+7,38%
MULT3Multiplan ON22,80+6,79%
BBDC3Bradesco ON20,73+6,69%

Veja também as cinco maiores baixas do dia:

CÓDIGONOMEPREÇO (R$)VARIAÇÃO
IRBR3IRB ON9,51-1,76%
NTCO3Natura ON40,66-1,55%
WEGE3Weg ON53,20-1,48%
KLBN11Klabin units20,64-1,10%
MRVE3MRV ON19,06-1,09%

PS: Esse texto é uma homenagem a Ennio Morricone, um dos maiores — se não o maior — compositores de Hollywood. Ele faleceu hoje, aos 91 anos, e deixou um legado de trilhas sonoras que inclui alguns clássicos do cinema, incluindo "Três Homens em Conflito" — ou "The Good, The Bad and The Ugly", em inglês:

Compartilhe

MERCADOS HOJE

Bolsa hoje: Ibovespa sobe 1% com commodities e Wall Street após inflação nos EUA; dólar cai

26 de abril de 2024 - 6:51

RESUMO DO DIA: A ‘Super Sexta’ da inflação movimenta os mercados hoje, com divulgação de prévia dos preços em abril no Brasil e a inflação de março nos Estados Unidos. Por aqui, os investidores reagem a prévia da inflação oficial, o IPCA-15, que desacelerou em abril na comparação com março. Além disso, acompanham novas declarações […]

Proventos

Usiminas (USIM5) e Banrisul (BRSR6) anunciam dividendos; veja quanto as empresas vão pagar e quem poderá receber

25 de abril de 2024 - 19:12

Siderúrgica vai pagar R$ 330 milhões, enquanto o banco gaúcho distribuirá R$ 75 milhões aos acionistas

DESTAQUES DA BOLSA

Cogna (COGN3) nota 10? Banco estrangeiro passa a recomendar compra das ações, que lideram altas da B3

25 de abril de 2024 - 13:39

O banco também avalia um preço justo para as ações entre R$ 2,80 e R$ 4,40, o que representa um potencial valorização das ações de até 120%

MERCADOS HOJE

Bolsa hoje: Com ‘cabo de guerra’ entre Petrobras (PETR4) e Wall Street, Ibovespa fecha em leve queda; dólar sobe a R$ 5,16

25 de abril de 2024 - 6:56

RESUMO DO DIA: O dia ficou nublado para os mercados acionários com a divulgação de novos dados econômicos nos Estados Unidos e um impasse de meses solucionado na Petrobras (PETR4). Com alguns raios de sol patrocinados pela petroleira, o Ibovespa sustentou os 124 mil pontos, mas ainda assim termino o dia entre nuvens.  O principal […]

CONFIRA O CRONOGRAMA

Magazine Luiza (MGLU3) recebe sinal verde para grupamento de ações e dá prazo para acionistas ajustarem as posições

24 de abril de 2024 - 19:02

A operação será feita na proporção de 10:1. Ou seja, grupos de 10 papéis MGLU3 serão unidos para formar uma única nova ação

MERCADOS HOJE

Bolsa hoje: Ibovespa cai com bancos e NY antes de resultados da Vale (VALE3); dólar sobe a R$ 5,14

24 de abril de 2024 - 6:46

RESUMO DO DIA: O Ibovespa está encarando uma montanha-russa nesta semana, com a temporada de balanços corporativos ganhando tração e Brasília voltando a dividir as atenções dos investidores. Depois de começar o dia em alta, o principal índice da bolsa brasileira terminou o pregão com queda de 0,33%, aos 124.740 pontos. Já o dólar recuperou […]

DESTAQUES DA BOLSA

Exame bem feito: Fleury (FLRY3) acerta o diagnóstico com aquisição milionária e ações sobem 4%

23 de abril de 2024 - 14:04

A aquisição marca a entrada do Grupo Fleury em Santa Catarina com a estratégia B2C, o modelo de negócio direto ao consumidor

MERCADOS HOJE

Bolsa hoje: Ibovespa recua com pressão de Vale (VALE3) na véspera do balanço; dólar cai após dados nos EUA

23 de abril de 2024 - 7:06

RESUMO DO DIA: O Ibovespa até começou a semana com o pé direito, mas hoje faltou impulso para sustentar a continuidade de ganhos da véspera O Ibovespa fechou com queda de 0,34%, aos 125.148 pontos. O dólar à vista segue enfraquecido e terminou o dia a R$ 5,1304, com baixa de 0,74%. Por aqui, o […]

SEM PARAR

A bolsa nunca mais vai fechar? O plano da Bolsa de Valores de Nova York para negociar ações 24 horas por dia, sete dias da semana

22 de abril de 2024 - 17:22

O tema esquentou nos últimos anos por conta da negociação de criptomoedas e também por concorrentes da Nyse, que tentam registro para funcionar sem intervalo

EXCLUSIVO

Gestor do Quasar Agro (QAGR11) acusa Capitânia de “estratégia predatória” em disputa sobre FII com mais de 20 mil cotistas na B3 

22 de abril de 2024 - 13:32

A Capitânia solicitou no mês passado uma assembleia para discutir uma possível troca na gestão do fundo imobiliário

Fechar
Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Continuar e fechar